Um bilhete para 'acalmar o coração' em meio à pandemia
Moradora de condomínio se disponibilizou a ajudar idosos vulneráveis ao coronavírus: 'Estamos todos juntos'
Um alento em meio à tensão. Simples, mas valoroso. Singelo bilhete, fixado em um elevador social, materializa a necessidade de compartilharmos solidariedade em meio à atmosfera de medo causada pela pandemia do coronavírus. Na mensagem, o discurso de quem faz valer sentido do “cuidar do próximo”.
Célia Maia Neiva, professora polivalente que mora no Edifício Porto Fino, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, materializou em texto sua postura voluntária. No bilhete colado ao elevador dos moradores, se coloca à disposição para ajudar pessoas do condomínio inclusas no grupo de risco do coronavírus. “Disponibilizo ajuda aquele que, pela idade ou complicações de saúde, ou mesmo receio de ir ao mercado, farmácia, ou outras necessidades que considere importante”, diz trecho do bilhete.
Moradora de condomínio deixou bilhete para ajudar os vizinhos. Foto: Roberta Patu/Cortesia
Dona Célia reside junto com uma idosa de 90 anos, que mesmo sem parentesco sanguíneo, esteve com sua família por bastante tempo. O curioso é que Célia, pela idade de 60 anos, também faz parte do grupo de pessoas que têm mais risco de serem prejudicadas pelo coronavírus. Ela confessa que entende a gravidade de se deslocar pelos espaços públicos e não se manter isolada, mas garante que possui boa saúde e mais capacidade física do que os mais velhinhos da vizinhança.
Ao LeiaJá, Célia contou que o bilhete é somente uma de suas atitudes de solidariedade ao próximo. “Naturalmente sou muito solidária. Quando vejo alguém com dificuldade, faço isso com facilidade. Trabalho em escola pública, as pessoas são muito carentes, e meus pais também moraram em uma região de extrema pobreza. Ajudar as pessoas faz parte de mim, sinto um prazer muito grande”, relata. “No nosso prédio, o grupo de risco é muito grande, temos bastante pessoas idosas, com dificuldade de locomoção e com pânico. A doença traz um prejuízo muito grande. Aí me disponibilizei a ajudar”, complementa.
A professora tem três filhos, todos casados e que moram em outros locais, além de vários netos. Diariamente, recebe recomendações deles para seguir as orientações de prevenção compartilhada pelos órgãos competentes. Quando não sai às ruas para realizar alguma atividade, Dona Célia faz questão de telefonar para alguns idosos em isolamento. “Acho bom conversar, dar uma atenção”, conta.
A jornalista Roberta Patu, que tem uma mãe idosa residindo no condomínio, registrou o bilhete de Célia e compartilhou a atitude nas redes sociais. “Fui impactada com esse aviso no elevador do prédio da minha mãe, no qual a maioria é de idosos. Como acalmou o coração e como é bom saber que há pessoas assim bem perto da gente. Um exemplo que merece ser compartilhado e aplaudido”, escreveu a jornalista ao compartilhar o bilhete no Instagram.