'Me desesperei', diz médica cubana com Covid-19 no Recife
Pediatra está em isolamento em casa no bairro de Boa Viagem, Zona Sul da capital
"Me desesperei", diz a pediatra cubana Amarilis Taquechel, de 58 anos, sobre o momento em que descobriu que estava com Covid-19. A médica mora em Pernambuco há 24 anos. Ela está em isolamento em sua casa em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, e nota, finalmente, que está melhorando.
Taquechel conta que sentiu dores abdominais e diarreia. "Eu desconfiei porque sei que a doença pode iniciar de forma gastrointestinal", ela conta. Na semana seguinte, surgiram a tosse e a dor de garganta.
A médica passou a se medicar com azitromicina. A tosse foi piorando ao longo dos dias. "Era uma tosse diferente das que já senti. Tosse seca, persistente, como se fosse coqueluche", relata a cubana. Ela também sentiu indisposição, mas não teve registro de febre ou dificuldade respiratória.
No dia 31 de março a pediatra foi afastada. Ela atende em uma unidade hospitalar pública e possui um consultório em Vitória de Santo Antão.
No sábado (4) ela fez o teste e recebeu o resultado na última segunda-feira (6). "Uma coisa é você suspeitar, outra é ter a certeza", diz, explicando por que se desesperou ao saber o resultado.
Taquechel tem se sentido melhor nesta quinta-feira (9), mas ainda tem medo. "Estou me observando. Você sempre fica naquela expectativa porque é um vírus novo."
A pediatra continua sendo medicada com azitromicina, além de vitaminas e expectorante. Ela questionou a colegas se deveria usar cloroquina e preferiu não arriscar por já ter arritmia benigna. "É um medicamento também que a gente ainda não sabe se é o indicado."
Outro desafio enfrentado por ela e por outras pessoas diagnosticadas com o novo coronavírus é o isolamento - Taquechel pediu que levassem até o seu cachorro. "É muito difícil estar isolada do mundo. Ninguém quer falar com você. Estou lavando roupa, pedindo comida. Mas sou defensora total do isolamento social. Fique em casa", diz a médica.