Jovem negro denuncia tortura em supermercado de Maceió

A rede G Barbosa diz que o rapaz tentou furtar um celular, mas a PM não encontrou nada com ele. Vítima denuncia que foi torturado por três horas

por Jameson Ramos ter, 24/11/2020 - 17:23
Reprodução/GoogleMaps Esse é o supermercado onde a vítima aponta ter sofrido as agressões Reprodução/GoogleMaps

Um jovem negro, de 19 anos, que não quis ser identificado, denuncia ter sido torturado por quase três horas, em um supermercado na manhã do último sábado (21), em Maceió, Alagoas, quando tentava comprar um celular em um supermercado da rede G Barbosa.

A rede, por sua vez, afirma que o rapaz foi pego furtando o celular, mas a própria G Barbosa diz que a Polícia Militar, depois de ser acionada, liberou o jovem por falta de flagrante.

A vítima disse à Folha de São Paulo que estava com dinheiro em espécie para comprar o aparelho, mas quando escolhia o celular um homem, que se identificou como policial, o acusou de ter cometido em um dia anterior. 

A partir desse "reconhecimnto", o suposto PM levou o jovem negro para dentro de uma sala e começou a torturar a vítima por quase três horas, desferindo golpes principalmente na cabeça. O rapaz, que é jardineiro, aponta que outros dois homens, que aparentavam ser funcionários da loja, estavam na sala assistindo as agressões.

Depois das torturas, a vítima revela que foi obrigada a gravar um vídeo admitindo o crime que não cometeu. Ele registrou um boletim de ocorrência no mesmo dia do crime.

Ao jornal, o Instituto de Medicina Legal (IML) informou que o exame de corpo de delito indica um edema na face e escoriações no punho. A Polícia Civil afirma que vai solicitar imagens das câmeras de segurança do supermercado.

Esse caso acontece dias depois de João Alberto Silveiras Freitas, 40 anos, ser espancado e morto por seguranças do supermercado Carrefour localizado no bairro Passo D'Areia, na Zona Norte de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Ele foi assassinado na noite da última quinta-feira (19), véspera do Dia da Consciência Negra. A morte do João gerou revolta e protestos no país.

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