Inflação cresce em Belém, segundo dados do IBGE

Índice nacional registra aumento de 0,48% nos preços praticados na Região Metropolitana. Acumulado do ano é de 3,07%.

qui, 17/12/2020 - 11:18

Segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no dia 8 de dezembro, a inflação cresceu 0,48% na Região Metropolitana de Belém, acumulando uma variação de 3,07% no ano. Desde o mês de julho as variações são positivas, levadas pelo aumento do preço dos alimentos, principalmente. Em novembro, aumentou 1,89%, tendo a maior influência na alta da inflação.

Para parte da população, a inflação parece uma ideia vaga e distante, mas ela impacta a vida de todo cidadão. Significa o aumento dos preços de produtos e serviços, reduzindo o poder de compra dos indivíduos. Ou seja, faz o consumidor pagar mais pelo mesmo produto e/ou serviço. Ela é calculada pelo IPCA, o qual é utilizado como referência para as metas de inflação do país.

A inflação pode ser alterada por diversos fatores. O mestre em Economia pela Universidade Federal do Pará (UFPA), e professor da UNAMA - Universidade da Amazônia, João Claudio Tupinambá Arroyo, acredita que a pandemia e o reajuste do salário mínimo, desde 2017, contribuíram para esse cenário, ao reduzir a renda das famílias e, assim, diminuir a demanda de produtos. “Diante disso, os produtores retraíram a produção e com a escassez de produtos os preços sobem. Este é um movimento geral que pode ter diferenciação em cada setor”, esclarece o economista.

Na prática, a inflação pesa mais no bolso dos brasileiros, como acontece com a Fátima Margarete Oliveira, de 57 anos. Manicure autônoma, ela mora com mais quatro pessoas e duas, incluindo ela, são responsáveis pelo sustento da casa. Em relação ao aumento dos preços nas últimas semanas, Fátima conta que seu perfil de consumidora mudou. “Tomei o maior susto quando fui ao supermercado, no mês de outubro, porque o leite que eu comprava de 1 kg a 18 reais, estava 28 reais. Fiquei assustada”, disse.

A manicure afirmou que na casa houve reorganização dos gastos. “Eu começo a incrementar ou a reduzir porque a gente compra uma quantidade de algo, arroz ou feijão, e sempre sobra. Então se ainda tem X de algo lá em casa, a gente leva menos”, explica.

Com inflação em alta, o pobre é o grupo mais atingido, entende Arroyo. “O Brasil é um dos países com pior distribuição de renda do planeta, são os mais pobres que mais sofrem. A cesta básica já custa mais da metade do salário mínimo. E temos 14 milhões de desempregados que nem salário recebem”, afirma o professor.

A pandemia foi um dos motivos para o aumento da inflação. “A redução da atividade econômica gera diminuição do consumo. Sem perspectiva de vender, o produtor produz menos e desemprega. Isto provoca queda da renda e menos consumo levando a maior queda da oferta, o que gera inflação dos preços”, explica Arroyo.

No setor alimentício, a batata-inglesa (29,64%), o tomate (18,46%), o óleo de soja (12,53%), as carnes (5,44%), aves e ovos (3,62%) e o arroz (4,69%) são produtos do cardápio que apresentaram alta. “Este setor, além de viver a tendência geral recessiva, também sofre com sazonalidade de algumas culturas”, relata o economista.

O mesmo acontece com os transportes, com aumento de 0,35%, em relação ao mês de outubro. A inflação desse setor é gerada pelo crescimento no preço de acessórios e peças (2,88%) e de automóvel novo (0,94%).

Em contrapartida, os preços de alimentos como leites e derivados (-2,69%), da melancia (-6,15%), da manteiga (-2,47) e do azeite de oliva (-2,29) caíram.  Os preços de itens de vestuário também diminuíram (-0,74%), devido à queda nos preços de calçados e acessórios (-1,95%) e no preço de roupas (-0,34%).

Outros setores que tiveram os preços reduzidos foram de artigos de residência (-0,41%), saúde e cuidados pessoas, com (-0,58%) cada. Esta última categoria teve queda, principalmente, no preço de artigos de maquiagem (-7,79%), remédios antidiabéticos (-3,58%) e serviço médico (-3,02%).

O economista Arroyo diz que inflação atual é causada pela queda da produção em função da expectativa negativa de venda. “Ou seja, poderíamos ter uma produção muito maior, temos capacidade instalada e mão de obra disponível. Mas não há confiança de que as pessoas vão ter condições de comprar", expõe.

“A solução é o fortalecimento de consumo interno com a elevação do salário mínimo e de outras faixas para mostrar aos produtores que podem produzir porque haverá consumo”, conclui o economista João Arroyo.

Por Carolina Albuquerque, Isabella Cordeiro e Karoline Lima.

 

COMENTÁRIOS dos leitores