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Segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no dia 8 de dezembro, a inflação cresceu 0,48% na Região Metropolitana de Belém, acumulando uma variação de 3,07% no ano. Desde o mês de julho as variações são positivas, levadas pelo aumento do preço dos alimentos, principalmente. Em novembro, aumentou 1,89%, tendo a maior influência na alta da inflação.

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Para parte da população, a inflação parece uma ideia vaga e distante, mas ela impacta a vida de todo cidadão. Significa o aumento dos preços de produtos e serviços, reduzindo o poder de compra dos indivíduos. Ou seja, faz o consumidor pagar mais pelo mesmo produto e/ou serviço. Ela é calculada pelo IPCA, o qual é utilizado como referência para as metas de inflação do país.

A inflação pode ser alterada por diversos fatores. O mestre em Economia pela Universidade Federal do Pará (UFPA), e professor da UNAMA - Universidade da Amazônia, João Claudio Tupinambá Arroyo, acredita que a pandemia e o reajuste do salário mínimo, desde 2017, contribuíram para esse cenário, ao reduzir a renda das famílias e, assim, diminuir a demanda de produtos. “Diante disso, os produtores retraíram a produção e com a escassez de produtos os preços sobem. Este é um movimento geral que pode ter diferenciação em cada setor”, esclarece o economista.

Na prática, a inflação pesa mais no bolso dos brasileiros, como acontece com a Fátima Margarete Oliveira, de 57 anos. Manicure autônoma, ela mora com mais quatro pessoas e duas, incluindo ela, são responsáveis pelo sustento da casa. Em relação ao aumento dos preços nas últimas semanas, Fátima conta que seu perfil de consumidora mudou. “Tomei o maior susto quando fui ao supermercado, no mês de outubro, porque o leite que eu comprava de 1 kg a 18 reais, estava 28 reais. Fiquei assustada”, disse.

A manicure afirmou que na casa houve reorganização dos gastos. “Eu começo a incrementar ou a reduzir porque a gente compra uma quantidade de algo, arroz ou feijão, e sempre sobra. Então se ainda tem X de algo lá em casa, a gente leva menos”, explica.

Com inflação em alta, o pobre é o grupo mais atingido, entende Arroyo. “O Brasil é um dos países com pior distribuição de renda do planeta, são os mais pobres que mais sofrem. A cesta básica já custa mais da metade do salário mínimo. E temos 14 milhões de desempregados que nem salário recebem”, afirma o professor.

A pandemia foi um dos motivos para o aumento da inflação. “A redução da atividade econômica gera diminuição do consumo. Sem perspectiva de vender, o produtor produz menos e desemprega. Isto provoca queda da renda e menos consumo levando a maior queda da oferta, o que gera inflação dos preços”, explica Arroyo.

No setor alimentício, a batata-inglesa (29,64%), o tomate (18,46%), o óleo de soja (12,53%), as carnes (5,44%), aves e ovos (3,62%) e o arroz (4,69%) são produtos do cardápio que apresentaram alta. “Este setor, além de viver a tendência geral recessiva, também sofre com sazonalidade de algumas culturas”, relata o economista.

O mesmo acontece com os transportes, com aumento de 0,35%, em relação ao mês de outubro. A inflação desse setor é gerada pelo crescimento no preço de acessórios e peças (2,88%) e de automóvel novo (0,94%).

Em contrapartida, os preços de alimentos como leites e derivados (-2,69%), da melancia (-6,15%), da manteiga (-2,47) e do azeite de oliva (-2,29) caíram.  Os preços de itens de vestuário também diminuíram (-0,74%), devido à queda nos preços de calçados e acessórios (-1,95%) e no preço de roupas (-0,34%).

Outros setores que tiveram os preços reduzidos foram de artigos de residência (-0,41%), saúde e cuidados pessoas, com (-0,58%) cada. Esta última categoria teve queda, principalmente, no preço de artigos de maquiagem (-7,79%), remédios antidiabéticos (-3,58%) e serviço médico (-3,02%).

O economista Arroyo diz que inflação atual é causada pela queda da produção em função da expectativa negativa de venda. “Ou seja, poderíamos ter uma produção muito maior, temos capacidade instalada e mão de obra disponível. Mas não há confiança de que as pessoas vão ter condições de comprar", expõe.

“A solução é o fortalecimento de consumo interno com a elevação do salário mínimo e de outras faixas para mostrar aos produtores que podem produzir porque haverá consumo”, conclui o economista João Arroyo.

Por Carolina Albuquerque, Isabella Cordeiro e Karoline Lima.

 

Mesmo após o segundo mês consecutivo de deflação, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a alta dos preços dos alimentos - de 0,24% em maio, vindo de um aumento de 1,79% em abril - indica que as famílias mais pobres terão a renda ainda mais comprometida pela pandemia.

Quando os alimentos sobem em um momento de alta de salários, esse gasto acaba amortecido pelo ganho de renda. No cenário atual, no entanto, a perda de dinheiro das famílias, sobretudo para as de menor renda, é expressiva e a alta dos custos de alimentação pesam ainda mais.

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De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as famílias mais pobres gastam cerca de 22% do orçamento com alimentação. E uma outra pesquisa, do Instituto Plano CDE, aponta que 50% das famílias das classes D e E, de baixa renda, perderam mais da metade da renda desde o início da crise causada pela pandemia do novo coronavírus.

"A crise, do ponto de vista de desigualdade de renda, é catastrófica. Muitos profissionais, ainda com redução de salário, puderam se adaptar para trabalhar em casa. Para os mais pobres, só restou tentar o auxílio emergencial", diz o economista da Universidade de Brasília (UnB) José Luis Oreiro.

Especialista em inflação, o economista da Universidade de São Paulo (USP) Heron do Carmo lembra que há um problema de oferta de alimentos, por conta do clima mais seco e muitos produtos estão sujeitos a choque de preços. "Pesou mais para as famílias mais pobres. Como é um gasto básico, não há uma queda abrupta do consumo, mas o consumidor procura, na medida do possível, racionalizar as compras."

Pelo IPCA, itens como frutas (-2,10%) tiveram queda de preços, mas houve altas de produtos, como cebola (30,08%), batata-inglesa (16,39%), feijão carioca (8,66%) e carnes (0,05%).

André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), concorda que a alta dos alimentos, apesar de destoar dos demais preços, vem em um momento cruel. "A alta de 0,24% poderia parecer pouco, se a renda tivesse se mantida estável. O problema é quando a renda desaparece, por conta da pandemia, e comer fica mais caro."

Ele avalia que os preços dos alimentos devem ter uma nova alta em junho, por conta de um aumento da demanda por carnes por parte da China, que já começou o processo de reabertura após a quarentena. "Essa nova alta dos alimentos, porém, ainda não deve ser suficiente para que a inflação como um todo suba, devemos ter mais um mês de deflação em junho."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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