Belém possui menor PIB per capita entre capitais
Pesquisa realizada pelo IBGE, em 2018, mostra números desanimadores da produção industrial da cidade
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou, no dia 16 de dezembro, o estudo feito sobre o Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios brasileiros em 2018. A pesquisa coloca Belém na 13 pªosição, em comparação com PIB de outras capitais.
No entanto, quando se fala em PIB per capita — considerado um indicador do desenvolvimento econômico do município, por fazer a proporção do PIB municipal pelo número de habitantes — a capital aparece na última colocação do país, com R$ 21,2 mil. Brasília, Vitória e São Paulo são as três primeiras.
Realizado pelo IBGE em colaboração com os órgãos estaduais de estatística, as Secretárias Estaduais de Governo e a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), esse estudo também mostra que Belém é município com maior PIB absoluto (R$ 31,5 bilhões), no Pará, embora a capital paraense contribua com apenas 19,5% para o PIB do Estado. Belém está entre as doze capitais com PIBs que representam menos de 30% do agregado dos Estados, atrás de Palmas (TO), 26,4%; e Recife (PE), 28,1%.
Segundo o mestre em Economia pela UNAMA - Universidade da Amazônia, e professor da instituição, João Claudio Tupinambá Arroyo, o PIB é a soma geral de tudo que é produzido de bens e serviços. “A partir de 2016, a queda da renda das famílias deu-se pela interrupção da política de correção do salário mínimo acima da inflação e da reforma previdenciária e trabalhista. Assim reduziu direitos dos trabalhadores assalariados, os quais formam a massa dos consumidores”, disse o economista quando perguntado sobre os fatores que levaram a baixa do PIB per capita. Ele explicou que em um mercado capitalista a produção está ligada com a perspectiva de vender e lucrar sobre o produto. “O que orienta a produção é o consumo e não a necessidade. Como o consumo é proporcional à renda disponível das famílias, e esta vem caindo forte desde 2016, o principal fator de estímulo à produção induziu a queda da produção, portanto do PIB”, aponta.
Na prática, a baixa do PIB per capita significa para o cidadão o agravamento das desigualdades socioeconômicas, aumento do desemprego e redução da renda. “Representa aumento das desigualdades socioeconômicas e o retorno a políticas que favorecem apenas o setor exportador, voltando a um quadro econômico colonial prejudicial os empresários. Estes dependem da economia interna e precisam que os brasileiros tenham renda para consumir”, explicou o professor Arroyo.
O município de Vitória do Xingu ficou em primeiro lugar, com R$ 292 mil de PIB per capita, devido ao alto valor monetário da energia produzida pela Usina de Belo Monte e a reduzida população do município. O mesmo ocorre com Canaã dos Carajás (R$ 197 mil) e Parauapebas (R$79 mil), em virtude da extração mineral. Enquanto Terra Alta (R$ 6,1 mil) e Cachoeira do Piriá (R$ 5,4 mil) ficaram nas duas últimas colocações.
O professor João Arroyo lembra que os setores não são afetados da mesma forma, por exemplo, se há crise no setor interno, no geral o setor externo está bem. Ele diz também que a economia é um processo sistêmico, o qual depende de políticas federais. Porém é importante os governos estaduais e municipais reduzirem as perdas de renda. “Acontece que quando a economia interna cai, a qualidade de vida da grande maioria também cai. E se ainda não há investimento em educação, principal processo de internalização de riqueza, o quadro se agrava depreciando as oportunidades, a saúde e a segurança pública”, conta.
Há medidas que podem ser tomadas para mudar esse quadro. Segundo o professor Arroyo, a principal delas é o retorno da política de correção do salário mínimo acima da inflação. Também são ações relevantes: “Forte investimento em educação e tecnologia local para fixação local da riqueza. Oferta de microcrédito/crédito popular para aquecer a produção de baixo para cima. Dirigir as compras governamentais para empresas locais, com prioridade para as comunidades e empresas médias e pequenas onde mais se gera trabalho e emprego”, diz o economista.
Por Carolina Albuquerque.