Calvície pode ajudar a identificar casos graves de Covid

Resultados de pesquisa sugerem relação entre a doença e a alopecia androgenética em homens

por Vitória Silva sex, 07/05/2021 - 14:17
PXhere Homem calvo PXhere

Durante um estudo recente, pesquisadores descobriram um novo biomarcador para identificar pacientes do sexo masculino com COVID-19, que apresentam maior risco de admissão em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). As descobertas apresentadas no Simpósio de Primavera de 2021 da Academia Europeia de Dermatologia e Venereologia (EADV), nessa quinta-feira (6), sugeriram que os homens com fenótipos sensíveis ao hormônio sexual masculino andrógeno (alopecia androgenética) têm maior probabilidade de apresentar doença Covid-19 grave.

Os cientistas estudaram a associação entre o gene do receptor de andrógeno (RA) e o vírus, após observar o número desproporcional de homens hospitalizados com Covid-19 apresentando alopecia androgenética (uma forma comum de queda de cabelo) em comparação com o número esperado em uma população de mesma idade (79% vs. 31-53%).

A doença é conhecida por ser controlada por variações no gene RA, que afeta a sensibilidade do corpo aos andrógenos (hormônios como a testosterona). Além disso, uma enzima implicada na infecção por Covid (TMPRSS2) é regulada por um elemento de resposta de andrógeno, o que signinica que também pode ser afetada por variações no gene AR.

Como a região de repetição de poliglutamina (repetição de CAG) localizada no gene RA está associada à sensibilidade a andrógenos e à alopecia androgenética, a pesquisa procurou identificar a conexão entre o comprimento da região de repetição CAG e a predisposição para o aumento da gravidade da doença.

Um estudo prospectivo de 65 homens hospitalizados e positivos para a Covid-19 mediu a duração da repetição RA-CAG de cada paciente. Os pesquisadores descobriram que os internos do sexo masculino com uma repetição CAG abaixo de 22 nucleotídeos (CAG <22) eram significativamente menos propensos a serem admitidos na UTI do que os pacientes com uma contagem de CAG maior ou igual a 22 nucleotídeos (CAG? 22; p = 0,05).

Andy Goren, Diretor Médico e correspondente de Biologia Aplicada na cidade de Irvine, na Califórnia, explica: "Nossos dados mostram que pontuações RA-CAG mais longas estão associadas às formas mais graves da Covid-19 e indicam que a duração da repetição RA-CAG pode ser usado como biomarcador para ajudar a identificar pacientes do sexo masculino com quadros de maior risco”.

O especialista continua e diz também que a “identificação de um biomarcador conectado com o receptor de andrógeno é outra evidência que destaca o importante papel dos andrógenos na gravidade da doença COVID-19."

Outras pesquisas conduzidas por Goren e sua equipe, relatadas no Simpósio de Primavera EADV, exploram uma nova terapia promissora para a Covid usando um novo antagonista do receptor de andrógeno para regular a expressão de TMPRSS2 e possivelmente tratar pacientes infectados.

"Esta pesquisa demonstra o valor científico da dermatologia, oferecendo insights importantes sobre o papel da genética e sua ligação com a doença Covid. É um excelente exemplo de alguns dos resumos pioneiros apresentados no Simpósio de Primavera da EADV este ano", disse o Prof. Lidia Rudnicka, Membro do Conselho da EADV e professora da Universidade Médica de Varsóvia, na Polônia.

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