Empresários são presos por adulteração de álcool em gel
Produto tinha qualidade abaixo das especificações da Anvisa
A Polícia Civil do Paraná realizou uma operação contra uma organização criminosa acusada de fraudes em licitações e adulteração de álcool em gel. Três pessoas foram presas em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, na quinta-feira (24).
Os policiais também cumpriram mandados de busca e apreensão nas residências dos investigados e em três indústrias que também são alvos da investigação. Foram apreendidos documentos e aparelhos eletrônicos.
As investigações tiveram início em janeiro deste ano, após uma amostra de álcool em gel produzida pelas empresas ser encaminhada para o Centro de Ciências Forenses, do Laboratório de Ressonância Magnética Nuclear da UFPR.
A análise constatou que os produtos estavam cerca de 10% abaixo das especificações técnicas exigidas pela Anvisa. As amostras foram encaminhadas para outro laboratório e também reprovadas.
Após as análises, a Secretaria Estadual de Saúde do Paraná orientou a interdição dos produtos das empresas investigadas. Segundo a Polícia Civil, elas fabricaram toneladas de produtos químicos de forma irregular nos últimos dois anos.
Durante as investigações, também foi descoberto que as três indústrias faziam ilegalmente uso do registro de notificação de produto na Anvisa de duas grandes marcas de álcool do país. As indústrias usavam o registro como se a marca fosse delas, além de fraudar os rótulos e o nome do engenheiro químico responsável.
No site comercial dos investigados, eles colocavam logomarcas de empresas multinacionais famosas, conhecidas do público consumidor, com depoimentos de supostos funcionários destas grandes marcas, como se elas estivessem reforçando a qualidade dos produtos. Quando os policiais civis constataram as empresas que apareciam no site, todas elas marcas multinacionais, estas negaram qualquer depoimento postado no site dos investigados.
Foi apurado que as três empresas investigadas são da mesma havia e que também houve fraude a licitações. Os alvos forneciam para prefeituras testes para o diagnóstico de Câncer de Próstata. Somente as três empresas investigadas participavam do processo licitatório, sem nem ter autorização para comercialização destes produtos.
Outras pessoas devem ser indiciadas, como contadores, advogados e mais empresários. A polícia não descarta a participação de agentes públicos. Os envolvidos devem responder por crime contra a saúde pública, crime contra o meio ambiente, associação criminosa, coação no curso do processo, falsidade ideológica, crime contra a administração pública e lavagem de dinheiro.