Não vacinados já somam 99% das mortes por Covid nos EUA

A 'pandemia dos não vacinados' tem resultado em relatos comoventes de profissionais da saúde e infectados nos Estados Unidos. Médica conta que pacientes intubados chegam a implorar por imunizantes, em alguns casos, contudo, é tarde demais

por Kauana Portugal sab, 07/08/2021 - 18:55
Unsplash Paciente com Covid-19 internado Unsplash

A nova fase da crise sanitária nos Estados Unidos, chamada de “pandemia dos não vacinados”, conforme noticiou o jornal Folha de São Paulo, tem resultado em relatos comoventes de profissionais da saúde e infectados pelo vírus da Covid-19 no país. 

Em um post nas redes sociais, a médica no estado do Alabama, Brytney Cobia, disse que alguns pacientes chegam a “implorar pela vacina”. Na maioria das vezes, no entanto, é tarde demais.

“Eles choram. E dizem que não sabiam. Eles achavam que era um boato. Eles achavam que era político. Achavam que era ‘apenas uma gripe’. Eles gostariam de poder voltar atrás. Mas não podem. Então me agradecem e vão se vacinar. E eu volto ao consultório, faço a notificação da morte e faço uma oração para que essa perda salve mais vidas”, disse.

Ao contrário do Brasil, que sofre as consequências da compra tardia dos imunizantes, o país possui doses suficientes para proteger a população de todo o território, mas muitos rejeitam as vacinas em decorrência de movimentos de natureza negacionistas. 

Seguindo essa tendência, a parcela da população que se recusou a receber o imunizante contra o novo coronavírus já soma mais de 99% das mortes decorrentes da doença, segundo informações oficiais do governo Joe Biden.

No Alabama, por exemplo, 94% dos internados e 96% dos mortos pela Covid-19 são pacientes que não se vacinaram, de acordo com dados da associação de hospitais e da secretaria de Saúde do estado. 

Negacionistas mudam de ideia. Para alguns, é tarde demais

Embora não fosse preciso adquirir a doença para reconhecer seus efeitos devastadores, alguns americanos que recusaram as vacinas têm mudado de ideia após quadros graves de infecção. Russel Taylor, por exemplo, de 42 anos, é um retrato de como o negacionismo pode se converter à ciência.

Em um vídeo publicado no Youtube, ele afirma que era um “desses americanos céticos” e também “que não sabia em quem confiar”. Apesar disso, depois de ser diagnosticado com dupla pneumonia devido à Covid e precisar ser internado, se aproximando da morte, segundo o relato, Taylor mudou de ideia e vai se vacinar assim que tiver alta. Ele disse ainda que irá levar toda a família.

Infelizmente, o episódio, que caminha para um desfecho feliz, não é via de regra nos Estados Unidos. Em uma demonstração de como a negação das vacinas pode ocasionar danos irreparáveis, o caso protagonizado por Jessica du Preez e Michael Freedy, em Las Vegas, ficou conhecido após uma campanha virtual de financiamento coletivo.

Segundo os relatos postados por Jessica na página da “vaquinha” na internet, a sequência de acontecimentos trágicos começou após o casal viajar de férias para San Diego, litoral dos EUA. Na volta do passeio, Michael achou que os sintomas eram resultado de uma simples insolação. 

Conforme a falta de ar avançou, no entanto, eles foram ao hospital, onde Michael foi internado com pneumonia dupla em decorrência do novo coronavírus. A partir desse momento, du Preez precisou pedir ajuda para pagar as contas, já que não conseguia manter a casa sozinha enquanto o companheiro estava hospitalizado. Segundo ela, o motivo pelo qual os dois não se vacinaram teria ligação com os possíveis efeitos do imunizante a longo prazo.

Ao final de alguns dias, o cenário de preocupação transformou-se em perda. Michael, pai de 5 filhos, faleceu, e Jessica acrescentou ao relato: “O amor da minha vida, minha rocha, meu tudo, o pai dos meus bebês não está mais conosco. Eu não sei o que fazer”.

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