Senado dos EUA enterra reforma eleitoral de Biden

Democratas e ativistas pelos direitos do sufrágio defendiam o projeto de lei como uma resposta necessária aos esforços republicanos para restringir o voto, especialmente entre negros e latinos

qui, 20/01/2022 - 07:29
ALEX WONG (Arquivo) Ativistas em defesa do direito ao voto das minorias realizam manifestação em frente ao Capitólio, em Washington, em 29 de julho de 2021 ALEX WONG

Senadores dos Estados Unidos deram um golpe fatal nesta quarta-feira (19) ao projeto de reforma eleitoral promovido pelo presidente Joe Biden para defender o direito de voto para minorias.

Diante de um bloqueio republicano, os democratas não conseguiram promover dois projetos de lei já aprovados pela Câmara de Representantes e desistiram de ativar um procedimento especial que lhes permitiria submeter ambos os textos a votação na Câmara Alta apesar da rejeição da oposição.

"Estou profundamente desapontado que o Senado não tenha defendido nossa democracia. Estou desapontado, mas não dissuadido", escreveu Biden no Twitter.

"Continuaremos avançando na legislação necessária e pressionando por mudanças nos procedimentos do Senado que protegerão o direito fundamental ao voto", acrescentou.

Democratas e ativistas pelos direitos do sufrágio defendiam o projeto de lei como uma resposta necessária aos esforços republicanos para restringir o voto, especialmente entre negros e latinos.

"Eu sei que não é 1965. É isso que me deixa tão indignado. É 2022 e eles estão descaradamente removendo mais locais de votação de condados onde negros e latinos estão super-representados", reclarou o democrata de Nova Jersey Cory Booker no Senado.

"Não estou inventando isso. É um fato", comentou.

Estados governados por conservadores passaram o ano passado aproveitando as alegações infundadas do ex-presidente Donald Trump sobre fraude eleitoral nas eleições de 2020 para introduzir uma série de regulamentos que complicam o exercício do voto.

O projeto promovido por Biden teria garantido o direito ao voto pelo correio, nas urnas e pelo menos duas semanas de votação antecipada, além de tornar o Dia das Eleições um feriado nacional.

Também procurava impedir a prática de redistritamento em favor do partido no poder e exigiria que estados com histórico de discriminação obtivessem autorização federal para alterar as regras eleitorais.

Mas todos os 50 senadores republicanos votaram contra as reformas, argumentando que restrições como limitar a votação por correspondência e insistir na identificação do eleitor eram apenas senso comum.

"A preocupação é equivocada. Se você olhar para as estatísticas, os eleitores negros estão votando em uma porcentagem tão alta quanto os demais nos Estados Unidos", disse o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, a repórteres antes da votação.

"Em uma pesquisa recente, 94% dos americanos acharam que era fácil votar. Isso não é um problema. A participação aumentou. É a maior participação desde 1900", disse ele.

O Senado está dividido igualmente entre 50 republicanos e 50 democratas e, em caso de empate, a vice-presidente Kamala Harris decide.

Sem senadores republicanos quebrando fileiras, os democratas não conseguiram ultrapassar o limite de 60 votos necessário para levar o projeto a votação.

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