Sem reajuste, 70 delegados ameaçam entregar cargos em PE
Profissionais de todas as regiões do Estado devem aderir ao movimento coletivo para pressionar o Governo pelo aumento de 33% no salário
Mais de 70 delegados ameaçam entregar os cargos de chefia em Pernambuco no próximo dia 15. Com a pior remuneração do Brasil e rendimentos congelados há quatro anos, o movimento conjunto cobra mais empenho do Governo do Estado para negociar o reajuste de 33%.
Desde agosto do ano passado, a Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco (Adeppe) tenta chegar a um acordo com a gestão. A última reunião ocorreu há dois meses. "O Governo insiste em adiar as reuniões. Marcam uma data e depois adiam. Cada vez eles inventam uma desculpa diferente", criticou o presidente da Adeppe Francisco Rodrigues.
O delegado explicou que a Lei Complementar 155, assinada pelo então governador Eduardo Campos, em 2010, aumentou a carga horária dos servidores de 6h para 8h diárias. Contudo, não houve o aumento proporcional de um terço no salário.
"Quando o trabalho aumenta, logicamente a remuneração também tem que acompanhar. Isso já é pacífico no STF. Só que o Governo não deu o reajuste na mesma proporção que o aumento na carga horária e nós ficamos no prejuízo desde então. São 11 anos sem esse valor, que seria um terço a mais no salário", apontou.
Uma ação judicial tramite em segunda instância com vitórias da associação. Segundo Rodrigues, o Governo recorre das decisões para evitar os pagamentos.
"Isso vem causando uma grande insatisfação na categoria. Os colegas estão se sentindo completamente desprestigiados pelo Governo. Uma categoria que não parou durante a pandemia e continuou trabalhando mesmo diante do risco de doença", descreveu.
Atualmente, um delegado em Pernambuco recebe R$ 9 mil e a proposta da categoria é 33%, que representa o aumento proporcional somado ao reajuste em cima do aumento. Caso aprovado, o novo salário ficaria em torno de R$ 12 mil.
"O Governo pode apresentar uma contraproposta que será analisada pela categoria. Nós não somos intransigentes. Queremos chegar a um acordo que seja factível às finanças do Estado e que também contemple a categoria", assegurou o representante.
Uma nova reunião foi agendada para o próximo dia 14. Caso não haja um entendimento, Rodrigues calculou que mais de 70 delegados titulares do Interior e da Região Metropolitana do Recife se mostraram comprometidos em deixar os cargos.
Procurada pelo LeiaJá, a Secretaria de Defesa Social (SDS) de Pernambuco informou que tem mantido o diálogo com a Chefia da Polícia Civil e com a Adeppe na busca por valorização dos delegados. A pasta desmentiu a associação e disse que a última reunião ocorreu no dia 7 de janeiro.
"O Governo de Pernambuco está fazendo todos os estudos necessários para apresentar o melhor cenário possível de valorização de todos os profissionais de segurança pública do estado, dentro dos limites orçamentários", declarou em nota.