Pesquisador da Fiocruz diz que pandemia caminha para o fim

Infectologista afirmou que o impacto da doença será menor a ponto de não ser necessário medidas restritivas radicais

por Jameson Ramos qua, 23/02/2022 - 14:26
Wilson Dias/Agência Brasil O infectologista Julio Croda é considerado uma referência em Covid-19 no Brasil Wilson Dias/Agência Brasil

O infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Julio Croda afirmou que a pandemia da Covid-19 está próxima do fim e que o país deve entrar numa situação com períodos sazonais, como já acontece com a gripe e a dengue. "Passar da pandemia para a endemia não significa que a gente não vai ter o impacto da Covid-19 em termos de hospitalização e óbito. Significa que esse impacto será menor a ponto de não ser necessário medidas restritivas tão radicais e até a liberação do uso de máscaras, que é uma medida protetiva individual", assegurou em entrevista ao jornal O Globo.

Croda, que já comandou o Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde durante a gestão do então ministro Luiz Henrique Mandetta, justifica que essas flexibilizações serão possíveis graças ao avanço da imunização coletiva da população mundial.  Questionado sobre o que define o fim da pandemia e o início da endemia, o infectologista aponta que o grande marcador é a letalidade, ou seja, o quanto a Covid-19 mata. 

"Esse vírus só vai matar menos se tiver alta cobertura vacinal. As pessoas que envelhecem, atualmente, fazem parte de três grupos: muito extremos mesmo vacinados, pessoas com muita comorbidade e não vacinadas. À medida que avançamos na mentalidade, a tendência é reduzir essa letalidade. Foi assim com a gripe H1N1, quando surgiu a pandemia em 2009. Partimos de uma letalidade de 6% e isso foi reduzido para 0,1%", detalhou ao jornal.

Júlio Croda ressalta que o cenário positivo ainda pode acontecer neste ano, mas será diferente em cada região, já que tudo depende da cobertura vacinal, da letalidade provocada pela doença e a região de transmissão. Para ele, de alguma forma os países começarão a diminuir medidas de convivência com o novo coronavírus. 

O especialista salienta que na Europa, por exemplo, após a onda de casos da variante Ômicron, todos os países começaram a flexibilizar. No Brasil, a situação ainda deve ser favorável no primeiro simestre. "Acredito que ainda nesse primeiro semestre a gente tenha uma situação mais favorável, que seja possível de alguma forma declarar que não estamos mais em emergência de saúde pública, por exemplo. O número de hospitalizações e óbitos é que vai determinar o impacto sobre o serviço de saúde", pontua.

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