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Um pesquisador do Datafolha foi agredido com socos e pontapés por um bolsonarista, na última terça-feira (20), em Ariranha, cidade de 9,8 mil habitantes, na região norte do Estado de São Paulo. O profissional do instituto entrevistava um morador local quando um homem, identificado como Rafael Bianchini, se aproximou e, aos gritos, passou a exigir que também fosse ouvido na pesquisa. "Só pega Lula e vagabundo", disse o agressor, no meio da rua.

O pesquisador, de 32 anos, ignorou a intromissão e encerrava a entrevista quando foi atingido pelas costas, fazendo com que o tablet usado na pesquisa caísse ao chão. Quando o pesquisador reagiu para se defender, ele passou a ser atacado também pelo filho do bolsonarista. Vizinhos intervieram e afastaram o agressor, mas ele entrou em sua casa e retornou empunhando uma faca do tipo peixeira. O homem foi contido pelo filho.

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O caso foi registrado na delegacia da Polícia Civil de Ariranha. Rafael Bianchini e seu filho foram identificados como autores das agressões. A reportagem teve acesso ao boletim de ocorrência que apura crime de lesão corporal. A identidade da vítima está sendo preservada para segurança dela.

O delegado Gilberto Cesar Costa já ouviu os envolvidos. Devido à conotação política, o teor da investigação é mantido em sigilo. O advogado do grupo Folha, Luís Francisco Carvalho Filho, disse que o caso resultará em ação penal contra os agressores.

O pesquisador do instituto foi atendido num pronto-socorro da cidade, com ferimento na boca e dores no corpo, sendo liberado em seguida. Atingido na cabeça, nas costas e nos braços, ele passou por exame no Instituto Médico Legal (IML) e disse que buscará a punição dos responsáveis na Justiça, tanto pelas agressões como pelas ameaças que ele e seus colegas têm recebido nas ruas.

Em sua rede social, Bianchini reproduz conteúdos bolsonaristas e faz propaganda eleitoral de Bolsonaro, candidato a um novo mandato na Presidência da República pelo PL.

Segundo o Datafolha, relatos de pessoas que passam gritando, acusando o instituto de ser comunista ou tentando filmar os entrevistadores como forma de intimidá-los têm sido comuns. Na maior parte dos casos, as pessoas que buscam intimidar os pesquisadores se declaram como bolsonaristas ou citam o nome do presidente Jair Bolsonaro, de acordo com a diretoria do instituto.

Somente no último dia 13, o instituto de pesquisas contabilizou dez intercorrências em municípios de diferentes regiões do país, num universo de 470 pesquisadores. Houve casos nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Alagoas, Maranhão, Goiás, Pará, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Em divulgação, o Datafolha informou ser um instituto independente de pesquisa de opinião que pertence ao Grupo Folha e atua com pesquisa eleitoral e levantamentos estatísticos para o mercado. O instituto não faz pesquisas eleitorais para governos ou políticos.

A metodologia do Datafolha prevê pontos específicos para a realização das entrevistas. No caso de mudança para outro ponto entre os mapeados, é preciso uma autorização da equipe de planejamento. O instituto diz que, nos levantamentos nacionais ou estaduais, primeiro são sorteados os municípios que farão parte do levantamento; depois, os bairros e pontos onde serão aplicadas as entrevistas.

O Datafolha também usa cotas proporcionais de sexo e idade de acordo com dados obtidos junto ao IBGE e ao Tribunal Superior Eleitoral. Outras instruções são as de não dar permissão para ser filmado e a de não usar o crachá do Datafolha enquanto estiver se deslocando, apenas enquanto estiver realizando as entrevistas.

Os pesquisadores do instituto recebem um treinamento padronizado, que determina que as pessoas que se oferecem para serem entrevistadas devem ser obrigatoriamente evitadas, para que a amostra seja aleatória.

Mais casos

Entre os casos registrados recentemente no país, em agosto, em Belo Horizonte, quatro homens perseguiram uma entrevistadora, chamando o Datafolha de comunista e esquerdista. Ela saiu correndo, caiu no chão e machucou um dos joelhos. O grupo então teria se assustado e parou de segui-la. Eles estariam tentando pegar à força o tablet no qual ela registrava as respostas.

Em Goiânia, um entrevistador chegou a ser empurrado por um homem que se identificou como bolsonarista e que disse não querer o profissional do Datafolha nas redondezas. Em um município do Rio Grande do Sul, um pesquisador foi levado para averiguação por um policial que se identificou como eleitor de Bolsonaro. Antes de chegar à delegacia, ele parou o carro e fez perguntas ao pesquisador que, na sequência, foi liberado e continuou seu trabalho em outro local.

Violência

Uma pesquisa do Datafolha divulgada no último dia 15 apontou que, diante do aumento de casos de violência política nestas eleições, muitas pessoas passaram a ter medo de serem vítimas de agressões. Mais de 67% dos entrevistados afirmaram ter medo de sofrerem violência por suas escolhas políticas.

Chamou a atenção o dado de que 3,2% dos entrevistados disseram ter sido vítimas de ameaças por suas posições políticas nos 30 dias anteriores à realização da pesquisa, conduzida entre 3 e 13 de agosto. O porcentual corresponde a 5,3 milhões de eleitores, se extrapolada a amostra do estudo e considerada a população adulta.

A pesquisa Violência e Democracia: panorama brasileiro pré-eleições de 2022 foi encomendada pela Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Foram ouvidas 2.100 pessoas, em 130 municípios. A mesma pesquisa trouxe indicadores positivos sobre o apoio dos brasileiros à democracia. Quase 90% dos entrevistados concordam que o vencedor das eleições nas urnas deve ser empossado em 1º de janeiro de 2023.

O infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Julio Croda afirmou que a pandemia da Covid-19 está próxima do fim e que o país deve entrar numa situação com períodos sazonais, como já acontece com a gripe e a dengue. "Passar da pandemia para a endemia não significa que a gente não vai ter o impacto da Covid-19 em termos de hospitalização e óbito. Significa que esse impacto será menor a ponto de não ser necessário medidas restritivas tão radicais e até a liberação do uso de máscaras, que é uma medida protetiva individual", assegurou em entrevista ao jornal O Globo.

Croda, que já comandou o Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde durante a gestão do então ministro Luiz Henrique Mandetta, justifica que essas flexibilizações serão possíveis graças ao avanço da imunização coletiva da população mundial.  Questionado sobre o que define o fim da pandemia e o início da endemia, o infectologista aponta que o grande marcador é a letalidade, ou seja, o quanto a Covid-19 mata. 

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"Esse vírus só vai matar menos se tiver alta cobertura vacinal. As pessoas que envelhecem, atualmente, fazem parte de três grupos: muito extremos mesmo vacinados, pessoas com muita comorbidade e não vacinadas. À medida que avançamos na mentalidade, a tendência é reduzir essa letalidade. Foi assim com a gripe H1N1, quando surgiu a pandemia em 2009. Partimos de uma letalidade de 6% e isso foi reduzido para 0,1%", detalhou ao jornal.

Júlio Croda ressalta que o cenário positivo ainda pode acontecer neste ano, mas será diferente em cada região, já que tudo depende da cobertura vacinal, da letalidade provocada pela doença e a região de transmissão. Para ele, de alguma forma os países começarão a diminuir medidas de convivência com o novo coronavírus. 

O especialista salienta que na Europa, por exemplo, após a onda de casos da variante Ômicron, todos os países começaram a flexibilizar. No Brasil, a situação ainda deve ser favorável no primeiro simestre. "Acredito que ainda nesse primeiro semestre a gente tenha uma situação mais favorável, que seja possível de alguma forma declarar que não estamos mais em emergência de saúde pública, por exemplo. O número de hospitalizações e óbitos é que vai determinar o impacto sobre o serviço de saúde", pontua.

Prevista para o próximo mês, a nova versão do Firefox pode vir com o mecanismo de pesquisa padrão modificado. O Mozilla anunciou que alguns acordos não foram renovados e um deles pode ser com o Google.

A empresa não diz quais acordos vão chegar ao fim nem outras funcionalidades que podem ser afetadas.

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"Após a atualização para a versão 98 do Firefox, uma notificação aparecerá na parte superior do navegador a alertar sobre a alteração do seu mecanismo de pesquisa padrão. Ele também informa qual é o novo mecanismo padrão e o direciona para um artigo com instruções sobre como alterá-lo, se for isso que deseja.

Se quiser continuar a utilizar um mecanismo que foi desativado, deverá instalar um plug-in ou extensão de pesquisa de terceiros para esse mecanismo. Você também pode configurar outro mecanismo de pesquisa entre os disponíveis", aponta o suporte do Mozilla.

Estudantes e pesquisadores brasileiros estão sendo impedidos de entrar na Espanha e na França, por causa de fronteiras fechadas e impossibilidade de emissão de vistos. A norma não tem previsão de atualização ou liberação, e muitos intercambistas se veem prestes a perder as bolsas de estudo ou o início das aulas.

Para chamar a atenção das autoridades, dois movimentos foram criados, o "Étudier Est Impérieux" e o "Estudiar es Esencial". Ambos buscam auxílio nacional e internacional para que o estudo seja visto como motivo imperioso - situações que o governo considera necessária a entrada de estrangeiros no país durante a pandemia -, mesmo para os países classificados em zona vermelha, como o Brasil.

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Bárbara Luíza, de 22 anos, é representante do Estudiar es Esencial e recebeu uma bolsa de estudo para graduação em Criminologia. A estudante precisa estar na Espanha até setembro. Mesmo tendo um certo tempo para cumprir o prazo, ela está preocupada de não conseguir a emissão do visto, principalmente porque não há uma estimativa de quando o Brasil será liberado. A proibição valia até o dia 22 de junho e, mesmo sem ter chegado a data, foi modificada para o dia 6 de julho. Bárbara está em contato com a faculdade. "Eles falaram para eu não me preocupar e também estão em contato com a embaixada para ver como vai ficar", diz.

Mas, nem todos têm a mesma sorte. Segundo ela, algumas pessoas do movimento estão correndo risco de perder a bolsa porque precisam estar lá em julho. "Nenhum estudante consegue ir nem vacinado. As únicas pessoas que estão sendo liberadas para entrar no país são aqueles que têm nacionalidade espanhola. Nem quem tem cônjuge ou parente na Espanha está podendo entrar."

O movimento criado no dia 10 já conta com quase 200 estudantes que passam pelo mesmo problema. A criadora do Estudiar es Esencial já enviou mais de 90 e-mails para senadores, pedindo suporte. Ela também já tentou contato com o Itamaraty, que ajudou os estudantes que iam para os Estados Unidos no início do ano, mas, até agora, não teve nenhum retorno. "A única resposta que recebemos é que temos de esperar porque é uma decisão de outro país. Mas, quando mandamos e-mail ou entramos em contato pelas redes sociais para saber se houve atualização, eles não nos respondem."

O único apoio que obteve até o momento foi o de Luan Dias, um dos representantes do "Étudier Est Impérieux", movimento que conta com quase 500 pessoas. Desde o dia 13 de junho, quando criaram as redes sociais do movimento e começaram a compartilhar os conteúdos, elas buscam um posicionamento da embaixada e do Itamaraty, sem sucesso. No domingo, a senadora francesa Joëlle Garriaud-Maylam viu a manifestação nas redes e passou a apoiar a ação. Em seu Twitter, ela declarou que "não há razão para impedir que os alunos continuem sua carreira universitária, especialmente se forem vacinados e fizerem exames".

Os representantes do movimento e a senadora têm mantido contato. "Mandamos um documento explicando tudo o que tem acontecido no Brasil", declarou Luan, de 26 anos, que precisa estar em Paris em setembro para iniciar os estudos na École Internationale de Création Audiovisuelle et de Réalisation (EICAR).

Quarentena

Bárbara e Luan ressaltam que entendem o posicionamento dos dois países e declaram que os participantes dos movimentos estão dispostos até a cumprir uma quarentena quando chegarem ao local de destino e a seguir as orientações sanitárias. "O que queremos é que foquem na inclusão dos estudantes", declara Bárbara. "O processo para entrar nas universidades francesas é muito trabalhoso e complicado. Sem garantia de prorrogação ou manutenção para o próximo ano é muito preocupante. Não podemos perder essa oportunidade", diz ele.

Na Espanha "algumas faculdades têm entrado em contato para prorrogar as bolsas, mas tem gente que não consegue", explica Bárbara. Já para quem vai para França, a situação é diferente, segundo Luan, pois "a maioria das universidades não fala nada sobre prorrogação de prazo". "Por isso, muita gente corre o risco de perder a bolsa."

No início da semana passada, os dois grupos foram surpreendidos com a notícia de que a Índia, que também é classificada como zona vermelha, teve liberação de visto para estudantes na Espanha e na França. "Esse acontecimento foi muito curioso, porque o que os países alegam é que países com variantes preocupantes circulando no território não podem ser liberados. Mas, a Índia tem variantes circulando e mesmo assim conseguiu a permissão", diz Luan. O Estadão procurou a embaixada dos dois países e o Itamaraty, mas não obteve resposta.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A pandemia do novo coronavírus, que já deixou mais de meio milhão de mortos no país, é uma "bomba-relógio", que terá graves consequências sociais e de saúde, afirmou à AFP o pesquisador em Saúde Pública Alexandre da Silva.

Para esse doutor pela Universidade de São Paulo (USP), o conceito de "sindemia" - uma emergência sanitária potencializada mutuamente junto aos danos socioeconômicos que causa - está mais atual do que nunca no Brasil, onde a doença aprofunda as desigualdades sociais.

Confira:

Até que ponto a pandemia acentua as abismais desigualdades no país?

R: A pandemia deixou as desigualdades escancaradas, de uma forma que a gente há muito tempo não imaginava (...) Nesse momento em que ela chega ao Brasil, já tem outras situações muito ruins instaladas. É aí que usamos o termo sindemia. Já existia por exemplo uma crise sanitária, porque desde o governo anterior já havia um congelamento dos investimentos na área da saúde pública.

O outro problema foi econômico. A desigualdade socioeconômica já vinha aumentando, com poucos investimentos do governo federal para reduzi-las. Há um aumento no número de pessoas desempregadas, do trabalho informal, sem nenhum seguro trabalhista... Observamos um aumento também do número de desalentados, que já nem saem mais para buscar emprego porque sabem que não vão encontrar. Esse último é maior nos municípios em que há mais pessoas negras.

Infelizmente, o Brasil é uma bomba-relógio. Se as vacinas não chegarem, se insistir nessa não articulação dos atores sociais para política de saúde e assistência social, corremos risco de ter muitas mortes desnecessárias.

Acredita que teria sido possível evitar que o Brasil chegasse a meio milhão de mortes pela Covid-19?

R: Sim, por vários fatores. Temos uma história muito bem-sucedida de vacinação. A gente poderia ter feito uma ação mais focada na prevenção, monitoramento dos casos de maior vulnerabilidade. A atenção primária de saúde tem como propósito fazer um gerenciamento dessas doenças e agravos crônicos.

Poderia haver mais comunicação às pessoas através da televisão, das redes sociais, ter um plano de assistência social para cobrir as pessoas mais vulneráveis.

Numa sociedade como a nossa que está muito carente de soluções, se você não tem em nenhum momento uma figura que consegue acalmar, mostrando que existe uma direção, um plano, fica essa polarização que se acentua com o aumento das 'fake news'. É uma ameaça para o próprio país.

Quais consequências podemos temer a longo prazo depois da pandemia?

R: Esse vírus vem gerando uma série de adoecimentos que não são apenas de causa neurológica. Há problemas respiratórios, músculo esqueléticos, muitos transtornos mentais. Temos uma frente enorme para manter as pessoas saudáveis e, principalmente, vivas.

No país, já começa a ter um movimento de retrocesso. Muitos direitos conquistados já começam a ser desrespeitados, a começar pelo direito à vida.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) abriu um procedimento interno para apurar as circunstâncias que teriam levado à prisão do médico e pesquisador da instituição Guilherme Franco Netto na manhã desta quinta-feira, em Petrópolis, na região serrana do Rio.

O pesquisador foi preso em uma ação da Operação Dardanários, um desdobramento da Lava Jato no Rio, que investiga desvios de recursos na área da saúde. O secretário de Transportes Metropolitanos de São Paulo, Alexandre Baldy, foi preso na mesma operação. Netto é acusado de ser o contato na Fiocruz de um esquema de direcionamento de contratos.

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A prisão do pesquisador causou surpresa na Fiocruz, já que Netto é um quadro muito respeitado da instituição, responsável por pesquisas importantes sobre o impacto das manchas de óleo no litoral do Nordeste no ano passado e sobre o rompimento da barragem da mineradora Vale, em Brumadinho. Ele assina diversos textos sobre saúde coletiva em parceria com a atual presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, e é considerado referência em temas de saúde e meio ambiente.

"A Fiocruz foi surpreendida na manhã desta quinta-feira (6/08) com a informação veiculada pela imprensa sobre a prisão do pesquisador Guilherme Franco Netto", informou a instituição em nota. "A Fiocruz é rigorosa em seus mecanismos de controle e transparência inerentes ao sistema de integridade pública."

A nota lembra ainda que Netto é concursado e é um especialista de referência nas áreas de saúde e meio ambiente.

"Diante das circunstâncias e como procedimento regulamentar, a instituição instaurou procedimento apuratório interno", anunciou a nota. "A Fiocruz defende o princípio constitucional de presunção de inocência, tem convicção de que os fatos serão devidamente esclarecidos e está dando todo apoio necessário ao seu servidor, em contato direto com a família".

A pandemia do novo coronavírus não afetou apenas os humanos. Em vários países, aumentou o número de animais domésticos abandonados. Uma das causas para isso é, provavelmente, econômica. Mas o receio de que os pets sejam vetores da Covid-19 também pode ter colaborado para o problema. O que é um equívoco: apesar da falta de estudos mais aprofundados sobre o tema, o risco de animais contraírem Covid-19, ou contaminar seus próprios donos, praticamente não existe.

É o que explica o médico veterinário Paulo Abilio Varella Lisboa, pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict), da Fiocruz. Que acrescenta: em vez de perigo, animais domésticos podem ser muito benéficos para a saúde, em tempos de isolamento, ao colaborarem para diminuir o estresse e a ansiedade dos humanos. Nesta entrevista, ele explica os cuidados com a higiene dos bichos, que devem ser tomados mesmo fora do período pandêmico.  

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Icict: Qual o risco da Covid-19 para cães e gatos domésticos? Eles podem se contaminar e até morrer?


Paulo Abilio Lisboa: Até agora, há menos de 25 relatos em todo o mundo de cães e gatos de estimação infectados com SARS-CoV-2, e nenhum relato de animais positivos no Brasil. Isso apesar de, em 9 de junho, o número de pessoas infectadas ultrapassar 6,2 milhões no mundo e mais de 740 mil casos no Brasil. Além disso, nenhum relatório oficial publicado sugere que animais de estimação sejam fonte de infecção para seres humanos. Há evidências de que as infecções nos animais são geralmente resultado de um contato próximo de pessoas — tutores ou tratadores — infectadas com Covid-19. Mas há pouca ou nenhuma evidência de que os animais domésticos sejam facilmente infectados com SARS-CoV-2. E, considerando que a população mundial de cães e gatos está em torno de 2 bilhões, o número de animais infectados representa menos de 0,001% do total e, por isso, não representa nenhum risco potencial de transmissão para outros animais ou pessoas.

Icict: Mesmo que não se contaminem, cães e gatos domésticos podem transmitir a doença a seres humanos ou levar o vírus para dentro da casa de seus donos, oferecendo risco de contaminação? 

Paulo Abilio Lisboa: Não há evidência ou estudos nesse sentido. Os poucos animais infectados parecem ter adquirido a infecção dos seus donos, pelo contato direto, e não o inverso. Tampouco há evidência de que animais sejam vetores mecânicos ou possam carregar o vírus, ou que o vírus possa se replicar nos animais. 

Icict: O vírus pode grudar no pelo do animal? A sujeira que as patas trazem da rua pode representar risco? E as fezes e urina dos animais, podem transmitir o vírus?

Paulo Abilio Lisboa: Em teoria, um tutor pode infectar os animais através do espirro ou da tosse e a partir de partículas em suspensão. Porém não há estudos que mostrem a permanência do vírus nos tecidos cutâneos (pele e pelos) de cães e gatos. Em teoria, animais que circulam ou possam ter acesso a áreas contaminadas na rua poderiam carregar o vírus para dentro de casa, mas não há estudos demonstrando essa evidência. De qualquer forma, é recomendável a higienização das patas e do focinho com uma combinação de água e sabão neutro em pano umedecido. Mas essa higienização deveria ser feita habitualmente em todos os animais que vão à rua, independentemente da epidemia. Sobre urina, fezes e também saliva, não há nenhum estudo ou evidência cientifica da transmissão do vírus.

Icict: É recomendável os donos adotarem alguma mudança de atitude com seus animais domésticos por causa da epidemia? Como, por exemplo, reforçar alguma medicação preventiva ou mudar a alimentação? 

Paulo Abilio Lisboa: Não há necessidade de nenhuma mudança. Os cuidados de saúde já utilizados pelo dono devem ser mantidos, inclusive os calendários de vacinação e emergências médicas. As clínicas veterinárias e os profissionais veterinários são classificados como atividades essenciais e estão trabalhando normalmente.

Icict: Deve-se usar álcool em gel para limpar cães e gatos domésticos?

Paulo Abilio Lisboa: Não. O álcool em gel ou o álcool líquido em todas as suas concentrações pode ser abrasivo para a pele dos cães e gatos, principalmente se utilizado de forma rotineira ou crônica, e ocasionar lesões alérgicas ou tópicas.

Icict: É verdade que a epidemia aumentou o abandono de animais domésticos por seus donos?

Paulo Abilio Lisboa: Percebemos um maior abandono por conta de notícias veiculadas pela imprensa e a partir de ONGs e grupos de apoio e cuidados de animais. Há três fatos a considerar. Em primeiro lugar, as notícias iniciais de que cães e gatos foram infectados pelo SARS-CoV-2, o que gerou uma primeira onda de medo e abandonos por conta da desinformação e fake news. Em seguida, houve o abandono intencional, que possui duas características de cunho muito social. Em várias regiões, famílias ou pessoas idosas – que viviam de forma isolada ou sozinhas e que, por conta da quarentena, foram morar com outros parentes – tiveram que migrar ou abandonar sua moradia e, em muitos casos, não tiveram condições de levar o animal que morava com elas. Por outro lado, houve aspectos socioeconômicos: algumas pessoas, por desemprego ou diminuição da renda, abandonaram animais próximos a instituições ou parques públicos, ou mesmo nas ruas, para diminuir a responsabilidade sobre os cuidados do animal. E, por fim, alguns tutores pediram ajuda exatamente por conta de pessoas que abandonaram as casas e deixaram os animais. E isso aconteceu de forma mundial, principalmente nos EUA, que tem os dois maiores abrigos de animais do mundo, em Denver e Nova York.

Icict: A notícia vinda da Europa de que os donos de gatos teriam alguma imunidade contra a Covid-19 faz sentido?

Paulo Abilio Lisboa: Tivemos relatos neste sentido, a partir da publicação de uma médica na Espanha, que observou que tutores de gatos tinham sinais menores em relação à doença ou não apresentavam sintomas. A informação da médica da Espanha é observacional e sem base científica nenhuma. Por isso, não devemos considerar essa hipótese. Mas temos outro aspecto menos falado que é o papel dos animais domésticos na casa das pessoas, diminuindo a sensação de isolamento e criando um momento diário de convívio e felicidade – reduzindo assim o estresse e a ansiedade, contribuindo com a saúde mental em tempos de isolamento. Pessoas felizes tem menos estresse e têm melhor escore imunológico, sendo naturalmente menos suscetíveis a doenças.

Icict: Outros animais domésticos – como papagaios, canários, periquitos, calopsitas, hamsters – podem representar risco de contaminação para seus donos? 

Não temos evidências (relatos, estudos ou pesquisas) de outros pets se infectarem pelo SarsCov-2. 

Icict: Morcegos, que eventualmente entram em casas, são um risco de Covid-19 para os humanos? O SARS-CoV-2 veio mesmo de um morcego? 

Paulo Abilio Lisboa: Não, morcegos não representam risco. No Brasil a maior preocupação em relação aos morcegos é a possível transmissão do vírus da raiva. Sobre a origem do SARS-CoV-2, temos dois cenários possíveis. O primeiro tem o vírus evoluindo através de seleção natural em um hospedeiro não humano e pulando para humanos. Não há casos documentados de transmissão de um coronavírus de morcego para humanos. Mas todos os coronavírus anteriores passaram por um hospedeiro mamífero intermediário antes da infecção humana. A identidade do hospedeiro intermediário SARS-CoV-2 é atualmente desconhecida, mas vários animais foram sugeridos, principalmente pangolins. Em um cenário alternativo, uma versão não patogênica do vírus teria pulado de um hospedeiro animal para humano e depois evoluído dentro de humanos para seu estado patogênico atual. Mas nenhuma dessas hipóteses foi confirmada até o momento.

Icict: E os micos que entram pelas janelas em alguns prédios e casas próximo de matas? Apresentam risco? 

Paulo Abilio Lisboa: Também não há qualquer relato de infecção do Sars-CoV-2 em primatas. Assim, não há risco de transmissão de micos ou primatas para o homem. 

Icict: E nas fazendas? Vacas, cavalos, cabras, patos, porcos, esses animais trazem algum risco? 

Paulo Abilio Lisboa: Não temos nenhum relato de infecção de Sars-CoV-2 em animais de produção. Assim, também não há risco de transmissão.

Da assessoria da Fiocruz

Nos últimos dias, Recife tem registrado cenas incomuns: grupo de capivaras às margens do Rio Capibaribe, capivara cruzando a Avenida Boa Viagem e seguindo em direção à praia e um grande cardume no litoral da capital. Os registros estão ligados ao isolamento físico decorrente da pandemia do novo coronavírus, explica o biólogo e professor do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Pernambuco (UPE) Clemente Coelho Júnior. 

 Além desses exemplos, o professor diz haver muito mais aves circulando e, entre março e abril, foi possível observar mais borboletas. "Com o tráfego de carros a gente não observa as borboletas. Impactamos o voo delas, atropelamos e elas desaparecem", diz o pesquisador.

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 O biólogo ressalta que não é de hoje que as capivaras estão entre nós, às margens do Rio Capibaribe. A palavra Capibaribe, inclusive, significa Rio das Capivaras. Com os manguezais voltando a colonizar, muito em função da diminuição de seu corte, as capivaras têm retornado para as margens. Segundo Coelho Júnior, esses mamíferos vêm de uma região rural do Recife, principalmente, da reserva ambiental do Parque Dois Irmãos, que conecta ao Capibaribe. "Estão aqui há algum tempo vivendo com a gente. A gente vê no Parque do Baobá e há relatos dos aparecimentos destas capivaras em outros locais. Não é de se estranhar. O que é estranho é ter uma capivara no calçadão de Boa Viagem", diz.

A capivara é um animal arisco, que tem um comportamento geral de fugir. A ausência de pessoas na rua, entretanto, tem feito com que ela não se sinta ameaçada e ocupe espaço maior. "Na ausência de predador, a capivara se sente mais segura. Ela atravessa onde não tem ninguém, vai até dentro do mar. Ela explora."

Sobre o cardume de sardinhas que formou uma imensa mancha na área do Cais de Santa Rita, Coelho Júnior diz que isso se deve à diminuição do tráfego de embarcações e da pesca. "Isso permitiu que cardumes menores se juntassem em cardumes grandes e fizessem um balé com antigamente".

Em áreas menos urbanas, alterações por causa da quarentena também são observadas. Em Porto de Galinhas, importante ponto turístico do litoral pernambucano, já é possível observar vegetação de restinga nascendo. "Não tem pisoteio nem pessoas arrancando", justifica o professor. Ele diz que ainda é cedo para falar em aumento significativo das espécies e que, com o fim do isolamento, a tendência é voltar ao status anterior.

"A natureza está respirando. Ela deu um respiro, diminuiu a pressão e ela está tendo a oportunidade de poder desenvolver melhor", comenta. Otimista, o biólogo acredita que o isolamento pode servir para aumentar a consciência ambiental da população. Coelho Júnior diz que nunca viu tantas pessoas comentarem sobre essas questões em toda sua carreira.

 "Há uma chance de mudanças nossas de comportamento, da gente saber o nosso local nesse planeta, o nosso papel. Do reconhecimento da importância dos outros seres vivos, da biodiversidade como um todo. Espero que essa seja a mensagem do isolamento."

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Após nove meses e meio de detenção, o Irã libertou o pesquisador francês Roland Marchal, em troca da libertação pela França de um engenheiro iraniano ameaçado de extradição para os Estados Unidos.

Paris anunciou na manhã deste sábado, em um breve comunicado, a soltura de Roland Marchal, esperado na França na parte da tarde.

Por outro lado, o presidente francês, Emmanuel Macron, "instou as autoridades iranianas a libertar imediatamente a compatriota Fariba Adelkhah", pesquisadora franco-iraniana ainda presa no Irã.

Roland Marchal foi preso em junho de 2019, ao mesmo tempo que sua companheira, Fariba Adelkhah, pesquisadora como ele no Centro de Pesquisa Internacional (CERI) de Sciences Po Paris.

Na sexta-feira, dia do ano novo persa, o Irã anunciou uma troca de detidos entre Paris e Teerã. A presidência francesa não menciona a troca de prisioneiros.

A República Islâmica indicou que a França havia libertado o engenheiro iraniano Jalal Rohollahnejad, cuja justiça francesa acabou de aceitar a extradição para os Estados Unidos, sem especificar o nome do francês liberado na troca.

Segundo imagens transmitidas pela televisão estatal iraniana, Rohollahnejad chegou a Teerã durante a madrugada, onde foi recebido por alguns parentes.

A antropóloga Fariba Adelkhah, especialista em xiismo, 60 anos, e seu companheiro, o africanista Roland Marchal, 64 anos, que veio se juntar a ela para uma visita particular, foram presos pela Guarda Revolucionária, o exército ideológico do regime, em 5 de junho de 2019 no aeroporto de Teerã.

Ambos foram acusados de "conluio para pôr em risco a segurança nacional", um crime punível com pena de dois a cinco anos de prisão.

A pesquisadora também está sendo processada por "propaganda contra o sistema". A acusação de espionagem contra ela, punível com a pena de morte, foi abandonada em janeiro.

Em Paris, seu comitê de apoio alegou sua inocência e exige sua libertação imediata.

"Recebemos com alívio a chegada de Roland Marchal em Paris, depois de quase nove meses de detenção arbitrária em condições muito adversas. Mas apenas metade da estrada foi percorrida", lembrou Jean-François Bayart, professor do IHEID (Instituto de Estudos Avançados Internacionais e Desenvolvimento) em Genebra e membro desse comitê.

Suas preocupações aumentaram devido à propagação acelerada da pandemia de Covid-19 no Irã, um dos países mais afetados do mundo, com 1.556 mortos.

A epidemia é particularmente temida no ambiente prisional. Fariba Adelkhah ficou muito enfraquecida por uma greve de fome de 49 dias. Roland Marchal, em isolamento quase completo, foi muito afetado "mental e fisicamente", segundo seu advogado.

Nenhuma informação foi vazada sobre as circunstâncias de sua liberação. Mas os dois pesquisadores foram considerados moeda de troca para a libertação do engenheiro iraniano, detido na França desde fevereiro de 2019.

Jalal Rohollahnejad é acusado por Washington de ter tentado levar equipamentos tecnológicos para o Irã, violando as sanções americanas contra Teerã.

O Instituto Superior de Saúde da Itália (ISS) disse nesta sexta-feira (7) que é pouco provável que o paciente diagnosticado com o novo coronavírus nCoV-2019 contagie outras pessoas pelo país.

"Apesar de não se poder excluir tudo, acredito muito improvável que o italiano diagnosticado com coronavírus possa ter transmitido o vírus a qualquer um dos outros italianos repatriados, como ele, da cidade chinesa de Wuhan", disse à ANSA o diretor do departamento de doenças infecciosas do Instituto Superior de Saúde da Itália (ISS), Gianni Rezza.

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Ontem à noite (6), as autoridades confirmaram que um dos italianos repatriados de Wuhan, na China, epicentro da epidemia de nCoV-2019, foi confirmado com o novo coronavírus. Ele chegou à Itália na última segunda-feira, em um voo organizado pelo governo italiano. Ao todo, 56 cidadãos italianos foram retirados de Wuhan e estão em quarentena em um complexo militar.

"Confirmo a notícia de que o primeiro italiano contagiado com o novo coronavírus é um rapaz de Luzzara [na Emília-Romanha]. Conversei com o pai dele, o qual me deu uma informação reconfortante: o homem está bem e sem sintomas", escreveu, nas redes sociais, Andrea Costa, prefeito de Luzzara. Após atentar positivo para o novo coronavírus, o homem foi internado no Hospital Spallanzani, em Roma.

De acordo com a imprensa local, o paciente tem 29 anos de idade e trabalha como pesquisador. Ele teria passado apenas um dia, para turismo, na cidade de Wuhan. O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, participou de uma reunião com a cúpula da Defesa Civil e com o ministro da Saúde, Roberto Speranza, e ressaltou que o país adotou "o princípio máximo de precaução". 

Da Ansa

A Diretoria de Relações Internacionais (DRI) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) divulgou uma seleção para pesquisadores que desejam concorrer a bolsas de pesquisa na Harvard University Center for the Environment (EUA). As inscrições estarão abertas até o dia 10 de janeiro e o programa terá duração de dois anos.  

A oportunidade é voltada para estudiosos ligados às questões ambientais, que tenham a conclusão do doutorado datada entre maio de 2016 e agosto de 2020.  

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Os interessados em concorrer a essa oportunidade devem enviar três cartas de recomendação, sendo que obrigatoriamente uma delas seja redigida pelo orientador da tese de doutorado. Além disso, o pesquisador também precisa garantir que um dos professores de Harvard University apoie sua candidatura.  

Os selecionados receberão um apoio financeiro de 70 mil dólares por ano, além de seguro-saúde e uma ajuda de custo extra de 2,5 mil dólares para viagens e despesas profissionais.  

Mais informações podem ser obtidas através do número (81) 2126.8118 ou na própria Diretoria de Relações Internacionais da UFPE. O Campus Recife fica na Avenida Professor Moraes Rego, 1235, no bairro da Cidade Universitária. 

A Diretoria de Relações Internacionais, da UFPE, é responsável pelo intercâmbio de estudantes e professores para instituições de ensino superior em diversos países estrangeiros. 

O alarmante aumento dos incêndios na Amazônia se deve, em grande parte, no desmatamento e não à seca, como afirma o governo do presidente Jair Bolsanaro, avaliou Paulo Moutinho, pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), em entrevista à AFP.

P: - O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse hoje [quarta-feira] que o avanço dos incêndios se deve "ao tempo seco, ao vento e ao calor. É isto?

R: - Historicamente, as queimadas na região estão ligadas ao avanço do desmatamento, combinado a períodos de seca intensa. O que é estranho neste ano de 2019 é que não há uma seca tão severa como nos anos anteriores e há um aumento substancial dos focos de incêndio. As relações que a gente buscou entre desmatamento e focos de incêndio são muito fortes este ano, o que indica que a seca tem alguma influência, mas não é o fator preponderante.

P: - Como os incêndios são provocados?

R: - Os incêndios na Amazônia sempre tiveram a mão do homem. Seja para limpeza de áreas já desmatadas, limpeza de pastagens ou para o preparo da terra no plantio. A falta de prevenção acaba fazendo com que esses incêndios escampem para áreas que não se queria queimar e aí temos os incêndios de grandes proporções porque as áreas adjacentes estão mais secas.

P: - Quanto demora para recuperar estas zonas?

R: - Os incêndios florestais são diferentes na Amazônia do que na Europa. Na Europa você tem aquelas chamas que chegam até o topo das árvores, queimando toda a árvores, de baixo para cima. Na Amazônia esses incêndios são de chamas baixas, que percorrem o chão da floresta mas são suficientes para causar uma mortalidade das árvores muito grandes. Essa mortalidade acontece nos dois anos depois de fogo. Então você tem uma floresta com muitas árvores mortas que perdem as folhas e o sol vai entrando no interior da floresta, tornando essa vegetação depois do fogo ainda mais inflamável. E muito comum uma floresta pegando fogo e voltando a pegar no ano seguinte. Se não termina, demora décadas para recuperar a mesma densidade de vegetação que havia antes.

P: - Que consequências deixam estes incêndios?

R: - O prejuízo de curtíssimo prazo é uma perda de um estoque de diversidade biológica em função da floresta, porque a floresta abastece a atmosfera e as nuvens produzem chuvas, e você tem essa imersão das cidades em uma quantidade de fumaça muito grande. A população durante o período de queimadas respira um ar pior do que o pior dia de poluição no centro da cidade de São Paulo. O efeito sobre a saúde é imediato...

P: - A política do governo de Jair Bolsonaro incentiva os incêndios?

R: - Não tenho dados para responder isto (...). O problema é muito grande e o governo tem de iniciar imediatamente uma campanha de prevenção das queimadas...

P: - Quanto já foi desmatado na Amazônia?

R: - A área da bacia amazônica desmatada equivale ao tamanho da França. É mais ou menos 20%. Ainda temos 80% em pé. Há tempo sim, com políticas mais adequadas, a gente pode inverter este processo de degradação.

O pesquisador paraibano Eduardo Chianca, preso na Rússia desde 2016, vai desembarcar no Aeroporto Internacional do Recife na noite desta quinta-feira (6). O pesquisador foi preso por tráfico de drogas no aeroporto de Moscou, ao carregar em sua bagagem quatro garrafas da ayahuasca, conhecido como Santo Daime. Em setembro deste ano ele recebeu o direito de cumprir o resto da pena em regime semiaberto no Brasil. 

O chá que Chianca transportava é proibido na Rússia por ter substâncias alucinógenas como a dimetiltriptamina (DMT), considerada ilegal pelas leis russas. O pesquisador utilizava a bebida em cursos de uma terapia chamada 'Frequência de Luz', ministrados por ele.

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Inicialmente, o professor foi condenado a seis anos e meio de prisão. Depois, a sentença foi reduzida para três anos. Ele chegou a cumprir dois anos da pena na Rússia, até que em setembro deste ano as autoridades russas autorizaram a transferência do paraibano para cumprir o restante da pena no Brasil.

De acordo com a Polícia Federal, ao chegar no Recife, Eduardo Chianca ficará sob custódia na sede da corporação até a audiência na Justiça Federal, que deve acontecer nesta sexta-feira (7). Na audiência, será determinado como se dará o restante do cumprimento da pena.

As múltiplas funções exercidas no teatro faziam do pernambucano José Pimentel, que faleceu na manhã desta terça-feira (14), no Recife, um artista completo. Responsável por ser um dos fundadores do espetáculo da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, em Fazenda Nova, Pimentel deixou um legado de persistência e atitude nas artes cênicas.

Para Leidson Ferraz, autor da série de livros "Memórias da cena pernambucana", José Pimentel era uma das pessoas mais queridas da cena cultural do Estado. "Ele conseguiu reunir todas as estéticas artísticas. Pimentel vai fazer muita falta. Era um ser humano incrível. Eu posso dizer que ele era fiel às pessoas. Só quem conviveu com José Pimentel sabe que ele era um grande homem", disse o pesquisador, em entrevista ao LeiaJá.

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Amigos de longas datas, Leidson relembrou sua parceria de trabalho com Pimentel durante a peça religiosa, encenada na capital pernambucana. "Eu trabalhei com ele durante 11 anos. Eu era assessor de comunicação do espetáculo e também ator, em que eu fazia o demônio de Judas. Eu sempre tive admiração. Comecei a fazer teatro por conta dele, aos oito anos. É tanta dor nesse momento. Impossível esquecê-lo", contou.

Nascido em Garanhuns, José Pimentel comandou por mais de 20 anos, dirigindo e atuando, a Paixão de Cristo do Recife. Ele saiu da mira dos holofotes em 2018, deixando de interpretar pela primeira vez o papel de Jesus Cristo. A produtora cultural Misia Coutinho, que foi parceira do ator este ano, lamentou a morte.

"Um gênio. Nós perdemos um grande homem. Ele deixa um grande legado. Uma pessoa muito querida pelos artistas e pela população", comentou Misia. Em 2017, José Pimentel foi considerado um dos Patrímônios Vivos de Pernambuco, pela importância do talento explícito no papel de Jesus por mais de 40 anos.

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A internet determina grandes mudanças culturais no mundo inteiro. Hábitos, rotinas, práticas sociais se transformam em ritmo alucinado, com efeitos positivos e negativos na comunicação e na vida das pessoas. 

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Doutorando em Ciência da Comunicação, professor e diretor de Mídias da Universidade da Amazônia (Unama), Mário Camarão explica que a internet é um reflexo do que vivenciamos no dia a dia. “A internet, as redes sociais acabam reproduzindo tudo aquilo que nós vivenciamos no nosso dia a dia, da educação aos relacionamentos amorosos, religião, política, vivências das mais variadas possíveis, porque nós estamos lidando com uma reprodução do que vivenciamos aqui”, diz Mário.

Toda ação tem uma reação, como explica a terceira lei de Newton, e na internet não é diferente. Mário Camarão fala que é necessário ter cuidado com que é postado na internet, e não acreditar em tudo sem conferir se é verdadeiro ou não. “As pessoas acabam confundindo e achando que nesse espaço virtual há outra maneira de lidar com as situações e nós sabemos que não. Tudo o que acontece na internet tem punição. Pra isso existe delegacia virtual que proíbe e coíbe os crimes virtuais”, afirma.

Amanda Jales, estudante de Arquitetura, conta que a internet ajudou a sua vida. Com problemas pessoais, ela chegou a passar dois anos sem fazer nada, só dentro de casa e utilizando a internet 24 horas. Ali, porém, a jovem também encontrou uma razão para viver. “Por conta de problemas pessoais que eu já tive há alguns anos, houve um momento da minha vida que eu não fazia nada. Eu simplesmente ficava em casa, eu passei dois anos em casa, então a internet era meu mundo. Aquilo era onde eu vivia, passava o meu tempo e gastava tudo de mim”, afirma Amanda. “Encontrei uma forma de me ajudar. Foi na internet, através de grupos do facebook, quando comecei a conversar com as pessoas que precisavam também de ajuda assim como eu precisava no início”, relata.

A estudante de Jornalismo Ana Victória Botelho conta que quando compartilha informação na internet sempre busca saber se é verdadeira, porém os familiares não têm esse cuidado. “Eu utilizo bastante a internet, para estudar, fazer trabalho, uso o facebook, pois como estudo Jornalismo acho que é um dos lugares onde se encontram notícias com facilidade. Sempre quando compartilho procuro checar se a noticia é verdadeira. Meus familiares não têm esse cuidado, mandam correntes, notícias que ninguém sabe de onde veio, e nem sabem de onde é a fonte”, diz.

Thais Valente, estudante de Jornalismo, conta que foi vítima de um crime cibernético. “Uma pessoa tentou difamar a minha imagem, criou um perfil com o meu nome e sobrenome, número de telefone e bairro onde eu moro em um site de garotas de programa, um site em que não tem como eu denunciar esse perfil, e fui vítima de assédio moral e sexual por ligações e mensagens no whatsapp”, conta.

O rápido compartilhamento de informações tem sido um campo fértil para a propagação de notícias falsas. "Na internet, assim como eu tenho uma infinidade de conteúdos que me dão prazer,  educação, entretenimento, eu também tenho conteúdos que acabam desvirtuando, ou seja, são desvirtuantes, crimes”, destaca  Mário Camarão.

Por Maria Clara Silva.

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Uma pesquisa realizada pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) aponta que 23,3% das pessoas têm algum grau de ansiedade ao sentar numa cadeira de dentista. Desses, 7,3% são muito ansiosos, considerados, assim, odontofóbicos. 

O medo de dentista, indica a pesquisa, interfere na qualidade de vida, uma vez que a condição bucal, em diversas populações, impacta negativamente a autopercepção do bem-estar das pessoas. A conclusão é do pesquisador Luiz Alexandre Moura Penteado.

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O pesquisador também aponta haver diferença significativa entre homens e mulheres. "As ansiosas representaram 20% enquanto os ansiosos figuram em 6,1% dos casos", explica o autor. Ele continua: "Mesmo pessoas com potencial acesso ao tratamento podem se evadir desse ato em razão do sentimento que portam e, por isso, acumularem problemas odontológicos que podem impactar em suas vidas e atividades diárias". 

A pesquisa ouviu mais de duzentas pessoas com média de 44 anos de idade de dois centros de referência na cidade de Maceió-AL. O questionário para detecção do nível de medo tem perguntas diretas, às quais o entrevistado responde em uma escala de zero a dez. Um outro questionário, de detecção e classificação de ansiedade, possui uma sequência de cinco perguntas que envolvem atividades de rotina de atendimento, desde o momento da espera, passando pela anestesia e culminando com procedimentos clínicos.

"Também fizemos o levantamento da condição odontológica, dental e periodontal dos participantes, para verificar se sujeitos ansiosos e com medo teriam uma pior condição bucal, devido ao provável retardo na busca de atendimento por causa desse sentimento", explica Penteado.

O pesquisador averiguou ainda que a autopercepção da condição bucal com impacto negativo na qualidade de vida, por escala, foi prevalente em 38,3% dos entrevistados. 

Orientações - Alexandre Penteado aconselha que os dentistas procurem acolher os pacientes extremamente ansiosos, respeitando o momento individual de cada consulta. "Estudos evidenciam que, para alguns, isso ajuda, enquanto, para outros, isso os deixa mais ansiosos. Quantos de nós [dentistas] já vimos pessoas que vão passar por um procedimento que dizem: 'Doutor, não me diga nada e apenas faça, assim fico mais calmo'. Enquanto para outros o inverso é verdadeiro. Por isso, insisto, acolha, conheça, e particularize o atendimento". 

Embora haja escassez de estudos na área, há indícios de que existe no Brasil uma prevalência clinicamente importante da ansiedade ao atendimento odontológico. A origem do medo seria ainda na infância, quando as pessoas são mais influenciadas. Outros traumas decorrem de vivências realmente negativas passadas pelos pacientes. 

Sobre a diferença de medo entre homem e mulher, o especialista resume: "Busca-se explicar essa relação por questões sociais, uma vez que invariavelmente as mulheres procuram mais atendimento e cuidam da sua saúde. Outro fato é que as mulheres externam mais naturalmente seus sentimentos, sem pudores ou preconceitos que possam ser associados".

Com informações da assessoria

Um pesquisador vietnamita demonstrou como aparentemente enganou o software FaceID de reconhecimento do novo iPhone X usando uma máscara feita com uma impressora 3D, fita de silicone e papel. Todo o processo foi documentado em vídeo. A Apple informa que a probabilidade de uma pessoa aleatória conseguir desbloquear o aparelho o recurso é de uma em 1 milhão.

Segundo a empresa Bvak, o processo demorou cerca de uma semana e incluiu inúmeras falhas até que, enfim, o recurso de reconhecimento facial foi enganado. A máscara usada no processo custou cerca de R$ 491 e imita o rosto do dono do telefone usando plástico e fita de papel para se parecer com a pele, além de um nariz de silicone.

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O pesquisador Ngo Tuan Anh, vice-presidente da Bkav, explica que o iPhone X e a máscara precisam ser colocados em ângulos muito específicos para que o processo seja concluído com sucesso. Anh também reconheceu que preparar o acessório não era fácil. Mas, para ele, a demonstração provou como o reconhecimento facial pode ser arriscado para alguns usuários.

"Não é fácil para pessoas normais fazer o que fazemos aqui, mas é uma preocupação para pessoas no setor de segurança e pessoas importantes, como políticos ou chefes de corporações. Essas pessoas não devem emprestar seu iPhone X a ninguém se ativarem a função FaceID", afirmou.

A Apple recusou-se a comentar o caso, mas uma página oficial da empresa diz que a probabilidade de uma pessoa aleatória desbloquear o telefone de outro usuário com o rosto era de aproximadamente uma em 1 milhão. A fabricante também diz que o FaceID permite apenas cinco tentativas consecutivas de desbloqueio antes de solicitar uma senha para liberar acesso ao iPhone X.

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O programa Cátedra Capes/Universidade de Harvard vai selecionar um brasileiro para pesquisar e lecionar por até 12 meses na instituição. A bolsa é de US$ 10,4 mil, mais deslocamento e seguro saúde. Também serão pagos US$ 8 mil pela instituição de destino para auxílio com despesas pessoais, instalação e gastos com a pesquisa.

Podem participar professores pesquisadores sênior, especializados em qualquer área ou disciplina, com fluência em inglês. Os candidatos devem ter concluído o doutorado até dezembro de 2001, serem vinculados ao quadro permanente de instituição de pesquisa ou educação superior e docente e orientador em programa de pós-graduação reconhecido pela Capes.

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Não podem se candidatar aqueles que já receberam bolsa ou auxílio financeiro de agência pública federal para outra cátedra no exterior. 

A Universidade de Campinas (Unicamp) promoverá concurso público para a contratação de pesquisador na área de Microbiologia Aplicada. A pessoa selecionada deverá trabalhar em regime de dedicação exclusiva com jornada de 40 horas semanais e receberá R$ 9 mil de salário.

As inscrições devem ser realizadas na secretaria do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas, na av. Alexandre Cazellato, nº 999, Bairro Betel, Paulínia, SP de segunda a sexta-feira das 9h às 11h30 e das 11h30 às 16h até o dia 5 de abril. 

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Para concorrer à vaga, é necessário ter doutoradona área a ser pesquisada. Os candidatos passarão por prova objetiva e de títulos em data a ser divulgada pela universidade. Para mais informações, acesse o edital.

O Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP) realizará inscrições a partir da próxima segunda-feira (16) para seleção externa simplificada. O objetivo é contratar temporariamente (período de um ano, prorrogável por até mais dois) um auxiliar de pesquisa para trabalhar na execução de convênio para Análise dos fatores associados a subnotificação dos casos de Dengue. A remuneração, segundo o edital, será a "média do mercado" para o cargo.

Para realização da inscrição, o candidato deverá encaminhar currículo pelo e-mail marta.bezerra@imip.org.br ou entregar a ficha de inscrição que consta nos anexos do edital na Coordenação de Contratos e Convênios, localizada na Rua dos Coelhos, 300 – Boa vista – Recife/PE, no 1º andar do Centro Administrativo Orlando Onofre. 

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A seleção será por meio de avaliação curricular que classificará os candidatos com experiência em construção de banco de dados na área de pesquisa relacionada à saúde, nível superior completo ou em andamento. Em caso de empate, os critérios de desempate serão maior tempo de experiência na área e maior idade. O resultado será divulgado no site do IMIP

Confira aqui o edital da seleção.

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