Médicos brasileiros separam gêmeos unidos pela cabeça
Foram sete cirurgias feitas em momentos diferentes, com mais de 33 horas de operação apenas nas duas cirurgias finais - todas bem sucedidas
Arthur e Bernardo, gêmeos que nasceram unidos pela cabeça, compartilhando um pedaço do cérebro e a principal veia que leva sangue de volta aos corações dos pequenos, foram separados depois de sete cirurgias e quase quatro anos de espera. O procedimento, considerado extremamente complexo, foi totalmente bancado pelo SUS.
Os gêmeos nasceram em 2018, na Boa Vista, Roraima, mas precisaram ser levados pelos seus pais, Adriely e Antonio Lima, para o Rio de Janeiro, onde foram cuidados pela equipe médica do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer por dois anos e meio.
Segundo a Fundação Gemini Untwined, do Reino Unido, no início deste ano o hospital carioca entrou em contato com eles em busca de aconselhamento depois que outros especialistas disseram que a cirurgia para separar os meninos seria impossível.
A equipe, liderada por Owasi Jeelani, passou meses trabalhando com a equipe do Rio, se preparando para o procedimento. A fundação pontua que essa separação foi a mais desafiadora até agora, já que Arthur e Bernardo compartilhavam veias vitais do cérebro, além de também serem considerados gêmeos craniópagos mais velhos com um cérebro fundido a ser separado - o que trouxe mais complicações.
A equipe cirúrgica se preparou envolvendo uma cirurgia experimental realizada de forma transcontinental em realidade virtual, considerada a primeira vez que essa tecnologia foi usada para esse fim no Brasil.
A assessoria da Gemini Untwined destaca que os procedimentos envolveram cerca de 100 equipes médicas, sete cirurgias feitas em momentos diferentes, com mais de 33 horas de operação apenas nas duas cirurgias finais - todas bem sucedidas.
"Após a cirurgia, o Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer agora se tornará um hub Gemini Global Partner, garantindo que casos semelhantes na América Latina recebam o mesmo nível de atendimento de classe mundial no futuro. Enquanto isso, o Dr. Gabriel Mufarrej, chefe de cirurgia pediátrica do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, continuará trabalhando com o Gemini Untwined para compartilhar o conhecimento que sua equipe construiu com essa separação", assegura a fundação.
Arthur e Bernardo passarão por uma reabilitação que deve durar seis meses. Com o aniversário de quatro anos de vida se aproximando, será a primeira vez que eles comemorarão separados.