Câncer de próstata: preconceito trava diagnóstico precoce

No Brasil, pesquisa revela que seis em cada dez homens só procuram o médico quando as dores estão insuportáveis

qui, 17/11/2022 - 11:10
CTO Urologista Gilflávio Normandes, do CTO CTO

O preconceito contra os exames de rastreamento para câncer de próstata, como o toque retal, e a desinformação estão entre os principais inimigos da saúde dos homens. Seis em cada dez homens no Brasil só procuram um médico quando os sintomas estão insuportáveis. É o que mostra uma pesquisa do Centro de Referência da Saúde do Homem da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz. A consequência é que 20% dos pacientes com câncer de próstata são diagnosticados em estágios avançados.

 Essa estatística já mostra o tamanho do desafio da campanha Novembro Azul, de conscientização sobre o câncer de próstata. Esse descuido com a saúde retarda a detecção de muitas doenças. “Ainda não existe no Ministério da Saúde um programa específico de saúde do homem, com protocolos de rastreamento. Seguimos as diretrizes e recomendações da Sociedade Brasileira de Urologia, que é de pelo menos um exame de toque retal e um exame de PSA por ano, para homens a partir dos 50 anos. Nos casos em que há um risco maior, esse intervalo diminui para seis meses, a partir dos 45 anos. Fazemos um rastreamento por idade”, explica o urologista Gilflávio Normandes, do Centro de Tratamento Oncológico.

O câncer de próstata é o 2º tumor mais frequente entre os homens, após os tumores de pele (não melanoma). No Brasil, registra-se, em média, um diagnóstico de câncer de próstata a cada sete minutos, e uma pessoa morre por causa da doença a cada 40 minutos. A mortalidade por câncer de próstata atinge 25% dos pacientes. Esse percentual poderia ser menor se todos os casos fossem detectados com antecedência.

Apesar de ainda ser motivo constrangimento para muitos homens, o toque retal é importante para identificar possíveis alterações na próstata. Cerca de 20% dos pacientes com câncer de próstata são diagnosticados somente pela alteração no toque retal. O exame de sangue para detectar o nível do PSA é o outro exame muito importante. Segundo a estimativa do INCA, em 2022 serão diagnosticados mais de 65 mil novos casos de câncer de próstata no Brasil. Com o diagnóstico precoce, as chances de cura são de 90%.

Diagnóstico tardio

Quando os sintomas começam a aparecer, 95% dos casos já estão em fase adiantada. Por isso, é fundamental realizar exames periódicos, mesmo que não exista nenhum incômodo aparente.

A campanha do Novembro Azul de 2022 chama a atenção desses homens que negligenciam o autocuidado. O lema deste ano - “Cuide do que é seu” - é um alerta à população masculina, de que 11% dos homens vão desenvolver o câncer de próstata e, por isso, é preciso prevenir e fazer exames periódicos.

 O câncer de próstata se instala de maneira silenciosa. Na fase inicial, ele não apresenta sintomas. Nas fases avançadas, os sintomas são: dor, ardor ou dificuldade de urinar, sensação de não conseguir esvaziar completamente a bexiga, dor ao ejacular, presença de sangue na urina e dor óssea – sinais que só se manifestam nos casos mais graves.

 A idade é um dos fatores de risco, cerca de 62% dos casos são de homens a partir dos 65 anos. Além disso, o histórico familiar também influencia. “Homens que têm parentes de 1º grau, como pai ou irmão, que tiveram câncer de próstata antes dos 60 anos, ou mesmo mulheres na família, como a mãe, que tenha tido câncer de mama, o risco é aumentado. O mesmo acontece com homens da raça negra, que tem uma incidência maior da doença”, explica Gilflávio Normandes.

Os fatores relacionados com o estilo de vida também aumentam o risco para a doença: alimentação inadequada, à base de gordura animal e deficiente em frutas, verduras, legumes e grãos; sedentarismo e obesidade.

Com informações do CTO.

COMENTÁRIOS dos leitores