Em quatro anos, 322 adolescentes morreram baleados na RMR
Violência armada também deixou outros 178 feridos, incluindo gestantes, estudantes e pessoas dentro de suas casas
Desde abril de 2018, 322 adolescentes morreram vítimas de disparo de arma de fogo no Grande Recife. Outros 178 ficaram feridos no mesmo período, o que totaliza 500 vítimas apenas na região de metrópole. Em média, foram nove registros por mês. Os dados constam no novo levantamento do Instituto Fogo Cruzado, que mapeia e cruza informações da região metropolitana. Do número total de adolescentes baleados, 46 vítimas foram atingidas dentro de suas casas. Um outro jovem foi morto a tiros dentro de um colégio.
Ainda nos dados sobre violência armada, o Instituto apontou que, no escopo, 436 adolescentes foram alvos diretos de homicídios e tentativas de homicídio. 303 morreram e 133 ficaram feridos. As ações policiais deixaram 10 adolescentes mortos e 15 feridos. Roubos e tentativas de roubo foram responsáveis por deixar quatro adolescentes mortos e outros 19 feridos. Os eventos aleatórios são menos recorrentes: 16 foram vítimas de balas perdidas, e um deles foi morto nessas ocasiões.
Apesar da maior parte das vítimas serem homens, cinco jovens foram atingidas enquanto estavam grávidas: três morreram e duas ficaram feridas. Cinco adolescentes foram atingidas durante feminicídio ou tentativas de feminicídio, mas só duas sobreviveram.
Entre os cinco municípios que mais concentraram adolescentes baleados, Recife foi o principal deles, com 162 vítimas (97 mortos e 65 feridos), representando 32% dos baleados. Jaboatão dos Guararapes teve 85 adolescentes baleados (56 mortos e 29 feridos); Cabo de Santo Agostinho teve 73 (51 mortos e 22 feridos); Olinda teve 49 (25 mortos e 24 feridos); E Paulista teve 37 adolescentes vítimas (27 mortos e 10 feridos).
Em 2021, o relatório produzido pela Rede de Observatórios de Segurança no Estado mostrou que Pernambuco é o pior lugar do Brasil para ser criança ou adolescente. A pesquisa mostra ainda que os adolescentes sofrem outros tipos de violências e abusos, como feminicídio, sofridos até mesmo dentro de casa.
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