Em quatro anos, 322 adolescentes morreram baleados na RMR

Violência armada também deixou outros 178 feridos, incluindo gestantes, estudantes e pessoas dentro de suas casas

por Vitória Silva seg, 12/12/2022 - 12:47
Pixabay Violência armada foi principal causa de morte entre adolescentes no Grande Recife Pixabay

Desde abril de 2018, 322 adolescentes morreram vítimas de disparo de arma de fogo no Grande Recife. Outros 178 ficaram feridos no mesmo período, o que totaliza 500 vítimas apenas na região de metrópole. Em média, foram nove registros por mês. Os dados constam no novo levantamento do Instituto Fogo Cruzado, que mapeia e cruza informações da região metropolitana. Do número total de adolescentes baleados, 46 vítimas foram atingidas dentro de suas casas. Um outro jovem foi morto a tiros dentro de um colégio. 

Ainda nos dados sobre violência armada, o Instituto apontou que, no escopo, 436 adolescentes foram alvos diretos de homicídios e tentativas de homicídio. 303 morreram e 133 ficaram feridos. As ações policiais deixaram 10 adolescentes mortos e 15 feridos. Roubos e tentativas de roubo foram responsáveis por deixar quatro adolescentes mortos e outros 19 feridos. Os eventos aleatórios são menos recorrentes: 16 foram vítimas de balas perdidas, e um deles foi morto nessas ocasiões. 

Apesar da maior parte das vítimas serem homens, cinco jovens foram atingidas enquanto estavam grávidas: três morreram e duas ficaram feridas. Cinco adolescentes foram atingidas durante feminicídio ou tentativas de feminicídio, mas só duas sobreviveram. 

Entre os cinco municípios que mais concentraram adolescentes baleados, Recife foi o principal deles, com 162 vítimas (97 mortos e 65 feridos), representando 32% dos baleados. Jaboatão dos Guararapes teve 85 adolescentes baleados (56 mortos e 29 feridos); Cabo de Santo Agostinho teve 73 (51 mortos e 22 feridos); Olinda teve 49 (25 mortos e 24 feridos); E Paulista teve 37 adolescentes vítimas (27 mortos e 10 feridos). 

Em 2021, o relatório produzido pela Rede de Observatórios de Segurança no Estado mostrou que Pernambuco é o pior lugar do Brasil para ser criança ou adolescente. A pesquisa mostra ainda que os adolescentes sofrem outros tipos de violências e abusos, como feminicídio, sofridos até mesmo dentro de casa. 

LeiaJá também 

--> Especial ‘Mães de Peixinhos’: grande reportagem do LeiaJá, escrita em 2020, conta a história de cinco mulheres de Peixinhos, bairro de Olinda, no Grande Recife, que perderam seus filhos de forma violenta.

COMENTÁRIOS dos leitores