Casos de câncer sobem, mas superação é indicador positivo

Inca estima 704 mil novos registros da doença por ano no Brasil. Estudo aponta para alta de 12,64% para o triênio 2023/2025 e revela 70% de incidência nas regiões Sul e Sudeste. No Norte, atenção se volta para próstata e mama.

seg, 26/12/2022 - 11:10

Um levantamento realizado em novembro pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) estimou que o país pode ter cerca de 704 mil novos casos da doença por ano, no período que compreende o triênio 2023-2025. Esse é um crescimento de 12,64% na comparação com a previsão anterior, em que, para 2020 a 2022, o instituto antevia 625 mil casos. De acordo com o estudo, as regiões Sul e Sudeste concentram 70% da incidência. O Inca prevê que o câncer seja a 2ª causa de mortes por doença no mundo.

Nas regiões Norte e Nordeste, o câncer de próstata (Norte: 28,40/100 mil; Nordeste: 73,28/100 mil) é o mais incidente, seguido do câncer de mama feminina (Norte: 24,99/100 mil; Nordeste: 52,20/100 mil) e câncer do colo do útero (Norte: 20,48/100 mil; Nordeste: 17,59/100 mil).

Esse é um crescimento que segue uma tendência mundial, não sendo exclusividade no Brasil, esclarece Amanda Gomes, oncologista do Centro de Tratamento Oncológico (CTO), de Belém. Para a médica, o que determina se alguém vai ou não ter câncer é a forma como o meio ambiente influencia o corpo humano.

“O meio ambiente mudou nos últimos 30 anos. Hoje a gente tem um dia a dia muito maluco. A gente está comendo cada vez mais [alimentos] ultraprocessados, nos exercitado e dormido menos”, explicou. “A gente tem um estilo de vida muito tóxico atualmente e isso facilita o aparecimento de doenças como o câncer. A gente teve aí um aumento de mais de 10%, então para aumentar as chances é rápido, mas pra diminuir o processo é lento.”

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Elisete Moreira foi diagnosticada com câncer de mama em grau 3. A aposentada realizava exames regularmente, por isso ficou surpresa com o diagnóstico. “A sensação que eu tive foi medo. Senti insegurança no começo também”, contou. “Prevenção em primeiro lugar, porque se descobrir no início temos chance de 95% de cura.”

Andreza Moreira, com câncer em estágio 2, disse que também sentiu medo do diagnóstico, mas sempre apostou na eficiência do tratamento. “Eu me submeti a todos os protocolos de tratamento, fiz quimioterapia, radioterapia e hemoterapia”, detalhou. “O câncer, hoje, não é mais uma sentença de morte. Tem vários tratamentos disponíveis e o melhor tratamento é sempre a prevenção, porque quanto mais cedo maiores as chances de cura.”

O câncer hereditário responde por cerca de 5 a 10% dos diagnósticos. De acordo com a oncologista Amanda Gomes, 90% dos casos são esporádicos, ou seja, vão ocorrer mesmo que o indivíduo não tenha predisposição familiar.

“Por isso as pessoas têm que ficar de olho e fazer acompanhamento médico, se ligar no estilo de vida, que é a prevenção primária, a forma como eu vivo”, explicou. “E trabalhar a prevenção secundária, que é ter contato com o seu médico e a partir de uma determinada idade você passar a fazer exames mesmo que não tenha sintomas pra saber se vai desenvolver alguma doença, pra encontrá-la de forma precoce.”

Por Sergio Manoel (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

 

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