Combate ao Fumo: os perigos do tabagismo para a saúde

Campanha deste 29 de agosto, Dia Nacional de Combate ao Fumo, mira o uso de cigarros eletrônicos e a crescente do tabagismo entre jovens

por Vitória Silva ter, 29/08/2023 - 12:28
Unsplash Cinzeiro com 'bitucas' de cigarro amontoadas Unsplash

Nesta terça-feira, 29 de agosto, é o Dia Nacional de Combate ao Fumo, que representa um dos principais problemas de saúde do país, além de estar entre os hábitos causadores de cânceres e tumores. Este ano, a campanha mira o uso de cigarros eletrônicos, narguilés e aditivos utilizados em produtos provenientes do tabaco, como os aromatizantes que dão sabor ao cigarro. Popular entre os jovens, o chamado "vape" tem sido uma preocupação para as autoridades médicas locais. 

Com o tema "Sabores e Aromas em Produtos Derivados de Tabaco: Uma Estratégia para Tornar a População Dependente de Nicotina", a campanha é uma iniciativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca), órgão do Ministério da Saúde que coordena o Programa Nacional de Controle do Tabagismo. 

Segundo o Inca, em 85% dos casos, o câncer de pulmão — terceiro mais comum entre homens e quarto entre mulheres no Brasil — tem ligação com o consumo de produtos derivados do tabaco, e o cigarro é o maior fator de risco para o desenvolvimento da doença. 

Além do câncer de pulmão 

No Brasil, são estimados mais de 30 mil novos casos de câncer de pulmão a cada ano e quase 30 mil mortes; o alerta para a letalidade da doença é, também, uma informação do Inca em parceria com a Fundação do Câncer, assim como os seguintes indicadores: 

- Acredita-se que nove de cada 10 casos de câncer de pulmão sejam decorrentes do tabaco; 

- Fumantes têm 20 vezes mais chances de ter esse tipo de câncer que não fumantes; 

- O câncer de pulmão é potencialmente evitável em 30 a 40% dos casos.  

No entanto, esse tipo de câncer é apenas um dos extremos em consequência do tabagismo. Usar o tabaco de forma frequente, ou mesmo ser um fumante passivo, pode impactar na saúde dos órgãos de forma múltipla, diminuir a qualidade de vida e envelhecer o usuário mais rapidamente. 

Outras doenças 

1. Doenças oculares (catarata, glaucoma, degeneração ocular)

Como os efeitos do tabagismo são cumulativos, eles se tornam um fator de risco para o desenvolvimento de patologias oculares, como o glaucoma e a degeneração macular relacionada à idade (DMRI). Um estudo realizado pelo Örebro University Hospital, na Suécia, revelou que fumantes têm 42% mais chances de desenvolver catarata na terceira idade. Isso porque as substâncias presentes na fumaça do cigarro podem modificar o metabolismo do cristalino e acelerar o processo natural de opacificação. 

Outra região do olho que pode ser afetada pelo tabagismo é a retina. O cigarro tem toxicas que prejudicam a vascularização e aumentam a oxidação, o que pode provocar uma degeneração da mácula, causando a perda ou alterações visuais.  

Os sintomas de doenças preexistentes, como a Síndrome de Olho Seco, também podem ser agravados pelo tabagismo. Os olhos de quem fuma são propensos a lacrimejar mais, sofrer irritações, prurido e a sensação de corpo estranho. Já quem usa lentes de contato deve evitar o cigarro porque a fumaça tende a ressecar os olhos e causar alergias oculares, vermelhidão e outros incômodos. 

2. DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica)

A DPOC é uma doença pulmonar obstrutiva que dificulta a respiração, causa incapacidade grave a longo prazo e morte precoce. Ela começa dificultando atividades simples, como subir um lance de escadas ou varrer um cômodo. No Brasil, é considerada uma doença muito comum, com mais de dois milhões de casos por ano. Geralmente, a DPOC é composta por doenças como enfisema e bronquite crônica. Não possui cura. 

3. Doença cardíaca

Fumar prejudica quase todos os órgãos do corpo, incluindo o coração. O hábito pode causar bloqueios e estreitamento das artérias, o que significa menos fluxo de sangue e oxigênio para o coração.  

4. Asma

A asma é uma doença pulmonar crônica que torna mais difícil a entrada e saída de ar dos pulmões. Como a fumaça do cigarro irrita as vias aéreas, ela pode desencadear ataques repentinos e graves de asma. No Brasil, a asma atinge mais de 20 milhões de pessoas. Em 2021, o Sistema Único de Saúde (SUS) teve um pico de atendimentos de asma na Atenção Primária, com mais de 1,3 milhões de casos. 

5. Acidente Vascular Cerebral (AVC)

O AVC ocorre quando o suprimento de sangue ao cérebro é temporariamente bloqueado, o que pode acontecer ao fumar, já que as artérias são afetadas pelas substâncias químicas. Por consequência da nicotina, as células cerebrais são privadas de oxigênio e começam a morrer. Um acidente vascular cerebral pode causar paralisia, fala arrastada, alteração da função cerebral e morte.  

6. Problemas reprodutivos

Fumar pode causar gravidez ectópica, que ocorre quando um óvulo fertilizado se implanta em outro lugar que não o útero. O óvulo não sobrevive e, se não for tratado, pode ser fatal para a gestante. Fumar também causa redução da fertilidade, o que torna mais difícil engravidar. 

Como parar de fumar

O tabagismo é uma das principais causas evitáveis de doenças e mortes em todo o mundo. Parar de fumar traz uma série de benefícios para a saúde, incluindo redução do risco de doenças cardíacas, derrames, doenças pulmonares, câncer e outros problemas de saúde relacionados ao hábito ou vício.   

O cirurgião torácico do IMIP, Guilherme Mendonça, diz que o mês de conscientização é um incentivo para as pessoas que desejam parar com o vício. “Isso pode ser feito com o auxílio de tratamento e desenvolvimento de práticas saudáveis, como hábitos alimentares e exercícios físicos. Lembrando que parar de fumar é um processo desafiador. Portanto, o apoio contínuo, a educação e a conscientização são fundamentais para ajudar as pessoas a alcançarem e manterem um estilo de vida livre do tabaco", afirma. 

A Fundação do Câncer possui, em vigor, uma cartilha de combate ao fumo utilizada nas campanhas anuais. De acordo com o órgão, o primeiro passo é reconhecer os próprios motivos para parar de fumar e utilizá-los como motivação. "Como fumar tem afetado a minha saúde?" ou "O que vai acontecer comigo e com minha família se eu continuar fumando?" são algumas das perguntas iniciais que podem ajudar o tabagista a reconhecer o próprio vício. 

Planejamento e comunicação com a família também são essenciais. É preciso que o núcleo de apoio esteja ciente da iniciativa em parar de fumar e que ajude o futuro ex-fumante a não passar por recaídas. É possível baixar a cartilha "Cartilha Prática Para Parar de Fumar" completa e de forma gratuita (aqui), respondendo o formulário com nome e e-mail válido.

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