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Nesta terça-feira, 29 de agosto, é o Dia Nacional de Combate ao Fumo, que representa um dos principais problemas de saúde do país, além de estar entre os hábitos causadores de cânceres e tumores. Este ano, a campanha mira o uso de cigarros eletrônicos, narguilés e aditivos utilizados em produtos provenientes do tabaco, como os aromatizantes que dão sabor ao cigarro. Popular entre os jovens, o chamado "vape" tem sido uma preocupação para as autoridades médicas locais. 

Com o tema "Sabores e Aromas em Produtos Derivados de Tabaco: Uma Estratégia para Tornar a População Dependente de Nicotina", a campanha é uma iniciativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca), órgão do Ministério da Saúde que coordena o Programa Nacional de Controle do Tabagismo. 

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Segundo o Inca, em 85% dos casos, o câncer de pulmão — terceiro mais comum entre homens e quarto entre mulheres no Brasil — tem ligação com o consumo de produtos derivados do tabaco, e o cigarro é o maior fator de risco para o desenvolvimento da doença. 

Além do câncer de pulmão 

No Brasil, são estimados mais de 30 mil novos casos de câncer de pulmão a cada ano e quase 30 mil mortes; o alerta para a letalidade da doença é, também, uma informação do Inca em parceria com a Fundação do Câncer, assim como os seguintes indicadores: 

- Acredita-se que nove de cada 10 casos de câncer de pulmão sejam decorrentes do tabaco; 

- Fumantes têm 20 vezes mais chances de ter esse tipo de câncer que não fumantes; 

- O câncer de pulmão é potencialmente evitável em 30 a 40% dos casos.  

No entanto, esse tipo de câncer é apenas um dos extremos em consequência do tabagismo. Usar o tabaco de forma frequente, ou mesmo ser um fumante passivo, pode impactar na saúde dos órgãos de forma múltipla, diminuir a qualidade de vida e envelhecer o usuário mais rapidamente. 

Outras doenças 

1. Doenças oculares (catarata, glaucoma, degeneração ocular)

Como os efeitos do tabagismo são cumulativos, eles se tornam um fator de risco para o desenvolvimento de patologias oculares, como o glaucoma e a degeneração macular relacionada à idade (DMRI). Um estudo realizado pelo Örebro University Hospital, na Suécia, revelou que fumantes têm 42% mais chances de desenvolver catarata na terceira idade. Isso porque as substâncias presentes na fumaça do cigarro podem modificar o metabolismo do cristalino e acelerar o processo natural de opacificação. 

Outra região do olho que pode ser afetada pelo tabagismo é a retina. O cigarro tem toxicas que prejudicam a vascularização e aumentam a oxidação, o que pode provocar uma degeneração da mácula, causando a perda ou alterações visuais.  

Os sintomas de doenças preexistentes, como a Síndrome de Olho Seco, também podem ser agravados pelo tabagismo. Os olhos de quem fuma são propensos a lacrimejar mais, sofrer irritações, prurido e a sensação de corpo estranho. Já quem usa lentes de contato deve evitar o cigarro porque a fumaça tende a ressecar os olhos e causar alergias oculares, vermelhidão e outros incômodos. 

2. DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica)

A DPOC é uma doença pulmonar obstrutiva que dificulta a respiração, causa incapacidade grave a longo prazo e morte precoce. Ela começa dificultando atividades simples, como subir um lance de escadas ou varrer um cômodo. No Brasil, é considerada uma doença muito comum, com mais de dois milhões de casos por ano. Geralmente, a DPOC é composta por doenças como enfisema e bronquite crônica. Não possui cura. 

3. Doença cardíaca

Fumar prejudica quase todos os órgãos do corpo, incluindo o coração. O hábito pode causar bloqueios e estreitamento das artérias, o que significa menos fluxo de sangue e oxigênio para o coração.  

4. Asma

A asma é uma doença pulmonar crônica que torna mais difícil a entrada e saída de ar dos pulmões. Como a fumaça do cigarro irrita as vias aéreas, ela pode desencadear ataques repentinos e graves de asma. No Brasil, a asma atinge mais de 20 milhões de pessoas. Em 2021, o Sistema Único de Saúde (SUS) teve um pico de atendimentos de asma na Atenção Primária, com mais de 1,3 milhões de casos. 

5. Acidente Vascular Cerebral (AVC)

O AVC ocorre quando o suprimento de sangue ao cérebro é temporariamente bloqueado, o que pode acontecer ao fumar, já que as artérias são afetadas pelas substâncias químicas. Por consequência da nicotina, as células cerebrais são privadas de oxigênio e começam a morrer. Um acidente vascular cerebral pode causar paralisia, fala arrastada, alteração da função cerebral e morte.  

6. Problemas reprodutivos

Fumar pode causar gravidez ectópica, que ocorre quando um óvulo fertilizado se implanta em outro lugar que não o útero. O óvulo não sobrevive e, se não for tratado, pode ser fatal para a gestante. Fumar também causa redução da fertilidade, o que torna mais difícil engravidar. 

Como parar de fumar

O tabagismo é uma das principais causas evitáveis de doenças e mortes em todo o mundo. Parar de fumar traz uma série de benefícios para a saúde, incluindo redução do risco de doenças cardíacas, derrames, doenças pulmonares, câncer e outros problemas de saúde relacionados ao hábito ou vício.   

O cirurgião torácico do IMIP, Guilherme Mendonça, diz que o mês de conscientização é um incentivo para as pessoas que desejam parar com o vício. “Isso pode ser feito com o auxílio de tratamento e desenvolvimento de práticas saudáveis, como hábitos alimentares e exercícios físicos. Lembrando que parar de fumar é um processo desafiador. Portanto, o apoio contínuo, a educação e a conscientização são fundamentais para ajudar as pessoas a alcançarem e manterem um estilo de vida livre do tabaco", afirma. 

A Fundação do Câncer possui, em vigor, uma cartilha de combate ao fumo utilizada nas campanhas anuais. De acordo com o órgão, o primeiro passo é reconhecer os próprios motivos para parar de fumar e utilizá-los como motivação. "Como fumar tem afetado a minha saúde?" ou "O que vai acontecer comigo e com minha família se eu continuar fumando?" são algumas das perguntas iniciais que podem ajudar o tabagista a reconhecer o próprio vício. 

Planejamento e comunicação com a família também são essenciais. É preciso que o núcleo de apoio esteja ciente da iniciativa em parar de fumar e que ajude o futuro ex-fumante a não passar por recaídas. É possível baixar a cartilha "Cartilha Prática Para Parar de Fumar" completa e de forma gratuita (aqui), respondendo o formulário com nome e e-mail válido.

O Ministério da Saúde criou o Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT) no Sistema Único de Saúde (SUS), que passa a oferecer tratamento para o tabagismo e dependência da nicotina. A medida foi publicada nesta terça-feira (13) no Diário Oficial e tem como objetivo reduzir a prevalência de usuários no país.

A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) aponta que o Brasil, em 2019, ainda mantinha 12,8% da população usuária de derivados do tabaco, além de 9,2% de fumantes passivos. De acordo com Organização Mundia de Saúde (OMS), a cada dia, no país, 443 pessoas morrem por causa do tabagismo.

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Segundo a publicação, o novo PNCT tem a missão de “articular a rede de tratamento do tabagismo no SUS, o Programa Saber Saúde, as campanhas e outras ações educativas e a promoção de ambientes livres da fumaça do tabaco”. Caberá às secretarias Estaduais e Municipais de Saúde implementar o programa em suas áreas de atuação e a coordenação nacional será do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Além da gestão, o novo PNCT deverá atuar em três outros eixos: o cuidado integral, que inclui prevenção e promoção da saúde; educação; e vigilância. Tratamento, prevenção da iniciação ao tabagismo e proteção da exposição à fumaça, para evitar o consumo passivo, são ações ligadas ao cuidado integral.

No eixo educação o novo programa prevê qualificação de profissionais de saúde, gestores do PNCT, profissionais de vigilância sanitária, além do fomento de ações educativas voltadas à população. Já o eixo vigilância em saúde é voltado para ações de monitoramento de consumo do tabaco e seus derivados, assim como de outros produtos fumígenos, derivados ou não do tabaco, e até de produtos ilegais.

 Além de prejudicar pulmão e coração através das toxinas que se espalham pela corrente sanguínea, o cigarro também afeta a visão e pode levar à cegueira. Esta segunda-feira (29) marca o Dia Nacional de Combate ao Fumo e alerta para as doenças decorrentes do tabagismo.  

De forma geral, o cigarro envelhece todas as células do organismo e estimula seu processo de oxidação. Esse efeito tende a aumentar a inflamação nos olhos e acaba interferindo nas estruturas oculares. 

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A oftalmologista Adriana Morgon do Instituto de Olhos do Recife (IOR) apontou que os fumantes têm mais chances de desenvolver catarata precoce e outros quadros como síndrome do olho seco e doença macular relacionada à idade. 

"Já se sabe que ele faz uma alteração no metabolismo do cristalino, causando uma catarata. Outra forma que ele atua é na retina. A gente tem a doença macular relacionada à idade, que é uma das principais causas de cegueira acima dos 50 anos, e já se sabe que quem fuma tem até três vezes mais chances de desenvolver a doença", informou a médica. 

As 4.700 substâncias tóxicas do cigarro também interferem no nervo ótico e aumentam a pressão intraocular já no uso imediato, sendo um risco aos pacientes com glaucoma, indicou a oftalmologista. "Foi feito um estudo em que se mediu a pressão do paciente antes dele fumar e, logo após ele fumar, essa pressão teve um aumento de 5 mm. Não tem como isso a longo prezo não ser danoso", comentou.  

Dra. Adriana Morgan também alertou para os efeitos aos ex-fumantes - Foto: Divulgação

Além das toxinas, a fumaça faz com que fumantes passivos fiquem expostos às mesmas alterações oculares. Ela causa um olho mais ressecado e pode desenvolver intolerância para quem usa lente de contato. 

Quem parou de fumar ainda não está livre dos riscos do cigarro aos olhos, pois os efeitos da experiência com o tabaco geralmente não são revertidos. Adriana recomenda que esses pacientes façam o exame completo e sejam acompanhados em consultas a cada seis meses para um eventual tratamento precoce. 

"Os efeitos do cigarro são cumulativos e quantitativos. Então, embora uma pessoa seja ex-fumante, as células já foram expostas àquela substância e tiveram um processo de envelhecimento. Isso não muda", frisou. 

Como recomendação, além de parar de fumar, é importante lubrificar o globo ocular com colírio e manter hábitos saudáveis de alimentação. Para quem convive com fumantes, é importante se manter afastado enquanto o cigarro estiver acesso e pedir para que o consumo ocorra em locais abertos e arejados. 

O tabagismo é o fator preponderante em relação aos casos de câncer de pulmão. Cerca de 70% das ocorrências são de pessoas que têm ou tiveram contato com o cigarro, segundo a publicação científica do Reino Unido The BMJ. O número expressivo faz com que boa parte das campanhas se voltem para esse público.

Ao olhar para os 30% restantes, no entanto, observa-se um grupo que também requer atenção: casos de câncer de pulmão por fatores modificáveis. Os exemplos são trabalhadores expostos à sílica, amianto e à metais pesados, além de pessoas de regiões com altos índices de poluição atmosférica.

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“No mínimo 10% dos casos de câncer de pulmão em homens é de origem ocupacional. Nas mulheres, essa fração é muito menor pelo perfil de trabalho, que é menos frequente nessas atividades com a exposição. Mas tem também a exposição ambiental, a poluição atmosférica é responsável por cerca de 5% a 10% dos casos de câncer de pulmão”, aponta o pneumologista Gustavo Faibischew Prado, coordenador da Comissão de Pneumologia do Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica.

Ele lembra que há também a exposição ao radônio, um gás que emana do solo em regiões ricas em minérios que dão origem a ele, como urânio e rádio. Isso é comum em países do Hemisfério Norte e ao norte da América do Norte.

“Todos [os fatores] poderiam ter maior controle. Até mesmo o radônio, que a gente não pode impedir que ele emane do solo, a estratégia de redução da exposição é a concretagem de lajes de subsolo em edifícios comerciais ou residenciais”, explica.

O monitoramento do gás se dá da mesma forma que se monitora a concentração de monóxido de carbono, como é feito em São Paulo. “O único não modificável são fatores genéticos”, destaca o pneumologista.

Pandemia

A psicóloga Lenise Amorim, de 41 anos, é um destes casos. “Em outubro de 2020, em plena pandemia, eu recebi o diagnóstico de câncer no pulmão, já localmente avançado e nessa ocasião eu tinha só 39 anos. Eu era completamente assintomática e não tinha nenhum histórico de tabagismo e também nunca convivi com pessoas que fumavam”, relata.

A descoberta ocorreu durante uma ressonância magnética para investigar um nódulo no pescoço que já estava ali há dez anos.

Segundo Prado, esse tipo de câncer normalmente é encontrado de forma não intencional por um exame solicitado por outro motivo.

“A gente viu bastante, durante a pandemia, porque, de certa forma, baixamos muito os limiares para solicitação de exames de imagem, como tomografia de tórax, para pacientes com sintomas respiratórios suspeitos para covid. Com isso, a gente teve muito diagnóstico incidental de nódulos pulmonares e muitas dessas lesões pequenas foram investigadas e diagnosticadas como câncer de pulmão.”

Ele acrescenta que é comum que essas doenças já sejam descobertas em estágios avançados. No caso de Lenise, era um estágio 3, de uma escala que vai até 4. Contudo, o tumor ainda estava localizado apenas no pulmão.

O médico alerta, no entanto, que não há recomendação para rastreamento em pessoas que não tem fatores de risco. “É ainda improvável que a gente venha a propor programas de rastreamento de câncer de pulmão para pessoas sem fatores de risco, sem histórico de tabagismo, sem exposição a carcinógenos no trabalho e, nesses casos, muitas vezes o diagnóstico acontece de forma incidental”, explicou.

Lenise fez o tratamento com medicação durante sete meses e depois uma cirurgia para retirar o tumor. Ela teve a alteração genética do tumor mapeada por meio de uma análise genômica e o resultado permitiu que ela fosse tratada com uma terapia-alvo indicada para o seu perfil e depois passasse por uma cirurgia.

“[Hoje] Eu não tomo nenhuma medicação. Estou curada”, contou à Agência Brasil, destacando que ainda será acompanhada para um monitoramento regular.

O médico pneumologista lembra ainda que atualmente existem diversas opções para tratamento do câncer de pulmão, “aproximando os pacientes da cura, o que era um cenário bastante mais desafiador até pouco tempo atrás”.

 Na moda entre os jovens, o cigarro eletrônico pode ser um vilão ainda maior do que se imagina. Comercializado em uma variedade de sabores e associado a teores baixos de nicotina, o vaporizador carrega substâncias que fogem do controle da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Sua produção e venda foi proibida no Brasil em 2009, após usuários desenvolverem quadros graves em pouco tempo de uso nos Estados Unidos. 

Esta terça-feira (31) marca o Dia Mundial Sem Tabaco e reforça os riscos à saúde do hábito de fumar. Considerado um transtorno mental e comportamental, o tabagismo deixa fumantes regulares suscetíveis a cerca de 50 doenças com alto potencial de mortalidade.  

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No Brasil, a diferença do que é arrecadado pela indústria do cigarro e os gastos com serviços de saúde para tratar o público deixa um prejuízo anual na casa dos R$ 40 milhões. 

"O cigarro eletrônico é muito mais perigoso porque toda sua composição não é claramente estabelecida. Hoje, a gente sabe que o cigarro tradicional tem, pelo menos, 4.700 substâncias, [mas] quais são as substâncias que existem no cigarro eletrônico? Isso pode ser altamente variável", apontou o pneumologista Guilherme Costa. 

O médico é um dos autores de um estudo recente em uma universidade particular no Recife e identificou que, pelo menos, 38% dos alunos de graduação já experimentaram o cigarro eletrônico. Ele alertou aos consumidores e relacionou o uso do aparelho a quadros de insuficiência respiratória, que podem levar à internação em UTI e até à morte.  

"Minha recomendação para as pessoas é que, se elas pudessem, não provem e não experimentem, porque hoje já se sabe que o cigarro eletrônico tem a chance de até quatro vezes maior, comparado a quem não fuma, que essa pessoa venha se tornar um fumante. Então, sem dúvida nenhuma, o cigarro eletrônico vai funcionar como uma porta para você realmente chegar no cigarro tradicional", reforçou. 

O pneumologista acrescentou que o cigarro eletrônico não é um método seguro para quem queria parar de fumar. A recomendação é iniciar a terapia cognitiva e comportamental com a mudança de hábitos e com a reposição controlada de nicotina através da goma de mascar ou adesivos especiais. Dessa forma, o que costume de fumar deixa de ser automático e começa a ser percebido pelo paciente, que passa a controlar o uso.

O Dia Mundial sem Tabaco, comemorado hoje (31), foi instituído em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para conscientizar a população sobre os danos que o tabagismo pode causar na saúde. Até então, existiam diversos comerciais em todas as mídias que exaltavam o ato de fumar mas, a partir do final dos anos 1980,  essas peças publicitárias foram proibidas e as embalagens de cigarros começaram  a estampar alertas sobre as consequências do fumo.

O tabagismo pode ser responsável por diversos danos respiratórios e mudanças no olfato, paladar, queda do rendimento do fôlego e secreção matinal. Segundo o pneumologista João Carlos de Jesus, o fumante não costuma associar essas causas ao cigarro e até se acostuma com elas. A médio prazo, o indivíduo desenvolve algum grau de enfisema pulmonar e bronquite crônica que impacta na respiração e no rendimento de atividades físicas. “Com o tempo, as consequências também surgem nas atividades básicas do dia a dia e passam a necessitar do uso de oxigênio. Por último, a longo prazo, é aumentado o risco de câncer de pulmão”, alerta.

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Além do baixo rendimento em atividades físicas, o fumante também pode ter consequências negativas na vida sexual. “Além disso, envelhecem mais rapidamente, ficam com os dentes amarelados, cabelos opacos, pele enrugada e impregnada pelo odor do fumo”, explica o oncologista Rafael De Cicco.

De acordo com Cicco, vários tipos de câncer possuem ligação direta com o cigarro, como os tumores de pulmão, boca, laringe, garganta, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, rim, bexiga, colo de útero e leucemias. “Quem fuma tem risco seis vezes maior de desenvolver um câncer de boca ou garganta, por exemplo. Por isso é importante parar de fumar e com isso diminuir esses riscos de desenvolver essas doenças tão sérias”, recomenda o oncologista.

O fumo também pode causar danos à visão. “Além da irritação dos olhos, a Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) é uma doença degenerativa da retina que tem o cigarro como um dos seus principais vilões”, comenta o oftalmologista, Daniel Kamlot. 

O coração é outro órgão afetado pelo tabagismo. A cardiologista Alessandra Gazola detalha que além dos vasos sanguíneos ficarem irritados e gerar uma lesão inflamatória, eles também ficam mais rígidos, o que pode causar uma hipertensão arterial, responsável pelo aumento de pressão. “Dentre outras complicações, o paciente pode desenvolver angina, infarto agudo do miocárdio, aneurisma e trombose”, descreve.  

As gestantes fumantes possuem riscos maiores na gravidez, como casos de  descolamento de placenta e hemorragias uterinas. “Além de afetar o desenvolvimento do bebê, aborto espontâneo, partos prematuros, morte perinatal e síndrome da morte súbita, em lactantes. Os filhos de fumantes também podem apresentar quadros de doenças respiratórias na infância e ao longo da vida adulta”, destaca a ginecologista e obstetra Anne Caroline Andrade. 

A pediatra Paula Sellan lembra que crianças expostas ao fumo possuem maiores chances de desenvolver bronquiolite de forma mais grave. “Até mães que não fumam, mas que são expostas ao tabagismo passivo podem ter filhos com maior incidência de problemas respiratórios na infância. Essas crianças também têm maior risco de morte súbita nos primeiros meses de vida”, explica.

De acordo com a psicóloga Elisangela Paes Leme existem vários gatilhos que podem dar início ao ato do fumo. “Na adolescência, pode ser uma maneira de ser aceito num grupo; a ideia de que fazer algo proibido para criança pode levá-lo a ser reconhecido como ‘adulto ou descolado. O problema é que a pessoa fica viciada. Ou seja, não é um recurso saudável para resolver os problemas”, complementa. 

Elisangela afirma que parar de fumar, exige muita determinação e vontade de enfrentar o vício. O tabagista precisa buscar por um médico psiquiatra para ajudar com medicamentos na compulsão e um psicólogo para desenvolver a resiliência emocional e identificar as causas psíquicas que desencadearam a compulsão. “Quando a dependência química e emocional não é tratada e o fumante só tem o vício como recurso para se acalmar, qualquer problema da vida pode desequilibrar. A vida é um misto entre ganhar e perder. Por isso, aprender a lidar com os sentimentos e superar as frustrações torna-se fundamental”, sugere.

Doenças no pulmão, língua, garganta e esôfago. Essas são algumas das consequências do vício em cigarro. Recentemente, com a pandemia do coronavírus, os fumantes passaram a fazer parte do grupo de risco, pois eles estão sujeitos a desenvolver formas mais graves de Covid-19.

Com a saliva que se junta na boca do fumante, há também a presença de substância tóxicas do cigarro, que quando engolidas, podem promover uma mutação celular, explica o cirurgião oncológico Leonardo Sardou, da Rede Silvestre de Saúde.

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O início do isolamento social fez com que Lucas Felipe da Silva (23), autônomo e estudante de biomedicina, repensasse seus hábitos. Colocando em prática o primeiro conselho do especialista de que a primeira atitude é parar de fumar, o estudante comemora dois meses desde que cortou o tabagismo da sua rotina.

Lucas afirma já ter percebido mudanças em seu estado de humor, principalmente no início da nova tentativa, da qual a quarentena foi aliada. ‘’Fumava muito por conta de bares e festas que frequentava, com a paralisação por conta do coronavírus, deixei de sair, ver amigos e socializar, assim fui parando’’, comentou.

O mesmo aconteceu com Guilherme Henrique Gonçalves (24), autônomo, que também largou o cigarro durante a quarentena. Ele afirma que o isolamento social o ajudou na decisão e, com a ajuda de exercícios físicos, conquistou um resultado positivo.

"Sabia que não conseguira apenas parar de fumar sem preencher esse tempo com alguma atividade, então decidi que essa era a hora de treinar em uma academia’’, conta.

Além dos exercícios físicos, o médico oncologista ainda indica gomas e adesivos para aqueles que desejam parar de fumar. "Essas substâncias agem como bloqueadoras do sistema nervoso, fazendo com que a falta da nicotina seja mais tolerável’’, explica.

Quanto a propensão e exposição ao coronavírus, Sardou alerta que o tabagismo é fator que predispõe a doença tromboembólica. Como a covid afeta principalmente os pulmões, o hábito de fumar torna as pessoas mais predispostas a desenvolver formas graves da doença. 

"O cigarro não facilita que haja contágio, mas aumenta a probabilidade de lesão mais grave para quem está com covid19 e é tabagista", afirma. 

As pessoas fumantes, infectadas com o novo coronavírus (covid-19), têm 14 vezes mais chances de morrer do que as não fumantes. O alerta é da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), que esta semana lançou em seu site uma campanha voltada à conscientização sobre os perigos de fumar.

“O fato de os fumantes estarem mais propensos às infecções virais e a probabilidade de morte 14 vezes maior quando a covid-19 infecta fumantes, de acordo com estudos realizados, faz deste um bom momento para se pensar em tratamentos antitabagismo”, ressalta o presidente da entidade, João Fernando Monteiro Ferreira.

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Segundo a associação de cardiologistas, o tabagismo enfraquece o sistema imunológico e torna mais lenta a reação do corpo às infecções. A capacidade pulmonar reduzida, comum em fumantes, também aumenta o risco de desenvolver as formas mais graves das infecções. “Trata-se da principal causa evitável de morte e encurta a vida de homens em dez anos e de mulheres em 12 anos”, disse o presidente da entidade.

De acordo com a entidade, o Brasil ocupa o oitavo lugar no ranking mundial de tabagistas, são 7,1 milhões de mulheres e 11,1 milhões de homens fumantes. No entanto, o número de brasileiros que mantém o hábito de fumar caiu 38% nos últimos anos. Em 2019, 9,8% afirmavam ter o hábito de fumar, enquanto em 2006 o índice era de 15,6%.

 

Em 2019, ano em que a Lei Estadual Anti-Fumo completa uma década, a cidade São Paulo dá mais um passo no controle ao tabagismo. Aprovada pela Câmara Municipal e sancionada nesta sexta-feira (30) pelo prefeito Bruno Covas, a nova lei que proíbe o consumo de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos, narguilés, entre outros, nos parques públicos municipais pode multar os infratores em até R$ 500. Em caso de reincidência, o valor da punição deve ser dobrado.

Todos os parques da cidade receberão placas que sinalizarão sobre a proibição de fumar, além de constar as penas aplicáveis e os telefones de contato dos órgãos de fiscalização. Segundo a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, serão criadas áreas especiais dentro dos parques para os fumantes. Os espaços estarão distantes de parques infantis, áreas esportivas e demais locais de alta aglomeração e circulação de pessoas, como esclarece o prefeito Bruno Covas. "Não combina o uso do cigarro em um espaço que se quer preservar a natureza, conviver com a família, praticar esportes. Não tem nenhuma relação o uso do fumo em espaços como este".

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As multas poderão ter correção anual, que será feita de acordo com a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Todos os detalhes sobre fiscalização e as formas de autuação dos munícipes que desobedecerem a regra serão definidos em até 60 dias, prazo para regulamentação da lei.

Dados da Organização Mundial da Saúde colocam o Brasil na oitava posição no ranking mundial de fumantes.

No mês de agosto, a Lei Antifumo paulista completa 10 anos. Desde então, foram realizadas mais de duas milhões de inspeções e quatro mil autuações em todo o estado de São Paulo. Em uma década da lei, foi registrado 99,7% de cumprimento.

A Lei Antifumo proíbe o consumo de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou qualquer outro produto fumígeno, derivado ou não de tabaco em locais fechados ou parcialmente fechados. Para os estabelecimentos que descumprem a lei, a multa é de R$ 1.253,50 e o valor dobra em caso de reincidência. Se ainda assim a lei não for cumprida o local é interditado por 48 horas e, no caso da pior punição, o estabelecimento poderá ser fechado por até 30 dias.

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Para a diretora da Vigilância Sanitária de São Paulo, Maria Cristina Magid, a lei ajudou a trazer uma qualidade de vida melhor para os paulistas, além de contribuir para que os ambientes se tornassem mais saudáveis. “Estudos demonstram a diminuição de infartos, acidentes vasculares cerebrais e doenças pneumologicas no estado nesses dez anos, a legislação contribuiu para este feito”, afirma.

Para denunciar eventuais infrações o telefone é 0800 771 3541 ou pelo site da Lei Antifumo.

 

Os cigarros eletrônicos são, "indubitavelmente, prejudiciais" e deveriam ser regulados, afirmou a Organização Mundial de Saúde (OMS) nesta sexta-feira (26), desaconselhando o uso desses vaporizadores aos fumantes que tentam abandonar o hábito.

A popularidade dos cigarros eletrônicos - que permitem a inalação de líquidos com nicotina e aromatizantes - pôs em alerta legisladores de todo mundo, que temem que isso se torne uma porta de entrada para outros vícios para os jovens.

Ainda que estes dispositivos exponham o consumidor a uma quantidade menor de toxinas do que o tabaco, também representam riscos para a saúde, afirma a OMS em seu relatório, divulgado nesta sexta no Rio de Janeiro.

Em seu documento, a OMS avalia os resultados das MPOWER, o conjunto de medidas adotado pelos 180 países signatários da Convenção-Quadro da Organização Mundial da Saúde para o Controle do Tabaco (CQCT da OMS).

"Embora os níveis específicos de risco associados aos SEAN (Sistemas Eletrônicos de Administração de Nicotina) não tenham sido estimados de forma conclusiva, os SEAN são, indubitavelmente, prejudiciais e deveriam, portanto, estar sujeitos à regulação", indica a OMS em seu último informe sobre a epidemia global de tabaco.

A organização adverte ainda que não há evidências suficientes de que os cigarros eletrônicos sejam efetivos para deixar de fumar.

"Na maioria dos países onde estão disponíveis, a maior parte dos que usam cigarros eletrônicos continua fumando cigarro (convencional) ao mesmo tempo, o que tem muito pouco, ou nenhum impacto benéfico para a saúde", acrescenta a OMS.

A apresentação do relatório aconteceu no Museu do Amanhã, com a participação do Ministério da Saúde.

O Brasil trava seu próprio combate contra o flagelo da nicotina.

Em maio, a OMS aplaudiu a decisão da Advocacia Geral da União (AGU) de processar as multinacionais do setor, assim como suas filiais, para que cubram os gastos com tratamentos médicos relacionados ao consumo de tabaco.

- Crescem as restrições

Nos últimos anos, as empresas do setor fizeram uma intensa campanha publicitária em torno do cigarro eletrônico e dos dispositivos que esquentam os líquidos com nicotina e aromatizantes, em busca de novos clientes.

As companhias argumentam que esses produtos são muito menos nocivos do que os cigarros tradicionais e podem ajudar os fumantes incapazes de abandoná-los completamente a migrarem para alternativas "mais seguras".

A OMS adverte, porém, que a desinformação disseminada pela indústria do tabaco sobre os cigarros eletrônicos representa uma "ameaça atual e real".

As restrições ao uso de cigarros eletrônicos no mundo todo estão aumentando.

No mês passado, a cidade de San Francisco proibiu a venda e a fabricação desses dispositivos.

A China, que responde por quase 25% dos fumantes do mundo, também planeja regular esses dispositivos eletrônicos.

Em seu relatório, a OMS alerta ainda que é preciso um esforço maior para ajudar os fumantes a parar de fumar e aponta que "apenas 30% da população mundial tem acesso a serviços adequados" para cessar com o tabagismo.

Entre estes serviços, a organização menciona aconselhamento, linhas telefônicas nacionais de cessação gratuitas, terapias também gratuitas de substituição da nicotina, ou medicamentos.

Sem ajuda, apenas 4% dos fumantes que tentam deixar o hábito têm sucesso.

Todos os anos, o cigarro provoca a morte de oito milhões de pessoas, entre fumantes e fumantes passivos.

Ainda que o número de fumantes no mundo tenha diminuído ligeiramente desde 2007, continua sendo muito alto, em cerca de 1,4 bilhão - homens, em sua grande maioria.

"As pessoas que largam o cigarro podem viver vidas mais longas, saudáveis e produtivas", conclui a OMS.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, nos últimos 12 anos a quantidade de fumantes caiu 40% no país, com 9,3% dos brasileiros afirmando ter vício em tabaco. Essa diminuição reflete na expectativa de vida da população, conforme mostra um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Excluindo todas as causas de morte atribuídas ao tabagismo, o estudo projetou um ganho de 2,8 anos entre os homens e 0,3 entre as mulheres até 2030 devido à queda no número de fumantes.

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A pesquisa também revela que a prevalência do tabagismo entre os homens sempre foi maior. De 1980 a 2015, o Brasil registrou mais de 6,5 milhões de mortes decorrentes do consumo do tabaco, sendo 4,7 milhões de homens e 1,8 milhão de mulheres. A diferença no número de mortes por sexo indica ainda que a iniciação das mulheres no tabagismo ocorre aproximadamente 15 anos após a dos homens.

O cigarro é o responsável por cerca de 50 doenças, como diversos tipos de câncer, bronquite, enfisema, pressão alta, infarto, AVC e impotência sexual. E as consequências desse hábito podem ser irreversíveis.

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Brasil teve queda significativa no número de fumantes

- Tabagismo: ansiosos usam cigarro como escape

 

Há 32 anos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) instituiu o dia 31 de maio – esta sexta-feira – como o Dia Mundial sem Tabaco. O objetivo é alertar sobre o risco de doenças cardiovasculares, já que anualmente o consumo da substância é responsável por cerca de sete milhões de mortes, das quais mais de 600 mil são por exposição involuntária à fumaça. No Recife, o hábito de fumar registrou uma queda de 37,4% entre 2006 e 2017. A diminuição conta com o auxílio de políticas públicas de redução e disponibilidade de tratamento gratuito através dos cinco Centros de Atenção Psicossocial (Caps AD) espalhados pelo município.

De acordo com a OMS, existem mais de um bilhão de fumantes no mundo que consomem cerca de seis trilhões de cigarros ao ano. “Em um momento de nervoso, você pode fumar uma carteira em um só dia”, declarou o artista plástico Rafael Silva. Aos 38 anos, ele revela que começou a fumar aos 13 anos através da influência publicitária e da cultura de massa, “existia muita propaganda, além disso tem a questão da elegância. Eu comecei vendo em filmes e novelas”, explicou. É válido pontuar que desde 1996, o Brasil vetou a produção e a veiculação de anúncios relacionadas ao tabagismo.

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"Nicotina é uma droga muito forte"

A nicotina, presente no cigarro, altera o sistema nervoso central e chega ao cérebro entre sete e nove segundos, resultando em uma variação do estado emocional e comportamental. Tais modificações induzem a dependência, caracterizada pela necessidade física e psicológica da substância. Mesmo sem o desejo de parar, Rafael sente os problemas acarretados em 25 anos de cigarro na respiração e faz inalação com soro fisiológico duas vezes por semana. “A gente tanta reduzir, pois sabe que o cigarro é ruim. Todos tentam, mas nicotina é uma droga muito forte. Ela é uma das piores”, confessou.

Influenciada pelo marido – que morreu pelo uso abusivo de tabaco - a contadora Clêci Reis começou a fumar aos 19 anos. Hoje com 65, ela se orgulha de ter vencido a nicotina. “Iria fazer 52 anos e me conscientizei que, com a idade, ia vir problemas de saúde. Hoje eu odeio cigarro”. Para a contadora, o dia 2 de janeiro de 2005 é um troféu, já que esta foi a data que decidiu não fumar mais e até hoje mantém a decisão.

Em relação ao tratamento, desde 1989, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) articula a Rede de Tratamento do Tabagismo através do Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT), pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em parceria com os Estados e municípios. Na capital pernambucana, os Caps AD de Afogados, Rosarinho, Ipsep, Cordeiro e Tamarineira oferecem tratamento e acompanhamento gratuitos, além de medicamentos - adesivos de nicotina e Cloridrato de Bupropiona, para minimizar os sintomas das crises de abstinência.

A OMS aponta que em 20 minutos sem cigarro, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal                 Foto: Pixabay

O tratamento

O principal centro em combate ao tabagismo é o de Prevenção Tratamento e Reabilitação de Alcoolismo (CPTRA), na Tamarineira, Zona Norte do Recife. A unidade realiza acompanhamento terapêutico com profissionais especializados através de dinâmicas em grupo formados por cerca de 20 fumantes, a cada 4 meses. "Na abordagem grupo, a gente trabalha tanto questões objetivas inerentes ao uso, que são as possibilidades e recursos para a redução da quantidade, a identificação de gatilhos que disparam [o consumo], e também questões subjetivas. Você entende que as pessoas que procuram, geralmente, têm problemas graves com o cigarro, muitas vezes usam mais de 30 por dia, realmente são fumantes graves", explicou o gerente do CPTRA Luiz Carlos. Ele acredita que a ansiedade, desamparo e sentimento de solidão levam as pessoas a fumar. "O cigarro ocupa de certa forma um espaço significativo na vida dessas pessoas além da questão química", afirmou.

O tratamento tem a finalidade de apresentar um novo comportamento aos fumantes, através de desconstruções comportamentais relacionadas ao ato de fumar, combinadas a intervenções cognitivas com treinamento de habilidades. O INCA adverte que, à princípio, deve-se evitar café e bebidas alcoólicas, pois estimulam à vontade. "A pessoa bebendo, a mente vai pedindo mais nicotina e você chega a fumar duas carteiras em um fim de semana", declarou o artista plástico. Clêci concorda que o tabaco é facilmente atrelado ao consumo de álcool. "As vezes eu passava 15 dias sem fumar. Chegava fim de semana, eu pegava duas cervejas e já dava vontade. Eu acho que era mais para alcoólatra do que para fumante", brincou. 

Menos cigarro, mais saúde 

Independente da idade, parar de fumar é uma opção que maximiza os cuidados com a saúde e com o bolso. Hoje, o dinheiro que a contadora gastava com carteiras de cigarro é revertido na mensalidade da hidroginástica. A OMS aponta que em 20 minutos sem cigarro, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal; em duas horas, a nicotina é extinta do sangue; em oito horas, o nível de oxigênio no sangue é normalizado; entre 12 horas e um dia, os pulmões já apresentam uma melhora no funcionamento; após dois dias, o olfato já identifica melhor os cheiros e desperta o paladar; após um ano, o risco de morte por infarto é reduzido pela metade, e em 10 anos, o risco é igual ao de pessoas que nunca fumaram.

Serviço

Confira os endereços dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps AD)

CPTRA - Avenida Conselheiro Rosa e Silva, 2130, Tamarineira;

Caps AD do Rosarinho - Estação Vicente Araújo- Rua Couto Magalhães, 480;

Caps AD de Afogados - Espaço Travessia René Ribeiro, Rua Jacira, 210;

Caps AD do Ipsep - Professor José Lucena, Rua Santos Cosme e Damião, 186;

Caps AD Cordeiro - Rua Rondônia, 100.

Dúvidas ou informações podem ser obtidas através do telefone 3355-2821 ou pelo e-mail saúdementalal@gmail.com.

Para reforçar o Dia Nacional de Combate ao Fumo, lembrado nesta quarta-feira (29), o Grupo Oncoclínicas, especializado no tratamento do câncer, desenvolveu uma calculadora virtual que revela os impactos do abandono do cigarro nas finanças pessoais e na saúde.

A plataforma online mede os efeitos do tabagismo de forma personalizada. Basta informar quantos maços de cigarro você fuma por dia e há quanto tempo, a partir disso o sistema faz uma comparação com outros tipos de investimentos à lista de itens apontados por pesquisas como os mais desejados pelos brasileiros.

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 Ao considerar o consumo diário de um maço, com preço médio de R$ 6, no final do mês terão sido gastos cerca de R$ 180. Em 15 anos, de acordo com os criadores da plataforma, o valor gasto com o consumo de tabaco daria para realizar quatro viagens à Europa, com todas as despesas para duas pessoas, ou ainda comprar um carro de luxo.

A ferramenta online também realiza um diagrama cronológico interativo que avalia respostas positivas do organismo quando ocorre a interrupção do vício. O tabagismo, por exemplo, é responsável por 90% de todos os casos de câncer de pulmão. E entre os 10% restantes, um terço é dos chamados fumantes passivos. Para se ter uma ideia, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil registra 28.220 novos casos de tumores pulmonares ao ano.

A médica oncologista Mariana Laloni, do Centro Paulista de Oncologia (CPO), explica que existem dois tipos principais de câncer de pulmão: carcinoma de pequenas células e de não pequenas células. "O carcinoma de não pequenas células corresponde a 85% dos casos e se subdivide em carcinoma epidermóide, adenocarcinoma e carcinoma de grandes células. O tipo mais comum no Brasil e no mundo é o adenocarcinoma e atinge 40% dos doentes", destaca.

O hábito ainda aumenta as chances de outros 13 tipos de câncer: de boca, laringe, faringe, estômago, fígado, intestino, rim, bexiga, esôfago, colo de útero, pâncreas, ovário e alguns tipos de leucemia. Na plataforma é possível consultar conteúdos informativos que alertam sobre a perigosa relação entre o tabagismo e os riscos de incidência de câncer e outras condições crônicas, como hipertensão e doenças cardiovasculares. Para saber mais acesse aqui.

Entre os dez tipos de câncer de maior ocorrência no Brasil, o tumor orofaríngeo – localizado atrás da boca e que inclui a base da língua, céu da boca, amídalas e paredes laterais – é um dos tumores com maior incidência entre os brasileiros de até 40 anos. “O vírus HPV possui alta associação com este cenário precoce, em conjunto com outros fatores como o tabagismo e o alcoolismo”, alerta o oncologista Marcelo Salgado. Esse hábito pode resultar no desenvolvimento do câncer de cabeça e pescoço. Além dessa união, a falta de preservativo na hora do sexo também corresponde para o desenvolvimento da doença.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o número de casos relacionados à infecção pelo vírus vem aumentando em homens e mulheres e a sua transmissão ocorre por meio da prática sexual sem proteção, principalmente no sexo oral. É importante destacar que as células encontram-se na superfície da pele e em superfícies úmidas como a vagina, ânus, colo uterino, vulva, cabeça do pênis, boca, garganta, traqueia, brônquios e pulmões.

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“O risco do desenvolvimento do tumor maligno entre jovens é grande por conta da liberdade sexual adquirida nos últimos anos”, explica Marcelo. Ainda segundo o especialista, a população feminina é a mais atingida pelo vírus. As pesquisas indicam que cerca de 75% das brasileiras sexualmente ativas terão contato com o HPV ao longo da vida, sendo que o ápice da transmissão do vírus ocorre na faixa dos 25 anos.

Como detectar?

Os primeiros sinais do tumor podem surgir por meio de feridas na boca que não cicatrizam nos primeiros 15 dias, além do aparecimento de nódulos no pescoço. O paciente pode se queixar também de dor para mastigar ou engolir. O doutor Marcelo Salgado alerta que estes fatores, ligados ao aparecimento de pequenas verrugas na garganta ou na boca, podem revelar um possível diagnóstico com associação ao HPV. Outros sintomas podem estar relacionados à rouquidão persistente, manchas/placas vermelhas ou esbranquiçadas na língua, gengivas, céu da boca e bochecha, bem como lesões na cavidade oral ou nos lábios e dificuldade na fala. 

Jovens e adultos com menos de 40 anos nasceram após o “boom” do HIV e, apesar da divulgação massiva sobre os riscos envolvendo doenças sexualmente transmissíveis, este grupo continua apresentando índices elevados de contágio pelo chamado papiloma vírus humano – conhecido como HPV. “Além disso, a hepatite B e C também são fatores de risco para câncer de cabeça e pescoço, são infecções virais que também podem ser transmitidas em relações sexuais sem precauções", corrobora Marcelo.

Como descrito, o tabagismo e o alcoolismo são, também, principais responsáveis pelo câncer de cabeça e pescoço. Marcelo Salgado aponta que de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 90% dos pacientes diagnosticados com câncer de boca fumavam tabaco. Unir esses dois hábitos num só pode piorar ainda mais, aumentando as chances do desenvolvimento da doença. Vários estudos epidemiológicos demonstram que o consumo combinado de álcool e fumo constitui o principal fator de risco para o desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço.

Com informações da assessoria

Os fumantes que recebem incentivos em dinheiro são muito mais propensos a abandonar o cigarro do que aqueles que recebem apenas dicas sobre como parar de fumar, sugere um estudo americano publicado nesta segunda-feira (30).

A abordagem poderia oferecer formas de reduzir o número de fumantes, que permaneceu estável em cerca de um quinto da população dos Estados Unidos nos últimos anos, de acordo com um estudo publicado na revista científica Journal of the American Medical Association (JAMA) Internal Medicine.

O estudo clínico randomizado foi realizado com 352 pessoas em Boston, Massachusetts. Todos os participantes, em sua maioria mulheres afro-americanas, fumavam mais de 10 cigarros por dia e queriam parar. Alguns receberam um folheto e uma lista de recursos comunitários disponíveis para ajudar as pessoas a pararem de fumar.

Outros receberam a mesma lista de recursos, junto com sessões de aconselhamento extra de "patient navigators" (funcionários que oferecem orientação pessoal aos pacientes no sistema de saúde americano) sobre como parar, e também foram informados de que receberiam um pagamento em dinheiro se conseguissem abandonar o cigarro.

Os participantes não foram informados sobre o quanto eles receberiam para parar de fumar quando entraram no estudo, de um ano de duração. Na metade do estudo, os que tinham parado de fumar receberam US$ 250, e foram informados de que receberiam mais US$ 500 se não estivessem fumando ao final da pesquisa.

Quase 10% dos participantes do grupo de incentivo tinham parado de fumar aos seis meses, em comparação com menos de 1% daqueles que receberam um folheto. Aqueles que não tinham parado de fumar aos seis meses tiveram a chance de continuar tentando parar em troca de um pagamento. "Após 12 meses, 12% do grupo de intervenção tinham parado de fumar, em comparação com 2% do grupo de controle", afirmou o estudo.

A autora principal do estudo, Karen Lasser, professora de medicina na Universidade de Boston, disse que o estudo mostra que uma abordagem multifacetada que emprega incentivos funciona melhor.

"A maioria dos participantes que deixaram de fumar utilizou os recursos oferecidos pelos 'patient navigators', mas não está claro se estes recursos sozinhos atingiriam as mesmas taxas de abandono do tabagismo que observamos" com a ajuda dos incentivos, acrescentou.

Segundo o levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo é a principal causa de morte evitável no mundo. De acordo com o estudo, em 2020, o número de mortes causadas pelo hábito de fumar será de 7,5 milhões, sendo responsável por cerca de 16% de todas as mortes provocadas por doenças crônicas não transmissíveis. No Brasil, atualmente, 12,6% das mortes são por causa do tabagismo, sendo que 428 pessoas morrem por dia por causa do cigarro. O tabagismo também é responsável por 78% dos cânceres de pulmão.

A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2013 diz que 21,9 milhões (15%) de brasileiros maiores de 18 anos eram usuários de produtos derivados do tabaco. O uso de produtos de tabaco fumado era mais frequente do que o de produtos não fumados, como o rapé, sendo mais relevante o cigarro industrializado. E é na adolescência que, na maioria dos casos, o hábito é estabelecido, de acordo com o IBGE. A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), de 2015, revelou que 18,4% dos alunos do 9º ano do ensino fundamental já haviam experimentado algum tipo de cigarro. Na mesma publicação, 26,2% dos estudantes tinham, pelo menos, um dos pais fumantes. Nos últimos 10 anos, teve diminuição de 35% no número de usuários de produtos derivados do tabaco. Salvador é a cidade brasileira com menor prevalência do cigarro (5%), enquanto Curitiba tem o maior percentual de fumantes (14%).

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O ministro da Saúde, Ricardo Barros, defendeu nesta terça-feira, 29, o aumento dos preços de cigarros como uma medida para se tentar controlar o tabagismo no País. A pasta trabalha com um cenário de uma majoração de 50%. Além da elevação dos preços, Barros disse ser favorável a uma mudança nas embalagens do produto, consideradas como uma alternativa da indústria para propaganda.

A ideia, que há tempos está em avaliação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é adotar embalagens genéricas, padronizadas para todas as marcas. O ministro, no entanto, observou que as mudanças fazem parte de uma discussão que está em curso no governo e que qualquer alteração depende de um consenso entre os demais integrantes da equipe. "Faz parte da pauta, é uma questão de governo, interministerial. Tudo tem seu tempo. Mas estamos tentando avançar mais nessas ações."

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Barros admitiu que um eventual aumento de preços poderia provocar um efeito colateral não desejado, o aumento do contrabando. Medidas para tentar reduzir esse risco, afirmou, estão em análise por um grupo do Mercosul. Os resultados obtidos até o momento, no entanto, não são animadores. Na última reunião entre ministros da Saúde do bloco para discutir o tema, afirmou, não houve consenso.

Projeções feitas pelo Ministério da Saúde indicam que uma eventual alta de 50% no preço dos cigarros poderia evitar, em 10 anos, 136,5 mil mortes, 507 mil enfartes do miocárdio, 100 mil acidentes vasculares cerebrais e 64 mil cânceres. Somados, esses fatores poderiam evitar a perda de 4 milhões de anos por morte e incapacidade de brasileiros. "Economizaríamos com saúde."

Recomendada pela Organização Mundial da Saúde, a elevação de preços de cigarros no Brasil conta com uma dura resistência, sobretudo de produtores que afirmam que a medida poderia levar ao aumento do contrabando. A pesquisadora do Instituto Nacional do Câncer, Tânia Cavalcanti, no entanto, argumenta que todos os cigarros, sejam eles legais ou contrabandeados, fazem mal à saúde. E que a elevação do preço traria, sim, uma redução do consumo. Tânia argumenta ainda que o Brasil tem uma lição de casa a fazer: ratificar o protocolo para erradicar o mercado ilegal. A proposta aguarda a avaliação no Congresso Nacional.

Hoje, Dia Nacional de Combate ao Fumo, Barros reforçou uma declaração feita em dezembro em favor da resolução que proíbe a adição de produtos que conferem aroma e sabor ao cigarro. A medida, publicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária em 2012, nunca chegou a ser colocada em prática. Em 2013, pouco antes de a resolução entrar em vigor, a ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber concedeu uma liminar em uma Ação Direta de Inconstitucionalidade suspendendo seus efeitos. O ministro sugeriu que defensores da luta antitabagista fossem ao gabinete da ministra Rosa Weber como forma de pressão para que o assunto fosse votado rapidamente. "Como eu, que já fui ao gabinete da ministra duas vezes", disse.

A adição de sabor e aroma a cigarros é considerada como uma estratégia da indústria para incentivar a experimentação de jovens ao cigarro. Tânia observa que, desde a suspensão da resolução, a indústria nacional registrou uma série de marcas de cigarro no País com aroma e sabor. O assunto está há tempos para ser discutido no STF, mas rotineiramente é tirado de pauta.

O Brasil é considerado como exemplo na luta antitabagista. Uma das medidas mais recentes que trouxeram um impacto para queda de fumantes foi a ampliação da taxação de cigarros, ocorrida em 2011. Números de uma pesquisa feita por telefone, conduzida pelo Ministério da Saúde, indicam uma queda de 35% do tabagismo entre 2006 e 2016. Um novo levantamento indica também uma queda do fumo passivo no ambiente doméstico. Em oito anos, a queda foi de 42%, passando de 12,7% em 2009 para 7,3% em 2016.

O Museu de Saúde Pública Emílio Ribas, do Instituto Butantan, em São Paulo, recebe a mostra sobre o combate ao tabaco até o dia 31 de agosto. 

A exposição mostrará ao público a história das campanhas de combate ao tabagismo, com documentos e objetos relacionados ao tema.

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A mostra marca o Dia Nacional de Combate ao Fumo, comemorado em 29 de agosto, e pretende sensibilizar a população para os riscos causados pelo tabaco.

O tabagismo pode desencadear problemas como infarto, enfisema pulmonar, derrame, câncer de pulmão, traqueia, laringe e brônquio, entre outros.

O Museu de Saúde Público Emílio Ribas fica na Rua Tenente Pena, 100, Bom Retiro, de terça a sexta-feira das 9h às 16h30 e a entrada é gratuita.

Todos os anos, mais de sete milhões de pessoas morrem em todo o mundo vítimas de doenças relacionadas ao consumo do tabaco. O número é da Organização Mundial da Saúde (OMS) e faz um alerta para o combate ao tabagismo, que aumenta o risco do desenvolvimento de cardiopatias, câncer, além de diabetes.

Com o apoio do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Ministério da Saúde oferece tratamento gratuito aos dependentes em hospitais e unidade básicas de saúde como parte do Programa Nacional de Controle do Tabagismo. Para participar do tratamento, basta procurar uma das unidades portando a carteira de identidade e se cadastrar.

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A abordagem dos pacientes inicia com quatro sessões para avaliar a relação com o tabaco e definir o tipo de tratamento, além de verificar fatores que contribuem para o desejo pelo tabaco, como depressão e ansiedade.

Todo o tratamento dura cerca de um ano e consiste em consultas periódicas e seis reuniões em grupos de apoio para que os dependentes possam discutir o problema do tabagismo. Os medicamentos usados no tratamento são distribuídos gratuitamente para os pacientes por meio das secretarias de saúde dos estados.

"A nicotina faz com que o paciente substitua situações do seu dia a dia pelo prazer da nicotina. O grupo de apoio vai ajudá-lo a encontrar novas alternativas para melhorar a qualidade de vida", explica a enfermeira Amanda Cunha.

Ao superar a dependência é possível trazer inúmeros benefícios para a qualidade de vida, sobretudo na redução do risco de desenvolvimento de doenças.

 

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