Em vídeo, ativista acusa secretários estaduais de agressão

O desentendimento aconteceu na terça-feira (28), durante a inauguração do busto do Padre Antônio Henrique, torturado e assassinado durante a Ditadura

por Eduarda Esteves qua, 29/06/2016 - 11:46
Reprodução/Vídeo Secretário Marcelino Granja no momento de discussão com ativistas Reprodução/Vídeo

Nesta quarta-feira (29), a divulgação de um vídeo nas redes sociais tem causado polêmica no Recife. Os secretários Pedro Eurico, da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, e Marcelino Granja, à frente da Secretaria de Cultura do Estado, aparecem agredindo verbalmente um militante durante ato público.

O desentendimento entre os militantes e os gestores aconteceu na terça-feira (28), durante o evento de inauguração do busto do Padre Antônio Henrique Pereira da Silva Neto, torturado e assassinado durante a Ditadura Militar. Os dois gestores chamam o autor do vídeo, o militante e publicitário Sérgio Urt, de "filho da p***".

Procurada pela reportagem do Portal LeiaJá, a assessoria de comunicação do secretario de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, informou que o gestor estava em uma pauta externa e que ainda não havia um posicionamento oficial. Já a assessoria de Marcelino Granja informou que ainda não havia nenhuma nota de esclarecimento sobre o comportamento do gestor filmado pelo ativista.

No vídeo, o ativista chama os secretários de golpistas e faz uma série de críticas, como "secretário boca suja" e "secretário descontrolado". Confira:

"Essa gestão apoiou o golpe contra Dilma e não pode ter legitimidade moral para lançar uma homenagem a um padre que foi torturado na ditadura", afirmou Urt, ao revelar que um grupo com cerca de 40 ativistas estavam na inauguração para protestar contra a presença de políticos. O prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), compareceu ao evento, mas não permaneceu por muito tempo por causa do tumulto.

Sérgio Urt critica veemente o comportamento de Marcelino Granja. "Ele partiu para cima de mim, sem eu ter feito nada, além do meu direito de protestar. Nunca tive problemas com esses gestores. Foi uma cena ridícula por parte dos secretários alí presentes na solenidade ilegítima", cravou Urt.

Na Legislação brasileira, agredir verbalmente pode ser considerado crime. De acordo com o Art. 138, "caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime" e rende detenção de seis meses a dois anos, além de multa. O autor da agressão verbal também pode ser indiciado pelo crime de Difamação. Caso condenado, a detenção varia de três meses a um ano.

História

Padre Antônio Henrique Pereira Neto foi ordenado sacerdote, no dia 25 de dezembro de 1965, aos 25 anos de idade, pelo então arcebispo de Olinda e Recife, Dom Helder Câmara. Logo após a ordenação, foi convidado para assessorar Dom Helder e trabalhar na Pastoral da Juventude, sendo orientador espiritual de jovens universitários e secundaristas. Ele esteve ao lado do então arcebispo durante os embates travados pela igreja contra o regime militar. 

Em 25 de maio de 1969, Padre Henrique foi encontrado morto em um terreno baldio no Recife. De acordo com o laudo da época, a morte foi ocasionada por um crime comum, supostamente cometido por toxicômanos, sem motivação política. Já segundo apurações da Comissão da Verdade, “o assassinato do Padre Antônio Henrique foi, eminentemente, um crime político”.

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