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Um grupo de ativistas ambientais foi expulso da coletiva organizada pelo Governo de Pernambuco junto ao Exército Brasileiro nessa quarta-feira (17), no Recife. O evento abordou o projeto da Escola de Sargentos (ESA) que será construída no Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcanti (CIMNC), em Aldeia, na Zona da Mata de Pernambuco, dentro de uma área de proteção ambiental (APA). À ocasião, representantes de etnias indígenas do Estado, movimentos sociais e integrantes do Fórum Socioambiental de Aldeia foram “convidados a se retirar” da coletiva, a pedido de uma representação do Governo Federal. 

A medida gerou indignação entre os ativistas, que argumentaram estar presentes apenas para a escuta do anúncio, que não teria sido previamente comunicado nem mesmo ao fórum, que é uma representação da sociedade civil. No grupo, também estava a co-deputada Carol Vergolino (Juntas), representando o mandato do Psol. A escola, que precisará invadir área protegida para ser construída, terá seu Termo de Compromisso assinado nesta sexta-feira (19). 

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“Como nós [Fórum] não sabíamos o que seria anunciado nessa coletiva, viemos assistir e ouvir o que é que seria anunciado. Ao chegar aqui, encontramos outros coletivos, o movimento indígena e representantes do Consema. O fórum veio com quatro ou cinco pessoas, praticamente a diretoria toda. Para nossa surpresa, no intervalo, percebemos que os povos indígenas foram convidados a se retirar da sala. Estranhamos a movimentação e a diretora de relações institucionais do fórum desceu para uma sala onde os indígenas estavam sendo abordados por um representante da Presidência da República. Até aquele momento, achávamos que a decisão de retirada tinha sido do Governo do Estado de Pernambuco”, disse Herbert Tejo, do Fórum Socioambiental de Aldeia, ao LeiaJá. 

Segundo Herbert, a secretária de Meio Ambiente, Ana Luiza Ferreira, informou que a decisão não era do Governo Estadual e que não estava ciente do motivo da retirada. Posteriormente, uma representante do Governo Federal informou que a coletiva seria exclusiva à imprensa e que as entidades presentes possuíam interesse em realizar um protesto. O LeiaJá realizava a cobertura do evento, mas não conseguiu confirmar com a Secretaria de Comunicação (Secom) se essa foi a justificativa. 

“Soubemos o que foi noticiado nas redes sociais, de que haveria uma coletiva à tarde, em que o Governo do Estado e o Exército iriam anunciar um acordo com relação à ESA em Pernambuco. O Fórum é representante da sociedade civil no conselho gestor da APA de Beberibe e nós recebemos a delegação do conselho gestor da unidade de conservação para representar o conselho e a sociedade, no grupo de trabalho que foi criado pela governadora para aprofundar o debate sobre o projeto em Pernambuco”, continuou Herbert, que considerou o grupo como “produtivo e positivo”. 

O grupo de trabalho (GT), de iniciativa da governadora Raquel Lyra (PSDB), já passou por três reuniões. Na primeira, o Exército fez uma apresentação; na segunda, o Fórum apresentou alternativas; e na terceira, houve um debate junto à Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), que integra o GT. 

O que querem as organizações 

Organizações sociais e entidades pelo Meio Ambiente questionam a área desmatada para a construção da próxima Escola de Sargentos (ESA) do Estado. Na próxima sexta-feira (19), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participará da solenidade de assinatura do Termo de Compromisso para a construção 

Segundo o Exército, haverá desmatamento para a construção da escola e, posteriormente, o Ibama é quem vai indicar a compensação ambiental. A área é protegida e está em um grande trecho de Mata Atlântica, podendo comprometer cerca de 180 hectares, o equivalente a 180 campos de futebol. A preocupação das organizações é com o impacto ambiental da área desmatada, sobretudo pensando nas reações climáticas a longo prazo. 

Exército diminuiu área desmatada 

Durante a coletiva, o Exército anunciou que diminuiu pela metade a área a ser desmatada para a instalação da Escola de Sargentos que será construída no Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcanti. Segundo o general Joarez Alves Pereira Júnior, comandante militar do Nordeste e diretor do projeto da escola, o terreno tem, ao todo, 7.549 hectares, mas o planejamento da unidade prevê a ocupação de 180 hectares. 

"Fomos trabalhando como poderíamos reduzir. Trabalhamos em parceria com o governo para ver o que poderia ser colocada em área desapropriada. Chegamos a um número perto de 90 hectares onde necessitamos suprimir a vegetação", explicou o general. 

Na prática, o Exército mexeu na localização da vila militar para adequar as sugestões da sociedade civil e reduzir a área de mata atlântica a ser desmatada. Segundo o general, 6,2 mil pessoas vão residir na área da escola – que contará com uma base de suporte localizada no Recife, incluindo questões de saúde, hospitalar, depósito de suprimentos e familiar. 

 

Mais de um em cada cinco assassinatos de defensores da terra e do meio ambiente no mundo , registrados em 2022, ocorreram na Amazônia. No total, 177 pessoas perderam a vida em todo o planeta, sendo 39 (22%) na maior floresta tropical. É o que mostra levantamento da organização não governamental Global Witness, que há mais de uma década denuncia ameaças e mortes daqueles que se dedicam à defesa do meio ambiente e da terra, entre eles indígenas, guardas-florestais, autoridades e jornalistas.

Pela primeira vez, a instituição contabilizou os ataques a defensores atuantes no bioma.

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A consultora sênior da Global Witness, Gabriella Bianchini, destaca que os números revelam a Amazônia como um dos lugares mais perigosos do mundo para os ativistas, com violência, tortura e ameaças compartilhadas pelas comunidades de toda a região. A Amazônia tem quase 6,9 milhões de quilômetros quadrados e abrange oito países da América do Sul.

Segundo ela, ao atuarem contra a pressão agropecuária, desmatamento e garimpo ilegal, os defensores passam a ser intimidados e atacados.

“Esse número assustador é a tradução da ausência do Estado: a ausência de políticas públicas focadas na proteção de defensores e defensoras, na preservação de territórios tradicionais e na preservação do meio ambiente, e na demarcação de territórios tradicionais, bem como a ausência de responsabilização de empresas e outros agentes envolvidos em violações dos direitos humanos de defensores e defensoras”, disse a consultora à Agência Brasil.

Um dos casos emblemáticos dessa violência foi o do indigenista brasileiro Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, mortos no dia 5 de junho de 2022, vítimas de uma emboscada, enquanto viajavam de barco pela região do Vale do Javari, no Amazonas.

Indígenas

Os indígenas estão entre os mais ameaçados. Mais de 36% dos ativistas assassinados no mundo, em 2022, eram de origem indígena, o equivalente a 39 pessoas. Em seguida, estão pequenos agricultores (22%) e afrodescendentes (7%). Somente na Amazônia, foram identificadas as mortes de 11 indígenas.

“Todos os anos, defensores desse bioma de valor inestimável pagam com a própria vida pela proteção de suas casas, meios de subsistência e da saúde do nosso planeta”, acrescenta a consultora.

A entidade aponta o esforço em ampliar a proteção dos defensores na América Latina, região com maior número de assassinatos, por meio do Acordo Regional de Escazú (firmado em abril de 2022), porém a maioria dos países amazônicos ainda não aderiu.

Brasil

O Brasil é o segundo país mais letal para ativistas ambientais. Junto com Colômbia e México, respondem por mais de 70% dos casos em todo o mundo, equivalente a 125 mortes.

No Brasil, foram 34 assassinatos no ano passado, contra 26, em 2021. Desde 2012, início da série histórica, 376 defensores perderam a vida em território brasileiro.

A Colômbia lidera o ranking mundial, com 60 assassinatos, quase o dobro de mortes registradas no país em 2021.

Para a Global Witness, a situação brasileira é preocupante e foi agravada pela política do governo passado. “Defensores da terra no Brasil enfrentaram a hostilidade implacável do governo de Jair Bolsonaro, cujas políticas escancararam a Amazônia à exploração e à destruição, desmontaram órgãos ambientais e alimentaram invasões ilegais de terras indígenas”, ressalta Gabriella Bianchini.

Em relação ao governo atual, as entidades esperam pela reestruturação “de agências reguladoras e com a criação de novos ministérios que poderão auxiliar na proteção daqueles que defendem o meio ambiente, como o Ministério dos Povos Indígenas”.

Recomendações

A Global Witness traz uma série de recomendações para um ambiente seguro aos defensores da terra e do meio ambiente, como cumprimento ou formulação de leis que protegem os direitos dos ativistas. Também consta nas recomendações a investigação e responsabilização de empresas e governos pelos ataques e danos aos ativistas.

Fazendeiros utilizam macacos para colheita de coco na Tailândia. A justificativa dos exploradores de animais é a necessidade de suprir a demanda de produtos oriundos da fruta, típica da região do sul asiático, como leite, óleo, farinha, entre outros.

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Foto: Reprodução/PetaAsia

Os animais são amarrados por cordas e controlados pelos seus tratadores, que os fazem passar horas no topo dos coqueiros. Segundo o britânico The Times, eles têm os dentes arrancados para evitar que se mordam ou que mordam os humanos. Além de serem mantidos em cativeiro, muitos foram retirados do seu habitat natural ainda filhotes, quando foram separados da mãe. Outras práticas de maus tratos são listadas e denunciadas por grupos de ativistas em todo o mundo.

Foto: Reprodução/PetaAsia

A organização de pessoas pelo tratamento ético de animais (Peta) vem se manifestando contra a prática desde 2019. Além das denúncias contra os fazendeiros, a Peta organizou um boicote contra marcas que utilizam produtos do coco importado da Tailândia, como a HelloFresh, uma empresa especializada em preparar refeições completas por encomenda, e tem como proposta utilizar ingredientes frescos e não-industrializados.

Crítica à indústria “vegana”

Uma das pautas levantadas pela Peta é a de que a demanda pelo consumo do leite de coco vem da popularização dos leites vegetais, que o mercado vende como “vegano”. No entanto, quando se utiliza de outros animais em algum processo da linha de produção, o produto deixa de ser vegano, sendo apenas um leite vegetal, mas que ainda fomenta a exploração animal.

Ativistas ambientais do grupo alemão "Letzte Generation" (Última Geração) bloquearam o tráfego em diferentes pontos de Berlim nesta segunda-feira (24) para pressionar o governo de Olaf Scholz, disse um jornalista da AFP.

"Nós, Última Geração, estamos bloqueando 20 pontos de Berlim hoje. Estamos paralisando a cidade para que o governo se mova", disse Raphael Thelen, ativista do movimento, em um vídeo divulgado no Twitter.

Um porta-voz da polícia da cidade disse à AFP que identificou protestos em 33 locais da capital, sobretudo no anel rodoviário, onde os ativistas se agarraram ao asfalto.

De coletes laranjas, os manifestantes estavam sentados de pernas cruzadas em pequenos grupos de duas ou três pessoas, com as calças e as mãos coladas no asfalto.

"É relativamente simples reduzir as emissões. Os 10% mais ricos da Alemanha consomem tanta energia quanto os 50% mais pobres", disse Raphael Thelen.

No entanto, a presidente do partido Os Verdes, Britta Hasselmann, expressou dúvidas sobre o êxito das ações de bloqueio em Berlim. São "improdutivas", afirmou ao canal público ARD, em mobilizar a sociedade em torno da proteção ambiental.

Nos últimos meses, o grupo de ativistas realizou uma série de protestos, bloqueando estradas importantes e jogando diferentes substâncias em pinturas em museus. As ações desencadearam centenas de processos judiciais por serem consideradas como perturbações da ordem pública.

O governo do chanceler Olaf Scholz tem ambiciosas metas climáticas, mas os ativistas duvidam de sua capacidade de cumprir compromissos como produzir 80% da eletricidade a partir de fontes renováveis até 2030.

Quatro ativistas do grupo de extrema direita Oath Keepers foram declarados culpados de sedição, nesta segunda-feira (23), pela participação no ataque de 6 de janeiro de 2021 contra o Capitólio dos Estados Unidos.

Pelo ataque, mais de 950 apoiadores do ex-presidente republicano Donald Trump foram presos e acusados de provocar o caos na sede da democracia americana.

Entre eles, somente 14 ativistas de grupos de extrema direita -nove membros do Oath Keepers e cinco do Proud Boys- foram acusados de "sedição", que pode resultar em até 20 anos de prisão pelo uso da força em oposição ao governo. Neste caso, eles tentavam impedir a certificação no Congresso da vitória do presidente democrata Joe Biden sobre Donald Trump nas eleições de novembro de 2020.

Por falta de espaço na corte federal de Washington, a justiça organizou o julgamento dos Oath Keepers, acusados de terem treinado e se armado para a ocasião, em duas etapas.

Um primeiro julgamento foi concluído no final de novembro com um veredicto atenuado: o fundador desta milícia, Stewart Rhodes, e um funcionário local foram considerados culpados de sedição, mas os três co-réus foram absolvidos desta acusação.

Na segunda-feira, ao final do segundo julgamento, os jurados consideraram culpados os últimos quatro Oath Keepers, homens entre 38 e 64 anos descritos como perigosos "traidores" pela promotoria, mas como "exibicionistas" por seus advogados. Eles são Roberto Minuta, Joseph Hackett, David Moerschel e Edward Vallejo.

O julgamento dos Proud Boys, incluindo seu líder Enrique Tarrio, começou em dezembro e continuava nesta segunda-feira no mesmo tribunal.

Em outra audiência judicial, em Washington, Richard Barnett, o americano que ficou famoso por invadir o gabinete e sentar na cadeira da então presidente da Câmara dos Deputados, a democrata Nancy Pelosi, durante o ataque, foi considerado culpado de causar desordem no Congresso e outros crimes.

Após breve deliberação, os jurados concluíram também que Barnett, 62, é culpado de, entre outras coisas, obstruir o processo oficial, roubo e invasão de um prédio oficial com uma arma perigosa, um bastão capaz de emitir choques elétricos.

Em 6 de janeiro de 2021, a AFP o fotografou no gabinete de Nancy Pelosi, com os pés sobre a mesa da presidente da Câmara. A fotografia rodou o mundo e permitiu que a polícia o identificasse e prendesse rapidamente.

De acordo com a acusação, esse apoiador do movimento de conspiração Qanon deixou uma mensagem ofensiva à democrata e roubou um envelope que ela havia assinado.

Durante o julgamento, Barnett se defendeu alegando que a multidão "o empurrou para dentro" do Capitólio.

A sentença será proferida em maio e ele permanecerá em prisão domiciliar com pulseira eletrônica enquanto isso.

Centenas de pessoas transexuais se manifestaram neste domingo (20) em Karachi, o coração financeiro do Paquistão, para denunciar a discriminação que sofrem no país.

A manifestação acontece dias depois da estreia e tentativa frustrada de censura por parte de grupos islamistas do filme paquistanês "Joyland".

Premiado no festival de Cannes, o longa conta a história de amor entre um homem casado com uma mulher transexual.

"Chegou a hora de dizer às pessoas o que somos e o que pedimos", explicou à AFP Shahzadi Rai, um dos organizadores da manifestação.

"Somos seres humanos e temos o mesmo coração, os mesmos sentimentos e as mesmas emoções que vocês", acrescentou, durante o protesto no qual foram exibidos cartazes com pedidos de respeito aos direitos das pessoas trans.

"Pouco importa o seu gênero, você deve ter os mesmos direitos", disse Sheema Kirmani, uma bailarina estrela da dança clássica no Paquistão.

Segundo a Anistia Internacional, 18 pessoas transexuais foram assassinadas no Paquistão no último ano.

Teoricamente, os direitos das pessoas transexuais estão garantidos por lei no Paquistão. Contudo, na prática, essas pessoas têm grandes dificuldades para acessar o mercado de trabalho e se veem obrigadas a pedir esmolas, dançar em casamentos ou recorrer à prostituição.

Ativistas de um grupo ambiental cobriram com farinha nesta sexta-feira (18) um automóvel BMW pintado pelo artista americano Andy Warhol. Segundo eles, a ação pretende “enviar uma mensagem de alarme sobre o colapso climático”.

Quatro ativistas do grupo Ultima Generazione ("Última geração", na tradução livre) jogaram oito quilos de farinha no veículo, um BMW M1 1979 exposto na Fabbrica del Vapore, centro cultural que abriga uma retrospectiva sobre Warhol, mestre da pop art.

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De acordo com imagens divulgadas pelo grupo e pelas redes sociais, pelo menos dois ativistas colaram as mãos no chão da exposição, enquanto visitantes gritavam com eles e outros tentavam limpar a obra.

Ativistas ambientais multiplicaram os protestos contra obras de arte nas últimas semanas para alertar a opinião pública sobre as mudanças climáticas.

Entre as vítimas dos ataques estão duas obras de Goya no Museu do Prado, em Madri, "Girassóis" de Van Gogh, em Londres, e uma pintura de Claude Monet em Potsdam, perto de Berlim.

A ativista sueca Greta Thunberg, de 19 anos, tem afirmado que está cansada do "blá-blá-blá" das cúpulas do clima e já sinalizou que não deve participar da COP-27, que ocorre até a próxima semana em Sharm el-Sheik, no Egito. Mas nem o desânimo de Greta, os altos custos para ir ao evento e as restrições impostas pela ditadura do país africano afastaram os jovens ambientalistas brasileiros - e de muitas outras nacionalidades - da conferência.

Se existe algo que faz falta até agora na COP são os protestos na frente da Zona Azul, onde os países montam seus pavilhões, e também a tradicional marcha de ativistas jovens no centro da cidade. O governo egípcio confinou os protestos a uma região longe da área central, e também do complexo que hospeda o evento.

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MILITÂNCIA

Até ontem, não havia sinal de que isso iria mudar. A única manifestação permitida era a de militantes veganos, alguns deles com fantasias de animais, distribuindo comida saudável na frente da COP - comida muito bem-vinda, por sinal, pois dentro do espaço de eventos há poucos quiosques de alimentação, todos com filas enormes e preços abusivos.

O governo egípcio está evitando protestos, mas os jovens continuam marcando presença na COP.

Pela primeira vez, criou-se um pavilhão destinado a eles na Zona Azul. E é um dos espaços mais animados, sempre lotado, com gente de todos os cantos do Planeta e dos 12 aos 30 e poucos anos.

Alguns figurões já passaram por lá, como o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg. Há debates sobre todos os assuntos abordados na cúpula, mas sempre com enfoque destinado a um público jovem. Nas paredes coloridas, há papéis com mensagens de jovens do mundo todo sobre como combater a mudança climática.

DELEGAÇÕES

A intenção dos mobilizadores brasileiros neste ano foi levar o maior número que fosse possível de jovens participantes. A edição anterior da COP, na Escócia, foi uma das que mais levaram a nova geração para cobrar soluções urgentes para frear a catástrofe climática.

Neste ano, o Engajamundo, organização de liderança que visa a enfrentar problemas ambientais e sociais do País e do mundo, está representada por uma delegação de 19 membros, com ativistas da Amazônia, do Cerrado, da Mata Atlântica, da Caatinga e do Pampa.

DEBATE GLOBAL

Cada um deles quer trazer para o debate global questões e experiências ligadas ao próprio bioma onde vive. A presença no evento das Nações Unidas é um modo de reforçar o recado claro às lideranças mundiais: o tempo está se esgotando.

Sobre as acusações de Greta - de que as cúpulas climáticas têm muita conversa e pouca ação - os jovens do Engajamundo concordam, mas veem necessidade de mostrar presença.

"Todos os espaços de tomada de decisão são muito cheios de blá-blá-blá, mas não é por isso que a gente vai parar de ocupar eles", diz a cientista política Carolina Dias, de 22 anos, do Pampa gaúcho.

Um problema, reclama ela, é que a cada nova conferência aumenta a distância entre líderes e sociedade civil. "Os espaços onde é possível fazer ações de ativismo são muito restritos e inacessíveis", afirma. "Os negociadores estão lá na zona verde, que fica bem distante (da azul). Os negociadores acabam não vendo as manifestações da sociedade civil."

Também do Engajamundo, o sergipano Frances Andrade, de 26 anos, mestre em Ciências Florestais, destaca que Greta "abriu portas" para o ativismo jovem, mas avalia que é hora do Sul global ocupar esse espaço. "Quanto mais rostos, melhor", defende.

VOZ INDÍGENA

Para o indígena João Victor Pankararu, de 26 anos, o momento é de levar a voz deles aos quatro cantos do mundo, e não de retroceder. Ele, que esteve na Semana Climática de Nova York, está no Egito liderando um processo de formação de lideranças da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

"Estamos tentando deixar nossa mensagem para os líderes globais", diz o jovem indígena. "Quando a Greta diz que não vem, parece que nós jovens não queremos participar. Recai sobre todos os jovens, e não é verdade. Precisamos que outros escutem o que estamos falando."

Segundo ele, as regras mais rígidas no Egito não devem desanimar os participantes de ir para festas. O que muda, afirma, é a forma de protestar. "Eles têm regras mais rígidas, então estamos fazendo atos menores", afirma.

ATIVISMO DIFERENTE

Já para Pedro Tufic, do Impact Bank, talvez comece a surgir dissonância entre uma ativista branca e europeia com os jovens do Sul Global.

"Ela (a Greta) proporcionou o nascimento de um movimento que oxigenou o debate", diz. "Mas o Fridays for Future (movimento liderado pela sueca) não é só ela, tem capilaridade muito grande."

Tufic diz que não estará na COP neste ano por compromissos de trabalho, mas não vê nas dificuldades impostas pelo Egito um obstáculo intransponível. "Ano passado fomos em número recorde e acho que neste ano haverá ainda mais", afirma.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Obras de arte sujas de sopa, interrupções de eventos esportivos, bloqueios de estradas: com ações inovadoras, os novos ativistas da desobediência civil instalaram o debate sobre o descaso climático e assumiram o risco de incomodar parte da opinião pública.

Os grupos "Just Stop Oil" no Reino Unido, "Ultima Generazione" na Itália ou "Dernière Rénovation" na França, ou ainda integrantes da Rede A22, presente em 11 países ocidentais e financiada pelo Climate Emergency Fund, estão intensificando suas ações.

Dois militantes colaram no sábado (05) suas mãos em pinturas de Goya, em Madri, e pintaram "+1,5ºC" na parede, referindo-se à meta de aquecimento global estabelecida pela comunidade internacional.

Em Paris, uma dúzia de militantes do Dernière Rénovation bloquearam o trânsito perto do Ministério da Economia francês, enquanto em Toulouse outros ativistas do grupo interromperam um jogo do torneio francês de rugby por cerca de 10 minutos, amarrando-se aos gols.

Já no aeroporto Schiphol de Amsterdã, ativistas bloquearam a área de estacionamento de aviões particulares por três horas.

"Estamos enfrentando o maior episódio de sofrimento e injustiça da história da humanidade e nossa janela de oportunidade está prestes a se fechar", explicou Dernière Rénovation em um manifesto.

Essas ações estão longe de ter apoio unânime, mesmo no campo ambiental.

"O clima merece mais do que esta caricatura idiota", reagiu o ex-candidato ecologista francês Yannick Jadot, após um ataque com sopa ao quatro "Girassóis" de Van Gogh.

- Desespero -

"Há tantas pessoas tentando desacreditar a luta contra as mudanças climáticas, por que quer dar a elas mais munição?", perguntou o cientista político belga François Gemenne.

O acadêmico, que contribui para os relatórios científicos da ONU sobre clima, pediu mudanças nas ações e considerou o ataque às obras de arte como "catastróficas".

"Para os críticos, eu diria o seguinte: se você não gosta do que eles estão fazendo, não pare nas palavras e faça algo que pareça melhor, mais positivo e mais eficaz", disse Rupert Read, professor da Universidade de East Anglia e ex-porta-voz da Extinction Rebellion, outro grupo ambientalista adepto da desobediência civil.

Nessas ações, "o que conta é separar o objeto da ação para dizer: 'Ouça, vamos assumir tudo, até a arte mais sagrada, porque a morte nos espera se não fizermos nada'", comenta Xavier Arnauld de Sartre, geógrafo de Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica.

- Diversificação -

“No curto prazo, tem um alto custo de imagem”, reconhece o acadêmico, “mas, ao mesmo tempo, esses jovens podem querer assumir o radicalismo e fazer os radicais de ontem parecerem pessoas respeitáveis com quem você pode conversar”.

"Há muitos exemplos desse efeito na história", diz Read. "Mas você tem que ter cuidado, as ações também podem ser contraproducentes", aponta e adverte os ativistas: "sempre tentem fazer ações que façam sentido para as pessoas comuns e, se possível, que sejam bonitas".

"Não acho que essas ações causem mudanças de comportamento" na população, opina o sociólogo Stéphane La Branche, de Quebec, mas contribuem para a "diversificação" das formas de alertar sobre a emergência climática.

Diante do perigo e da urgência de agir, até onde vai a desobediência civil?

La Branche teme que seja apanhado por grupos que realizam ações violentas ao lado de não violentos, sob o risco de desacreditar os ambientalistas.

Com uma eleição altamente simbólica a favor da "coexistência pacífica", o Prêmio Nobel da Paz foi atribuído nesta sexta-feira (7) a um trio de representantes da sociedade civil da Ucrânia, Rússia e Belarus, três dos principais atores do conflito ucraniano.

O prêmio foi atribuído ao ativista bielorrusso preso Ales Bialiatski, à ONG russa Memorial - cuja dissolução foi ordenada pelas autoridades russas - e ao Centro ucraniano pelas Liberdades Civis.

"O Comitê Nobel norueguês deseja honrar três defensores excepcionais dos direitos humanos, da democracia e da coexistência pacífica nos três países vizinhos que são Belarus, Rússia e Ucrânia", disse sua presidente, Berit Reiss-Andersen.

Como os especialistas esperavam, o comitê do Nobel quis enviar uma mensagem contra a guerra na Ucrânia, que mergulhou a Europa na mais séria crise de segurança desde a Segunda Guerra Mundial.

Os cinco membros do Comitê do Nobel, porém, evitaram criticar diretamente o presidente russo, Vladimir Putin, que iniciou a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro e que comemora nesta sexta-feira seu 70º aniversário.

"Este prêmio não é dirigido contra Vladimir Putin, nem por seu aniversário nem em qualquer outro sentido, exceto pelo fato de que seu governo, como o governo de Belarus, constitui um governo autoritário que reprime ativistas de direitos humanos", afirmou Reiss-Andersen.

Além disso, ela instou Belarus a libertar Ales Bialiatski, presidente fundador do Centro Viasna para a Defesa dos Direitos Humanos ("Primavera"), preso desde 2021, após as manifestações massivas do ano anterior contra a reeleição do presidente Alexander Lukashenko, considerada fraudulento pelos países ocidentais.

- Crimes de guerra -

"Nossa mensagem é exortar as autoridades bielorrussas a libertar Bialiatski", disse Reiss-Andersen. "Mas há milhares de presos políticos em Belarus e temo que meu desejo não seja muito realista".

A esposa de Ales Bialiatski, Natalia Pinchuk, declarou à AFP que estava "cheia de emoção" e aplaudiu "o reconhecimento do trabalho de Ales, seus colaboradores e sua organização".

Por sua vez, a chefe do Centro ucraniano para as Liberdades Civis, Alexandra Matviïtchuk, pediu a criação de um tribunal internacional para julgar o presidente russo, Vladimir Putin.

"É necessário criar um tribunal internacional e levar Putin, o presidente bielorrusso Alexander) Lukashenko e outros criminosos de guerra à justiça", declarou no Facebook.

Mais cedo, sua organização disse estar "feliz" por receber este prêmio altamente simbólico, segundo uma das líderes da ONG, Olexandra Romantsova, acrescentando que ainda há "muito trabalho pela vitória".

Desde a invasão russa da Ucrânia, a organização intensificou seus esforços para identificar e documentar crimes de guerra supostamente cometidos pelas forças russas contra civis ucranianos.

Já a presidência da Ucrânia expressou que "o povo ucraniano é hoje o principal construtor da paz, na qual devemos existir sem agressão".

Outro assessor da presidência ucrânia, Mikhaïlo Podoliak, comentou, porém, que "o Comitê do Nobel tem um entendimento interessante de 'paz' se representantes de dois países que atacam um 3º recebem juntos o Prêmio Nobel".

A organização Memorial, a maior em defesa dos direitos humanos na Rússia, recebeu a ordem de dissolução da Suprema Corte em dezembro de 2021.

Além de montar um centro de documentação sobre as vítimas do stalinismo, Memorial coleta e arquiva informações sobre a repressão e violações de direitos humanos na Rússia.

Logo após o anúncio do prêmio, a ONG denunciou o processo aberto contra ela na Rússia. "Enquanto o mundo inteiro nos parabeniza pelo Prêmio Nobel, está ocorrendo um processo no tribunal de Tverskoi [em Moscou]" contra o grupo, denunciou.

- "Poder da sociedade civil" -

A líder da oposição bielorrussa, Svetlana Tikhanovskaya, considerou no Twitter que "o prêmio é um importante reconhecimento para todos os bielorrussos que lutam pela liberdade e pela democracia".

Os premiados "demonstram o verdadeiro poder da sociedade civil na luta pela democracia", declarou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no Twitter.

No ano passado, o Nobel da Paz premiou dois jornalistas defensores da liberdade de expressão, a filipina Maria Ressa e o russo Dmitri Muratov, cujos respectivos meios de comunicação estão ameaçados.

O prêmio consiste em uma medalha de ouro, um diploma e uma quantia de 10 milhões de coroas suecas (cerca de 900.000 dólares) a serem divididos entre os vencedores.

Será entregue em uma cerimônia em Oslo em 10 de dezembro, aniversário da morte do criador dos prêmios, o inventor e filantropo sueco Alfred Noble, falecido em 1896.

É o único dos prêmios Nobel entregue em Oslo, já que os demais são concedidos em Estocolmo.

A temporada do Nobel deste ano terminará na próxima segunda-feira, com o anúncio do vencedor do prêmio de Economia.

Para Nahia Alkorta, a decisão de um comitê das Nações Unidas que determinou que ela havia sofrido violência obstétrica ao dar à luz seu primeiro filho foi um triunfo depois de uma década exigindo justiça.

Diagnosticada com estresse pós-traumático pelo que aconteceu em um hospital no norte da Espanha em 2012, Alkorta recorreu à ONU depois de falhar nos tribunais espanhóis.

O Comitê da ONU para a Eliminação da Discriminação contra a Mulher (CEDAW) estabeleceu em julho que ela sofreu intervenções injustificadas que constituíram violência obstétrica, incluindo uma cesariana sem consentimento, imobilização de seus braços e proibição de ser acompanhada por seu parceiro.

"Desde que a resolução da CEDAW saiu, mais de cem mulheres me contataram dizendo que isso também aconteceu com elas", afirma Alkorta, uma basca de 36 anos, à AFP.

É algo "que não se fala pela dor que gera, pela vergonha, pelo fato (de se pensar que) teria que ser assim", diz.

A decisão da CEDAW, para quem a violência obstétrica - um "fenômeno generalizado e sistemático" - é aquela "sofrida pelas mulheres durante o atendimento ao parto nos centros de saúde", pediu à Espanha que indenize Alkorta por danos físicos e psicológicos e garanta que os direitos reprodutivos das mulheres sejam respeitados nos sistemas de saúde e justiça.

Essa decisão veio em um momento em que ativistas na Europa buscam tornar visível a violência obstétrica, muitas vezes não reconhecida.

Algumas associações médicas até questionam a validade de se falar sobre violência obstétrica.

"As mulheres estão contando outra história", responde Alkorta.

- "Totalmente vendida" -

Pesadelos, insônia, memórias traumáticas... As consequências para Alkorta foram muitas após a provação que começou quando sua bolsa estourou com 38 semanas.

No hospital de San Sebastián, no País Basco (norte), ela recebeu ocitocina para induzir o parto sem explicação médica, apesar de estar tendo contrações.

Segundo ela, a equipe começou a ficar agressiva com suas perguntas.

No dia seguinte, os obstetras decidiram fazer uma cesariana, sem consultá-la e apesar de uma parteira garantir que o trabalho de parto estava progredindo.

"Falei para eles explicarem devagar, porque eu estava muito cansada, e a explicação era que eles iriam tirar a criança e que seriam 40 minutos e pronto", conta Alkorta, agora mãe de três filhos.

Com os braços amarrados, protocolo em alguns hospitais durante as cesarianas, e sem o marido, impedido de acompanhá-la, sentiu-se "totalmente vendida".

Só horas depois Alkorta conseguiu abraçar o filho, totalmente saudável.

Na Europa, as estatísticas sobre violência obstétrica são escassas, mas, segundo ativistas, as mulheres sofrem rotineiramente com a falta de informação, comportamento rude ou humilhante por parte do pessoal médico e, em alguns casos, práticas perigosas.

Uma iniciativa recente na Sérvia para "Acabar com a violência obstétrica" coletou 70.000 assinaturas em cinco dias.

Uma de suas demandas é que o Estado pague por um acompanhante na sala de parto, já que atualmente alguns hospitais públicos cobram para permitir sua presença.

De acordo com a petição, muitas mulheres na Sérvia sofrem insultos, humilhação e negligência médica.

Países como Espanha e Itália criaram observatórios de violência obstétrica, mas, segundo ativistas, poucos casos chegam aos tribunais.

"Muitas mães que sofreram partos traumáticos nos contactam, mas quase nenhuma delas acaba entrando com uma ação judicial", diz Nina Gelkova, da organização búlgara Rodilnitza.

- Consentimento e respeito -

Em sua defesa na CEDAW, a Espanha, que apoiou a justiça do país que absolveu o hospital, assegurou que não há partos "à la carte".

"Eu não estava procurando um parto à la carte, de jeito nenhum, procurava um tratamento humano e não recebi", responde Alkorta.

"Não sou contra intervenções que se justifiquem, salvam muitas vidas, mas o limite tem que ser sempre o consentimento e o respeito", frisa.

Francisca Fernández Guillén, advogada de Alkorta, explica que a equipe médica ou familiares podem minimizar as experiências traumáticas durante o parto.

"Às vezes, o casal ou a família aconselham a mulher a esquecer o que aconteceu", diz Fernández.

Mas a situação parece estar mudando.

O vice-presidente da Federação de Associações de Parteiras da Espanha (FAME), Daniel Morillas, indicou que em seus 16 anos de trabalho como assistente de parto ele testemunhou uma conscientização sobre os direitos das mães e seu papel ativo no parto, embora considere que ainda há um longo caminho a percorrer.

"A primeira coisa que temos que fazer para lutar contra a violência obstétrica é reconhecer sua existência", aponta.

Felizmente, muitos médicos e parteiras "perceberam que ela existe e estão tentando mudá-la", acrescenta.

A junta militar de Mianmar executou quatro prisioneiros, incluindo um ex-deputado do partido da ex-líder Aung San Suu Kyi, marcando a primeira aplicação da pena de morte no país em décadas - informou a imprensa estatal nesta segunda-feira (25).

Os quatro foram executados por liderarem "atos de terror brutais e desumanos", informou o jornal estatal "Global New Light of Mianmar".

De acordo com o veículo, as execuções aconteceram "sob o procedimento prisional", sem detalhar quando, ou como morreram.

A junta militar condenou dezenas de ativistas antigolpe à morte como parte de sua repressão à dissidência depois de tomar o poder no ano passado.

Os Estados Unidos condenaram as execuções, que incluíram um proeminente ativista pró-democracia.

"Condenamos a execução pelo regime militar de líderes pró-democracia e representantes eleitos por exercerem suas liberdades fundamentais", declarou a embaixada dos EUA em Yangon, em sua conta oficial no Twitter.

Já a ONG Human Rights Watch classificou as execuções como "um ato de extrema crueldade". A diretora da ONG para a Ásia, Elaine Pearson, pediu à comunidade internacional que "mostre à junta que haverá responsabilização por seus crimes".

Phyo Zeya Thaw, de 41, ex-parlamentar do partido Liga Nacional para a Democracia (NLD, na sigla em inglês) de Aung San Suu Kyi, foi preso em novembro passado e condenado à morte em janeiro deste ano por violar a lei antiterrorismo.

Este pioneiro do hip hop birmanês, cujas letras criticavam o Exército desde o início dos anos 2000, esteve detido em 2008 por pertencer a uma organização considerada ilegal no país e por posse de moeda estrangeira. Obteve uma cadeira como deputado nas eleições de 2015, durante a transição do regime militar para o civil.

A junta acusou-o de ter orquestrado vários ataques contra o regime, incluindo um contra um trem em agosto passado, em Yangon. Cinco policiais morreram.

Kyaw Min Yu, conhecido como "Jimmy" e um destacado ativista pró-democracia de 53 anos, recebeu a mesma sentença do tribunal militar. "Jimmy" era escritor e um opositor de longa data do Exército. Teve um papel importante na revolta estudantil de 1988 contra a junta militar da época. Foi preso em outubro e recebeu sua sentença em janeiro.

Os outros dois réus foram condenados à morte pelo assassinato de uma mulher que, segundo eles, era uma informante da junta em Yangon.

- 'Crimes vagos' -

A junta foi fortemente criticada pelas potências internacionais quando anunciou, no mês passado, sua intenção de realizar as execuções.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou a decisão, chamando-a de "flagrante violação do direito à vida, à liberdade e à segurança das pessoas".

A última execução capital em Mianmar remonta a 1988, de acordo com um relatório de especialistas da ONU divulgado em junho passado. O documento contabilizava 114 sentenças de morte desde o golpe de Estado.

Os especialistas destacaram que a lei marcial deu aos militares a possibilidade de decretar a pena de morte para 23 "crimes vagos e definidos de forma ampla" e, na prática, para qualquer crítica ao poder. Alertaram, ainda, que as execuções podem ser aceleradas, se a comunidade internacional não reagir.

As quatro execuções anunciadas na segunda-feira são "um ato escandaloso" que "criará ondas de impacto político, agora e por muito tempo", reagiu no Twitter Richard Horsey, especialista em Mianmar do International Crisis Group (ICG).

As execuções devem agravar o isolamento internacional dos militares birmaneses. A junta tomou o poder à força em 1º de fevereiro de 2021, sob o pretexto de suposta fraude nas eleições do ano anterior, nas quais a NLD teve uma vitória arrasadora.

Os militares continuam a impor uma repressão sangrenta contra seus oponentes. Segundo uma ONG local, são mais de 2.000 civis mortos e mais de 15.000 detidos desde o golpe. Entre os presos, está Aung San Suu Kyi, de 77 anos, ex-líder e ganhadora do Prêmio Nobel da Paz. Ela enfrenta várias acusações na Justiça, cujas sentenças, em seu conjunto, podem totalizar até 150 anos de prisão.

A ativista pró-democracia conhecida como "Vovó Wong" foi presa em Hong Kong nesta quarta-feira (13) por reunião ilegal.

Alexandra Wong, de 66 anos, junta-se a uma longa lista de ativistas presos como parte da repressão de Hong Kong a todos os dissidentes, lançada após grandes protestos pró-democracia em 2019.

Na terça-feira (12), Koo Sze-yiu, de 75, foi condenado a nove meses de prisão por sedição, apesar de sofrer de câncer terminal.

Wong é conhecida por sempre se manifestar com uma bandeira do Reino Unido, que, até 1997, tutelava Hong Kong como potência colonial, até ser devolvida à China.

A Promotoria acusou-a de ter participado de duas manifestações proibidas em 11 de agosto de 2019 e de ter gritado "palavras ofensivas".

As autoridades também estimaram que a bandeira brandida por ela e as palavras de ordem entoadas alimentaram essa reunião não autorizada.

A juíza Ada Yim condenou "Vovó Wong" a oito meses de prisão pela "magnitude" dos protestos e pela "desordem infligida à ordem social".

Um ato reuniu manifestantes na Lapa, região central do Rio, na tarde deste domingo (26), para pedir justiça pelas mortes do jornalista britânico Dom Phillips e o do indigenista Bruno Pereira, assassinados no Amazonas. O protesto reuniu cerca de 50 pessoas nos Arcos da Lapa, antigo aqueduto que é um dos cartões postais do Centro da capital fluminense.

Vestidos de verde e empunhando cartazes, os manifestantes lembraram as mortes de Dom e Bruno, do líder seringueiro Chico Mendes, assassinado no Acre na década de 1980, e pediram providências contra os crimes contra os povos indígenas.

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"Eu não aceito que outro jornalista como Dom morra, como aconteceu. Isso não pode se repetir", diz Victor Silva, jornalista freelancer.

A indígena Tereza Kaiowá lembrou que os povos indígenas estão sendo alvo de ataques na Amazônia e em outras regiões do País por causa de disputas por terra.

"Querem tirar nossos direitos aos nossos territórios. A não demarcação gera a criminalidade. Nós viemos fazer uma homenagem ao Dom e ao Bruno, mortos por defender a floresta", disse.

Os ativistas estenderam uma bandeira com os rostos de Dom e Bruno nos Arcos da Lapa e participaram de uma ação para protestar contra as mortes do jornalista, do indigenista e contra os crimes ambientais nas florestas do país.

Mais cedo neste domingo (26), familiares e amigos de Dom se reuniram no cemitério Parque da Colina, em Niterói, região metropolitana do Rio, para se despedir do jornalista.

O velório foi acompanhado pela família brasileira e britânica do jornalista, além de amigos e ativistas. Alessandra agradeceu ao empenho dos envolvidos nas buscas dos corpos do marido e do indigenista Bruno Pereira, à imprensa e aos povos indígenas.

Pereira e Phillips percorriam a região do Vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas. Pereira orientava moradores da região a denunciar irregularidades cometidas em reserva indígena e o jornalista estrangeiro acompanhava o trabalho para registrar em livro que pretendia escrever.

O caso do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira no Vale do Javari chamou atenção do mundo para a violência na Amazônia Legal, que é marcada pela ação de organizações criminosas e ausência do poder público. A ele se juntam episódios de violência na região, como os assassinatos da missionária americana Dorothy Stang, em fevereiro de 2005, e do ambientalista Chico Mendes, em dezembro de 1988, além de outros que não tiveram a mesma repercussão.

Para o historiador Ronilson Costa, coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o episódio no Vale do Javari expõe "o quanto o Estado está ausente na região e como não há uma presença que dialogue com as demandas dos povos tradicionais".

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Levantamento anual da CPT aponta que, somente no ano passado, ocorreram pelo menos 28 assassinatos por conflitos de terra. A maioria das vítimas é indígena. Rondônia é o Estado com maior número de assassinatos (11) em casos semelhantes no ano passado.

Em janeiro deste ano, uma família de ambientalistas foi assassinada em São Félix do Xingu, no sudeste do Pará. José Gomes, conhecido como Zé do Lago, sua mulher, Márcia Lisboa, e a filha adolescente do casal foram encontrados mortos na propriedade da família, onde desenvolviam trabalhos de proteção da floresta.

Em 2019, o colaborador da Fundação Nacional do Índio (Funai) Maxciel Pereira dos Santos foi morto a tiros em sua casa, no município de Tabatinga, no Amazonas. Ele fazia parte da Frente de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari e, assim como Pereira e Phillips, trabalhava no combate à extração de madeira, garimpo e pesca ilegais. O caso segue impune até hoje.

Ainda em 2019, Paulo Paulino Guajajara, guardião da floresta na Terra Indígena Araboia, no Maranhão, foi assassinado a tiros. Ele fazia parte de um grupo de segurança no território e era responsável por denunciar invasores, conforme informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

No ano anterior, Zezico Guajajara, outro líder que denunciava exploração ilegal de recursos na Terra Indígena Araboia, também foi morto a tiros.

Em 2017, dez trabalhadores sem-terra foram mortos por policiais militares na Fazenda Santa Lúcia, a 60 km do município de Pau D’Arco, no Pará. Os suspeitos foram presos em 2018. Meses depois, o líder do acampamento sem-terra, Rosenildo Pereira de Almeida, também foi assassinado.

VIOLÊNCIA

Fontes consultadas pelo Estadão apontaram que o avanço do desmatamento, da exploração de recursos naturais e de conflitos fundiários ajuda a compreender a dinâmica da violência na região. Outro fator seria a presença de facções de crime organizado, em constante disputa pelas rotas de tráfico de drogas.

O Brasil figura atualmente entre os líderes de um ranking elaborado pela ONG Global Witness que analisa os lugares mais perigosos para a atuação de defensores da terra e do meio ambiente. No ano passado, o País ocupou a quarta posição na lista em quantidade de ativistas da área vítimas de assassinatos.

O Reino Unido se esforça para exibir internacionalmente suas credenciais ambientais antes da próxima cúpula da ONU sobre a mudança climática em Glasgow, enquanto ao mesmo tempo procura lidar com os crescentes protestos de ambientalistas.

O grupo de desobediência civil Extinction Rebellion paralisou cidades e promete fazê-lo novamente em Glasgow no final do mês.

Nas últimas semanas, uma facção até então desconhecida, a Insulate Britain, bloqueou várias rodovias e estradas, levando a dezenas de detenções.

Na quarta-feira (6), o primeiro-ministro Boris Johnson os chamou de "incômodo" e aplaudiu sua ministra do Interior, Priti Patel, por promover "novos poderes para colocá-los na prisão, onde deveriam estar".

Seu governo afirma querer liderar a redução das emissões de carbono para limitar o aquecimento global, mas segue o exemplo da imprensa britânica conservadora, cada vez mais hostil aos ativistas, a quem chama de "ecomáfia" e "ambientaidiotas".

Os ativistas são acusados de arriscar vidas com suas táticas, que incluem grudar-se no asfalto e ficar sentado no meio do trânsito da hora do rush.

Na segunda-feira, a televisão mostrou uma motorista desesperada implorando para que a deixassem passar para seguir a ambulância que levava sua mãe ao hospital.

- Barbas e gorros de lã -

"Estamos arrasados com isso. Não saímos às ruas para impedir a passagem de ambulâncias", disse à AFP Tim Speers, de 36 anos, membro do Insulate Britain.

Originário do sudoeste da Inglaterra, ele está longe de ser a caricatura midiática de um "hippie", como Johnson o chamou, de barba e gorro de lã.

Bem barbeado e de fala rápida, este ex-jogador profissional de pôquer afirma ter deixado sua antiga vida para trás para lutar contra a mudança climática por meio da desobediência civil.

"Assim que fizerem uma declaração significativa de que começarão a trabalhar, de que alcançarão seus próprios objetivos, vou sair da estrada", garante. Mas "não posso ficar parado enquanto este governo falha completamente com os cidadãos que é obrigado a proteger".

Os britânicos têm uma longa história de protestos ambientais contra projetos de infraestruturas, como um desvio rodoviário no oeste da Inglaterra na década de 1990.

Um dos ativistas que então tentou bloquear a construção com um túnel sob a obra, Daniel Hooper, conhecido como "Swampy", reapareceu no início deste ano em outro protesto.

Ele foi julgado junto com outros ambientalistas, incluindo os filhos de um proprietário de terras e editor milionário, por tentar impedir a construção de uma linha férrea de alta velocidade.

O grupo passou dias entrincheirado em túneis extremamente estreitos que cavaram secretamente perto da estação ferroviária de Euston, no centro de Londres.

- "Não haverá amanhã" -

Na segunda-feira, Speers protestava em frente aos tribunais quando mais de 100 membros do grupo receberam ordens judiciais contra o bloqueio de estradas.

As suas origens são muito diversas, desde pais com seus filhos, a idosos ou membros do clero.

Janine Eagling, uma consultora de TI aposentada de 60 anos, explica que ingressou no Insulate Britain porque precisava agir com urgência.

"A situação está pior do que nunca. Estamos emitindo C02 como se não houvesse amanhã e, se continuarmos assim, literalmente não haverá amanhã", afirma.

Garantindo que não toleraria "eco-guerreiros, que atropelam nosso modo de vida e esgotam os recursos policiais", Patel anunciou na terça-feira novas medidas para enfrentar esses grupos.

"Atirar no mensageiro não destrói a mensagem: nosso país enfrenta o maior risco da história e nosso governo está falhando conosco", defendeu a Insulate Britain, que defende que todos os lares britânicos sejam ambientalmente eficientes.

Glasgow, com uma concentração planejada de 50.000 a 100.000 pessoas durante a cúpula, pode ser o cenário de um novo confronto.

A polícia da Escócia, que enviará cerca de 10.000 policiais por dia durante duas semanas, anunciou que facilitará manifestações pacíficas e permitirá "protestos ilegais até certo ponto".

Mas avisou que tomaria medidas "quando o protesto começar a afetar a capacidade de funcionamento da conferência".

O Facebook anunciou nesta quarta-feira que bloqueou as tentativas de hackers na China de espionar apoiadores da minoria uigur que vivem fora daquele país.

Um grupo de hackers com bons recursos na China dirigiu-se a centenas de ativistas, jornalistas e dissidentes uigures que vivem no exterior, tentando enganá-los para que clicassem em links contendo código malicioso, segundo a rede social. "Esse grupo usou táticas de espionagem cibernética para identificar seus alvos e infectar seus dispositivos com malware e poder vigiá-los", declararam o chefe de investigações de espionagem cibernética do Facebook, Mike Dvilyanski, e o chefe de políticas de segurança, Nathaniel Gleicher, em um blog. "Essa atividade tinha características de uma operação bem dotada de recursos e persistente."

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Os alvos principais eram uigures de Xinjiang (China) que vivem hoje em Austrália, Canadá, Cazaquistão, Síria, Turquia, Estados Unidos e outros países, apontou o Facebook. A campanha de espionagem consistia em atrair os alvos para sites hospedados fora da rede social, a partir dos quais poderiam ser introduzidos programas maliciosos em seus celulares, explicaram os executivos.

Os hackers criaram contas falsas no Facebook fingindo serem jornalistas, ativistas ou simpatizantes da comunidade uigur, para que pessoas afins se engajassem nas publicações. "A tática consistia em gerar confiança e, em seguida, usá-la para enganar os alvos", assinalou Gleicher.

Vários veteranos da luta pró-democracia em Hong Kong, processados pela organização de uma das maiores manifestações de 2019, denunciaram nesta terça-feira (16) um processo "político" na abertura de seu julgamento, sinal da repressão implacável em curso na região chinesa.

Entre os nove réus estão personalidades respeitadas da luta pelas liberdades na ex-colônia britânica, defensores da não violência que se mobilizam há décadas para o estabelecimento do sufrágio universal.

Um dos mais conhecidos é o advogado Martin Lee, de 82 anos, que décadas atrás foi escolhido por Pequim para redigir a Lei Fundamental (Basic Law), texto que funciona como uma miniconstituição na região.

Também dignos de nota são a ex-deputada da oposição Margaret Ng, uma advogada de 73 anos, e o magnata da mídia Jimmy Lai, atualmente em prisão preventiva por vários casos no âmbito da lei de segurança nacional imposta por Pequim no final de junho de 2020.

Alguns deles são membros da Frente Civil pelos Direitos Humanos (CHRF), a coalizão que organizou os gigantescos protestos de 2019, quando a cidade viveu sua pior crise política desde sua devolução à China em 1997, com mobilizações quase diárias.

Quando os réus entraram no tribunal nesta terça, vários ativistas fizeram uma saudação com três dedos, um gesto que se tornou um símbolo da luta contra o autoritarismo na Ásia.

"Reunir-se não é crime! Abaixo a perseguição política!", gritou Leung Kwok-hung, um ativista apelidado de "Cabelo Comprido", um dos nove acusados, que já passou pela prisão por sua participação nas manifestações.

O grupo, que pode pegar até cinco anos de detenção, está sendo julgado por organizar uma manifestação não autorizada em agosto de 2019, a segunda maior em sete meses de protestos.

Naquele dia, os organizadores informaram que 1,7 milhão de manifestantes haviam participado, representando quase um quarto da população de Hong Kong. Este número não pôde ser verificado com fontes independentes.

Durante horas, a grande manifestação percorreu as ruas do centro de Hong Kong.

No início do julgamento, que deve durar cerca de dez dias, todos os acusados, menos dois, se declararam inocentes.

Au Nok-hin, ex-chefe da CHRF, se declarou culpado de organizar e participar de uma manifestação não autorizada.

O uso dessa qualificação há muito é denunciado em Hong Kong por associações de direitos humanos.

Nesta terça, os promotores acusaram os réus de desafiar as instruções da polícia, incentivando as multidões a se manifestarem, interrompendo o trânsito na cidade.

A popularidade do movimento ficou evidente nas urnas com o triunfo da oposição nas eleições locais de novembro de 2019.

Mas no início de 2020 o movimento perdeu força devido às restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus e pelas milhares de prisões.

Os manifestantes não conquistaram nada do que reivindicavam, exceto que a polêmica lei de extradição que desencadeou os protestos fosse retirada.

Em 2020, as autoridades chinesas reforçaram o controle sobre a região, principalmente por meio da lei de segurança nacional imposta em junho.

As manifestações estão proibidas e as autoridades, a pretexto da pandemia, adiaram por um ano as eleições legislativas em que a oposição partia como favorita.

Um grupo de ativistas da causa animal protestou nesta quinta-feira (28), em frente ao Hospital Veterinário do Recife, localizado na Zona Oeste da capital pernambucana. Segundo afirmam, os tutores que procuram a unidade para que seus pets sejam atendidos estão enfrentando várias dificuldades.

Os ativistas afirmam que falta material para curativo, equipe para dar suporte a demanda e os tutores precisam chegar de madrugada no hospital se quiserem que os cães e gatos passem por exames.

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Cibele Silva, 45 anos, uma das ativistas que reivindicam por melhorias no Hospital Veterinário, aponta que alguns animais que precisam passar por uma cirurgia de emergência têm que esperar ao menos três meses para conseguir. 

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"Na nova gestão nos foi prometido que não tirariam a equipe médica de veterinários e apenas três, por motivo pessoal, foram desligados. Gostaríamos de saber o porquê dessa alteração, uma vez que os profissionais realmente abraçam a causa", diz Cibele.

A ativista reforça que nesta última quarta-feira (27), alguns veterinários precisaram pedir materiais básicos necessários para curativos dos animais e pagaram os produtos com dinheiro próprio.

O LeiaJá solicitou posicionamento da Secretaria Executiva dos Direitos dos Animais (Seda) do Recife, mas até a publicação desta matéria não respondeu as perguntas enviadas. O espaço permanece aberto para a Seda se manifestar.

Em nota, a Universidade de Pernambuco (UPE) afirmou rejeitar os atos promovidos no domingo (16) em frente ao Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), na Encruzilhada, Zona Norte do Recife. A unidade foi cercada por manifestantes, que tentaram invadir o local à força onde hostilizaram a menina de dez anos que estava grávida após ter sido estuprada pelo tio no Espírito Santo e a equipe médica responsável pela interrupção legal de sua gestação. 

“Esperamos que os envolvidos respondam legalmente ao artigo 331 do Código Penal, que define como crime ‘desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela’, com pena prevista de ‘detenção, de seis meses a dois anos, ou multa’, bem como descumprir decreto do governo estadual quanto a obrigatoriedade de uso de máscaras em locais públicos, com previsão de multa”, diz a UPE. 

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A Universidade ainda acrescentou que o Cisam, que é administrado pela UPE, é centro de referência para casos de aborto com amparo na legislação brasileira. “Repudiamos fortemente atos políticos e religiosos que vão de encontro a determinações legais, bem com estimulam aglomeração e confusão em frente a uma unidade hospitalar e seu serviço de emergência obstétrica, com evidente desrespeito ao hospital e seus pacientes. Questionamentos legais devem ser feitos ao poder judiciário, e não a profissionais em cumprimento de seu dever” de acordo com nota publicada pela instituição. 

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