Especialistas projetam novo 'fôlego' para economia em 2018

Para o professor do departamento de economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Rafael Costa Lima, a "luz no fim do túnel" também dependerá do desfecho das eleições em outubro

por Giselly Santos qua, 10/01/2018 - 15:37
Agência Brasil/Arquivo A influência da pauta econômica na disputa pelo comando do país é evidente Agência Brasil/Arquivo

Já foi constatado que economia e política andam lado a lado no Brasil, isso ficou em evidência com a crise que atingiu severamente os dois setores nos últimos anos. Apesar disso, especialistas consideram que 2018 será decisivo para ambas as áreas, visto que a economia começou a se recuperar da recessão e em outubro está marcada as eleições presidenciais, primeira depois que o presidente Michel Temer (MDB) assumiu a titularidade do país com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). 

“Este ano a economia vai ter algum fôlego. Uma luz no fim do túnel. Isso deve se refletir no aumento da arrecadação modesta do governo e é algo que ajuda bastante”, analisou o professor do departamento de economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Rafael Costa Lima. Segundo o estudioso, a conjuntura econômica já dá sinais de recuperação, inclusive, com a queda do desemprego que atingia 13,5 milhões de brasileiros em junho e em novembro caiu para 12,7 milhões. 

Mesmo assim o economista também considerou que com o advento das eleições há a possibilidade de os investidores aguardarem o resultado do pleito, que, segundo ele, implicará no ambiente econômico e na previsão de rentabilidade do país.

“O desfecho dessa eleição está totalmente em aberto o que gera imprevisibilidade para a economia. Diria que uma parte dos pré-candidatos falam em continuidade da política econômica de Temer, mas o próprio Lula já está defendendo bandeiras diferentes. Caso ele seja eleito pode representar uma ruptura significativa, em termo de política econômica. Mas quem for eleito dificilmente terá força para desfazer as reformas feitas por Temer, por exemplo”, opinou Rafael Costa Lima. 

Ao tratar das reformas protagonizadas por Temer, o especialista também pontuou a importância político-econômica da aprovação da revisão das regras previdenciárias do país.  O assunto tem data marcada para entrar na pauta da Câmara dos Deputados, 19 de fevereiro, e ainda passará pelo Senado.

“Vai gerar uma maior previsibilidade do equilíbrio das contas públicas. Isso vai, no horizonte de médio prazo, sinalizar que o Governo Federal dificilmente vai ter que mudar muita coisa para honrar seus compromissos. Se não for aprovada não vai restar saída para os próximos governos, a não ser aumentar impostos, o que é uma piora no horizonte da economia. É um desestímulo para a atividade econômica”, argumentou, mesmo sem querer fazer previsões sobre o andamento da proposta. 

Já quanto a influência internacional na economia brasileira, o estudioso disse que os países não devem firmar acordos de comércio com o país até o fim do governo Temer, uma vez que o presidente não prezou pelo bom relacionamento exterior. “O foco da atuação de Temer não tem sido de estabelecer vínculos com outros países. Politicamente, no plano internacional, a questão do impeachment foi uma coisa que não ficou bem esclarecida. Isso transpareceu claramente em diversas reuniões que o presidente Temer foi representar o Brasil. Líderes de outros países não estão propensos a firmar acordo duradouros com o presidente Temer”, advertiu. 

Caminho econômico nas eleições

A influência da pauta econômica na disputa pelo comando do país é evidente. O professor da UFPE acredita que o “MDB deve trabalhar silenciosamente para se manter relevante na política nacional”, caso a recuperação financeira tenha uma concretização mais intensa durante o último ano da gestão de Temer. Reforçando a tese de que a legenda peemedebista pode lançar um nome para a corrida, excluindo a possibilidade de alianças.

Por outro lado, os demais nomes que se confirmarem na eleição vão nortear a pauta econômica que defenderão pelos seus campos políticos. “O centro-direita vai defender a continuidade das reformas, ajuste fiscal, controle das despesas e o legado dessa retomada de crescimento. A esquerda vai se posicionar contrário ao que houve, dizendo que foi um desmonte de conquistas pretéritas e sinalizar para uma recomposição do que foi feito no passado”, observou o PhD em economia, Maurício Romão. “Isso é perigoso, pois pode prometer e não cumprir. A esquerda vai ter dificuldade de discurso. Na hora da política mesmo, do vamos ver, aí eles terão dificuldades”, acrescentou. 

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