PGR pretende investigar vídeo de Gleisi ao mundo árabe

Durante o vídeo, que rendeu a hashtag #GleisiTerrorista como um dos assuntos mais comentados do Twitter desde essa quarta-feira (18), a senadora afirma que Lula é um 'preso político' e convida o mundo árabe para defender a liberdade do ex-presidente

por Giselly Santos qui, 19/04/2018 - 09:14

A mensagem da presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), ao mundo árabe sobre a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não foi encarada de forma positiva por alguns setores da sociedade e políticos. Um reflexo disso, foram os pedidos recebidos pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para abrir uma investigação sobre a ligação petista árabes e palestinos. Com isso, a PGR decidiu instaurar um procedimento preliminar para analisar a possibilidade de abrir inquérito sobre um vídeo gravado  para a TV Al-Jazira.

A instauração da notícia fato, primeiro passo antes de um inquérito ter andamento, foi determinada pela titular da Secretaria Penal da PGR, subprocuradora Raquel Branquinho.Entre os pedidos de investigação, um ofício foi enviado à Procuradoria pelo deputado Major Olimpio (PSL-SP).

Durante o vídeo, que rendeu a hashtag #GleisiTerrorista como um dos assuntos mais comentados do Twitter desde essa quarta-feira (18), a senadora afirma que Lula é um “preso político” e convida o mundo árabe para defender a liberdade do ex-presidente. 

“Lula foi condenado por juízes parciais num processo ilegal. Não há nenhuma prova de culpa, apenas acusações falsas”, afirma Gleisi. “Lula é um grande amigo do mundo árabe. Ao longo da história, o Brasil recebeu milhões de árabes e palestinos, mas Lula foi o único presidente que visitou o Oriente Médio”, pontua em outro trecho da gravação. 

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Reação de senadores

No plenário do Senado, o senador José Medeiros (PSD-MT) lamentou a gravação da presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), à rede de TV catari Al-Jazeera. Ele disse que interpretou a fala da parlamentar em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como "um recado muito estranho" e que "espera que o PT não queira transformar um país pacífico em zona de guerra".

"O Brasil é um país amigo do mundo árabe. Nós temos respeito por todas as religiões; agora, nós também somos um país que não tem contato com nenhum radicalismo, com nenhum fundamentalismo. E foi muito estranho o vídeo que a Senadora fez. Pareceu-me muito um recado subliminar. A quem era dirigido aquilo?", questionou.

O senador Magno Malta também comentou que sabe que os senadores do PT "conhecem a Constituição e sabem onde é que está o nosso limite", mas disse que pessoalmente "tem medo" que o vídeo seja interpretado de maneira equivocada.

"A Senadora Gleisi não é louca de ter dado aquela entrevista à Al Jazeera, incitando o ISIS, incitando qualquer tipo de grupo terrorista, para que venha ao Brasil, fazer um terrorismo maior do que aquele que o MST está fazendo nas fazendas do Brasil, achando que, com isso, vai intimidar o Poder Público, vai intimidar o Supremo Tribunal Federal, vai intimidar o Ministério Público Federal... Não vai", disse.

"O meu medo pessoal é que eles entendam que estão pedindo auxílio para uma reação. Para uma reação. Esse é medo pessoal. Meu. Esse é medo meu. Agora, sei perfeitamente que a Senadora, que é presidente de um partido e que conhece a Constituição brasileira, sabe exatamente o que a Constituição determina", completou Malta.

Em defesa da postura da correligionária, o senador Lindbergh  Farias (RJ) argumentou que a TV Al Jazeera é uma das maiores do mundo. "Sabe quem deu entrevista lá? (Barack) Obama, Presidente dos Estados Unidos. Repercussão em todo mundo, porque a TV Al Jazeera atinge cem países. A Senadora Gleisi está falando para as TVs do mundo inteiro. Quando fala para TV da Europa ninguém reclama. Para TV norte-americana... Agora, para TV Árabe, falando de uma campanha de solidariedade ao Presidente Lula, sabem o que começam a dizer? Estão falando em Estado Islâmico. Gente, sabem qual é o nome disso? Xenofobia, preconceito. Vocês estão achando que por ser árabe é terrorista, é fundamentalista", disse Lindbergh.

*Com a Agência Estado

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