Boulos diz que não pratica demagogia ao defender o MTST

Para o pré-candidato do PSOL à Presidência da República, 'um sintoma da sociedade brasileira, do abismo ético que nós estamos, é que a solidariedade seja criminalizada e tratada como demagogia, triste isso inclusive'

por Giselly Santos qua, 20/06/2018 - 09:36
Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo O psolista integra o MTST desde 2002 Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo

Pré-candidato do PSOL à Presidência da República, o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos disse que não pratica demagogia ao defender a causa dos sem teto. Ao ser questionado por um jornalista da IstoÉ sobre o fato de ter estudado na Universidade de São Paulo (USP) e ser filho de médicos conceituados e professores da instituição, o presidenciável disse que “não é demagogo” ser solidário com o sofrimento de quem não tem casa e morar em um acampamento sem teto.

“Tem uma coisa que alguns podem chamar de demagogia, mas que há muito tempo as pessoas chamaram de solidariedade, que é você ter a capacidade de sentir uma dor que não é sua, um sofrimento que você não passa. Não sei se você já teve essa oportunidade. Ninguém precisa ter fome para se sensibilizar com quem passa fome, ninguém precisa não ter casa para lutar por alguém que não tem casa”, argumentou Boulos, que integra o MTST desde 2002. 

Para o psolista, “um sintoma da sociedade brasileira, do abismo ético que nós estamos, é que a solidariedade seja criminalizada e tratada como demagogia, triste isso inclusive”. Boulos ainda fez uma recomendação ao que intitulam a causa dele como demagogia: visitar um acampamento do MTST. 

“Quem sabe possam se sensibilizar. Um problema que temos hoje é a perda da capacidade das pessoas de se indignarem. A pobreza, a miséria e o sofrimento virou quase parte da paisagem, virou invisível, as pessoas perderam a capacidade de se indignar com isso. Eu, felizmente, não perdi essa capacidade e me dediquei, nos últimos 16, a lutar ao lado das pessoas que precisam de casa”, frisou o presidenciável. 

Guilherme Boulos já havia se manifestado sobre esse assunto quando veio do Recife, em maio. Na ocasião, ele disse que não ia esconder "de jeito nenhum" o fato de participar há 16 anos do MTST e ponderou que a campanha deste ano servirá para "quebrar preconceitos" de que "quem ocupa é vagabundo".

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