Wyllys: "Tenho consciência do legado que estou deixando"

Em carta à Executiva do Psol, o deputado falou que chegou ao seu limite

por Taciana Carvalho sab, 26/01/2019 - 13:12
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Em carta direcionada à Executiva do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), que será lida neste sábado (26), durante reunião da legenda, o deputado federal Jean Wyllys (Psol) disse ter consciência do legado que deixou ao país, mas que com “profundo pesar” não tomaria posse para o cargo no qual foi reeleito porque chegou ao seu limite. 

“Tenho consciência do legado que estou deixando ao partido e ao Brasil, especialmente no que diz respeito às chamadas “pautas identitárias” (na verdade, as reivindicações de minorias sociais, sexuais e étnicas por cidadania plena e estima social) e de vanguarda, que estão contidas nos projetos que apresentei e nas bandeiras que defendo. Conto com vocês para darem continuidade a essa luta no Parlamento”, ressaltou. 

O deputado também falou que sua vida estava “pela metade” por conta das difamações e ameaças de morte que, segundo ele, foram intensificadas nos últimos três anos. 

No texto, entre outros pontos, o psolista expôs que não podia fazer coisas simples e que, praticamente, só saia de casa para cumprir agendas de trabalho. Ele disse que se sentia “constrangido” por ter que ir escoltado pela polícia a festas e praias, por exemplo. “Aos amigos, costumava dizer que estava em cárcere privado ou prisão domiciliar sem ter cometido nenhum crime”. 

“Esta semana, em que tive convicção de que não poderia – para minha saúde física e emocional e de minha família – continuar a viver de maneira precária e pela metade, foi a semana em que notícias começaram a desnudar o planejamento cruel e inaceitável da brutal execução de nossa companheira e minha amiga Marielle Franco. Vejam, companheiras e companheiros, estamos falando de sicários que vivem no Rio de Janeiro, estado onde moro, que assassinaram uma companheira de lutas, e que mantém ligações estreitas com pessoas que se opõem publicamente às minhas bandeiras e até mesmo à própria existência de pessoas LGBT”, acrescentou.

O parlamentar ainda ressaltou que “o Brasil nunca foi terra segura para LGBTs nem para os defensores de direitos humanos, e agora o cenário piorou muito. Quero reencontrar a tranquilidade que está numa vida sem as palavras medo, risco, ameaça, calúnias, insultos, insegurança. Redescobri essa vida no recesso parlamentar, fora do país. E estou certo de preciso disso por mais tempo, para continuar vivo e me fortalecer”.

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