Popularizada com o nome de ‘tatuagem’, a técnica de marcar o corpo com desenhos e símbolos, entre outros elementos, é uma prática que acompanha toda a história da humanidade. Presente nas mais diferentes culturas e tradições, desde os tempos antes de Cristo, esse tipo de modificação corporal transcendeu limites políticos e sociais e hoje está inserida nas mais diversas esferas da sociedade, desde as camadas mais pobres às mais abastadas.
Porém, apesar de popularizada e aceita socialmente enquanto expressão artística na maioria dos espaços hoje em dia, a tatuagem continua esbarrando em alguns padrões coloniais e eurocêntricos que acabam por limitar seu acesso à determinada parte da população. Para as pessoas pretas, a decisão de marcar o próprio corpo com uma tatuagem vai muito além da vontade do indivíduo de tatuar-se, passando por aspectos como raça, racismo e branquitude, preceitos que ainda costumam dinamizar diferentes práticas no nosso cotidiano.
##RECOMENDA##
A falta de representatividade e informação sobre tatuagem em peles pretas começa na pouca ou nenhuma ocorrência de pessoas negras nos feeds de tatuadores, sites e revistas do segmento, e segue por um caminho de (pré)conceitos estabelecidos pelo senso comum que pregam a ideia de que tattoos só ficam bonitas em peles brancas e claras. Para o tatuador pernambucano Anderson Lopes, também um homem preto, isso não passa de uma ideia racista e preconceituosa: “Tatuagem é para todo mundo.”, afirma durante entrevista ao LeiaJá.
Anderson tatua há uma década e tem como especialidades os estilos fineline e o realismo. Em seu estúdio, localizado no bairro de Casa Amarela, Zona Norte do Recife, ele procura atuar não só como tatuador, mas também como agente multiplicador de informação, aliando ao trabalho com as tintas e agulhas a função de esclarecer dúvidas e desconstruir mitos. “Tatuagem em pele negra fica bom sim, mas a falta de conhecimento das pessoas e a falta da escolha de um bom profissional acaba atrapalhando”.
[@#video#@]
O tatuador costuma compartilhar seus trabalhos em peles pretas pelas redes sociais a fim de que esse público se veja representado. Além disso, ele também faz publicações informativas desmistificando o preconceito e dando dicas de cuidados antes e pós-tatuagem que ajudam a garantir o sucesso da tattoo. Segundo o profissional, não há grandes diferenças entre tatuar uma pele branca e uma pele preta, muito embora elas possam comportar-se de maneiras distintas na hora de receber os pigmentos.
O resultado da tatuagem na pele preta vai depender de alguns fatores como a escolha de um profissional capacitado, que faça uso de tintas de qualidade e equipamentos seguros, além de outros, como por exemplo, o estudo da pigmentação da tinta, do local do corpo onde o desenho será feito e do sombreamento. “A tinta (quando entra) vai pra melanina e fica abaixo dessa camada, que é como se fosse uma película, então, quanto mais melanina mais escura a cor do pigmento fica. Em peles muito escuras os tons acabam não ficando muito destacados mas isso não quer dizer que você não pode ser tatuado. Eu indico tons sombreados. Com um estilo de cor sombreado você consegue deixar uma tatuagem boa.”, explica Lopes.
Cortesia
Já em relação aos cuidados pós-tattoo, esses são os mesmos para qualquer tipo de pele. É importante se proteger do sol, evitar banhos de piscina e mar, e manter a região bem hidratada até que ocorra a cicatrização. “A tatuagem é um ferimento, então, é necessário cuidar, passar uma pomada, hidratar, beber bastante água. Depois que cicatrizar, basta usar protetor solar, hidratante, ela vai ficar sempre viva e bonita”, ensina o tatuador.
Tatto para todos
A luta pelo fim do racismo no mundo da tatuagem vem ganhando adeptos em todo o país há algum tempo. Nas redes sociais, é possível encontrar perfis de profissionais especializados em pele preta que, além de compartilharem suas artes, também disseminam conhecimento formando uma rede colaborativa e informativa. Perfis como o @pretosas - que mapeia tatuadoras mulheres e indígenas pelo Brasil -, e o do tatuador aposentado soteropolitano Finho, criador do projeto #pelepretatatuada, somam forças aos de profissionais como o pernambucano Anderson Lopes na luta pela descolonização das práticas da tatuagem no país.
Uma das integrantes da equipe do estúdio de Anderson, a body piercer Carla Moana, complementa a discussão apontando a falta de referências no segmento: “Precisamos destruir essa cultura. Sobretudo aqui no Nordeste, as pessoas aqui não têm a pele clara como as que moram na Europa. É importante trazer essas informações para essas pessoas que têm tanto medo de se tatuar”.
[@#podcast#@]
A profissional lembra ainda que, para além do apelo estético das tattoos, essas também funcionam como ferramenta de autoestima, pertencimento e afirmação. Sentimentos que não podem nem devem ser limitados a determinada parcela da população, sobretudo em virtude de sua raça e cor de pele. “É uma questão estrutural. Esse racismo que sempre coloca que o negro é menor, que ele não pode ... Precisamos trazer essas informações pra mostrar que essas ideias são pura maldade”.
Rodrigo Mussi começou a recobrar a consciência na última sexta-feira (15). O irmão dele, Diego, utilizou as redes sociais para falar sobre o estado de saúde do gerente comercial.
"Hoje, o Rod está bastante agitado, oscilando entre momentos de realidade e de confusão. O processo de extubação continua e nosso guerreiro está indo muito bem", disse.
##RECOMENDA##
"Aguardemos o retorno do gigante. Vem Rod", emendou no post.
Estão disponíveis, até a próxima sexta-feira (7), as inscrições para o curso gratuito “Clássicos em Psicologia & Morte”. O evento é promovido pelo Laboratório de Estudos da Autoconsciência, Consciência, Cognição de Alta Ordem e Self (Laccos) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
O curso tem carga de 40 horas e busca abordar aspectos psicológicos da morte e do morrer a partir da visão de autores e textos clássicos da psicologia. De acordo com a UFPE, a qualificação terá encontros quinzenais, nas segundas e quartas-feiras, de maio a julho deste ano, sempre no horário das 13 às 16h.
##RECOMENDA##
Na programação, serão realizados debates reflexivos, leituras de literaturas, apresentação de seminários e desenvolvimento de texto autoral. Os interessados devem se inscrever pelo e-mail secretarialaccos@gmail.com.
As aulas ocorrerão na sede do Laccos, no Campus Recife da UFPE. O endereço é Avenida Professor Moraes Rego, 1235, no bairro da Cidade Universitária.
Em uma série de publicações feitas no fim dessa sexta-feira (20), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) minimizou o preconceito racial no Brasil e tentou equiparar o sofrimento entre as raças que compõem o povo brasileiro. Um dia antes, um homem negro foi espancado até a morte por seguranças de uma loja do Carrefour, no Rio Grande do Sul.
Nos últimos minutos do Dia Nacional da Consciência Negra, o presidente - que já deu declarações racistas e atacou quilombolas - mostrou que, além de não saber sobre a disparidade social sofrida pelo negro brasileiro, não detém conhecimento sobre o Daltonismo, distúrbio que interfere na percepção das cores primárias, nem sempre em todas, e atinge cerca de oito mil brasileiros. "Sou daltônico: todos têm a mesma cor. Não existe uma cor de pele melhor do que as outras", escreveu.
##RECOMENDA##
Mesmo diante de repetidos casos envolvendo racismo estrutural no país, que geralmente acabam com negros mortos ou amontoados em presídio, ele indica que a violência é vivenciada igualmente no Brasil. "Não adianta dividir o sofrimento do povo brasileiro em grupos. Problemas como o da violência são vivenciados por todos, de todas as formas, seja um pai ou uma mãe que perde o filho, seja um caso de violência doméstica, seja um morador de uma área dominada pelo crime organizado", comparou.
Na visão do presidente, a "luta por igualdade" e a "justiça social" são métodos "mascarados" para dividir a população, em troca de poder. "Existem diversos interesses para que se criem tensões entre nosso próprio povo [...] e há quem se beneficie politicamente", acusa.
No entendimento de Bolsonaro, o lugar da luta por representatividade e avanços na pauta antirracista, por meio de manifestaçõesé no lixo. "Aqueles que instigam o povo à discórdia, fabricando e promovendo conflitos, atentam não somente contra a nação, mas contra nossa própria história. Quem prega isso, está no lugar errado. Seu lugar é no lixo!", afirmou.
Em uma postagem que devia exaltar o negro e criticar os impactos que o preconceito gera aos brasileiros, Bolsonaro optou em distanciar o holofote da questão racial. "Temos, sim, os nossos problemas, problemas esses muito mais complexos e que vão além de questões raciais. O grande mal do país continua sendo a corrução moral, política e econômica. Os que negam este fato ajudam a perpetuá-lo", complementou.
Enquanto alguns artistas estão apresentando lives cada vez mais elaboradas e produzidas, o grupo Racionais MC’s recusou um generoso contrato para fazer uma delas. Os rappers não toparam se apresentar em uma live, que lhes renderia um cachê de R$ 100 mil, para não descumprir as normas de isolamento social que são necessárias para evitar o contágio do novo coronavírus.
Em entrevista ao podcast N3gócio que eu quero, a empresária do grupo, Eliane Dias, explicou que os artistas estão prezando muito pela sua segurança e de sua equipe. “Eu não tenho nem o que discutir. Se todo mundo quer Racionais e Racionais não quer fazer… Por N motivos: estão muito tristes com o que está acontecendo, estão inseguros com a questão da quebra do isolamento, de estarem num lugar com oito, dez pessoas”.
Apesar de estarem temporariamente parados, em respeito à quarentena, o grupo conta com uma agenda extensa para o segundo semestre de 2020. Os rappers têm shows marcados para Curitiba, Rio de Janeiro, Brasília, Minas Gerais e São Paulo. Ainda não se sabe se as datas serão alteradas por conta da pandemia do novo coronavírus.
Em alusão ao Dia da Consciência Negra, o Espaço Cultural Nossa Biblioteca está realizando diversas atividades, entre elas rodas de conversas, jogos teatrais adaptados para treinamento corporal do teatro negro, jogo de tabuleiro humano, que ajudará a exemplificar de forma didática a história da escravidão no Brasil, exercícios teatrais e outros. A temática do evento é toda voltada para o universo cultural africano, origens, religiosidade e costumes.
A programação começou no dia 4 e vai até o dia 23 deste mês, no espaço cultural localizado na avenida 25 de Junho, no bairro do Guamá, em Belém.
##RECOMENDA##
Victor Ramos, um dos colaboradores do Espaço Cultural, falou um pouco sobre a importância do evento. “Não é chegar e dizer o que eles têm que fazer ou como têm que agir. A gente cria um encantamento nos jovens. Tentamos passar como a diversidade é bonita, para que eles comecem a se valorizar. A maioria dos alunos são negros e já sofreram ou sofrem com o preconceito. E a gente tem essa responsabilidade social de conversar com eles e dizer que não são eles que estão errados, e sim as pessoas que os desrespeitam e agem com preconceito”, explicou o colaborador.
O mês da consciência negra contará também com apresentação narrativa de origem afro-indígena e danças folclóricas de origem africana, cuja a ideia é o resgate a ancestralidade. As apresentações ocorrerão no dia 23 de novembro em uma atividade denominada “Rua de leitura”.
Um dos participantes, o aluno Geisel Damasceno está há sete anos no espaço cultural. “Para mim está sendo incrível participar dessa programação, me sinto de alguma forma importante. É bom trabalhar para aumentar a autoestima e a representatividade das crianças e jovens dos bairros periféricos, que são a maioria negros”, destacou o aluno.
O público presente e os moradores das proximidades também poderão interagir com os alunos, que farão um programa fictício para entrevistá-los e saber o que as pessoas conhecem e entendem a respeito do dia da consciência negra. Uma data que simboliza uma história de luta e resistência.
Serviço
Evento: Mês da Consciência Negra.
Data: 4 a 23 de novembro. Horário: Durante todo o dia.
Lar dos Inválidos, Campinas, 1973. Em uma cama, no canto do quarto de um pavilhão no térreo, há um homem negro de cabelos e barbas brancas. Ele amou três mulheres, três cidades, publicou quatro livros, fundou companhias teatrais e movimentos sociais, excursionou pela Europa e ainda assim está deitado na cama de um asilo, a menos de um ano do momento em que morrerá ou, em suas palavras, tornar-se-á “cantiga determinadamente” e nunca terá “tempo para morrer”. Francisco Solano Trindade deixou sua trajetória de sucesso como os personagens de seus escritos: à margem do mercado, em luta permanente. Escritor, pintor, ator, dramaturgo e folclorista, Solano- em todas as linguagens- abordou a luta do povo negro pela igualdade, a partir de uma estética acessível à compreensão popular e, nesse sentido, tornou-se um pioneiro na arte brasileira. No Dia da Consciência Negra, o LeiaJá relembra a vida do homem que se imortalizou como o primeiro poeta brasileiro “assumidamente” negro.
Em seus escritos autobiográficos, Solano Trindade descreve suas memórias de garoto. Filho do sapateiro Manuel Abílio Trindade e da quituteira Emerenciana, o poeta nasceu no Recife, no dia 24 de julho de 1908, em cujo centro urbano recebeu suas primeiras aulas de poesia. Morador do Pátio do Terço, um dos lugares de resistência mais emblemáticos para a memória afro-brasileira em Pernambuco, Solano conviveu desde cedo com a Igreja de Nossa Senhora do Terço, o Bloco de Samba Turma do Saberé e o terreiro da famosa ialorixá Maria de Lourdes da Silva, conhecida como Badia, uma das figuras centrais do xangô pernambucano. Do burburinho do cotidiano urbano, o artista tirou suas primeiras lições de poesia. “É doce, é doce/o abacaxi/ é doce, é doce/ e é barato [...] Eram os pregões que ele ouvia no bairro de São José”, lembra Raquel Trindade, a falecida filha do poeta e espécie de herdeira artística, no documentário “Solano Trindade, 100 Anos", dirigido por Alessandro Guedes e Helder Vieira.
Militante desde os anos 1960, Inaldete Andrade frisa que Solano era uma de suas poucas referências negras no período. (Júlio Gomes/LeiaJáImagens)
“Raquel nasceu no Recife, saiu e voltou, mas não soube identificar a casa em que ele nasceu. Também fomos visitar, Badia, que não tinha maiores informações, mas penso que aquele bairro não é o mesmo em que Solano nasceu, em termos de arquitetura, pois ele veio ao mundo em uma casa muito pobre”, comenta a escritora Inaldete Andrade. Ativista do movimento negro em Pernambuco desde 1969, Inaldete encantou-se pela obra de Solano ainda em sua primeira reunião na militância, por intermédio de um colega, João Batista Ferreira. “Ele chegou dizendo que recitaria uma poesia de uma poeta negro pernambucano que conheceu em São Paulo, Solano Trindade. O Ferreira, como o chamávamos, explicou que Solano havia saído do Recife porque não obteve muita aceitação no Estado. Ele nunca escreveu isso, essas eram nossas deduções”, frisa.
As memórias de Inaldete com o movimento remontam a um período de poucas referências negras no mundo da cultura e das artes. “Essa divulgação dos artistas negros é recente. Inicialmente, éramos considerados ‘racistas ao contrário’, a imprensa pernambucana também não nos recebeu bem, mas pouco a pouco fomos encontrando espaços. Solano dava essa contribuição enquanto poeta, porque a gente tinha a necessidade de divulgar um nome nosso onde íamos”, afirma.
Filha de criação de Badia, Maria Lúcia indica que Solano morou na casa de número 152 da Rua Vidal de Negreiros, atualmente uma loja, no Centro do Recife. (Chico Peixoto/LeiaJáImagens)
A reportagem do LeiaJá foi à casa de Badia, oficialmente conhecida como Casa das Tias, na Rua Vidal de Negreiros, Pátio do Terço. Falecida em julho de 1991, a ialorixá deixou o imóvel aos cuidados de sua prima e filha de criação, Maria Lúcia Soares dos Santos. “Não tenho muito o que falar sobre Solano, só sei que eles foram vizinhos e que ele era frequentador daqui, Badia sempre comentava que ele tinha morado nessa casa da frente, mas teve que ir embora. Os dois tinham relação de amizade, mas ela morreu sem revê-lo”, lembra Maria Lúcia. Na casa em que teria morado Solano Trindade, agora funciona uma loja de variedades, sem placas ou quaisquer outras referências ao escritor. Curiosamente, foi o Pátio de São Pedro o local escolhido pela Prefeitura do Recife para receber uma estátua em homenagem a Solano.
No interior de casa, Maria Lúcia, contudo, ainda conserva um boneco gigante de Solano e outro de Badia, entregues pela Prefeitura. “Há três anos eles podem ser vistos desfilando na Noite dos Tambores Silenciosos”, acrescenta.
O ano era 1937 quando cinco rapazes até então desconhecidos fundaram a Frente Negra Pernambucana, co-irmã da Frente Negra Pelotense. Gerson Monteiro de Lima, José Melo de Albuquerque, José Vicente Rodrigues Lima, Miguel Barros Mulato e Solano Trindade, que reunira estatísticas da época, verificando a quase completa ausência de negros nos cursos superiores. “Na década de 1930, o racismo era velado. Os brasileiros nunca admitiram que eram racistas, escravocratas e que ainda são. Depois da abolição, que não foi bem aceita por muita gente, as primeiras frentes negras surgiram para reivindicar inclusão para essa população, que segue sem muitas oportunidades”, explica a professora do departamento de história da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Giselda Brito.
Seduzido pelo ideal de igualdade que permeava sua luta no movimento negro, Solano também aderiu ao comunismo, justamente em uma conjuntura de avanço das teorias fascistas em todo o mundo. “Depois da Revolução Russa, em 1917, o mundo capitalista passou a temer a expansão desse processo. No Brasil, o integralismo ficou conhecido como fascismo brasileiro, embora os membros desse movimento preferissem ser chamados de nacionalistas, devido ao aparecimento dos crimes de guerra de Hitler. Como diria (Eric) Hobsbawm, o século XX é o século do fascismo”, completa Brito. Geralmente homens brancos e de alto poder aquisitivo, os integralistas estavam aglutinados por uma forte orientação anticomunista. “Vestiam um fardamento verde, tinham milícia e um movimento de massa”, descreve a professora.
Aos 29 anos, Solano Trindade participou da fundação da Frente Negra Pernambucana. (Arquivo Nacional/Acervo)
Em nota publicada pelo Diario de Pernambuco no dia 10 de maio de 1944, a respeito da retirada dos clubes e associações de negros do triângulo paulista devido a uma suposta solicitação do Sindicato dos Lojistas da região, Solano reagiu: “Isso é um atentado contra a melhor conquista da civilização brasileira”, acrescentando, segundo o jornal, acreditar que se estava usando “a técnica fascista para dividir os brasileiros”. Na ocasião Solano discursava como presidente do Centro de Cultura Afro-brasileiro, por ele criado.
Trindade já havia morado em Belo Horizonte (MG) e Pelotas (RS), no ano de 1940, e lançado seus dois primeiros livros, Poemas Negros (1936) e Poemas de uma vida simples (1944), quando foi preso pelo Estado Novo, em função de suas crenças comunistas. “Minha mãe procurou por ele em diversas detenções, por dias, e sempre ouvia que ele não estava naquele local. Em um deles, ela insistiu e um militar confirmou a presença dele”, conta Godiva Trindade, filha de Solano. No poema confessional “Rio”, o poeta dá a pista de onde foi encontrado: Rua da Relação, na capital fluminense. “Apreenderam muitos livros dele, mas ele não sofreu maus tratos”, continua Godiva.
Bem relacionado, o pernambucano chegou a ser acobertado pela amiga e atriz Ruth de Souza, primeira dama negra do teatro brasileiro, que o escondeu em sua própria casa. O suplício, segundo Godiva, não se compararia, no entanto, ao trauma familiar sofrido em 1964, durante o governo de Castelo Branco, na ditadura militar. “Ele perdeu um filho e eu meu irmão: Francisco Solano Trindade Filho. À epoca, ele servia ao exército e foi chamado a se apresentar ao exército, ao qual servia, através de uma ligação feita para nossa casa às cinco horas da manhã”, lembra Godiva. Aos 18 anos, Solano Filho se despedia pela última vez de sua família. “O que voltou foi o corpo dele, morto. O exército alegou que ele foi vítima de um acidente”, lamenta.
Corporação Warner-Elektra-Atlantic insistiu pela liberação do poema "Trem Sujo de Leopoldina". (Arquivo Nacional/Acervo)
Abatido, o poeta ainda voltaria a sentir o amargor da censura. Em 1973, seus poemas “Mulher Barriguda” e “Trem sujo da Leopoldina” foram musicados por João Ricardo, um dos membros da banda Secos & Molhados, que contava ainda com o cantor Ney Matogrosso e o músico Gérson Conrad. Ao contrário da primeira, a segunda música teve sua divulgação impedida pela Divisão de Censura e Diversões Públicas (DCDP) e não pôde integrar o disco Secos & Molhados, um dos mais icônicos da música popular brasileira. Em 1979, a corporação Warner-Elektra-Atlantic voltou a requerer a liberação da letra, conforme consta em documento atualmente armazenado pelo Arquivo Nacional. Desta vez, a música foi liberada e então lançada pelos Secos & Molhados em conjunto com seu videoclipe oficial, com exclusividade no programa Fantástico, da Rede Globo.
O professor da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Muniz Sodré, uma das maiores referências nacionais em sua área, é um entusiasta da obra de Solano. “‘Trem sujo da Leopoldina’ é uma poesia de ritmo, movimento, que você pode cantar e até dançar. Poesia não é significado, é sentido, porque ela desestabiliza e escandaliza a linguagem. Você não vai confiar na poesia para um mensagem de ordem prática, mas o grande poeta é o que faz da linguagem uma festa, onde ele dança e orquestra”, coloca. Pela junção desta característica a seu engajamento político, Solano é associado por Sodré a Vladimir Maiakovski. “Um grande poeta da revolução russa, ao mesmo tempo propagandista dela. A propaganda visa objetivos de convencimento e persuasão, mexer com a consciência, o coração do outro, então as palavras têm que ser mais diretas”, prossegue. Assim, a poesia, na visão de Sodré, não se faz apenas com a subversão das palavras. “Mas pelo encantamento das aliterações, pela movimentação forte das palavras e pelas inflexões de espírito. Solano era isso. Maiakóvski era isso”, conclui.
Sem a sofisticação de Ferreira Gullar ou Manuel Bandeira, Solano ginga com as palavras para conquistar seu leitor. “A poesia dele é ritmo, aliteração, assonância e impacto, para trazer o que era o coração dele. Um propósito de libertação do homem negro. Ele sabia que a abolição não tinha realmente abolido a forma social onde a escravidão estava instalada, então queria libertar o negro”, acrescenta Sodré.
Solano atuando em cena do filme "A hora e a vez de Augusto Matraga" (1965), do diretor Roberto Santos. (A hora e a vez de Augusto Matraga/Reprodução)
Durante sua estadia no Rio de Janeiro, Solano fundou o Teatro Popular Brasileiro, em parceria com a companheira Margarida Trindade e o sociólogo Edison Carneiro. Em um artigo do Diario de Pernambuco de 1952, o escritor é lembrado como figura cativa do Café Vermelhinho, reduto da intelectualidade carioca da época. “Surge Solano Trindade, sempre de talão de cobrança em punho, lutando com unhas e dentes para pagar a sala do serviço nacional do teatro, onde seu ‘Teatro Folclórico" ensaia números de candomble, xango, ‘pontos’ e ‘macumbas’. Esse negrinho humilde e incansável nunca se humilha quando se trata de ‘implorar quase’ para manter seu teatro de pé, pagar as despesas, deixar tudo em ordem. Por isso não se espantem quando o virem de talão em punho, perguntando com aquela sua voz analasada: ‘você pode pagar hoje?”’, descreve o cronista.
Composto por operários e estudantes, o elenco do Teatro Popular, contudo, adotou uma postura bem diferente da resignada atitude atribuída a Solano pelo jornal. Com muito esforço, o projeto circulou pela Europa, divulgando expressões populares como o côco de umbigada, o jongo, o maracatu e as festas de xangô. “Na verdade, o Teatro Popular Brasileiro era uma ideia. Quando meu avô morreu, o nome mudou para Teatro Popular Solano Trindade. Nos anos 1980, Raquel Trindade conseguiu construir, em Embu das Artes (SP), um espaço para 400 pessoas, com palco de mais de 40m², dois andares de plateia, dois banheiros, dois camarins e uma sala de aula especial”, relata o músico e neto de Solano, Vitor Trindade, atual presidente do Teatro Solano Trindade.
O Teatro Solano Trindade é uma das muitas heranças deixadas por Solano ao município de Embu das Artes, na região metropolitana de São Paulo. “O Sakai do Embu, mestre da terracota, falou para o Assis, que era negro, que tinha conhecido o Solano na capital e que ele era uma grande entendedor de cultura afro-brasileira. Dessa forma, o Solano foi convidado a vir ao Embu e se encantou pelo lugar, passando a morar aqui”, conta a artista plástica Tônia do Embu, discípula de Sakai. Para Tônia, a presença de Trindade transformaria para sempre a cidade. “Nossa cultura era muito jesuítica e indígena, não tínhamos conhecimento das danças, cores e comidas negras. Quando o Solano veio para cá, o Embu virou uma cidade festiva, graças aos eventos que ele organizava no Largo da Matriz. Isso atraía muitos visitantes paulistanos”, conta.
No Embu, Solano mergulhou em uma antiga paixão. Aproveitando o bom fluxo de turistas na cidade, passou a exercitar sua pintura, classificada por alguns artistas como naïf, isto é, a arte produzida por autodidatas, com traços originais. “Em outros momentos, dava a impressão de ser expressionista ou ainda abstrato. Aqui no Embu há um nicho de arte popular enorme e o Solano não escapou disso. Suas temáticas sempre traziam cenas de bumba-meu-boi, maracatu e candomblé”, comenta Tônia. Segundo a escultura, as dificuldades financeiras enfrentadas pelos artistas na cidade, àquela época, eram enormes. “A gente dependia dos turistas, porque a cidade era muito pobre e pequena, mas o Solano sempre foi muito cercado de amor, carinho, as pessoas ajudavam. Além disso, com assinatura dele, seus quadros vendiam muito. No Museu Afro-brasileiro, em São Paulo, há um quadro dele exposto”, afirma.
Após a morte de seu pai, Raquel Trindade inaugurou o Teatro Solano Trindade, no Embu das Artes. (Prefeitura de Embu das Artes/divulgação)
Com bisnetos, netos e filhos vivendo na cidade, o escritor segue sendo bastante declamado no município. “O Teatro Solano Trindade tem muitos problemas na relação com a construção física, mas mantemos as atividades, oferecendo aulas de dança, percussão e capoeira”, informa Vitor Trindade. Com o terreno em comodato e sob administração da família Trindade, o teatro aguarda verbas para reforma. “Temos um projeto de R$ 20 mil para conserto do telhado, com um dinheiro que viria da prefeitura. Vamos ver se isso se torna realidade”, finaliza.
“Pesquisar na fonte de origem e devolver ao povo em forma de arte”. A mais célebre frase de Solano Trindade, tomada como lema pelo Teatro Popular Brasileiro, denota a essência de seu trabalho: mergulhar fundo na história dos afro-brasileiros para transmitir-lhes uma mensagem clara e acessível, capaz de propagandear uma causa comum. Por isso, nada de termos rebuscados ou construções complexas. Com seus versos diretos, rimados e ritmados, Solano talvez tenha sido o primeiro rapper da poesia brasileira. “Ele já usava termos como ‘mano’ e ‘salve’, para ser acessível. Não buscava uma linguagem acadêmica, porque o acesso à literatura sempre foi restrito à elite. Além disso, lançar e comprar livros era muito caro”, opina o bisneto de Solano, Zinho Trindade, que gosta de se definir como “artista multimídia”, trabalhando, dentre outras linguagens, com o rap.
Zinho recita o bisavô, Solano, diante de sua estátua, no Pátio de São Pedro, Centro do Recife. (Marília Parente/LeiaJá Imagens)
Zinho lembra que seu pai, Vitor Trindade, gravou um disco inteiro, o “Ossé” (2015), com poemas de Solano musicados. “São textos vivos até hoje, fáceis de musicar, em diversos ritmos. Não sei se isso foi proposital, mas ele era um cara que pensava muito à frente de seu tempo”, completa.
Com apenas 16 anos, a poeta Bione acaba de iniciar sua carreira no rap, através de sua mixtape “Sai da Frente”, apresentada em novembro deste ano. “Comecei a escrever poesia marginal aos 13 anos de idade, porque comecei a reparar em problemas sociais como o racismo, o machismo e a LGBTfobia. Só escrevia porque queria desabafar”, lembra. Em 2018, a jovem representou Pernambuco no Slam das Minas Brasil, um dos principais eventos de poesia do país. “A luta de Solano valeu a pena, é um estímulo para a gente. Se tinha gente resistindo naquela época, posso fazer o mesmo hoje; se ele perdeu um filho na ditadura, muitas mães pretas perdem os seus o tempo inteiro para a polícia militar. Então é importante que a gente esteja aqui para reproduzir o que ele fazia, mas de uma maneira mais atualizada, porque o fascismo também está se atualizando. É importante ser essa semente de Solano”, finaliza.
Em carta direcionada à Executiva do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), que será lida neste sábado (26), durante reunião da legenda, o deputado federal Jean Wyllys (Psol) disse ter consciência do legado que deixou ao país, mas que com “profundo pesar” não tomaria posse para o cargo no qual foi reeleito porque chegou ao seu limite.
“Tenho consciência do legado que estou deixando ao partido e ao Brasil, especialmente no que diz respeito às chamadas “pautas identitárias” (na verdade, as reivindicações de minorias sociais, sexuais e étnicas por cidadania plena e estima social) e de vanguarda, que estão contidas nos projetos que apresentei e nas bandeiras que defendo. Conto com vocês para darem continuidade a essa luta no Parlamento”, ressaltou.
##RECOMENDA##
O deputado também falou que sua vida estava “pela metade” por conta das difamações e ameaças de morte que, segundo ele, foram intensificadas nos últimos três anos.
No texto, entre outros pontos, o psolista expôs que não podia fazer coisas simples e que, praticamente, só saia de casa para cumprir agendas de trabalho. Ele disse que se sentia “constrangido” por ter que ir escoltado pela polícia a festas e praias, por exemplo. “Aos amigos, costumava dizer que estava em cárcere privado ou prisão domiciliar sem ter cometido nenhum crime”.
“Esta semana, em que tive convicção de que não poderia – para minha saúde física e emocional e de minha família – continuar a viver de maneira precária e pela metade, foi a semana em que notícias começaram a desnudar o planejamento cruel e inaceitável da brutal execução de nossa companheira e minha amiga Marielle Franco. Vejam, companheiras e companheiros, estamos falando de sicários que vivem no Rio de Janeiro, estado onde moro, que assassinaram uma companheira de lutas, e que mantém ligações estreitas com pessoas que se opõem publicamente às minhas bandeiras e até mesmo à própria existência de pessoas LGBT”, acrescentou.
O parlamentar ainda ressaltou que “o Brasil nunca foi terra segura para LGBTs nem para os defensores de direitos humanos, e agora o cenário piorou muito. Quero reencontrar a tranquilidade que está numa vida sem as palavras medo, risco, ameaça, calúnias, insultos, insegurança. Redescobri essa vida no recesso parlamentar, fora do país. E estou certo de preciso disso por mais tempo, para continuar vivo e me fortalecer”.
Em tempos de ódio gratuito, diga-se de passagem em situações da vida real e cibernética, agradecer é um grande passo para o autoconhecimento. Cultivar o poder do 'fazer o bem sem olhar a quem' amplia a prática de se colocar no lugar de outra pessoa, mostrando que a capacidade de ajudar será um dos fatores para ter uma mente sem culpa.
Para celebrar o Dia da Gratidão, neste domingo (6), o LeiaJá separou sete filmes com mensagens de reflexão e que transmitem verdadeiras lições de vida.
Instalada dentro da loja FitGrão, no bairro do Parnamirim, Zona Norte do Recife, a Demodê, brechó e loja colaborativa, quer inovar o mercado com opções de peças plus size e sem gênero. O local também pretende firmar um compromisso com a filosofia de moda consciente.
Nas araras, os clientes poderão encontrar peças voltadas para os tamanhos plus, além daquelas que podem ser usadas tanto por homens quanto por mulheres. O objetivo é estimular a moda cíclica e, também, aquela que prega o consumo inteligente.
##RECOMENDA##
Além disso, a loja também vai expor marcas locais de acessórios e roupas, como Lunar Jóias, Azulerde e Nefasta. A Demodê abre suas portas de segunda a sexta e, eventualmente, aos sábados.
A vitória do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) ainda divide opiniões e dúvidas, principalmente quando se trata de como será o governo do militar da reserva. Em entrevista concedida ao LeiaJá, nesta segunda-feira (17), a vereadora do Recife Irmã Aimée Carvalho (PSB) comentou o resultado da eleição definindo como “uma quebra de paradigmas” o triunfo de Bolsonaro.
“A vitória do presidente Bolsonaro representa uma quebra de paradigmas e quer nos dizer muitas diferentes coisas. Uma delas é que, me parece, há um novo modelo de campanha eleitoral. O presidente eleito viu a sua popularidade crescer, principalmente, entre jovens eleitores, por meio das redes sociais. As campanhas caríssimas, os gastos excessivos com materiais descartáveis parecem estar chegando ao fim”, declarou.
##RECOMENDA##
Aimée também falou que a campanha deste ano despertou o interesse do eleitor por propostas de mudanças, o que seria muito importante. “Despertou a consciência política de muitos cidadãos e cidadãs. Espero que o presidente Bolsonaro consiga viabilizar as suas propostas e fazer um governo alinhado com o desejo de mudança de cada brasileiro”, complementou.
Da ala dos conservadores, a parlamentar também defende uma das principais bandeiras de Bolsonaro: o projeto denominado “Escola sem Partido”. Na Câmara Municipal do Recife, ela é autora da proposta 01/2018, que visa instituir o projeto em âmbito municipal.
Aimée Carvalho ressalta que o tema é delicado e que precisa ser bem discutido, mas garante que, caso aprovado, todos os lados serão beneficiados. “Seja esquerda ou direita, alunos, pais e professores. Os pais e responsáveis por crianças e adolescentes não querem ver as escolas doutrinando seus filhos. Escola é lugar de aprendizagem, não de doutrinação política e ideológica. Em 2019, este será um importante debate em pauta em diferentes ambientes. Há uma discussão no Supremo Tribunal Federal, o Congresso também está debatendo projetos neste sentido e o presidente eleito já demonstrou total interesse em viabilizar a proposta no âmbito federal”, relembrou.
Durante a entrevista, a vereadora ainda falou sobre a perspectiva para mais um ano de trabalho. Ela frisou que 2019 será um ano de muitos desafios e que o momento é de fazer mais com menos, além de estar próximo da população. “Eu tenho percebido neste meu segundo mandato que a Câmara tem sido mais sensível as demandas da população. É uma aproximação que pode ser notada, inclusive, pelo número maior de pessoas que tem acompanhado as nossas sessões”.
Para celebrar o mês da Consciência Negra, novembro, a Terça Negra - evento voltado para a cultura afro realizado no Pátio de São Pedro, no centro do Recife -, terá edições especiais. Durante todas as semanas do mês, o Pátio recebe artistas para promover um verdadeiro desfile de tradições e celebrações de matriz africana.
A programação conta com nomes consagrados como o Mestre Zé Negão e a banda Lamento Negro, além de artistas do Hip Hop e capoeira. No dia 20, o dia em que se celebra a Consciência Negra, o Pátio será tomado durante toda a terça com atividades que vão de exibições de filmes, oficinas, contação de história e shows.
##RECOMENDA##
Programação
Dia 13
Terça Negra
19h – Capoeira
20h – Coletivo Hip Hop Camaragibe
21h – Mestre Zé Negão
22h – Encantaria
Dia 20 – Dia da Consciência Negra
9h às 18h - Feira Afroempreendedora e serviços de saúde (distribuição de preservativos, aferição de pressão e glicemia, vacinação, teste rápido de sífilis, hepatite e HIV, Reiki e auriculoterapia)
9h - Oficina de Dança Afro com Paulo Queiroz
10h – Contação de história – Roma Julia
10h – Olha! Recife – Bairro de Santo Antônio
11h20 às 12h – Microfone aberto
14h às 15h – Microfone aberto
15h – Roda de diálogo o sobre o Papel do Hip Hop no fortalecimento da identidade da população negra, com Zé Brown e Jouse Barata
17h – Maracatu Linda Flor
18h – Espetáculo Tereza
Casa do Carnaval
14h30 - Oficina Juventude Participa
Memorial Chico Science
14h – Exibição de filmes que abordam a questão racial – UNEGRO
Núcleo da Cultura Afro-brasileira
15h - Oficina sobre cuidados com o Cabelo crespo e cacheado e maquiagem – Félix Oliveira
A designer curitibana Elisa Serra Negra decidiu revolucionar a moda para montar uma ação sem barreiras. Responsável por uma empresa que confecciona camisetas femininas, Elisa teve a ideia de convidar crianças autistas da cidade de Lavras, em Minas Gerais, na intenção de que elas explorassem a imaginação através da arte.
Lançada recentemente, a coleção "Street Art", da camisaria feminina "Sui Generis", recebeu pinturas dos convidados ilustres. A ideia dos desenhos partiu do sobrinho Pedro, autista, que sempre gostou de fazer. "Quero que as peças tenham uma história para contar. O diferencial da marca, além do vestuário, é trazer questões como responsabilidade social, comércio justo e qualidade", contou a empreendedora.
##RECOMENDA##
As peças que forem adquiridas pelo site terão uma quantia destinada a Associação Contato, que luta para que haja uma melhoria no atendimento de crianças com autismo. O projeto receberá da marca o valor de 5% das vendas. "A associação promove diversas capacitações e eventos apropriados para autistas e suas famílias com o objetivo de buscar, junto à prefeitura da cidade, um atendimento especializado e de qualidade para promover a inclusão escolar", explica Elisa.
Como forma de arrecadar dinheiro para realizar ações do Coletivo de Juventude Negra do Centro de Estudos e Defesa do Negro no Pará (Cedenpa), a festa AFROnto é também reconhecida pelas pessoas como um ato político. Na última segunda-feira (20), Dia da Consciência Negra, o evento realizou sua edição de um ano, na Casa Cultura e Bar do Jamaica, localizado na Praça do Carmo, na Cidade Velha.
##RECOMENDA##
Criado a partir da necessidade de produzir festas e proporcionar à comunidade negra um espaço de valorização da cultura negra e periférica, por meio da música, arte, representatividade e resistência, o AFROnto reúne jovens negros da cidade. "Tivemos a ideia de fazer o AFROnto porque temos muita carência de festa preta na cidade, então a gente pensou em fazer uma festa de preto para preto pra contemplar todo mundo. A gente reúne Djs, cantores, produtores pretos em uma festa", explica a coordenadora do evento, Gabriela Ribeiro.
Emerson Caldas, 19, estudante, avalia o AFROnto como uma boa iniciativa, enfatizando que o evento é uma forma de fortalecimento para pessoas negras. "As festas em Belém têm um público majoritariamente branco, e as pessoas negras em determinados locais, como boates e casas de festas, são geralmente marginalizadas ou hostilizadas. Não é apenas violência física, muitas vezes é um olhar ou um tratamento. Festa como o AFROnto é um fortalecimento para pessoas negras", enfatizou Emerson.
Durante o evento, o estudante de Artes Visuais Isaias Machado grafitou um desenho em alusão ao Dia da Consciência Negra, homenageando o último líder do Quilombo de Palmares, Zumbi dos Palmares, e a mulher dele, a também líder Dandara. "Eu tentei mostrar não só Zumbi, mas também uma mulher que sempre esteve junto dele. Às vezes quando falamos do negro a gente só coloca homens pretos na frente da história, e é bom lembrar que existem mulheres à frente também. Dandara é um exemplo disso", contou Isaias.
O cantor e ator Jeff Moraes se apresentou no evento e enfatizou a importância do evento como uma ocupação de um espaço público por jovens negros que têm a sua cultura e cor marginalizados pela sociedade. "O AFROnto pra mim é um ato político, muito além de ser uma festa, porque é uma ocupação preta em um espaço público. Ocupamos o bar, mas olha só a rua ocupada por arte e gente preta", enfatizou Jeff. "A gente tem a nossa música, arte e cor sendo marginalizadas pelas instituições e pela sociedade, então o AFROnto pra mim é uma afronta a essa sociedade racista, pra essa sociedade que tenta embranquecer Belém do Pará, porque aqui reafirmamos que Belém é uma cidade de gente preta", completou. Veja vídeo abaixo.
Um homem de 35 anos que estava em estado vegetativo há 15 anos apresentou sinais de consciência, inclusive derramou lágrimas, após receber um implante feito para estimular seu sistema nervoso.
O experimento, realizado na cidade de Lyon, na França, em 2016, foi divulgado nesta segunda-feira (25) na revista científica "Current Biology" e contradiz a medicina que diz que um paciente não tem esperanças de retomar a consciência depois de 12 meses em estado vegetativo, segundo os autores do estudo.
##RECOMENDA##
O francês foi diagnosticado com danos cerebrais graves, em coma profundo, após sofrer um acidente de carro em 2001. Os estimuladores foram implantados para estimular o chamado nervo vago (ENV), que liga o cérebro a praticamente todos os órgãos vitais do corpo humano.
De acordo com o estudo, o ENV pode auxiliar na restauração da consciência de pacientes que estão há anos em estado vegetativo.
Com o experimento, o homem mostrou melhoras significativas em termos de atenção, movimento e atividade cerebral. "Estimulando o nervo vago, mostramos que é possível melhorar a presença de um paciente no mundo", disse uma das autoras da pesquisa, Angela Sirigu, do Instituto de Ciências Cognitivas Marc Jeannerod.
Durante todo o dia e a noite, o paciente recebeu estímulos de 30 hertz em ciclos de 30 segundos, seguidos de cinco minutos de descanso. A intensidade foi aumentada progressivamente. O gerado de impulsos elétricos foi implantado sob a clavícula.
O paciente ainda foi capaz de abrir os olhos e mover a cabeça. No entanto, apesar dos bons resultados, o tratamento não devolveu ao homem seu estado original de consciência, mas, por sua vez, o estado vegetativo foi mudado para "um estado de consciência mínima", segundo exames cerebrais.
Os cientistas agora estão planejando um grande estudo para confirmar e ampliar o potencial terapêutico da ENV para pacientes em estado vegetativo ou de consciência mínima.
A Universidade da Amazônia (Unama) realizou nos dias 15 e 16 de maio o primeiro Fórum de Inclusão, no campus Alcindo Cacela. O evento “Ser Inclusivo: Tornando direitos em práticas cotidianas” foi promovido pelo Núcleo de Atendimento ao Educando Especial (NAEE) e contou com uma programação voltada para minicursos em sala de aula sobre a iniciação em Libras, especificidades das deficiências, elaboração de materiais adaptáveis para pessoas especiais, acessibilidade e outros temas.
O objetivo do fórum foi discutir a diversidade social e os direitos fundamentais voltados para a igualdade e coparticipação de toda a sociedade. Durante o evento, a vice-reitora da Unama, Betânia Fidalgo, entregou o prêmio de melhor aluna para Karlena Magno, estudante de Arquitetura e Urbanismo. A estudante, que foi homenageada, é deficiente auditiva e faz acompanhamento através do NAEE da instituição.
##RECOMENDA##
Para a acadêmica do 7° semestre de Pedagogia Mayara Sena, que participou de um minicurso sobre Atendimento Educacional Especializado (AEE), é muito importante garantir os direitos dos alunos que possuem algum tipo de deficiência. “Essa questão da integração desses alunos com deficiência na sociedade e saber assegurar que eles têm direitos que devem ser cumpridos e estou muito satisfeita de estar em uma universidade que promove um evento tão especial como este”, contou.
O Atendimento Educacional Especializado (AEE) é um serviço da educação especial que identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem qualquer barreira de inclusão, tornando plena a participação de todos os alunos, considerando suas necessidades específicas.
O papa Francisco apelou nesta quarta-feira (5) à consciência de todos os que tenham "responsabilidade política" perante o último "inaceitável" massacre ocorrido na cidade de Khan Shijun, no norte da Síria, onde houve 72 mortos, sendo 20 crianças
"Assistimos horrorizados aos últimos episódios na Síria. Expresso minha firme reprovação pelo inaceitável massacre que aconteceu ontem na província de Idlib, onde foram assassinadas dezenas de pessoas inocentes, entre elas muitas crianças", afirmou Francisco, ao término da audiência geral na Praça de São Pedro.
##RECOMENDA##
As informações são da agência de notícias EFE. O papa disse que rezou pelas vítimas e seus parentes e apelou "às consciências de todos os que têm responsabilidade política em nível local e internacional para o término desta tragédia e alivie a esta população há tanto tempo exausta pela guerra".
Também pediu que, "apesar da insegurança e dos problemas, que se esforcem por fazer chegar ajuda aos moradores da região". O papa Francisco se referia ao suposto ataque químico que aconteceu ontem na cidade de Khan Shijun e no qual morreram 72 pessoas, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos.
A escola Avertano Rocha, localizada no distrito de Icoaraci, realizou na sexta-feira (18) uma variada programação de atividades em homenagem ao Dia da Consciência Negra. Os alunos que compareceram à escola tiveram a oportunidade de participar de atividades de dança, maquiagem, grafitagem, cinema etc.
De acordo com o diretor da escola Avertano Rocha, Adaelson Santos, a Universidade da Amazônia colaborou de forma significativa nas diversas atividades do colégio. “A Unama surge como parceira muito importante. Nós tivemos o primeiro contato no primeiro semestre; a Unama veio para dentro da escola contribuindo para o desenvolvimento de algumas oficinas voltadas para a formação docente e experiência de aprendizagem dos nossos alunos”, disse o professor, ressaltando que, entre as atividades mais importantes, as oficinas e feiras vocacionais foram as principais.
##RECOMENDA##
O professor Odmar Melo destaca os efeitos positivos que os projetos pedagógicos e a sala de aula causam nos alunos. “Despertam nos nossos alunos o senso crítico, protagonismo juvenil, interesse pela escola, o gostar de aprender. E, a partir disso, eles começam a se enquadrar num perfil de interesse maior na escola”, afirma o professor, que garante: “Eles (estudantes), a família e a escola ganham. É um ganho geral”.
Aluna do primeiro ano da Avertano Rocha, Adria Sousa reforça a importância da conscientização do assunto. “O negro não é só o escravo, como era visto antigamente. E sim, são pessoas, humanos que podem ser valorizadas”, conclui.
Agora a Escola Avertano Rocha inicia a contagem regressiva para a abertura dos jogos internos, previstos para começarem no dia 2 de dezembro. A expectativa é de que mais de cinco mil alunos estejam presentes no evento.
Prince perdeu a consciência durante uma refeição em um voo no qual retornava para casa após um show, de acordo com o primeiro testemunho público sobre a crise de saúde do ícone da música pop seis dias antes de sua morte.
O episódio, que aconteceu no dia 15 de abril, forçou um pouso não previsto para que o artista fosse levado a um hospital.
##RECOMENDA##
[@#video#@]
Judith Hill, que trabalhou com Prince nos últimos dois anos, afirmou em uma entrevista ao jornal New York Times que ambos conversavam durante um jantar no voo entre Atlanta e Minneapolis.
Hill, de 32 anos, viu como "seus olhos ficaram fixos" antes de perder a consciência, pouco depois de uma da manhã.
"Felizmente, eu estava olhando para seu rosto", disse, ao explicar que percebeu que Prince estava inconsciente, e não dormindo.
Hill e Kirk Johnson, assessor e amigo do cantor, o único outro passageiro no voo, tentaram reanimar, sem sucesso, Prince, que tinha 57 anos.
Os dois alertaram o piloto, que se comunicou com a torre de controle de Chicago para notificar a situação.
"Sabíamos que era questão de tempo, que deveríamos retirá-lo do avião", disse Hill ao jornal.
"Não tínhamos nada a bordo que pudesse ajudá-lo".
O avião pousou em Moline, Illinois, e uma ambulância já estava na pista.
Prince foi reanimado com uma injeção de Narcan, um medicamento utilizado para tratar overdoses com opiáceos, segundo o jornal. O artista foi levado para um hospital, no qual permaneceu internado por várias horas.
Publicamente, Prince atribuiu o pouso de emergência a uma gripe.
Apesar de uma resistência inicial a procurar ajuda depois do susto, Prince se submeteu a exames clínicos com um médico local e entrou em contato com um especialista da Califórnia, afirma o NYT.
"Ele fez isto porque estava preocupado e queria fazer a coisa certa para seu próprio corpo. E isto é o que parte meu coração, porque ele estava tentando. Estava tentando", disse Hill.
Prince foi encontrado morto em 21 de abril em sua mansão de Paisley Park. Sua morte foi classificada como uma overdose acidental com fentanyl, um poderoso opiáceo utilizado para tratar dores severas.
O artista havia passado por uma cirurgia no quadril em 2010. No entanto, parecia saudável e era conhecido pelos show de várias horas.
Hill disse que apesar da relação próxima com Prince, ela não tinha ideia das dores que o artista sofria e considerou as circunstâncias de sua morte como "muito chocantes".
Em homenagem ao dia da Consciência Negra, data que relembra o sofrimento, as lutas e as conquistas da população negra brasileira, a Casa das Artes elaborou uma programação especial, que começará nesta quarta-feira (18), para falar, refletir, dançar e curtir a herança africana, tão presente na cultura brasileira. Ciclo de palestras, exposição, exibição de vídeos e filmes e oficina são mostras da diversidade de ações que serão desenvolvidas sobre o tema.
O professor Aldrin Figueiredo abre as atividades com a palestra "Comunidades negras na Amazônia: paisagem, imagem e história", que visa analisar como as comunidades negras, de quilombos e mocambos, foram apresentadas nos relatos pretéritos, de homens de governo, viajantes e religiosos na Amazônia. Também será apresentado o projeto “Max rumo aos 90 anos” e a oficina “Max Martins, poeta e artista plástico – Módulo I: Natureza”, com Paulo Vieira. Serão abordadas a criação poética e plástica, o universo de imagens verbais e não verbais na obra do poeta paraense Max Martins.
##RECOMENDA##
Haverá a exposição dos desenhos e fotografias da oficina “O corpo como objeto de arte”, que faz parte do Laboratório Permanente de Criação e Experimentação. Foram vários encontros, durante três meses, abertos a desenhistas e curiosos que puderam sentir a delicadeza e a força do corpo nu em cena.
No audiovisual, estão programadas sessões do cineclube todas as segundas, a Mostra Maquinária com seu cinema de invenção e a oficina de atores e interpretação para cinema e televisão, com o preparador de elenco Christian Duurvoort, que fez filmes como “Ensaio sobre a Cegueira”; “Cidade dos Homens”; “Xingu, o filme”; “Noel, o poeta da Vila” e outros. A programação terminará no próximo sábado (28), com a apresentação de trechos do espetáculo Poetórias Afro, da Cia. Primitiva de Dança.
A Casa das Artes fica no Largo de Nazaré, ao lado da Basílica Santuário, onde funciona o IAP (Instituto de Artes do Pará). A programação completa está em facebook.com/fcpara/. Contatos pelo e-mail casadasartes.fcp@gmail.com. Endereço eletrônico: www.fcp.pa.gov.br
Programação Especial Mês da Consciência Negra
Ciclo de palestras sobre História, Religião e Literatura Negra na Amazônia.
De 18 a 20.11 de 16h às 17h30 - Local: Auditório
18.11‐ Comunidades negras na Amazônia: paisagem, imagem e história com Dr. Aldrin Figueiredo (UFPA).
19.11‐ Negritude e diversidade etnicorracial, o lugar da literatura no Pará com Dr. Paulo Nunes (UNAMA)
20.11‐Religiões de matriz africana na Amazônia e o combate a intolerância religiosa com Dra. Taissa Tavernard (UEPA)
Oficina de Corpo Menino: Capoeira Angola e Dança Afro Brasileira com João Angolano
De 26 a 28.11 das 9h às 18h - Local: Sala de Dança. Inscrições pelo email: gcenicas@yahoo.com.br
Palestra do Mestre João – A relação entre as culturas de matriz africana e as artes cênicas com João Angolano
Dia 27.11 de 19h às 20h - Local: Auditório
Apresentação de trechos do espetáculo Poetórias Afro da Cia. Primitiva de Dança com João Angolano
Dia 28.11 das 19h às 20h - Local: Auditório
Artes Visuais
Exposição Fotográfica de Carlos Penteado
De 18 a 30.11 das 9h às 18h
Exposição “O Corpo como objeto de arte – desenho com modelo vivo e artes da cena”
Resultado do Laboratório Permanente de Criação e experimentação.
Abertura: 17.11 às 19h - Local: Casa de Vidro
Projeto Portfólio
Palestra "Ilustração e Mercado Publicitário", com Emerson Coe
Dia 24.11 19h - Local: Auditório
Workshop “Processos Criativos para Ilustração”, com Emerson Coe
O INSIGNE‐FICANTE, Jairo Ferreira,Brasil, 1980, cor, Super‐8, 60 min
Dia 17.11 às 19h - Local: Auditório
Oficina de Direção de Atores e Interpretação para
Cinema e Televisão (parceira entre NPD e CANNE)
De 30.11 a 4.12 das 8h às 12h e 14h às 18h, com Christian Duurvoort (RJ)
Carga horária: 40h Vagas: 25 - Local: Sala de Dança
Dança
Pilates para bailarino, atores e circense com France Moura, nos dias 6,7, 13, 14, 20, 21
Sextas das 19h às 21h e sábados das 14h às17h30 - Local: Sala de Dança
Pré‐inscrição:Solicitar ficha e encaminhar um breve curriculum para o e‐mail: gcenicas@yahoo.com.br até dia 05/11.
Projeto Viva a Dança com Silvia Helena
Dia 28.11 das 18h às 20h - Local: Sala de Dança
Workshops Dança Pará com Maurício Quintairos
Dias: 5 e 6.11 de 8h30 às 12h30- Local: Sala de Dança
Literatura e Expressão de Identidade
Curso “Filosofia da Linguagem: uma passagem para a estética – Semiótica e Hermenêutica”, dias 09, 11, 16, 18, 23, 25 e 30.11.2015.
Inscrições na Coordenação de Literatura e Expressão de Identidade ou pelo email: solange.henriques@fcp.pa.gov.br até o dia 09/11. Em dois horários: 16h às 18h e 18h30 às 20h30 - Local: Multimeios
Projeto Max Martins rumo aos 90 anos
“Max Martins, poeta e artista plástico – Modulo I: Natureza”, com Paulo Vieira