Em áudio, Bebianno diz a Bolsonaro que ele está envenenado
“Depois a gente conversa pessoalmente, capitão, tá? Eu tô vendo que o senhor está bem envenenado”, diz o ex-ministro na conversa
O ex-ministro da Secretaria Geral, Gustavo Bebianno, avisou que iria comprovar que não mentiu com relação a ter dito que tinha conversado com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) "durante três vezes" um dia antes da crise envolvendo o seu nome ganhar as redes sociais. Na ocasião, um dos filhos de Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro, chegou a dizer que era “mentira absoluta” que Bebianno tivesse falado com o pai.
Nesta terça-feira (19), um dia após ele ser exonerado, a revista Veja divulgou uma sequência de mensagens escritas e ao menos treze gravações de áudios entre Bebianno e Jair Bolsonaro.
Em uma delas, Bolsonaro questiona uma das agendas do então ministro com o vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, Paulo Tonet Camargo. “Gustavo, o que eu acho desse cara da Globo dentro do Palácio do Planalto: eu não quero ele aí dentro. Qual a mensagem que vai dar para as outras emissoras?”, questionou o presidente.
Em outro, Bolsonaro diz a Bebianno que não está “incitando a saída” dele do governo. “Você conhece muito bem a imprensa, melhor do que eu. Agora: você não falou comigo nenhuma vez no dia de ontem. Ele [Carlos Bolsonaro] esteve comigo 24 horas por dia. Então não está mentindo, nada, nem está perseguindo ninguém”, o que abriu uma conversa sobre o que significa falar com alguém.
Com os ânimos mais acirrados, Bebianno afirma que só prega a paz o tempo inteiro. “Ontem eu falei com o senhor três vezes, sim. Falamos pelo WhatsApp. O que é que tem demais? Não falamos nada demais. A relevância disso… Tanto assunto grave para a gente tratar. Tantos problemas. Eu tento proteger o senhor o tempo inteiro. Por esse tipo de ataque? Por que esse ódio? O que é que eu fiz de errado, meu Deus?”, rebate o então auxiliar.
Bebianno também chega a dizer, em um dos últimos áudios revelados, que o militar “estava envenenado”. “Depois a gente conversa pessoalmente, capitão, tá? Eu tô vendo que o senhor está bem envenenado. Mas tudo bem, a minha consciência está tranquila, o meu papel foi limpo, continua sendo”, disparou.
O ex-ministro ainda se defende das acusações de que teria financiado candidaturas laranjas enquanto presidiu o PSL. “Se o Bivar escolheu candidata laranja, é um problema dele, político. E é um problema legal dela explicar o que ela fez com o dinheiro. Da minha parte, eu só repassei o dinheiro que me foi solicitado por escrito. Eu tenho tudo registrado por escrito. Então é ótimo que a Polícia Federal esteja, é ótimo que investigue, é ótimo que apure, é ótimo que puna os responsáveis. Eu não tenho nada a ver com isso”, defendeu-se.