'Eu não devo e a Lava Jato não deve', garante Dallagnol

Para o procurador, ultimamente a intenção principal é 'atacar a Lava Jato'

qua, 14/08/2019 - 10:25
Rafael Bandeira/LeiaJáImagens/Arquivo Rafael Bandeira/LeiaJáImagens/Arquivo

Um dos principais alvos das conversas vazadas pelo site The Intercept Brasil desde junho, o coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, disse que o “rolo compressor político quer o retrocesso”, mas ele e a operação não devem nada para a classe. 

"Ninguém jamais nos disse que seria fácil enfrentar pessoas poderosas que praticaram crimes gravíssimos contra nosso país. Ninguém jamais nos prometeu isso. Fizemos nosso papel e agora enfrentamos uma reação. Nossa expectativa é que as instituições e a sociedade protejam o trabalho feito e impeçam retrocessos. Eu não devo, e a Lava Jato não deve", reagiu o procurador, em entrevista à revista Época. 

Na avaliação do procurador, “existe um oportunismo de buscar e identificar qualquer brecha para atacar a operação, distorcer fatos e atacar os personagens que acabaram tendo protagonismo na operação. E o objetivo disso, a meu ver, não é atacar a pessoa do Deltan, a pessoa do Moro. É atacar o caso, a Lava Jato.” 

Algumas mensagens sugerem que Deltan Dallagnol incentivou investigações informais contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), quis criar uma empresa para gerir as palestras que dava como chefe do grupo que investiga o esquema de corrupção, comemorou a derrota do senador Renan Calheiros (MDB) na disputa pelo comando do Senado e se recusou a participar de um evento onde receberia um prêmio por conta da presença do agora presidente, Jair Bolsonaro. 

Na entrevista, Dallagnol negou ter investigado ministros do STF, mas confirmou ter debatido a pertinência de pedir o impeachment de Gilmar Mendes. "Estudamos se os atos dele configurariam, para além de atos de suspeição, infrações político-administrativas", disse. 

O procurado ainda afirmou que se for afastado da função pelo Conselho Nacional do Ministério Público, no qual responde a alguns procedimentos administrativos, vai continuar com seu propósito que é “servir à sociedade”.

“O que a sociedade precisa reconhecer é que não é suficiente um grupo de procuradores, policiais, juízes, auditores, de pessoas, lutarem contra o sistema corrupto. Talvez a ilusão tenha sido em algum momento acreditar que a Justiça iria se sobrepor ao sistema político”, observou Deltan.

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