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O ex-deputado Deltan Dallagnol (Novo-PR) afirmou que avalia ser candidato à prefeitura de Curitiba nas eleições municipais de 2024. O ex-procurador da Lava Jato ainda incluiu a mulher, a advogada Fernanda Dallagnol, também filiada ao Novo, na lista de cotados a disputar o cargo pela sigla.

Durante encontro do partido, no sábado (11), ele anunciou que o Novo terá candidatura própria na capital paranaense.

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Além dele e da mulher, as vereadoras de Curitiba Amália Tortato e Indiara Barbosa são outros nomes que poderiam concorrer.

"O Novo está em primeiro lugar nas pesquisas e tem excelentes nomes que podem ser lançados para a prefeitura de Curitiba", declarou o ex-deputado.

Deltan teve o mandato na Câmara dos Deputados cassado em maio deste ano e se filiou ao partido Novo em setembro.

Uma queda de bicicleta que deixou o ex-deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) com o rosto machucado atraiu xingamentos de desafetos nas redes sociais. "Levou as porradas que merecia?", perguntou uma usuária do Instagram; "Eu espero que tenham arrebentado a sua fuça", disse outro. O próprio ex-procurador da Operação Lava Jato compartilhou as reações em seu perfil, com uma provocação: "caí de bicicleta e essa foi a reação da esquerda".

Tudo começou na última quarta-feira (13), quando Deltan publicou uma foto com o rosto todo machucado e perguntou aos seguidores: "o que você acha que aconteceu comigo hoje?". Segundo um vídeo que gravou ao vivo na sequência, ele teria saído de bicicleta para levar a filha para a escola. "Coloquei ela na cadeirinha da bicicleta, saí pedalando e tive uma queda na bicicleta."

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Ele diz que protegeu a filha e que ela não teve nenhum arranhão. "Eu acabei sendo o airbag dela e protegendo ela fui de cara no chão, esfreguei minha cara no chão", relatou.

No entanto, antes de o ex-deputado explicar a queda, a pergunta da primeira imagem atraiu algumas reações negativas, que o deputado usou para provocar seus opositores políticos. Além de dizer que "essa foi a reação da esquerda", ele ainda escreveu: "esses são alguns dos inúmeros exemplos de respostas violentas que aconteceram. Isso prova como o outro lado, muitas vezes, finge ter valores que não possui. Esses são os autoritários, violentos e antidemocráticos".

Há xingamentos violentos, como "canalha" e "arrombado", comentários de que "machucou pouco" e até menções ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes (que, na sugestão do usuário, teria dado um soco no ex-deputado) e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Uma usuária afirmou: "Lula presidente e você sem mandato". Deltan é abertamente desafeto do presidente e participou de sua condenação no âmbito da Lava Jato.

Deltan exibiu oito comentários - um deles repetido três vezes. Três são de uma mesma internauta. Ao todo, Deltan compartilhou mensagens de seis pessoas a quem atribui "reação da esquerda".

De outro lado, o rosto ferido de Deltan atraiu a solidariedade de bolsonaristas conhecidos, como a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). Sua postagem, com os oito comentários negativos, atraiu mais de 200 mil curtidas.

'Pessoal, eu tô um pouco avariado'

Deltan começou o vídeo em que explica a queda de bicicleta com a frase: "pessoal, hoje eu tô um pouco avariado". Mas esse foi apenas o primeiro golpe que o ex-deputado levou no mesmo dia. Também na quarta-feira, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) formou maioria para rejeitar um recurso dele que pedia anulação da cassação de seu mandato.

O ex-procurador da Lava Jato teve o mandato cassado em maio, com base na Lei da Ficha Limpa. O próprio TSE, à época, concluiu que Deltan havia concorrido a vaga irregularmente, por pedir exoneração da Procuradoria em 2021 de forma "capciosa", nas palavras do relator Benedito Gonçalves. Isso porque a lei proíbe candidaturas de magistrados e membros do Ministério Público que tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de processos administrativos disciplinares (PADs). Na época das eleições, Deltan respondia a reclamações administrativas e sindicâncias.

A decisão de quarta-feira - o dia da queda - apenas confirmou essa posição e negou o recurso do ex-deputado.

O recurso da defesa de Deltan Dallagnol foi rejeitado pelo ministro Benedito Gonçalves, relator do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em maio, o mandato do ex-parlamentar foi cassado por unanimidade pelo tribunal. A decisão observou que Deltan tentou burlar a Lei da Ficha Limpa por pedir exoneração com processos disciplinares em aberto.

O julgamento começou na manhã desta sexta (8) e vai até o dia 14. Os sete ministros vão registrar o voto no sistema eletrônico do tribunal.

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Em seu voto, o relator apontou que a defesa quer um novo julgamento e que o recurso apresentado não tem esse poder. “As razões do embargante demonstram mero inconformismo com o juízo veiculado no aresto [acórdão] e manifesto intuito de promover novo julgamento da causa, providência que não se coaduna com a sistemática dos embargos declaratórios”, apontou Benedito Gonçalves.

Os advogados do ex-procurador da Lava Jato sugerem que o TSE "fez suposições, com base em um futuro incerto e não sabido, acerca do mérito dos procedimentos administrativos diversos" quando determinou a condenação que tirou Deltan da Câmara.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou nesta quarta-feira, 6, que vai pedir investigação de agentes públicos quando receber, na sua pasta, a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli que anulou as provas obtidas pelo acordo de leniência feito pela Odebrecht na operação Lava Jato.

"Quando o Ministério da Justiça receber oficialmente a decisão, enviarei à Polícia Federal para cumprimento da determinação de apuração de responsabilidade criminal de agentes públicos", disse Dino nas redes sociais.

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A decisão de Toffoli desta quarta-feira chama a prisão de Lula de um dos "maiores erros judiciários da história do País" e critica diretamente os agentes envolvidos com a operação. "Sob objetivos aparentemente corretos e necessários, mas sem respeito à verdade factual, esses agentes desrespeitaram o devido processo legal, descumpriram decisões judiciais superiores, subverteram provas, agiram com parcialidade (vide citada decisão do STF) e fora de sua esfera de competência", disse o ministro da Suprema Corte.

O presidente Lula (PT) apareceu em fotos, nesta segunda-feira (24), ao lado da escultura em madeira do Cristo crucificado, que foi recolocado no seu gabinete ainda em janeiro. A obra foi comprada de Dom Mauro Morelli, então bispo de Duque de Caxias, pelo diretor da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), José Alberto de Camargo, que presenteou o petista na época do seu primeiro mandato presidencial.

Em 2016, durante uma operação da força-tarefa Lava Jato, a peça chegou a ser alvo de investigações, quando o então procurador Deltan Dallagnol alegou que Lula a teria roubado do acervo da União, acreditando na informação falsa que ela foi esculpida por Aleijadinho.

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Nas redes sociais, o presidente compartilhou a emoção de encontrar o Cristo de volta no seu gabinete. “Me emocionei hoje com o retorno da escultura de Cristo, que me acompanhou nos meus dois primeiros mandatos, para o gabinete presidencial”, disse em publicação no Instagram.

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A peça também aparece nas fotos de registro da visita da embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Elizabeth Frawley Bagley, e do administrador da Nasa, o ex-senador Bill Nelson.

 

O deputado federal cassado, Deltan Dallagnol, ex-chefe da operação Lava Jato, criticou o Ministro Flavio Dino ao saber que ele utilizou de delação premiada para avançar nas investigações da morte da vereadora marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, em março de 2018.

“Delação agora é prova? Até ontem, o PGR tava desdenunciando e o STF tava desrecebendo denúncias adoidado contra corruptos sob o fundamento de que apenas a delação não é suficiente. Alguma lei deve ter mudado… Ou o que mudou foi a capa dos autos?”, disse no seu perfil no Twitter.

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Flavio Dino compareceu a uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira (24), onde explicou que o ex policial militar Élcio de Queiroz colaborou com as investigações por meio de um acordo de “colaboração premiada”, comumente conhecido como delação. Queiroz confirmou, em depoimento, a participação do ex-policial Ronnie Lessa no assassinato de Franco e Gomes.

Quando esteve à frente da Lava Jato, Dallagnol utilizou do instrumento diversas vezes para prosseguir com as investigações, e foi criticado na época. Ele perdeu o posto na força-tarefa em 2020, alguns meses antes de a operação ser dissolvida e invalidada. O ex-procurador se tornou candidato a deputado federal pelo Podemos, foi eleito em 2022, e teve seu mandato cassado cerca de seis meses depois de ter tomado posse.

 

O deputado cassado Deltan Dallagnol negou que tenha fugido do Brasil, com destino aos Estados Unidos, após perder o mandato, como insinuaram opositores. "Eu não devo nada a ninguém", disse ele em vídeo divulgado nas redes sociais. Segundo o ex-procurador da Operação Lava Jato, sua viagem é "acadêmica e profissional" para participar de uma conferência, definida pelo mesmo como "o maior think tank cristão do mundo".

"Eu estou fazendo uma viagem acadêmica e profissional. Eu não tenho nada a temer. Eu não devo nada a ninguém. Eu seguirei no Brasil", disse o ex-procurador. "Eu viajei para os Estados Unidos porque eu fui convidado para participar de conferência Acton University, que é o maior think tank cristão do mundo."

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Dallagnol afirmou que, para fugir, teria que estar sendo procurado pela Justiça, o que não é o caso. "Eu não vim para este país que de fato protege as liberdades. Eu vou retornar no dia 24 de junho para lutar contra as arbitrariedades dos donos de poder", prometeu.

No último domingo (18), o deputado cassado compartilhou em sua rede social uma foto sua embarcando com o passaporte em mãos para a cidade Chicago, em Illinois, nos Estados Unidos. Na legenda , ele disse "novas aventuras". Segundo Dallagnol, o seu posicionamento desta segunda-feira ocorreu após influenciadores de esquerda divulgarem informações nas redes sociais de que ele teria fugido.

Perda de mandato

No dia 16 de maio, por 7 votos a 0, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o registro da candidatura de Dallagnol, impondo a perda de seus direitos políticos por oito anos. Na prática, o mandato foi anulado. Ele foi condenado com base na Lei da Ficha Limpa.

O regulamento proíbe magistrados e membros do Ministério Público de lançarem candidatura se tiverem pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de processos administrativos disciplinares (PADs) - a restrição vale por oito anos. Na legislação, no entanto, não há referência a outras classes de procedimentos administrativos. O ex-procurador respondia à época a reclamações administrativas e sindicâncias.

Dallagnol foi alvo de dois processos que pediram a cassação do seu mandato. Um deles é de autoria da federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV), pela qual se elegeu Luiz Inácio Lula da Silva, e o outro, do PMN. O atual presidente foi condenado e preso após decisão do então juiz Sérgio Moro, hoje senador, em razão de denúncia apresentada pelo ex-procurador. Petistas comemoram a perda de mandato de Dallagnol.

O ex-procurador teve a perda do mandato confirmada no início de junho pela Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. Na mesma semana, o ministro do Supremo Dias Toffoli negou um recuso apresentado pelo ex-procurador da Lava Jato para voltar ao cargo.

Dallagnol ainda tem alguns caminhos jurídicos a trilhar na tentativa de reverter a cassação, mas especialistas ouvidos pelo Estadão alertam que a chance de isso ocorrer é pequena - seja no TSE, seja no Supremo Tribunal Federal.

O agora ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR), cassado no último mês, viajou na noite do domingo (18) para Chicago, nos Estados Unidos. A informação foi divulgada por ele, em uma foto publicada no Instagram, ao lado do telão de embarque do voo, que deixou o Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, às 22h21. “Novas aventuras”, escreveu o ex-procurador.  

A assessoria de Dallagnol informou que o ex-parlamentar viajou para os Estados Unidos para palestrar em um evento cristão promovido pela Acton University, que custeia a viagem. O retorno está previsto para depois do dia 25, até o final do mês de junho. Esse tipo de evento tem se popularizado entre a direita brasileira e já foi frequentado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus filhos. 

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Na semana passada, o deputado federal Pastor Marco Feliciano (PL-SP) havia aconselhado Dallagnol a deixar o país. “Busque asilo político em um país onde a democracia seja plena. Você tem documentos de sobra para justificar o pedido. Já tomaram seu mandato, irão dilapidar seu patrimônio. Há um processo de vingança em andamento. E logo depois de você, serão outros”, afirmou o antigo colega de Câmara. 

Deltan Dallagnol teve seu mandato cassado com base na Lei da Ficha Limpa, uma vez que os juízes entenderam que o ex-parlamentar deixou o Ministério Público para evitar possíveis punições relacionadas à Lava-Jato. 

 

Após a cassação de Deltan Dallagnol (Podemos), Rosangela Moro (União Brasil) absorveu duas assessoras do ex-deputado em seu gabinete. As contratações vão despender mais de R$ 8 mil em salários. 

Francisca Rodrigues de Oliveira Gomez e Ludmila Vanderley Boaventura Ramos foram nomeadas por Rosangela no dia 6 de junho. As duas seguem como secretárias parlamentares no novo gabinete e vão receber R$ 3,4 mil e R$ 5,1 mil, com os descontos obrigatórios, respectivamente. 

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De candidato mais votado do Paraná à parlamentar cassado, Deltan foi pego pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na Lei da Ficha Limpa. O ex-procurador federal tentou driblar a lei ao abandonar o cargo com processos administrativos ainda em aberto. 

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou, nessa quarta-feira (7), um recurso do deputado federal cassado Deltan Dallagnol e manteve decisão que permitiu o prosseguimento da tomada de contas especial aberta pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para apurar suspeitas de recebimento indevido de diárias e passagens pelo ex-procurador durante a operação Lava Jato.

Prevaleceu o entendimento do ministro Humberto Martins, confirmando sua decisão de junho de 2022. Acompanharam essa posição os ministros Francisco Falcão, João Otávio de Noronha, Mauro Campbell Marques, Isabel Gallotti e Antonio Carlos Ferreira.

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No sentido de não ser cabível à hipótese o pedido de suspensão de liminar feito pela União, votaram as ministras Maria Thereza de Assis Moura e Nancy Andrighi, e os ministros Herman Benjamin, Raul Araújo e Ricardo Villas Bôas Cueva.

De acordo com o ministro Humberto Martins, a decisão da Justiça Federal do Paraná que suspendeu o procedimento instaurado pelo TCU, feriu a autonomia da corte de contas e caracterizou lesão à ordem pública.

"Exigir a certeza absoluta e inexpugnável, acerca do débito inicialmente apurado e da identificação dos agentes públicos que lhe deram ensejo, como pressuposto inafastável para a instauração do processo de tomada de contas especial, significa restringir a atuação fiscalizatória do TCU, desestimulando a concretização de seu relevante papel constitucional de apurar eventual malversação dos recursos públicos", afirmou o ministro.

Pagamento de diárias e passagens supostamente indevidas

Em julho de 2020, após representações de parlamentares e do Ministério Público junto ao TCU, a corte de contas abriu um processo para investigar o pagamento de diárias e passagens aos procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, entre eles, Deltan Dallagnol.

No processo, o TCU apurou o montante de R$ 2,8 milhões pagos em diárias e passagens que deveriam ser devolvidos pelos integrantes da força-tarefa. Com isso, Deltan Dallagnol acionou a Justiça, alegando uma série de irregularidades no procedimento, como o fato de ser diretamente responsabilizado na tomada de contas especial, mesmo sem nunca ter sido ordenador de despesas no Ministério Público nem decidido sobre a estrutura da operação.

A 6ª Vara Federal no Paraná concedeu a liminar suspendendo o processo de tomada de contas especial em relação ao ex-procurador, decisão que foi mantida pela presidência do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4).

Em junho de 2022, ao pedir a suspensão da decisão do TRF4 no STJ, a União alegou que a liminar representava efetiva lesão à ordem pública, na medida em que impede o exercício legítimo das atribuições constitucionais e legais por parte do TCU.

Competência constitucional do Tribunal de Contas da União

Ao analisar o caso inicialmente, o ministro Humberto Martins destacou o risco de efeito multiplicador da liminar do TRF4 que suspendeu o processo em curso no TCU. Para o ministro, tal entendimento prejudica a atuação da corte de contas e causa embaraços às competências concedidas pela Constituição Federal ao TCU.

Durante a análise do recurso de Deltan Dallagnol contra essa decisão, a presidente do STJ, ministra Maria Thereza de Assis Moura, apresentou voto no sentido de que não foi possível verificar efeito multiplicador na decisão do TRF4, o que justificaria o provimento do agravo e, por consequência, a paralisação do processo no TCU, nos termos do que foi decidido pela Justiça Federal no Paraná e mantido pelo TRF4.

Entretanto, ao negar provimento ao agravo, o ministro Humberto Martins destacou que a União apontou elementos suficientes para demonstrar os entraves impostos ao TCU no exercício do seu papel de fiscal da aplicação dos recursos públicos.

"E, como já enfatizado na decisão suspensiva, há entendimento jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal no sentido de que é vedado ao Poder Judiciário obstar o procedimento exercido nos limites da competência do TCU", completou Martins.

*Do site do STJ

Após a cassação do ex-deputado Deltan Dallagnol, novos indícios contra a Operação Lava Jato ameaçam o mandato de Sergio Moro no Senado. Nessa quarta (7), manifestantes insultaram o senador no Aeroporto de Brasília. 

O vídeo compartilhado pelo advogado Rodrigo Tacla Duran, que acusa a Lava Jato de extorsão e foi alvo de um mandado de prisão expedido pelo ex-juiz em 2016, mostra a passagem conturbada de Moro no aeroporto. Nas imagens, o ex-ministro do governo Bolsonaro aparece rodeado por seguranças enquanto um grupo o segue e grita: "Moro, pode esperar a sua hora vai chegar". 

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Novas mensagens obtidas pela Operação Spoofing, da Polícia Federal, indicam que Sergio Moro teria procurado um delegado federal para conseguir informações privadas sobre a vida dos filhos do presidente Lula e de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ).  

O empresário curitibano e ex-deputado Tony Garcia disse que foi um 'agente infiltrado' da Lava Jato contra a própria vontade. Em delação, apontou que gravava pessoas a pedido de procuradores da operação e de Sergio Moro. Segundo Garcia, o objetivo era chantagear o advogado Roberto Bertholdo, que teria certa influência com desembargadores do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região). 

A atuação ilegal teria sido informada à substituta de Moro, a juíza Gabriela Hardt, mas ela não tomou providências. Moro e Hardt rebateram as acusações e alegam inocência. 

A Câmara dos Deputados declarou nesta terça-feira (6) a perda de mandato do deputado Deltan Dallagnol, decidida pelo Tribunal Superior Eleitoral. A cassação teve origem em ação movida pelo Partido da Mobilização Nacional (PMN) e pela Federação Brasil da Esperança (PT-PCdoB e PV). A ação argumenta que Dallagnol pediu exoneração do cargo de procurador da República enquanto estavam pendentes sindicâncias para apurar reclamações sobre sua conduta na Operação Lava Jato.

Essas apurações poderiam levar a um ou mais processos administrativos disciplinares (PADs), que o tornariam inelegível, se fosse condenado. 

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A nomeação do suplente que vai ocupar a vaga de Dallagnol ainda depende de decisão judicial, pois há uma disputa entre Itamar Paim (PL) e Luiz Carlos Hauly (Podemos).  Em nota oficial, a Câmara dos Deputados explica as hipóteses de perda de mandato. Veja a nota na íntegra:  "A Constituição Federal prevê, em seu art. 55, dois ritos para as hipóteses de perda de mandato parlamentar. 

No primeiro rito, aplicável aos casos de quebra de decoro, de condenação criminal transitada em julgado e de infrações às proibições constitucionais (art. 55, incisos I, II e VI), compete à Câmara dos Deputados apreciar o mérito e decidir, por maioria absoluta do Plenário, sobre a perda do mandato do deputado ou da deputada. (§ 6º do mesmo artigo). 

Já na hipótese de decretação de perda de mandato pela Justiça Eleitoral (art. 55, inciso V), não há decisão de mérito ou julgamento pelo Plenário da Casa. A competência da Câmara dos Deputados, exercida pela Mesa Diretora nos termos do § 3º do art. 55 da Constituição Federal, é de declarar a perda do mandato. Este é o caso do deputado Deltan Dallagnol.

Nessas hipóteses, a Câmara dos Deputados segue o Ato da Mesa nº 37, de 2009, que especifica o rito que garante conhecer o decreto da Justiça Eleitoral, avaliar a existência e a exequibilidade de decisão judicial, ouvir o corregedor da Casa e instruir a Mesa Diretora a declarar a perda nos termos constitucionais. 

Fundamentos jurídicos

A Constituição Federal prevê, em seu art. 55, as hipóteses em que o deputado perderá o seu mandato. No mesmo artigo, são definidos dois ritos distintos para que referida perda ocorra. No caso de parlamentares que incorrerem nas infrações listadas nos incisos I, II e VI (infração das proibições estabelecidas no art. 54, quebra de decoro parlamentar ou condenação criminal transitada em julgado), a perda do mandato será decidida pelo Plenário da Câmara dos Deputados, por maioria absoluta. Trata-se de uma decisão política, em que o Plenário, de maneira soberana, decide pela perda ou não do mandato, conforme sua análise do mérito da questão.

Já nas demais hipóteses de perda de mandato, arroladas nos incisos III a V do mesmo artigo – incluído, portanto o caso de perda de mandato decretada pela Justiça Eleitoral – inciso V), compete à Mesa da Câmara dos deputados, nos termos do § 3º do art. 55, tão somente declarar tal perda, após análise apenas formal da decisão da Justiça Eleitoral. Nesse caso, não há que se falar em decisão da Câmara dos Deputados, mas apenas em declaração da perda do mandato pela Mesa. 

Reitera-se que não cabe à Câmara, ou a qualquer de seus órgãos, discutir o mérito da decisão da Justiça Eleitoral. Não se trata de hipótese de em que a Câmara esteja cassando mandato parlamentar, mas exclusivamente declarando a perda do mandato, conforme já decidido pela Justiça Eleitoral. 

No âmbito da Câmara dos Deputados, aplica-se o procedimento definido no Ato da Mesa n. 37/2009. Nesse caso, a comunicação da Justiça Eleitoral é enviada para a Corregedoria da Casa (art. 1º), que remeterá cópia ao Deputado a que se refira, e abrirá prazo para sua manifestação (art. 3º). 

Apresentada a defesa, o corregedor elaborará parecer, que será encaminhado à Mesa Diretora para que, se for o caso, declare a perda do mandato.  Reforça-se que, conforme art. 5º do referido Ato da Mesa, nas hipóteses de perda de mandato previstas nos incisos IV e V do art. 55 da Constituição Federal, a análise, no âmbito da Câmara dos Deputados, restringir-se-á aos aspectos formais da decisão judicial." 

*Da Agência Câmara de Notícias

O deputado cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) prestou depoimento à Polícia Federal (PF) nesta segunda-feira, 5, sobre as críticas feitas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele foi ouvido como investigado.

A audiência por videoconferência durou cerca de uma hora e meia. O depoimento estava marcado na semana passada, mas foi adiado a pedido da defesa. O advogado argumentou que não sabia da investigação e pediu tempo para se inteirar do caso.

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"Todas as perguntas feitas pela Polícia Federal foram respondidas por Deltan", informou a assessoria do deputado ao final do depoimento.

O TSE cassou o ex-procurador da Lava Jato, em um julgamento unânime no mês passado. Dallagnol já recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar manter o mandato. As chances de vitória, contudo, são remotas.

Enquanto aguarda um desfecho sobre o seu futuro político, o deputado não poupa críticas ao TSE. Ele afirmou, por exemplo, que o ministro Benedito Gonçalves, corregedor da Justiça Eleitoral, que liderou o julgamento, teria trocado a decisão pela possibilidade de uma vaga no STF.

"O ministro condutor do voto trouxe um voto que objetiva entregar a minha cabeça em troca da perspectiva de fortalecer a sua candidatura ao Supremo", disse Dallagnol em entrevista à Folha de S.Paulo.

O ex-procurador da Lava Jato afirma que a entrevista foi concedida na condição de deputado e está protegida pela imunidade parlamentar.

A defesa voltou a pedir nesta tarde que o sigilo do caso seja levantado. O relator do inquérito no STF é o ministro Alexandre de Moraes.

Dallagnol foi o deputado mais votado pelo Paraná. Atos em defesa do ex-procurador foram organizados em Curitiba e em São Paulo. Apoiadores do ex-chefe da Lava Jato também têm criticado o Tribunal Superior Eleitoral. Cartazes erguidos nos protestos afirmam que as vozes de seus eleitores foram caladas e que "perseguição política não é justiça".

O ex-procurador da Operação Lava Jato Deltan Dallagnol vinculou a cassação de sua candidatura pelo Tribunal Superior Eleitoral e a consequente perda de mandato como deputado federal a uma reação do "sistema corrupto" contra a atuação da força-tarefa. Em entrevista ao programa Roda Viva nesta segunda-feira, 29, ele afirmou que pretende apresentar ainda hoje o recurso para tentar reverter a decisão do TSE. Ele também deve formalizar nesta terça-feira, 30, seus argumentos de defesa no processo que corre na Corregedoria da Câmara dos Deputados para efetivar a perda de mandato.

Citando declaração anterior do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, ele comparou a "reação" do sistema corrupto a uma versão "piorada" do que ocorreu na Itália, após a chamada Operação Mãos Limpas. "Você vê uma reação do sistema corrupto (à Lava Jato). Só que no Brasil eles não querem só impunidade, querem vingança", disse, após ser questionado por que evitava vincular o fim força-tarefa ao governo de Jair Bolsonaro, a quem apoiou na disputa eleitoral contra o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Dallagnol atribuiu "o início do fim" a decisões do Judiciário e do Congresso.

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"Os principais atos de desmonte da Lava Jato começaram de 2019 para cá, com decisões do STF e do Congresso", afirmou. "O procurador-geral da República, Augusto Aras, também contribuiu para o desfazimento da Lava Jato. Ele cometeu graves equívocos contra a operação, tendo sido nomeado por Bolsonaro fora da lista tríplice (indicação de nomes para a Procuradoria Geral da República por meio de votação interna da ANPR, associação nacional dos procuradores)."

Segundo ele, o Brasil está diante do risco de ter "um novo Augusto Aras", uma vez que Lula já declarou que não pretende limitar sua indicação à Procuradoria Geral da República (o mandato de Aras termina em setembro) à lista tríplice. "Eu sempre defendi a lista tríplice", declarou Dallagnol.

"O problema é que várias pessoas que buscam ter uma posição no poder em Brasília vão dançar a música que o presidente vai tocar." E destacou que a reação à Lava Jato se intensificou após a eleição de Lula. "Existe, sim, uma agenda de vingança muito forte neste governo".

A Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou nesta sexta-feira (26) um parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para anular a condenação do ex-procurador Deltan Dallagnol ao pagamento de indenização ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do powerpoint.

Em março de 2022, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou Dallagnol ao pagamento de R$ 75 mil em danos morais a Lula. Em seguida, o ex-procurador recorreu ao STF para anular a decisão.

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No parecer enviado à Corte, o subprocurador Wagner Natal Batista entendeu que a condenação deve ser anulada por violar a jurisprudência sobre a responsabilização de agentes públicos. Segundo ele, a responsabilização por irregularidades não é aplicada diretamente ao servidor, que responde pelos fatos somente após a condenação do Poder Público. 

"O acórdão recorrido concluiu pela legitimidade passiva do agente público, condenando-o ao pagamento de indenização por dano moral, fazendo-o em sentido diametralmente oposto ao que restou fixado em sede de repercussão geral pelo Supremo Tribunal Federal", escreveu.  O caso é relatado pela ministra Cármen Lúcia. Não há prazo para julgamento.

Em 2016, então chefe da força-tarefa da Lava Jato, Dallagnol fez uma apresentação de powerpoint para acusar Lula, que era investigado pela operação, de chefiar uma organização criminosa. Posteriormente, os processos foram anulados após o STF considerar o ex-juiz Sérgio Moro parcial na condução da investigação.  Na ocasião, Cristiano Zanin, advogado de Lula, questionou a conduta funcional de Dallagnol.

Segundo ele, o ex-procurador e outros integrantes da Lava Jato usaram a apresentação de powerpoint para acusar o ex-presidente de atuar como “comandante e maestro de uma organização criminosa”.  Para o STJ, o ex-procurador usou termos desabonadores e linguagem não técnica em relação ao então ex-presidente.

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou, nesta quarta-feira (24), a anulação da decisão que condenou o ex-procurador da Operação Lava Jato Deltan Dallagnol a indenizar em R$ 75 mil o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no “caso do powerpoint”. A rejeição da anulação ocorreu por motivos processuais se sequer apreciou o mérito do pedido.

Em 2016, então chefe da força-tarefa da Lava Jato, Dallagnol fez uma apresentação de powerpoint para acusar Lula, que era investigado pela operação, de chefiar uma organização criminosa. Posteriormente, os processos foram anulados após o STF considerar o ex-juiz Sérgio Moro parcial na condução da investigação.

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Em março de 2022, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou Deltan Dallagnol ao pagamento de R$ 75 mil em danos morais a Lula.

Na ocasião, Cristiano Zanin, advogado de Lula, questionou a conduta funcional de Dallagnol. Segundo ele, o ex-procurador e outros integrantes da Lava Jato usaram a apresentação de powerpoint para acusar o ex-presidente de atuar como “comandante e maestro de uma organização criminosa”.

Para o STJ, o ex- procurador usou termos desabonadores e linguagem não técnica em relação ao então ex-presidente.

Com o cargo de deputado federal cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-procurador Deltan Dallagnol teve que aguardar 40 minutos para ter uma audiência de dez minutos com uma autoridade. Foi o que aconteceu nesta quarta-feira, 24, quando Deltan se reuniu com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, para discutir o seu recurso à decisão da Justiça Eleitoral que cassou o seu mandato.

A reunião de Deltan com Rosa no salão Branco do STF estava marcada para acontecer às 16h20. O deputado cassado chegou com alguns minutos de antecedência, mas só foi ser atendido às 17h. Outras duas pessoas tinham audiências antes dele e também tinham direito a apenas dez minutos com a presidente do STF, porém acabaram tendo mais tempo que Deltan.

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O compromisso foi marcado na agenda de Rosa como uma 'visita de cortesia' no Salão Branco durante o horário de intervalo da sessão de julgamento. A assessoria do deputado informou que o encontro foi pedido antes da cassação.

Sem apoio na Câmara, o STF é a última esperança do deputado cassado para tentar recuperar o mandato. As chances de vitória no tribunal, porém, são consideradas pequenas. A Corte tem maioria de ministros anti-Lava Jato.

Um dos poucos apoios que Deltan pode ter no STF é do ministro Luiz Fux, que se reuniu também no Salão Branco com o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e a deputada federal Rosângela Moro (União Brasil- SP), ao mesmo tempo em que o deputado cassado era atendido por Rosa.

Aliados de campanha e durante a Lava Jato, Moro e Deltan saíram da Suprema Corte separados e em horários distintos. Segundo Moro, sua audiência com Fux foi para tratar de "saúde" e não tinha relação com as situações que atingiram seu aliado.

Antes de se reunir com a presidente do STF, Deltan usou o salão verde da Câmara para convocar manifestações no próximo dia 4 de junho contra o que chamou de 'sistema político que quer escravizar' o País.

O deputado cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) afirmou em entrevista exclusiva ao Estadão que vai recorrer até o fim para manter seu mandato na Câmara. Nesta semana, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o parlamentar paranaense alegando que ele violou a lei da Ficha Limpa. Deltan disse que a decisão da Corte foi fraudada. "Eu roubei, me corrompi, abusei, torturei? Não".

Para ele, a preservação de seu mandato depende de uma decisão política do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL, a quem Deltan ainda pretende recorrer para assegurar que a decisão do TSE não seja aplicada automaticamente. "O maior medo que eu tenho é a perda da fé das pessoas na democracia".

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A votação que cassou o mandato de Dallagnol, como mostrou o Estadão, durou um minuto e seis segundos, se considerado o período entre o fim do voto do ministro Benedito Gonçalves - relator do caso - e a proclamação do resultado. O deputado perdeu o cargo por unanimidade, com base na Lei da Ficha Limpa, mas ainda cabe recurso.

"Hoje sou eu, amanhã são outros parlamentares", afirmou.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista ao jornal.

O TSE errou ao cassá-lo?

 

Com certeza o TSE errou. O TSE inventou uma inelegibilidade que não existe na lei. A legislação é objetiva e clara. É inelegível o membro do Ministério Público que sai na pendência de processo disciplinar. Isso não existia no meu caso, não existia nenhum processo disciplinar. A Constituição orienta que restrições de direitos fundamentais não podem ser interpretadas de modo extensivo.

Houve um abuso na interpretação da Lei da Ficha Limpa?

 

O TSE criou uma hipótese, um caso de inelegibilidade imaginário, que não está previsto em lei, em cima de quatro suposições. A primeira é de que eu teria saído do Ministério Público por conta de um risco de inexigibilidade. A segunda é de que isso aconteceu porque existiam reclamações disciplinares que poderiam se converter em PAD (Processo Administrativo Disciplinar). A terceira é de que PADs poderiam gerar condenação. A quarta é de que algum PAD poderia gerar condenação. Ou seja, é como se eu fosse punido por um crime que eu não cometi, mas poderia cometer no futuro. Ou ainda pior, é como se eu fosse punido por uma possibilidade de que, no futuro, eu fosse exonerado. Como explicar para a sociedade brasileira que Lula, condenado em três instâncias por corrupção, está elegível e com mandato e que Deltan, que não foi investigado, acusado e processado criminalmente, muito menos acusado administrativamente, porque não existia PAD, se tornou inelegível? Como explicar essa absurda contradição? O TSE alegou que eu fraudei a lei, mas está muito claro que quem fraudou a lei foi o TSE. Certamente foi (um julgamento) político.

O ministro Benedito Gonçalves afirma que o senhor teve o "intuito" de manobrar a lei.

 

O que eles fizeram foi um exercício de leitura de mente e que, por si só, não era suficiente. Teve que ser combinado com uma futurologia. Eles precisaram, primeiro, supor uma intenção e somar a três possíveis desdobramentos cumulativos. Isso não é possível porque não existe essa hipótese prevista na lei. Hipóteses de inexigibilidade não podem ser estendidas, segundo entendimento pacífico das Cortes Superiores, não podem ser alargadas pela interpretação ou pelo julgador.

A Lava Jato, comandada pelo senhor, acusou Lula de ter uma "real intenção" de adquirir o triplex no Guarujá. Por que no caso do presidente a intenção pode ser levada em consideração e, no seu caso, não?

 

As duas situações são completamente diferentes. Lula foi acusado de praticar um crime e condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. Quando você avalia o cometimento de crime por alguém, você avalia se a pessoa agiu com consciência e vontade, o dolo. Algumas pessoas vão traduzir como intenção. A minha situação é completamente diferente. Eu não pratiquei um crime. Nenhuma conduta que eu fiz está prevista na lei como inexigibilidade. É totalmente diferente. O comportamento dele (Lula) se enquadra perfeitamente num crime descrito na lei. No meu caso, o meu comportamento não se enquadra em nenhuma inexigibilidade descrita na lei. Eles (TSE) tiveram que estender a lei. É como se eu estendesse o crime de corrupção para situações que não são corrupção para enquadrar alguém. Essa decisão do TSE cria uma punição para onde o Direito não prevê. Os meus advogados estavam dizendo: "é impossível deixarem inelegível dentro do Direito. Você só vai se tornar inelegível se for uma decisão muito política". Todo mundo me dizia isso, eu não acreditava que isso pudesse acontecer.

O senhor foi pego de surpresa?

 

Eu fiquei absolutamente surpreso. Não só pela decisão, mas por ela ter acontecido em 66 segundos e contrariando todas as posições unânimes dos membros do Ministério Público e dos julgadores que tinham atuado antes nesse caso.

Quando o senhor pediu exoneração, havia sindicâncias e reclamações que poderiam virar PAD.

 

É uma espécie de procedimento preliminar que é, simplesmente, uma capa dada a um pedido feito contra mim no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Todas as semanas, nós sofríamos reclamações disciplinares de pessoas e partidos investigados na Lava Jato. Nós respondemos a dezenas, a centenas de reclamações disciplinares. Agora, elas só são convertidas em processo disciplinar quando existe viabilidade e fundamento. Quantos foram convertidos? Dois. Eu roubei, me corrompi, abusei, torturei? Não. Fui punido por críticas ao Supremo Tribunal Federal e ao (senador) Renan Calheiros. Sem excesso de linguagem, sem ofensa. Dentro dos limites da crítica, da democracia.

O senhor pediu exoneração para evitar que esses procedimentos virassem PAD e impedissem sua candidatura?

 

Não. Essas reclamações já estavam pendentes há meses. Eram remanescentes de mais de 50 reclamações que foram arquivadas paulatinamente no CNMP. Algumas ficaram, por exemplo, porque eram baseadas em notícias do The Intercept. Se alguma pudesse conduzir à minha demissão, a minha exoneração não poderia ter ocorrido. Existe uma regra que diz que quando um servidor responde a um procedimento que pode gerar sua demissão, ele não pode se exonerar. Eu pedi minha exoneração depois de receber um convite do (ex-senador) Álvaro Dias para lutar por mudanças no Brasil ao lado de Sérgio Moro que voltava ao Brasil para ser candidato à Presidência da República. A minha entrada na política dependia de uma série de negociações com os partidos. Conversei com o Novo, o Republicanos, o Podemos e o União Brasil. Isso não podia ser feito enquanto eu estava no Ministério Público, porque existe uma vedação de atividade político-partidária. Eu saí para poder manter conversas partidárias e isso precisava acontecer antes do prazo de filiação que era 6 meses antes da eleição. Além disso, existia uma narrativa de que promotores ou procuradores se afastavam da carreira muito perto das eleições quando se deveria existir uma quarentena maior. A tudo isso, se somou a reflexão que eu fiz com a minha família em que a gente entendeu que depois de toda a reação do sistema corrupto, eu não conseguiria mais lutar contra a corrupção dentro do Ministério Público.

Vai recorrer ao Supremo?

 

Sim.

Nesta semana?

 

Essa questão está sendo definida pelos nossos advogados. Estão estudando as possibilidades, redigindo as peças. Nós vamos recorrer até o fim, vamos lutar até o fim. Não se trata de Deltan, se trata de três causas: a defesa da democracia, do voto e da soberania do povo. A segunda é conter a juristocracia, (que é) o avanço judicial sem base na lei nas competências de outros poderes ou sobre as liberdades. A terceira é garantir que o combate à corrupção não vai ser enterrado no Brasil.

O senhor agora está sofrendo com uma interpretação abrangente da lei, que era algo muito criticado nos métodos da Lava Jato?

 

Na Lava Jato, as críticas sobre supostos excessos eram que as pessoas discordavam sobre onde exatamente estava a linha da lei. Alguns achavam que estava um pouco para cá, outros achavam que estava um pouco para lá. Nessa discussão, sujeita à interpretação sobre onde está a linha da lei, algumas pessoas falaram: "olha, eles pisaram na linha, eles foram um pouco para lá". Naturalmente, os advogados sustentavam isso. Contudo, neste tipo de situação, de abuso de Direito, como definiu (o jurista) Miguel Reale (Jr.), de risco à democracia, como disse a Transparência Internacional, de decisão combinada, como disse (o ex-ministro do STF) Marco Aurélio (Mello), você não questiona se passou um pouco do limite da lei. A lei ficou lá atrás, ficou lá longe. Está completamente fora da lei.

O senhor volta a trabalhar na Câmara nesta semana?

 

A partir da decisão (do TSE), da comunicação que foi feita ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná) e à Câmara, o procedimento será da minha notificação. Em seguida, terei prazo de cinco dias para apresentar uma defesa sobre aspectos formais. Isso vai para o corregedor da Câmara, que vai apresentar um parecer. Esse documento será submetido à Mesa (Diretora). Estima-se que isso aconteça nos próximos 10, 15 dias. Contudo, a implementação da decisão pode ser imediata ou pode demorar meses ou anos. Isso depende muito da vontade e da visão política, especialmente, do presidente (da Casa).

O presidente da Câmara, Arthur Lira, não defendeu o senhor publicamente nem se manifestou contrariamente à decisão do TSE.

 

Estou buscando marcar um encontro com ele para eu apresentar as razões pelas quais eu entendo que, não só é uma decisão injusta, mas que não deve ser executada de imediato pela Câmara dos Deputados antes de um posicionamento do Supremo Tribunal Federal. Especialmente, quando você está tratando de algo tão sagrado da democracia que é a soberania popular e o voto de 345 mil pessoas. É preciso que o Parlamento defenda os parlamentares, defenda a soberania do voto.

Se a Mesa Diretora cumprir a decisão e o senhor tiver que deixar o mandato, o que fará daqui para frente?

 

Eu não estou traçando um plano B agora. Muitas pessoas vieram expressar sua solidariedade e abrir portas, trazer possibilidades. Mas a única possibilidade que eu vejo hoje é lutar com unhas e dentes para honrar a confiança das 345 mil pessoas que votaram em mim. O TSE passa o ano inteiro das eleições falando sobre o valor e a importância do voto. No ano passado, em especial, defendeu firmemente a segurança das urnas eletrônicas. Contudo, agora, fora da lei, o que eles fazem é anular 345 mil votos. O maior medo que eu tenho é a perda da fé das pessoas na democracia.

O TSE vai cassar o senador Moro?

 

Seria um exercício de especulação. O que eu vejo sendo pavimentado é um caminho para cassação não só de Sérgio Moro, mas de vários outros parlamentares. O que se fez esta semana foi ultrapassar as linhas para cassar alguém que é visto como um adversário político do atual governo e alguém contra quem o atual presidente queria vingança. Hoje sou eu, amanhã são outros parlamentares.

O senhor conversou com Moro?

 

Sim. Ele expressou solidariedade, irresignação e se colocou à disposição para ajudar e apoiar a mim e à minha família de modo pessoal e profissional naquilo que a gente precisasse. Respondi que, neste momento, nós estamos focados em construir uma solução para o mandato possa ser preservado. Ele se colocou à disposição para ajudar.

​Nesta sexta-feira (19), o ex-deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), circulou pelas ruas do Centro de Curitiba, capital do Paraná, em um caminhão de som após ser cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O evento foi marcado pela falta de adeptos, com teve apenas três carros, escoltados pela polícia do estado.

O ex-deputado cassado agradeceu aos eleitores paranaenses e prometeu ‘não desistir do País’, além disso, proferiu declarações críticas ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. “Aqui [em Curitiba] nasceu a Lava Jato. Aqui nasceu o combate à corrupção no nosso País. Aqui nasceu uma esperança de um Brasil melhor”, gritou Deltan nas ruas. “Curitiba não é o germe do fascismo, Curitiba é o germe da verdade”, disse em seguida.

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O deputado estadual Fábio Oliveira (Podemos-PR) também esteve na carreata, e chamou os ministros do TSE que votaram em favor da cassação do ex-procurador da Operação Lava Jato de ‘criminosos’.  “345 mil votos jogados no lixo e quem jogou no lixo são os criminosos que estão roubando o Brasil. São aqueles que estão querendo nos calar. É aquele que quer colocar uma mordaça na sua boca e dizer que o poder não emana no povo”, disse o parlamentar.

O senador Sérgio Moro (União-PR), em pronunciamento no Plenário nessa quarta-feira (17), lamentou a cassação do registro de deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O senador relembrou a atuação de Deltan como procurador da República no Paraná e destacou que o trabalho dele foi importante para o combate à corrupção, citando as investigações da Operação Lava Jato.

— Deltan se notabilizou, nos anos passados, como um procurador da República valente da Operação Lava Jato, que combateu a corrupção, que combateu a criminalidade, e vinha se destacando na Câmara com uma força política relevante, apresentando bons projetos para melhorar a vida das pessoas — disse.

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Moro disse respeitar a decisão do TSE, mas ressaltou que a cassação de Deltan Dallagnol representa “uma perda para a política do país”, num momento em que o parlamentar movimentava discussões sobre a retomada do combate à corrupção e discutia na Câmara causas relacionadas a pessoas com deficiência e a pessoas com autismo.

— Quem perde com a cassação do mandato é o país, quem perde é o Brasil, um grande paladino no combate à corrupção e uma pessoa que se notabilizou, uma pessoa que fez a diferença nos últimos dez anos da história do Brasil, com uma luta inflexível no combate à corrupção — afirmou.

O senador informou também que o deputado cassado deve recorrer "pelos meios judiciais, para buscar a revisão dessa decisão do TSE".

*Da Agência Senado

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