Vaza Jato: Moro autorizou ação contra filha de investigado

De acordo com informações do site The Intercept, um mandado de busca e apreensão foi autorizado pelo então juiz contra Nathalie Schmidt para tentar pressionar ela e localizar o pai e alvo da Lava Jato, Raul Schmidt

qua, 11/09/2019 - 10:03
Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

Novas mensagens vazadas nesta quarta-feira (11) apontam que o Ministério Público Federal (MPF) solicitou que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, autorizasse uma ação contra a filha do empresário Raul Schmidt,  Nathalie Angerami Priante Schmidt Felippe, para que, por meio dela, a polícia encontrasse o paradeiro dele. 

Mesmo sendo titular de contas no exterior que receberam propinas, Nathalie não era suspeita de executar crimes. Já Raul Schmidt é apontado como operador de propinas de ex-dirigentes da Petrobras. O empresário foi preso na 25ª fase da investigação, em março de 2016 em Lisboa, mas liberado para responder ao processo em prisão domiciliar. O Brasil chegou a pedir a extradição dele, mas a defesa impetrou diversos recursos.

As informações foram publicadas pelo site The Intercept Brasil, que vem desde junho divulgando conversas trocadas por procuradores da Lava Jato através do aplicativo Telegram. 

A investida do MPF, de acordo com a matéria, aconteceu em fevereiro de 2018. A ação, disse o procurador Diogo Castor de Mattos em um trecho de uma conversa com os colegas, buscava criar um "elemento de pressão" no empresário.

No primeiro pedido, Sergio Moro negou. "Apesar dos argumentos do MPF, não há provas muito claras de que Nathalie Angerami Priante Schmidt Felippe tinha ciência de que os valores tinham origem ilícita e/ou eram fruto de atos de corrupção", despachou o então juiz. 

Três meses depois, contudo, o pedido de busca e apreensão contra Nathalie para tentar capturar Schmidt foi apresentado novamente, sem nenhuma mudança e foi acatado por Moro. A operação prendeu o passaporte dela, mas no mesmo dia, segundo a reportagem, Raul Schmidt conseguiu extinguir seu processo de extradição em Portugal. Até o momento, o Brasil não conseguiu trazer Schmidt de volta para o país. 

Ao Intercept, o MPF afirmou, por nota, que "os procuradores da força-tarefa Lava Jato formulam pedidos cautelares ou denúncias apenas quando estão presentes os requisitos legais", além disso ressalta que "Nathalie Schmidt foi beneficiária de contas secretas que receberam milhões de dólares ilícitos no exterior, podendo estar sujeita, por tais condutas, a sanções criminais". O ministro Sergio Moro não comentou o caso. 

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