Bolsonaro perde ministros melhores avaliados que ele
Saída de Sérgio Moro, nesta sexta-feira (24), expôs o desejo do presidente de ter mais poder diante da atuação da Polícia Federal
Em menos de 10 dias, o primeiro escalão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) perdeu os dois ministros melhores avaliados pela população: Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Sérgio Moro (Segurança Pública e Justiça). Eles, inclusive, são apontados por pesquisas recentes como mais populares do que o próprio presidente.
Dados da consultoria Atlas Político, da semana passada, apontaram a atuação de Mandetta com 64% de aprovação e a do ex-juiz da Lava Jato com 53%. Os dois, segundo a pesquisa, são ainda mais populares do que o próprio Jair Bolsonaro.
O levantamento pontua que o desempenho do presidente é reprovado por 58,2% dos entrevistados e aprovado por 37,6%. E a avaliação do governo de Bolsonaro segue a mesma linha: 22,9% consideram ótimo ou bom, 29,5% regular e 42,5% ruim ou péssimo.
Luiz Henrique Mandetta foi demitido do comando da saúde no último dia 16, após rusgas com o presidente diante da condução das ações do Ministério da Saúde para o combate ao novo coronavírus. Agora, Sérgio Moro pediu exoneração do governo após o presidente interferir no comando da Polícia Federal (PF), órgão que, inclusive, investiga ações dos filhos dele.
A atitude coloca em xeque a postura de Bolsonaro quando convicou Moro para administrar a superpasta da Segurança Pública e Justiça. O presidente deu "carta branca" a Moro para gerir a pasta, mas não é isso que vem sendo visto desde que nomes do clã Bolsonaro começaram a ser investigados.
A Polícia Federal apura, por exemplo, um suposto esquema de fake news para atacar autoridades. A investigação, aberta pelo Supremo Tribunal Federal, mira o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL). Segundo o jornal Correio Braziliense dessa quinta, Carlos Bolsonaro é apontado como "mentor" das fake news.
No discurso que anunciou a demissão, Moro fez declarações fortes do que ouviu do presidente e revelou que Jair Bolsonaro disse demonstrar preocupação com inquéritos em andamento no STF.