CPI: para Queiroga, Bolsonaro não desestimulou vacinação

Na manhã desta quinta (6), o atual ministro da Saúde também se mostrou de acordo com a posição do presidente em extinguir as mediadas restritivas

qui, 06/05/2021 - 13:16
Jefferson Rudy/Agência Senado O cardiologista discordou do ex-ministro Nelson Teich em relação à falta de autonomia na pasta Jefferson Rudy/Agência Senado

Na manhã desta quinta-feira (6), o ministro da Saúde Marcelo Oliveira afirmou na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid que as declarações do presidente Jair Bolsonaro contra as vacinas não atrapalharam a campanha nacional.

Ao longo da pandemia, o chefe do Executivo questionou a capacidade dos imunizantes em uma série de oportunidades. Ao comentar sobre o produto da Pfizer, em dezembro do ano passado, ele desestimulou seu uso ao sugerir que os vacinados poderiam 'virar um jacaré'.

"Eu penso que não tem impacto na campanha de vacinação [...] o presidente tem apoiado a campanha de vacinação. É isso que posso dizer", destacou o quarto ministro da Saúde em cerca de 15 meses da crise sanitária no Brasil.

Ele assume que o Plano Nacional de Imunização (PNI) é tocado a passos lentos e pediu um "ativismo maior do governo", sobretudo em questões diplomáticas, para adquirir mais doses.

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Para justificar o atraso nas aplicações nos brasileiros, Queiroga sinalizou para alta demanda pela procura mundial por vacinas. "Tá só nas finalizações legais", comentou ao anunciar um novo contrato de 100 milhões de doses da Pfizer, sem indicar o prazo para a entrega e distribuição. Em Nova York, nos Estados Unidos, a imunização em adolescentes de 12 anos a 15 anos já é articulada.

Sobre a queixa do ex-ministro Nelson Teich, que pediu demissão pela falta de liberdade na tomada de ações e desautorizações do Planalto na sua gestão, o atual representante da pasta garantiu que tem liberdade para conduzir o Ministério de forma técnica, o que aponta para uma mudança de orientação por parte do próprio Planalto.

Contudo, revelou que não participou, nem foi consultado sobre um suposto decreto ventilado pelo próprio presidente, que derrubaria as medidas restritivas postas em prática por governadores e prefeitos para controlar a transmissão. "O presidente falou comigo a cerca desse tema é que ele queria assegurar a liberdade das pessoas. Assegurar a liberdade das pessoas, eu concordo", respondeu.

Ainda contrário a Teich, que chegou a questionar a capacidade do seu sucessor na pasta, o general Eduardo Pazuello, Queiroga reafirmou que teve autonomia para formar sua equipe por qualificação. "Entendo que o Presidente da República é o chefe do Estado e eu exerço um cargo de confiança do presidente", considera.

Com cerca de 7 milhões de testes RT-PCT estocados pelo Ministério da Saúde, em dezembro do ano passado, o Tribunal de Contas da União (TCU) criticou a ausência de uma política nacional de monitoramento e planejamento da pandemia, e cobrou a entrega dos exames aos Estados. A validade da maior parte do estoque expirou no próprio mês de dezembro e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou prorrogar o prazo de uso por mais quatro meses. O TCU ordenou a destinação imediata dos kits em abril, mas o cardiologista disse que para serem enviados, os testes devem ser solicitados por governadores e prefeitos. Ele ainda prometeu um papel mais 'ativo" para ampliar a testagem.

Enquanto os testes fornecidos pela OPAS (Organização Pan-americana da Saúde) não têm destino, o ministro informou que vai aprimorar a testagem. "Nós vamos mudar essa política para ofertar o teste de antígeno rápido. Ele é capaz de oferecer uma resposta mais rápida e orientar melhor a questão do isolamento dos contaminados e seus contactantes".

Os trabalhos desta quinta (6) seguem no período da tarde com a oitiva do diretor da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antônio Barra Torres.

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