Deputado pede abertura de CPI da Prevent Senior em SP

O deputado estadual Paulo Fiorilo colheu 33 assinaturas para protocolar na Alesp um pedido de abertura de CPI da Prevent Senior, plano de saúde com unidades em São Paulo

por Kauana Portugal seg, 27/09/2021 - 10:53
Alesp Alesp

Na noite deste domingo (26) o deputado estadual Paulo Fiorilo (PT-SP) usou as redes sociais para anunciar ter colhido 33 assinaturas de colegas parlamentares no intuito de protocolar um pedido de abertura de CPI da operadora de saúde Prevent Senior, que tem unidades em São Paulo.

As assinaturas serão encaminhadas para a Assembleia Legislativa do Estado (Alesp). “Alcançamos 33 assinaturas para a CPI da Prevent Senior. Agora vamos protocolar o pedido e aguardar a mesa da Alesp se manifestar. É preciso apurar as irregularidades e punir os culpados”, postou Fiorilo, no Twitter.

Para que a comissão seja instaurada, é preciso que o presidente da Alesp, o deputado Carlos Pignatari (PSDB-SP), crie um ato para investigar o fato solicitado. Caso aberta, a apuração da CPI pode ser feita em até 120 dias, com possibilidade de prorrogação por mais 60, desde que seja consenso entre os membros da comissão.

A Prevent já foi denunciada à CPI da Covid-19 no Senado na semana passada, após um dossiê elaborado por funcionários e ex-funcionários da empresa apontar o suposto uso de remédios sem eficácia científica comprovada contra a doença em hospitais da rede. Além disso, também há suspeitas de que a operadora usou pacientes como cobaias em estudos e fraudou dados de mortes pelo novo coronavírus.

O diretor-executivo da empresa, Pedro Benedito Batista Júnior, disse, durante sua oitiva à CPI, que as acusações feitas no dossiê são “inconsistentes”. No entanto, admitiu procedimentos na empresa que reforçam a veracidade das denúncias, a exemplo de alterações nos prontuários dos pacientes. Prevent Senior e o governo Jair Bolsonaro

De acordo com os documentos elaborados por médicos e ex-médicos da operadora de saúde, a Prevent Senior iniciou, em 25 de março de 2020, um estudo para avaliar a eficácia da hidroxicloroquina e da azitromicina contra a Covid-19. Nesta mesma data, o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, chegou a anunciar a distribuição da cloroquina como um tipo de terapia auxiliar para pacientes hospitalizados em estado grave.

Os resultados do estudo foram divulgados em um site de pré-prints - estudos não revisados por outros cientistas - em 20 de abril. E, embora o conteúdo publicado tenha apontado apenas duas mortes entre os que receberam o “kit covid”, uma planilha entregue aos senadores da CPI da Covid aponta nove óbitos. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o presidente-executivo da Prevent, Fernando Parrillo, negou que os dados compilados tratavam-se de um estudo científico, mas sim "um acompanhamento observacional de pacientes”.

“Não foi usado placebo nem duplo cego, não foi randomizado, como se deve fazer em trabalhos desse tipo. Não faria sentido fazer uma pesquisa no meio da pandemia. Somos uma empresa privada, paga para salvar vidas”, disse.

Apesar disso, os dados foram usados politicamente pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e por seus filhos também, no dia 18 de abril de 2020, para defender o uso dos remédios. Segundo o dossiê, o suposto estudo foi parte de um acordo da empresa com o chefe do Executivo para disseminar as substâncias ineficazes. A empresa nega qualquer ligação com o mandatário.

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