PF apura corrupção em gabinete do Governo de Pernambuco
A Polícia Federal (PF) aponta que reformas em casas de campo, bangalôs e imóveis de luxo faziam parte de negociações para favorecer fornecedores do Estado
Na manhã desta sexta-feira (15), a Polícia Federal (PF) cumpriu quatro mandados de busca e apreensão contra o secretário e servidores do Gabinete de Projetos Estratégicos de Pernambuco por suspeita de corrupção. De acordo com o material que havia sido colhido na Operação Articulada, os imóveis do gestor, incluindo uma casa de campo e um bangalô, eram reformados por "grandes fornecedores" do Estado em troca de favorecimento em contratos.
"As investigações revelaram que um secretário do Governo do Estado vinha recebendo vantagens financeiras em troca de favores políticos. Ele intermediava contratos para grandes fornecedores do Estado e era beneficiado com reforma em seus imóveis. Reforma em imóvel de casa de campo, reforma no imóvel onde mora, que inclusive pertence a um grande fornecedor do Estado", explicou a delegada Mariana Cavalcanti ao analisar os indícios apurados pela Operação Payback.
O imóvel emprestado onde o alvo principal da investigação morava desde 2018 é avaliado em R$ 1.300.000, com aluguel em torno de R$ 5 mil. As reformas gratuitas realizadas no mesmo imóvel e na casa de campo, feitas por outro fornecedor, superam R$ 100 mil, segundo a PF.
As ordens judiciais foram cumpridas em dois endereços residenciais de funcionários públicos no Recife, em uma casa de campo em Gravatá, no Agreste, e em um bangalô em Muro Alto, no Litoral Sul do Estado.
O Tribunal Regional Federal da 5ª Região ainda decretou o bloqueio de bens dos investigados e incomunicabilidade entre eles.
A PF também solicitou a prisão preventiva, monitoramento eletrônico, afastamento cautelar de função pública e sequestro dos imóveis apontados na investigação, mas os pedidos foram negados pela Justiça.
O LeiaJá entrou em contato com o Governo de Pernambuco para saber o posicionamento da gestão sobre a operação policial, indagou sobre os servidores investigados e o eventual afastamento dos cargos, mas não obteve uma resposta direta da gestão sobre cada questionamento.
Em nota, o Governo disse que "reafirma a disposição de prestar todos os esclarecimentos necessários, como sempre tem feito, quando solicitado por órgãos de controle e fiscalização".