Recurso de tradução simultânea da Meta suporta 204 idiomas
Empresa quer criar o chamado "tradutor universal", com atenção a idiomas e dialetos que recebem menos atenção em plataformas de tradução comercial
A Meta criou um modelo único de inteligência artificial capaz de traduzir em 204 idiomas diferentes, incluindo muitos não suportados pelas ferramentas comerciais atuais. A empresa está abrindo o código do projeto na esperança de que outros desenvolvam seu trabalho, de acordo com o comunicado feito pelo CEO Mark Zuckerberg.
O modelo de IA faz parte de um ambicioso projeto de P&D da Meta para criar o chamado “tradutor de fala universal”, que a empresa considera importante para o crescimento em suas muitas plataformas – do Facebook e Instagram ao desenvolvimento de domínios como VR e AR. A iniciativa foi nomeada No Language Left Behind (Nenhum Idioma Deixado para Trás, em português).
A tradução automática não apenas permite que a Meta entenda melhor seus usuários (e, assim, melhore os sistemas de publicidade que geram 97% de sua receita), mas também pode ser a base de um aplicativo aprimorado para projetos futuros, como seus óculos de realidade aumentada.
Especialistas em tradução automática disseram ao blog de tecnologia The Verge que a pesquisa mais recente da Meta completa e bastante ambiciosa, mas observaram que a qualidade de algumas das traduções do modelo provavelmente estaria bem abaixo da de idiomas com melhor suporte, como italiano ou alemão.
“A principal contribuição aqui são os dados”, disse o professor Alexander Fraser, especialista em linguística computacional da LMU Munich, na Alemanha, ao The Verge. “O que é significativo são 100 novos idiomas [que podem ser traduzidos pelo modelo da Meta].”
Como funciona a IA no tradutor da Meta?
Enquanto a maioria dos modelos de tradução automática lida com apenas um punhado de idiomas, o modelo da Meta é totalmente encapsulado: é um único sistema capaz de traduzir em mais de 40 mil direções diferentes entre 200 idiomas diferentes. Mas a Meta também está interessada em incluir “idiomas de poucos recursos” no modelo – idiomas com menos de 1 milhão de pares de frases traduzidas publicamente disponíveis. Estes incluem muitas línguas africanas e indianas que normalmente não são suportadas por ferramentas comerciais de tradução automática.
A cientista de pesquisa da Meta AI, Angela Fan, que trabalhou no projeto, disse ao The Verge que a equipe foi inspirada pela falta de atenção dada a essas linguagens de poucos recursos nesse campo. “A tradução nem funciona para os idiomas que falamos, então é por isso que começamos este projeto”, disse Fan. “Temos essa motivação de inclusão do tipo – ‘o que seria necessário para produzir uma tecnologia de tradução que funcione para todos’?”
O novo mecanismo usa uma abordagem diferente para propiciar resultados mais sólidos. A inteligência artificial contém um sistema de aprendizado de máquina alimentado por um elevado conjunto de frases. Como há várias combinações possíveis, a IA compara os conteúdos para decidir qual é o mais apropriado naquele contexto.