Enem: saiba como autores literários são cobrados na prova

Professor alerta que as questões nem sempre abordam os aspectos literários, mas apresentam relação com a linguística

por Elaine Guimarães seg, 23/10/2017 - 08:30
Nathan Santos/LeiaJáImagens/Arquivo Na Rua da Aurora, no Recife, obra relembra João Cabral de Melo Neto Nathan Santos/LeiaJáImagens/Arquivo

Para além da interpretação de texto, as questões do caderno de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) exigem que os candidatos tenham o conhecimento sobre autores e obras da cultura brasileira. O professor Diogo Xavier comenta que as questões nem sempre abordam os aspectos literários, mas apresentam relação com a linguística. Diogo ressalta que os feras precisam ficar atentos às características estéticas e sociais das obras. 

O docente salienta que os candidatos devem prestar atenção nos temas relacionados à estética dos escritores e obras, assim como, a poeticidade e construção do texto. “Ultimamente a prova de linguagens, no que se refere à literatura, cobra dos candidatos questões atreladas às questões sociais, linguísticas e estéticas. Um exemplo disso é a poética de João Cabral de Melo Neto, que apresenta uma carga social e estilística forte". Em entrevista ao LeiaJá, o docente listou os principais autores presentes no exame. Confira:

Prosa

Clarice Lispector - Escritora da terceira fase do modernismo brasileiro, chamada de "Geração de 45", Clarice nasceu na Ucrânia, mas ainda criança veio morar com a família no Brasil. Possui um estilo marcado pela inovação. Em sua literatura, os sentimentos e sensações dos personagens estão presentes, assim como, características intimistas e a representação do pensamento é feita de forma representação do pensamento não é feita de forma linear. Entre as obras mais conhecidas estão ‘Laços de Família’ e ‘A Hora da Estrela’.

Machado de Assis - De origem humilde, o escritor recebeu pouca educação formal e desempenhou diferentes funções, tais como: tipógrafo, editor de gravação, jornalista. Suas obras apresentam ironia e senso de humor para retratar os costumes da sociedade brasileira. Além disso, Machado mostra uma narrativa única e trava um diálogo com os leitores. Dentre as suas temáticas estão a escravidão, filosofia, ciúmes, mulher, papéis sociais, solidão. As obras mais conhecidas são Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro.

José de Alencar -  Classificado como um escritor da primeira fase romantismo brasileiro, Alencar possuía obras que apresentavam características realistas. Essas são classificadas em indianistas, históricas ou urbanas. Além disso, suas obras representava a cultura do povo, a história e as regiões brasileiras com uma linguagem, que para muitos, foi considerada inovadora para a época. Nas narrativas urbanas, costumava tecer críticas à sociedade, presente no livro Senhora. As obras indianistas, como em Ubirajara, Iracema e O Guarani, Alencar apresenta a figura do índio de forma idealizada. Já nas histórias regionalistas, ele fala dos costumes do campo, retratando o interior de São Paulo, os Pampas e o Sertão nordestino.

Guimarães Rosa – Representante da terceira fase do modernismo, o escritor apresenta uma escrita carregada de regionalismos, influenciada pela linguagem popular, recriando a linguagem com neologismos. Os costumes sertanejos e a paisagem são mostrados nas histórias. Assim como a figura do sertanejo é apresentado de forma a caracterizar o ser humano, seus percalços e lutas. Guimarães Rosa se consagrou na literatura brasileira após a publicação das obras Grande Sertões: Veredas e Corpo de Baile.

Ariano Suassuna – Um dos grandes nomes da cultura nordestina, o escritor e dramaturgo fundou o Movimento Armorial, na década de 70, cujo objetivo era apresentar a cultura popular em suas diversas faces. Pertencente a terceira fase do modernismo, sua produção carrega características da improvisação e do texto popular e mescla elementos do simbolismo, barroco e literatura de cordel. As obras ‘O Auto da Compadecida’, ‘O Santo e a Porca’ e ‘O Romance da Pedra do Reino’ se configuram como as mais discutidas.

Poesia

João Cabral de Melo Neto - Pertencente à geração de 45 do modernismo, João Cabral de Melo Neto apresenta em suas poesias características surrealistas, o rigor formal, formas fixas e versos ritmados. Desprendida de sentimentalismo, as obras descreviam as ações reais e possuíam um caráter construtivista. Uma de suas obras mais importantes é “Morte e Vida Severina”, que narra as pelejas do sertanejo.

Carlos Drummond de Andrade – Com características da segunda fase do movimento modernistas, Drummond apresenta nas poesias versos livres, sem métrica, concretas e com linguagem mais popular. Com uma escrita ácida, com versos irônicos e sarcásticos, o mineiro também teve uma fase mais social. Em seus poemas, ele escrevia sobre a terra natal e falava sobre angústia em relação ao futuro. As obras ‘A Rosa do Povo’, Sentimento do Mundo’ e o poemas ‘No meio do caminho’ são os mais icônicos.

Oswald de Andrade – Fundador do movimento modernista, iniciado na Semana de Arte Moderna, em 1922, Oswald de Andrade escreveu os primeiros textos com estilo modernista como o “Manifesto Antropófago” e “Manifesto da Poesia Pau-Brasil”. Caracterizada pó pregar a liberdade na construção do texto, o autor buscava criar e apresentar uma identidade nacional nas obras.

Cecília Meireles -  Autora da segunda fase do modernismo, Meireles utilizava técnicas tradicionais na construção dos versos, sonetos. Em suas poesias estão presentes temas como morte, o amor, o efêmero e o eterno. Suas obras apresentavam influências dos movimentos simbolista, romântico e parnasiano. “Romanceiro da Inconfidência”, “Viagem” e “Ou isto ou aquilo” são algumas obras que marcam a carreira da poetisa. 

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