Tópicos | Machado de Assis

Joaquem Maria Machado de Assis (1839-1808) nasceu no dia 21 de junho, há 183 anos, no Rio de Janeiro, mais precisamente no Morro do Livramento , em uma família humilde - o pai era pintor de paredes e a mãe, lavadeira. Machado é conhecido como "bruxo do Cosme Velho", um epíteto que ganhou força no meio literário quando Carlos Drummond de Andrade publicou o poema: "A um bruxo, com amor", no qual o poeta fez referência à casa da rua Cosme Velho, situada no bairro de mesmo nome, no Rio de Janeiro, onde morou Machado de Assis

Grande nome do movimento Realismo, trabalhou também como jornalista e  produziu romances, crônicas, poesia, contos, teatro e é considerado o maior escritor brasileiro do século XIX. Confira uma lista com alguns dos principais livros de Machado:

##RECOMENDA##

Dom Casmurro

Narrado em primeira pessoa por Bento Santiago, o protagonista conta sobre suas memórias desde a infância até a vida adulta. O foco da narrativa é a ida de “Bentinho” para o seminário católico e sua paixão pela jovem Capitu. Dominado pelo ciúme, ele acredita que a esposa o traiu com o seu melhor amigo, Escobar - o que até hoje segue sendo um dos maiores enigmas da literatura brasileira.

O romance foi adaptado pela TV Glogo e originou a série Capitu (2008), diririgda por Luiz Fernando Carvalho

A Mão e a Luva

A Mão e a Luva conta a história de Guiomar, uma moça ambiciosa que deseja ascender socialmente. Três rapazes pedem a mão dela em casamento, Estevão, Jorge, e Luis Alves. O primeiro a ama, o segundo nutre certa paixão, e o terceiro vê a oportunidade de um matrimônio bem-sucedido. Influenciada pela madrinha baronesa e a empregada, Senhora Oswald - Guiomar terá que escolher entre o amor e a ambição.

Memórias Póstumas de Brás Cubas

Narrado em primeira pessoa, o livro começa com a dedicatória “Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver, dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas”. O protagonista conta sua sobre sua vida, desde o nascimento até a morte. Brás Cubas estudou em Coimbra, teve duas grandes paixões e dedicava seus dias a desfrutar dos privilégios de ter nascido em uma família rica. Em 2001, a obra ganhou um filme estrelado por Reginaldo Faria, Sônia Braga e Otávio Muller.

Contos Fluminenses

Foi o primeiro livro de contos publicado por Machado de Assis, em 1870. Sete histórias compõem o volume, todas se passam na cidade do Rio de Janeiro. A mais popular delas é “Miss Dollar”, as outras são: “Luís Soares”, “A mulher de preto”, “O segredo de Augusta”, “Confissões de uma viúva moça”, “Linha reta e linha curva” e “Frei Simão”.

Um perfil biográfico não assinado sobre o imperador Dom Pedro II, escrito em 1859, teve sua autoria atribuída ao escritor Machado de Assis (1839–1908) por Cristiane Garcia Teixeira, historiadora e pesquisadora que divulgou a descoberta em um artigo que faz parte de seu trabalho de mestrado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). 

Em entrevista concedida ao Ministério da Educação (MEC), a historiadora conta que começou a estudar Machado de Assis por meio das pesquisas sobre imprensa e literatura do século XIX, que desenvolveu desde o trabalho de conclusão de curso em sua graduação. “Busquei problematizar de que maneira a análise dos romances de José de Alencar poderia auxiliar no entendimento das transformações urbanas, sociais e de comportamento no Rio de Janeiro, a capital do Império oitocentista. No mestrado, investiguei O Espelho, revista de literatura, modas, indústria e artes. O objetivo foi refletir sobre a revista como fragmento da imprensa da época (1859/1860) e sobre Machado de Assis enquanto redator-chefe”, contou a pesquisadora. 

##RECOMENDA##

Cristiane Garcia também cita a importância da imprensa do século XIX como uma importante fonte de pesquisas históricas que teve um papel fundamental para a literatura da época. “Praticamente todos os assuntos eram debatidos. Além de ter um papel fundamental nos debates políticos, funcionou como possibilidade e instrumento de educação não formal, inclusive entre as pessoas não alfabetizadas, pois muitas delas se encontravam durante os afazeres domésticos e de trabalho. Nessa ocasião, um eleito ou eleita lia em voz alta os jornais, revistas e romances de folhetins. Isso remete a outra questão fundamental: no século XIX, não havia literatura nacional sem a imprensa. Todos os autores que conhecemos dessa época, inclusive Machado de Assis, tiveram seus textos primeiro publicados em revistas e jornais. Além disso, a imprensa da época é uma fonte muito rica para se compreender diversos temas, como moda, indústria, economia, cultura e política”, explicou a historiadora.

A escolha pela revista 'O Espelho' veio, entre outras razões, pela descoberta de que a publicação continha uma série de crônicas que Machado de Assis havia escrito, chamada “Aquarelas”. “Ainda não havia uma pesquisa de fôlego sobre a revista, encontrava menções a ela nas biografias sobre Machado de Assis. Além disso, foi uma revista de circulação curta, de aproximadamente quatro meses, e poderia ser bem explorada quando investigada. Foram essas as circunstâncias que me levaram ao Espelho. Passei a analisá-la e percebi a gigantesca influência que teve Machado de Assis e seus textos para a revista (...) Por consequência, durante a investigação, a revista acabou se tornando a protagonista da minha pesquisa e Machado de Assis e sua atuação foram fundamentais para entendê-la”, afirmou a pesquisadora.

Cristiane Garcia conta que identificou a escrita de Machado de Assis analisando a lógica de distribuição de textos e autores na revista. “Esses aspectos, tanto de posicionamento de artigos, quanto o espaço ocupado por Machado de Assis no impresso e também o cruzamento da análise do Espelho e seu quadro editorial com a análise de outras revistas e jornais que circularam na época, ajudaram-me na construção de argumento fortalecido que sugeriu a autoria de Machado de Assis para a biografia”, disse a pesquisadora. 

O segundo passo para atribuir a autoria de Machado ao perfil do imperador foi perceber que o texto estava na primeira página e o primeiro artigo, setor destinado a Machado. Houve também a descoberta de uma nota na edição número seis da revista, que informava que iniciariam a publicação de um esboço biográfico, cujo biógrafo seria Machado de Assis. O texto, segundo a pesquisadora, apresenta “ironia e a sutileza tão utilizadas nos textos escritos por Machado de Assis quando mais maduro, mas que já apareciam, mesmo que de maneira menos rebuscada, no Espelho”. 

Questionada sobre a importância e impactos de sua descoberta, Cristiane Garcia explicou que a pesquisa deixa claro que a biografia recém-descoberta mostra que a obra de Machado de Assis ainda não é completamente conhecida e ainda há possibilidade de novas descobertas serem feitas. A metodologia de pesquisa empregada, segundo a estudiosa, também pode ajudar a identificar a autoria de textos de outros autores da época, que publicavam duas obras na imprensa.

“Muitos autores que hoje são consagrados passaram primeiro pela imprensa para só depois serem canonizados em livros. De outra maneira, a metodologia construída para a análise d’O Espelho e que teve como resultado o encontro desse texto, que não era inédito, mas cuja autoria foi atribuída pela primeira vez a Machado de Assis, pode auxiliar em outras investigações na busca por outros textos desconhecidos e atribuir a quem é de direito sua autoria”, finalizou a historiadora.

*Com informações do MEC

Na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), há questões acerca de literatura, que são cobradas na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Diversos são os autores e as obras que fazem parte do cronograma de conteúdos recomendados para estudo dos candidatos. Pensando em auxiliar quem planeja fazer o Enem, o LeiaJá entrevistou quatro professores que indicaram possíveis livros a serem pedidos.

Vidas Secas

##RECOMENDA##

Segundo o professor Felipe Rodrigues, a obra Vidas Secas, do autor Graciliano Ramos, da Segunda Geração do Modernismo, deve cair na prova de Linguagens do Enem. “Então, questões que denotam o modernismo brasileiro são muito batidas dentro da proposta de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Por esse motivo, tal qual outros autores, Graciliano traz um retrato bem árido sobre a realidade da seca, inclusive essa aridez é retratada pela desnecessidade de adjetivos, de um livro mais seco, de um livro mais objetivo, que é uma característica dessa obra, inclusive que traz a essência da região, a essência desse clima, dessa sociedade que vive à mercê das condições edafoclimáticas", explica Rodrigues.

"Então, ele tem 13 capítulos e aí seus primeiros e últimos capítulos eles têm títulos bem emblemáticos, mas que narram realidades da seca. O primeiro tem a questão da mudança e fala um pouco sobre essa questão da adaptação à seca. Já a fuga fala sobre o êxodo rural, que é outra readaptação quando não se tem mais o que fazer. Tem-se personagens bem célebres, como, por exemplo, o Fabiano, um homem tipicamente nordestino, tipo vaqueiro; tem a esposa de Fabiano, sinhá Vitória, que é uma mulher religiosa, trabalhadora, cuida dos filhos, ajuda também o marido nesse trabalho e aí eles falam um pouco sobre sonhos, sobre realidades”, conta, ainda, o docente.

De acordo com o professor, alguns escarnecimentos são colocados em foco na obra. “Por exemplo, enquanto um filho quer aprender a ler alguma coisa e não se sabe, é aquele dilema da falta de oportunidade, falta de crescimento que é dada a algumas pessoas, a alguns grupos populacionais, é colocado em xeque o descaso que essas pessoas têm e os próprios rumos que elas têm que tomar sem auxílio de outrens. A cachorra Baleia, eu vou já entregar algo, que é sacrificada por conta desse decorrer anterior à fuga do andamento do livro, é colocada em xeque como uma figura, assim, como membro da família, que pensa, que sonha, como se fosse gente mesmo, fosse pessoa, como se fosse a ideia de muitas vezes de personificação dessa cachorra, mas que no final ela também é colocada em xeque à sorte e morre por conta dos problemas inerentes à vida desses seus donos, que, no final, tentam fazer de novo seu futuro, deixando tudo para trás”, finaliza o professor.

A Hora da Estrela

A professora de literatura e redação Josicleide Gulhermino selecionou o livro A Hora da Estrela, da escritora ucraniana naturalizada brasileira Clarice Lispector. “Considerada uma das maiores escritoras da literatura nacional, Clarice escreveu romances, crônicas, contos e afins. Oficialmente está vinculada à terceira fase do Movimento Modernista e sua literatura concentra-se nas profundezas do "ser", explicou a docente.

O ano de 2020 é do centenário de nascimento da autora de A Hora da Estrela, seu último romance e talvez o mais significativo, por ser o único em que se identifica a temática social mais evidente. Na obra, Clarice presenteia os leitores com Macabea, uma jovem alagoana que, como muitos nordestinos (durante muito tempo), fugindo à miserabilidade, vai tentar a sorte na cidade grande. No caso da personagem, o Rio de Janeiro.

"Macabéa tem pouca instrução, aparência ruim, cheiro desagradável e em um dado momento da narrativa precisa mastigar pedacinhos de papel para enganar a fome; teve pouco ou nenhum momento de felicidade e, como se não bastasse, seu namorado a troca por sua amiga. Todavia, a esperança renasce quando ela visita uma cartomante que faz excelentes previsões. O fim da narrativa, contudo, contraria o que foi dito”, explica Josicleide.

A professora conta que pelo fato de o Enem focar em questões da atualidade e o livro permitir a reflexão sobre muitas mazelas sociais atuais, a leitura da obra é importante para o exame deste ano. “Pelo fato de o Enem ser uma prova que atua na perspectiva da atualidade e a obra citada possibilita a reflexão sobre vários problemas sociais vigentes, como desigualdade, fome e afins; além do centenário de um dos grandes nomes da literatura brasileira, A Hora da Estrela’ se converte em uma leitura necessária para o exame deste ano”, diz Josicleide Guilhermino.

Memórias Póstumas de Brás Cubas

O professor de redação Diogo Xavier optou pelo livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, do autor Machado de Assis. “Memórias Póstumas de Brás Cubas é uma obra icônica de Machado de Assis, frequentemente abordada na prova do Enem, por ser fonte infindável de análises, tanto nos aspectos literários e composicionais quanto para a interpretação. Diante disso, é importante que o fera leia o livro ou, pelo menos, conheça bem o enredo e os detalhes do romance”, aconselha.

Xavier discorre, ainda, sobre a história da obra citada, a qual ele julga importante para o exame. “Publicada em 1881, é a obra inaugural da fase realista de Machado de Assis e do próprio Realismo no Brasil. Representa uma revolução tanto de ideias e de formas. De ideias, porque aprofunda o desprezo pelas idealizações românticas, fazendo emergir a consciência nua do indivíduo, fraco e incoerente; de formas, pela ruptura com a linearidade da narrativa e do estilo "enxuto". Importante ressaltar que a mulher, de idealizada no Romantismo, passa a ser, nas mãos de Machado e de outros autores realistas, a causa dos pecados dos homens, a serpente, a causadora da discórdia, da loucura.

"Machado apresenta uma história lenta, cheia de digressões e narrada de maneira irônica por um “defunto autor”, conceito explicado pelo protagonista logo no início da obra. Livre e descompromissado com a sociedade, Brás Cubas, à medida que narra sua vida, revela e analisa não só os motivos sórdidos de seu próprio comportamento, como também desnuda todas as hipocrisias e vaidades das pessoas com quem conviveu. As reflexões do narrador intruso pontuam todo o texto, impregnando-o de um pessimismo radical, que vê os homens como seres corruptos, hipócritas e egoístas, como ele mesmo o era", diz o Diogo Xavier.

"Nada resiste a essa análise impiedosa do comportamento humano, e suas últimas palavras resumem bem essa visão amarga da existência: 'Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria'. O aspecto fantástico do romance (afinal, um defunto conta suas memórias) e o tom irônico e zombeteiro do narrador fazem de Memórias Póstumas de Brás Cubas uma obra ímpar na literatura brasileira, e explorada não só na prova do Enem, mas em inúmeros outros concursos e vestibulares”, conta o professor.

O Quinze

Talles Ribeiro, professor de literatura, escolheu o livro O Quinze, da escritora Rachel de Queiroz, como um livro que deve cair no Enem. “Uma leitura que não pode faltar para quem se prepara para o Enem deste ano é O Quinze, de Rachel de Queiroz", garante o docente.

"É notório que o Enem tem sua abordagem influenciada por temáticas políticas. Durante os governos progressistas era comum que o exame abordasse temáticas mais sociais como por exemplo: questões ligadas a Negritude, Desigualdade Social, Preconceito às Minorias.... Pois essas eram bandeiras levantadas por aquele campo político. Hoje, o Governo Federal levanta outras bandeiras, estas como: Patriotismo, Família, Valores Cristãos...", explica Talles.

"Desta maneira, dentro do caderno de Linguagens, as escolas literárias que abordam esta temática, tais como o Romantismo que inicia um processo de valorização nacionalista na literatura e o Modernismo que edifica esse projeto, não podem passar desapercebidas pelos feras", completa o professor.

""Nesse contexto trago uma obra importante da Segunda Geração do Modernismo, geração essa conhecida como regionalista, justamente por abordar as temáticas acerca do Brasil in loco (regionalmente), que devido ao contexto histórico focou sua análise nas mazelas sociais que caiam sobre o povo brasileiro principalmente a população do Nordeste”, diz o professor.

“O Quinze foi o primeiro romance escrito por Raquel de Queiroz. Publicado originalmente em 1930, este romance trata dos eventos de uma seca terrível que abateu o sertão nordestino em 1915. O Romance é contado focando-se em dois núcleos. A priori, os enredos dos núcleos aparentam não se relacionar, mas a uma altura da narrativa é possível perceber encruzilhadas nos caminhos deles", conta Talles.

O primeiro núcleo é composto por Conceição, uma professora solteira de 22 anos de férias na fazenda da família e Vicente, um vaqueiro filho de um proprietário de terras. O casal flerta durante a narrativa. Enquanto a seca castiga é bonito perceber que o amor floresce nos corações sertanejos, mesmo em meio a tanta miséria e desespero.

O outro núcleo é composto por Chico Bento, Cordulina e seus três filhos. Eles moravam em uma fazenda em Quixadá de propriedade da dona Maroca. Com o agravamento da seca a proprietária decide soltar o gado a sua própria sorte encerrando assim os serviços da família de Chico Bento na Fazenda. Desolado e desempregado, Chico Bento inicia uma dolorosa retirada com a sua família para Fortaleza a pé, já que não tinham o dinheiro da passagem. 

"A narrativa é de uma crueza espetacular, emocionando o leitor a cada desdobramento do enredo. A dor de Chico Bento e família é sentido na pele e a reflexão sobre a vida dura e sofrida do sertanejo é uma constante durante todo o romance”, finaliza Talles.

LeiaJá também

-> Entenda o bônus na nota para ingresso em medicina na UFPE

A literatura é tida como ferramenta de educação e formação de uma sociedade. Sendo assim, ler os autores de seu país pode ser uma ótima estratégia para entender melhor sobre as pessoas que o cercam e até a si próprio. Nesta quarta (20), em que é celebrado o Dia da Consciência Negra, o LeiaJá preparou uma lista com sete dos mais importantes escritores negros do Brasil que em suas obras discorrem sobre temas muito discutidos, sobretudo nesta data, como o combate ao racismo, igualdade racial e de gênero e as lutas diárias da sociedade brasileira e de sua população negra. Confira e abra espaço em sua estante: 

Solano Trindade

##RECOMENDA##

Poeta, folclorista, pintor, ator, teatrólogo, cineasta e militante, Solano Trindade tornou-se um dos nomes mais fortes da literatura brasileira. O escritor recifense traz em sua obra as reivindicações sociais dos negros em busca de melhores condições de vida. Alguns de seus títulos de destaque são 'Poemas d'uma vida simples' e 'Cantares ao meu povo'. 

Maria Firmina

Nascida em São Luís, no Maranhão, Maria Firmina foi pioneira ao escrever o primeiro romance abolicionista do país e ser a primeira mulher negra a publicar um livro, 'Úrsula', em 1859. Ela também escreveu poemas e contribuiu em diversos jornais de sua época. Após aposentar-se, em 1880, a escritora criou uma escola gratuita e mista. 

Carolina Maria de Jesus

A mineira Carolina de Jesus é considerada uma das primeiras escritoras negras do Brasil. Em sua obra ela fala do cotidiano dos moradores das favelas, tendo sido ela uma dessas moradoras pela maior parte de sua vida. Um de seus principais livros, Quarto de despejo: 'Diário de uma favelada', de 1960, vendeu cerca de 100 mil exemplares e foi publicado em mais de 40 países, em 13 idiomas diferentes. 

Conceição Evaristo

A escritora mineira, que só concluiu seus estudos básicos aos 25 anos por ter se dividido, durante toda a vida, entre a escola e o trabalho como doméstica, fez sua estreia na literatura em 1990. Hoje, mestra em Literatura Brasileira pela PUC-Rio e doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense, Conceição Evaristo tem obras traduzidas em diversos idiomas e publicadas no exterior. Ela é militante ativa do movimento negro e trabalha em seus escritos temas como discriminação racial, de gênero e de classe. 

Miró da Muribeca

João Flávio Cordeiro Silva, mais conhecido como Miró da Muribeca, é um poeta recifense, com 13 livros lançados e uma recente estreia na literatura infantil com a publicação 'Atchim!'. Miró pode ser visto pelas ruas do Recife, recitando e conversando com as pessoas e é dessa vivência que extrai material para o seu trabalho. A violência urbana, dificuldades do cotidiano, e as pequenas alegrias do dia a dia costumam estar presentes em sua obra. 

Djamila Ribeiro

Um dos mais importantes nomes da luta contra o racismo e do feminismo, na atualidade, Djamila Ribeiro é filósofa e escritora. Ela tem percorrido o Brasil e o mundo falando sobre igualdade racial e de gênero e algumas de suas obras também já foram publicadas no exterior. Entre seus lançamentos, estão 'Quem tem medo do feminismo negro?' e 'O que é lugar de fala?'. No final de 2019, ela lança 'Pequeno Manual Antirracista', pela editora Companhia das Letras. 

Machado de Assis

Um nome que dispensa apresentações, sendo Machado um dos mais importantes e conhecidos autores do país. Ele escreveu romances, contos, peças de teatros, crônicas e poemas, mas a desigualdade racial não era algo fortemente presente em sua obra. No entanto, recentemente, sua figura surgiu como símbolo contra o racismo em uma campanha de reparação histórica após indícios atestarem que o autor era, na verdade, negro, e não branco como costuma aparecer em uma das poucas imagens de sua pessoa. A campanha Machado de Assis Real, lançada pela Faculdade Zumbi dos Palmares, tratou de reparar o embranquecimento perpetuado na imagem do autor até então, com o objetivo de corrigir o racismo na literatura brasileira. 

Imagens: Reprodução

Reprodução/Instagram Djamila Ribeiro e Conceição Evaristo

Rafael Bandeira/LeiaJàImagens/Arquivo (Miró da Muribeca)

O escritor Machado de Assis - referência maior da literatura brasileira - foi embranquecido nos livros de história, fazendo com que muita gente não saiba que o fundador da Academia Brasileira de Letras era negro. Para que o erro seja corrigido, uma campanha realizada pela Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, recriou uma foto clássica do escritor e solicita que ela seja usada no lugar da antiga.

A ação intitulada ‘Machado de Assis Real’ diz que a foto oficial do escritor ‘muda a cor da sua pele, distorce seus traços e rejeita sua verdadeira origem’, além de ser ‘uma injustiça que fere a comunidade negra’. No site da campanha, os idealizadores disponibilizaram a imagem recriada, onde os internautas podem fazer o download e colocá-la sobre a imagem usados nos livros.

##RECOMENDA##

Além disso, o site também abriga um abaixo-assinado para que as editoras não utilizem mais a foto do Machado de Assis da pele clara e que a imagem seja substituída pela da campanha.

Em 2011, a Caixa Econômica Federal veiculou uma campanha publicitária em comemoração aos 150 anos da instituição, em que o ator que representava Machado de Assis era branco. Após críticas dos internautas, a propaganda foi tirada do ar e posteriormente, a campanha foi feita por um ator negro.

 

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no dia 21 de junho de 1839 na cidade do Rio de Janeiro. Foi poeta, cronista, romancista, teatrólogo, contista e jornalista. Fundador da Academia Brasileira de Letras em 1897, Machado de Assis foi o primeiro presidente da Casa, a qual até hoje leva seu nome em homenagem. O escritor é conhecido como pai do Realismo na literatura brasileira e um dos maiores escritores do país. Mesmo com a maioria de suas obras escritas no século XIX, a biografia machadiana ainda é bastante atual e objeto de estudo por especialistas e professores de literatura, redação e língua portuguesa.

##RECOMENDA##

Devido à grande notoriedade de sua vida e obra, o escritor é figurinha carimbada no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Na edição de 2014 do Enem, a prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias abordou em uma questão, a obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, escrita por Machado de Assis no ano de 1881. Confira:

O professor de língua portuguesa Felipe Rodrigues, afirma que Machado de Assis foi um escritor completo, que detém uma gama de obras passando por diversos gêneros literários. O docente dividiu as obras machadianas em duas fases: a romântica e a realista. “Ele foi esteticamente realista sem deixar de ser romântico nas suas obras. Escreveu romances com o amor idealizado, com temas tradicionais do romancismo, como também, obras que traziam críticas ao sistema político vigente e às questões sociais nos temas realistas. Como exemplo, vale destacar que nos principais romances de sua autoria o autor retrata com ironia e pessimismo a realidade social, caracterizando assim o Realismo”, pontuou.

Principais Obras

Machado de Assis é um dos autores mais traduzidos do mundo. Suas obras mais famosas, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “Dom Casmurro” e “Quincas Borba”, foram traduzidas para mais de dez línguas. Professores de língua portuguesa e especialistas em literatura afirmam que a obra machadiana tem elementos característicos que diferenciam Machado de Assis dos demais autores.

O professor de literatura Diogo Xavier afirma que as obras de Machado de Assis figuram entre as mais importantes da literatura brasileira. De acordo com o docente, os estudantes também precisam conhecer os principais romances escritos pelo autor. “Especialmente a tríade: Memórias Póstumas de Brás Cubas, que é o marco inicial do Realismo no Brasil; Dom Casmurro e Quincas Borba. Essas são as obras mais estudadas e mais comentadas de Machado de Assis. Também é importante que o aluno leia alguns contos mais conhecidos como “Missa do Galo” e “A Cartomante”, que podem ser cobradas pela prova”, pontuou.  

Características de linguagem

Ainda segundo Xavier, a linguagem empregada pelo autor é diferente da utilizada na época. “A linguagem de Machado é inovadora em relação a forma de interagir com o leitor, por que os narradores de Machado geralmente interagem com o leitor. Além disso, é uma linguagem permeada de ironia, esses são os traços mais marcantes de Machado”, destacou.

O educador ainda salienta que as questões do Enem que abordam a obra do autor “tanto cobram essa linguagem e essa crítica de Machado, como interpretação em si. Interpretação da cena, interpretação dos personagens”, concluiu.

Morte

Machado de Assis morreu em 1908 aos 69 anos de idade, na cidade do Rio de Janeiro, após complicações de saúde. O autor foi diagnosticado com câncer de língua e também sofria de epilepsia. Após a morte de sua esposa, Carolina Augusta Xavier de Novais, em 1904, Machado foi acometido por um forte quadro de depressão, o que agravou ainda mais seu frágil estado de saúde.

O Ministério da Educação (MEC) em parceria com o Portal Domínio Público e o Núcleo de Pesquisa em Informática, Literatura e Linguística (Nupill) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) disponibiliza online e de forma gratuita para download, a obra completa de Machado de Assis. Além disso, o site também traz teses, dissertações acadêmicas e toda biografia do escritor. Uma ótima oportunidade para quem está se preparando para vestibular e quer aprofundar os estudos em um dos maiores ícones da literatura brasileira. Acesse o acervo aqui.

 

Para além da interpretação de texto, as questões do caderno de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) exigem que os candidatos tenham o conhecimento sobre autores e obras da cultura brasileira. O professor Diogo Xavier comenta que as questões nem sempre abordam os aspectos literários, mas apresentam relação com a linguística. Diogo ressalta que os feras precisam ficar atentos às características estéticas e sociais das obras. 

O docente salienta que os candidatos devem prestar atenção nos temas relacionados à estética dos escritores e obras, assim como, a poeticidade e construção do texto. “Ultimamente a prova de linguagens, no que se refere à literatura, cobra dos candidatos questões atreladas às questões sociais, linguísticas e estéticas. Um exemplo disso é a poética de João Cabral de Melo Neto, que apresenta uma carga social e estilística forte". Em entrevista ao LeiaJá, o docente listou os principais autores presentes no exame. Confira:

##RECOMENDA##

Prosa

Clarice Lispector - Escritora da terceira fase do modernismo brasileiro, chamada de "Geração de 45", Clarice nasceu na Ucrânia, mas ainda criança veio morar com a família no Brasil. Possui um estilo marcado pela inovação. Em sua literatura, os sentimentos e sensações dos personagens estão presentes, assim como, características intimistas e a representação do pensamento é feita de forma representação do pensamento não é feita de forma linear. Entre as obras mais conhecidas estão ‘Laços de Família’ e ‘A Hora da Estrela’.

Machado de Assis - De origem humilde, o escritor recebeu pouca educação formal e desempenhou diferentes funções, tais como: tipógrafo, editor de gravação, jornalista. Suas obras apresentam ironia e senso de humor para retratar os costumes da sociedade brasileira. Além disso, Machado mostra uma narrativa única e trava um diálogo com os leitores. Dentre as suas temáticas estão a escravidão, filosofia, ciúmes, mulher, papéis sociais, solidão. As obras mais conhecidas são Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro.

José de Alencar -  Classificado como um escritor da primeira fase romantismo brasileiro, Alencar possuía obras que apresentavam características realistas. Essas são classificadas em indianistas, históricas ou urbanas. Além disso, suas obras representava a cultura do povo, a história e as regiões brasileiras com uma linguagem, que para muitos, foi considerada inovadora para a época. Nas narrativas urbanas, costumava tecer críticas à sociedade, presente no livro Senhora. As obras indianistas, como em Ubirajara, Iracema e O Guarani, Alencar apresenta a figura do índio de forma idealizada. Já nas histórias regionalistas, ele fala dos costumes do campo, retratando o interior de São Paulo, os Pampas e o Sertão nordestino.

Guimarães Rosa – Representante da terceira fase do modernismo, o escritor apresenta uma escrita carregada de regionalismos, influenciada pela linguagem popular, recriando a linguagem com neologismos. Os costumes sertanejos e a paisagem são mostrados nas histórias. Assim como a figura do sertanejo é apresentado de forma a caracterizar o ser humano, seus percalços e lutas. Guimarães Rosa se consagrou na literatura brasileira após a publicação das obras Grande Sertões: Veredas e Corpo de Baile.

Ariano Suassuna – Um dos grandes nomes da cultura nordestina, o escritor e dramaturgo fundou o Movimento Armorial, na década de 70, cujo objetivo era apresentar a cultura popular em suas diversas faces. Pertencente a terceira fase do modernismo, sua produção carrega características da improvisação e do texto popular e mescla elementos do simbolismo, barroco e literatura de cordel. As obras ‘O Auto da Compadecida’, ‘O Santo e a Porca’ e ‘O Romance da Pedra do Reino’ se configuram como as mais discutidas.

Poesia

João Cabral de Melo Neto - Pertencente à geração de 45 do modernismo, João Cabral de Melo Neto apresenta em suas poesias características surrealistas, o rigor formal, formas fixas e versos ritmados. Desprendida de sentimentalismo, as obras descreviam as ações reais e possuíam um caráter construtivista. Uma de suas obras mais importantes é “Morte e Vida Severina”, que narra as pelejas do sertanejo.

Carlos Drummond de Andrade – Com características da segunda fase do movimento modernistas, Drummond apresenta nas poesias versos livres, sem métrica, concretas e com linguagem mais popular. Com uma escrita ácida, com versos irônicos e sarcásticos, o mineiro também teve uma fase mais social. Em seus poemas, ele escrevia sobre a terra natal e falava sobre angústia em relação ao futuro. As obras ‘A Rosa do Povo’, Sentimento do Mundo’ e o poemas ‘No meio do caminho’ são os mais icônicos.

Oswald de Andrade – Fundador do movimento modernista, iniciado na Semana de Arte Moderna, em 1922, Oswald de Andrade escreveu os primeiros textos com estilo modernista como o “Manifesto Antropófago” e “Manifesto da Poesia Pau-Brasil”. Caracterizada pó pregar a liberdade na construção do texto, o autor buscava criar e apresentar uma identidade nacional nas obras.

Cecília Meireles -  Autora da segunda fase do modernismo, Meireles utilizava técnicas tradicionais na construção dos versos, sonetos. Em suas poesias estão presentes temas como morte, o amor, o efêmero e o eterno. Suas obras apresentavam influências dos movimentos simbolista, romântico e parnasiano. “Romanceiro da Inconfidência”, “Viagem” e “Ou isto ou aquilo” são algumas obras que marcam a carreira da poetisa. 

O portal que tem toda a obra do autor Machado de Assis passou por reformulações e recebeu novas funções. Além do novo layout, a página aprimorou os sistemas de cadastro e busca e também foi adaptado para atender a todas as normas de acessibilidade exigidas pelo governo federal, com recursos de alto contraste, salto para conteúdo e menu.

Através do portal (http://machado.mec.gov.br/) é possível fazer download de todas as obras do escritor. Basta escolher entre os gêneros de romance, conto, poesia, crônica, teatro, crítica, tradução ou miscelânea e, em seguida, selecionar o título.

##RECOMENDA##

Qualquer cidadão pode acessar o site. A página ainda oferece informações sobre a cronologia, a bibliografia, dissertações e vídeos sobre a vida do autor.

Um dos grandes escritores da literatura brasileira, Machado de Assis, é o homenageado do Google nesta quarta-feira (21) e aparece na página inicial do site de buscas. Autor de livros clássicos como ''Dom Casmurro'', ele completaria seu 178º aniversário se estivesse vivo nesta data.

Em 1839, Joaquim Maria Machado de Assis nasceu de uma família simples em Morro do Livramento, no Rio de Janeiro. Neto de escravos libertos, ele enfrentou muitos desafios por ser mestiço no século 19, incluindo o acesso limitado à educação formal. Mas nada disso o impediu de estudar literatura. Ao trabalhar como tipógrafo, ele criou poemas, romances e peças de teatro.

##RECOMENDA##

Machado de Assis também é o fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL). A homenagem do Google representa algumas de suas principais obras, como "Quincas Borbas", "Dom Casmurro" e "Memórias Póstumas de Brás Cubas".

LeiaJá também

--> Google libera busca por emprego na sua página de pesquisas

O Portal Domínio Público - a biblioteca digital do MEC - e o Núcleo de Pesquisa em Informática, Literatura e Lingüística (NUPILL), da Universidade Federal de Santa Catarina disponibilizam mais de 300 obras de Machado de Assis para download gratuito. Sua obra completa chega a qualquer usuário da internet, que busca conhecer um pouco sobre a literatura brasileira através de livros, teses, dissertações e estudos sobre o autor. Não é preciso realizar cadastros ou inscrições no site para baixar as obras e a consulta é feita pelo nome do escritor e gênero buscado.

O projeto tem como propósito organizar, , complementar e revisar as edições digitais até então existentes na rede, gerando o que se chama de Coleção Digital Machado de Assis. A coleção foi disponibilizada em 2011, quando o Machado completaria 103 anos, e contou com a parceria do Ministério da Educação. O portal disponibiliza obras de outros autores nacionais, como Carlos Drummond de Andrade e Olvavo Bilac. 

##RECOMENDA##

O portal - que disponibiliza as obras - convida os pesquisadores e especialistas que estudam sobre o escritor, para contribuirem nas pesquisas apontando possíveis omissões, sugerindo novas abordagens e mesmo enviando materiais para publicação no portal. Quanto ao público em geral, podem interagir por meio de mensagens eletrônicas, publicadas na seção Postagens.

[@#galeria#@]

A professora de Letras, Literatura e Geografia Nelly Cecília Paiva, da Universidade da Amazônia (Unama), lançou no último domingo (5) o livro "A História na História de um Quase Ministro, de Machado de Assis". O lançamento ocorreu no último dia de atividades da XX Feira Pan-amazônica do Livro, no Centro de Convenções Hangar, em Belém.

##RECOMENDA##

Membro da Academia Paraense de Letras e com 13 livros escritos na carreira, Nelly Cecília produziu a sexta obra sobre Machado de Assis. No entanto, considera esta última a mais importante por desfazer uma imagem criada sobre ele. “Fazemos trabalhos e pesquisas sobre Machado de Assis e suas obras. A maioria das pessoas o conhece como um romancista. Optei, então, por trabalhar uma das três peças das nove que ele escreveu, talvez a mais importante e atual – 'A História na História de um Quase Ministro, de Machado de Assis'. Porque diziam que o Machado de Assis era totalmente alienado na questão política da época que ele viveu. E, nesse livro, eu provo que ele não foi assim”, relatou a professora, premiada três vezes na Academia de Letras.

Nelly contou mais detalhes sobre o livro e o engajamento político de Machado de Assis, na época do segundo reinado, que durou 49 anos, entre 1840 e 1889 – em que ocorreu a proclamação da República. “Pesquisei essa obra e vi que ele era engajado politicamente e trazia à atualidade o homem de todo o tempo. Machado, nessa peça, fala sobe os bajuladores, aqueles que ficam rodeando uma pessoa com o poder. Então, em função disso, a gente vê a atualidade nessa peça, que é uma das três mais importantes dele”, complementou.

A professora mostrou grande satisfação em ter a oportunidade de lançar o livro em um evento do porte da Feira Pan-Amazônica. “Para mim, é um privilégio estar aqui nesse evento, pela Biblioteca Nacional, Cejup, Unama e Grupo Ser”, disse Nelly.

O livro tem o valor de R$ 37,50 e está à disposição de interessados no Cejup – Biblioteca Regional, localizada na Antônio Barreto, número 1271. Contatos: 3031-7850 ou 3245-6988.

Por Mateus Miranda.

a.

O mais velho dos cineastas em atividade, o português Manoel de Oliveira, comemora nesta terça-feira 104 anos ainda trabalhando, apesar de seus problemas de saúde e dificuldades para obter meios financeiros para seus novos projetos.

Registrado em 12 dezembro de 1908, na cidade do Porto (norte), o cineasta na realidade nasceu no dia 11 e sua família deve se reunir nesta terça para comemorar o aniversário.

##RECOMENDA##

Hospitalizado durante uma semana em julho em função de problemas pulmonares, o idoso diretor se encontra bem, mas sob observação médica principalmente por causa do tempo frio.

"Ele continua a trabalhar em casa", afirmou sua filha, Adelaide Maria Trêpalle, explicando que seu pai terminou o roteiro de seu próximo filme, "A igreja do diabo", inspirado em Machado de Assis.

"'A igreja do diabo' está em fase de pré-produção, procurando financiamento", afirmou, por sua vez o produtor Luis Urbano, da sociedade O Som e a Fúria.

"Estamos à procura de financiamento em outros países, inclusive no Brasil", afirmou, lamentando a situação dramática do cinema português.

Um dos maiores nomes da literatura brasileira teve suas obras colocadas em um aplicativo desenvolvido para o tablet iPad. Ele é um leitor de PDF que foi desenvolvido pela MobiDevel e, para ser testado pelos usuários, a empresa resolveu disponibilizar toda a obra do escritor – que já faz parte de acervo público.

O Machado de Assis – Obra Completa tem um design e visual legais, além de fazer uso das funcionalidades do aparelho. Para baixar os livros é preciso realizar um cadastro no sistema da MobiDevel e ter o iOS 4.3 ou superior. As obras ocupam 12,8MB de espaço e podem ser baixados pela App Store

##RECOMENDA##

A TV Escola, canal de televisão do Ministério da Educação, por meio da Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), selecionará sete produtoras audiovisuais independentes para criar o novo conjunto de séries educativas. Os conteúdos serão veiculados na TV Escola, na internet, além de gravados em DVD.

A seleção será realizada por meio de três editais distintos que tratam da produção de séries ligadas à alfabetização, matemática e história do Brasil, além de três animações a partir de obras do escritor Machado de Assis. As produtoras interessadas poderão participar de mais de um edital, mas serão contratadas para a execução de apenas uma proposta.


O primeiro edital selecionará a produção de dois conjuntos de séries, um sobre alfabetização e outro a respeito de matemática. Ambos contarão com 13 episódios com os conteúdos dos três primeiros anos do ensino fundamental, voltados para os estudantes, e mais seis episódios, de 26 minutos cada, que relatem experiências de sucesso em sala de aula, tendo como público-alvo os docentes.

Além do conteúdo das séries, deverá ser desenvolvida em conjunto uma plataforma online de jogos educativos. As inscrições para esta seleção serão recebidas pela Acerp até às 17h do dia 13 de julho.

Outras duas produtoras serão selecionadas para desenvolver duas minisséries, com três episódios cada, sobre a história do Brasil. As minisséries, voltadas para o público em geral, devem ter como temas Nações, povos, lutas, guerras e revoluções; e Cidadania e cultura no mundo contemporâneo.

"Aurora sem dia", "Um apólogo" e "Miss Dollar" são as três obras do escritor Machado de Assis que ganharão animações. Serão três curtas-metragens de 11 minutos cada. Os contos, bem como outras obras do escritor, encontram-se em domínio público. As inscrições para o terceiro e segundo editais serão recebidas pela Acerp até às 17h do dia 3 de agosto.

Confira os editais.

##RECOMENDA##

A programação do 6º Festival Palco Giratório se estende até o fim de maio no Recife. Até a próxima quinta-feira (17), sete peças com linguagens e estilos diferentes, usando a dança, a música ou a dramaturgia como forma de expressão acontecem nos teatros da cidade. Participam da programação desta semana companhias dos Estados de Pernambuco, Rio de Janeiro, Paraná, Mato Grosso Rio Grande do Sul e Maranhão.  

O roteiro desta semana é marcado pelas apresentações dramáticas. O espetáculo Anjo Negro mostra uma mulher que, depois de se casar a força com um homem negro, mata todos os filhos que nascem deste matrimônio. Já a peça Pai e Filho faz uma adaptação da obra Carta ao pai, de Franz Kafka, para tratar das relações de poder na estrutura familiar. O espetáculo Dia Desmanchado, também do gênero de drama, se inspira na obra O ensaio, do dramaturgo norte-americano Benjamin Bradford, para falar de um homem que vive submerso em sua rotina banal, quando recebe uma carta de uma mulher lhe propondo um encontro.

##RECOMENDA##

As inspirações continuam no musical infantil Menininha, que usa canções de Chico Buarque, Toquinho e Vinícius de Moraes para contar a história de uma menina e sua boneca, durante seu ciclo de crescimento. A música também está em destaque no espetáculo Espaçamento, onde as obras de Bach são utilizadas como suporte para a dança. A comédia marca presença na peça Roteiro Escrito com a Pena da Galhofa e a Tinta do Inconformismo, que ilustra contos do escritor Machado de Assis.

O Festival Palco Giratório está acontecendo no Recife desde o dia 4 e segue até o dia 26 de maio apresentando ao público 30 espetáculos, de 26 companhias de vários Estados brasileiros. Os ingressos custam R$ 12 (inteira) e R$ 6 (meia).

Terça (15)

Menininha - JML em Companhia (RJ)

Teatro Marco Camarotti (Sesc Santo Amaro, Rua Treze de Maio, 455  Santo Amaro)

19h

Espaçamento - Dança Amorfa Cláudio Lacerda (PE)

Teatro Capiba (Sesc Casa Amarela, Rua Professor José dos Anjos, 1109 Mangabeira)

19h 

Anjo Negro - Cia. Teatro Mosaico (MT)

Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu, Av. Boa Viagem  Boa Viagem)

21h

Quarta (16)

Roteiro Escrito com a Pena da Galhofa e a Tinta do Inconformismo - Pausa Cia. (PR)

Teatro Hermilo Borba Filho (Rua do Apolo, 121 - Bairro do Recife)

20h

Quinta (17)

Pai e FIlho - Pequena Companhia de Teatro (MA)

Teatro Marco Camarotti (Sesc Santo Amaro, Rua Treze de Maio, 455 Santo Amaro)

19h

Roteiro Escrito com a Pena da Galhofa e a Tinta do Inconformismo - Pausa Cia. (PR)

Teatro Hermilo Borba Filho  (Rua do Apolo, 121 - Bairro do Recife)

20h

Dia Desmanchado - Teatro Torto (RS)

Teatro Barreto Júnior (Rua Estudante Jeremias Bastos, s/n Pina)

21h

O Ano Internacional da Afrodescendência e o Dia da Consciência Negra tiveram uma dupla comemoração nesta segunda-feira (28), na Biblioteca Nacional. Além da assinatura de acordos de cooperação com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), foi lançada, em solenidade no início da noite, uma coletânea inédita sobre a literatura de afrodescendentes no Brasil. A obra é resultado de dez anos de pesquisas. O evento também contou com uma homenagem póstuma ao ativista, professor, escritor e poeta Abdias Nascimento, que morreu este ano.

De autoria dos professores de literatura Eduardo de Assis Duarte, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Maria Nazareth Soares Fonseca, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais, a coletânea Literatura e Afrodescendência no Brasil: Antologia Crítica reúne, em quatro volumes, textos de 100 escritores negros, do século 18 aos dias atuais. Cada um dos textos é acompanhado de um estudo crítico feito por 61 pesquisadores de 21 universidades brasileiras, além de seis estrangeiras.

##RECOMENDA##

O primeiro volume é dedicado aos chamados precursores, abrangendo o período que vai do século 18 aos nascidos até à década de 1920 do século 20. O segundo, Consolidação, abrange os escritores nascidos nas décadas de 30 e 40; e o terceiro, Contemporaneidade, é dedicado aos que nasceram a partir de 1950 e publicaram seus primeiros textos nas últimas décadas do século passado e na primeira do século 21. O quarto volume da antologia contém depoimentos de Abdias Nascimento e outros escritores, além de artigos em que se discute a pertinência do conceito de literatura afro-brasileira.

“É a primeira vez que é feito esse levantamento e, desses 100 escritores, aproximadamente dez são os mais conhecidos, como Machado de Assis, Cruz e Souza e Lima Barreto, e, entre os contemporâneos, Nei Lopes, Joel Rufino dos Santos e Muniz Sodré”, relata o professor Eduardo de Assis Duarte. “A grande maioria, no entanto, são autores pouco divulgados, pouco conhecidos, principalmente dentro dos manuais de história da literatura brasileira”, acrescenta.

Segundo Duarte, a expectativa é a de que a publicação da antologia “jogue uma luz sobre autores até agora desconhecidos, como Maria Firmina dos Reis, do século 19”. Ele considera que há um ponto comum entre vários autores de diferentes épocas, que é a necessidade de recuperar a história do negro no Brasil.

Entre os acordos firmados com a Seppir está a previsão de coedição, em formato eletrônico, de obras do acervo da Biblioteca Nacional, em domínio público, escritas por autores negros. Outro acordo prevê a divulgação da literatura de autores afro-brasileiros por meio de mostras, envio de livros para bibliotecas e ações de incentivo à leitura.

Serão implantados cinco pontos de leitura em áreas habitadas por povos e comunidades tradicionais afro-brasileiras. Para isto, a Fundação Biblioteca Nacional vai oferecer mais de 600 obras voltadas para o tema a cada um dos grupos contemplados, além de material de informática e outros, como estantes e almofadas.

Nas terças e quintas-feiras, a coluna Redor da Prosa traz algo bem mais valioso do que meus escritos. São textos literários ou teóricos – vozes tiradas dessas estantes que, assim como seu dono, quase não dormem. Hoje, Machado de Assis, sobre a pureza e a coragem necessárias à crítica:

“A crítica útil e verdadeira será aquela que, em vez de modelar as suas sentenças por um interesse, quer seja o interesse pelo ódio, quer o da adulação ou da simpatia, procure reproduzir unicamente os juízos da sua consciência. Ela deve ser sincera, sob pena de ser nula. Não lhe é dado defender nem os seus interesses pessoais, nem os alheios, mas somente sua convicção, e a sua convicção deve formar-se tão pura e tão alta que não sofra a ação das circunstâncias externas. Pouco lhe deve importar as simpatias ou antipatias dos outros; um sorriso complacente, se pode ser recebido e retribuído com outro, não deve determinar, como a espada de Breno, o peso da balança; acima de tudo, dos sorrisos e das desatenções, está o dever de dizer a verdade, e, em caso de dúvida, antes calá-la, que negá-la”.

“O crítico deve ser independente – independente em tudo e de tudo –, independente da vaidade dos autores e da vaidade própria”.

“A tolerância é ainda uma virtude do crítico. A intolerância é cega, e a cegueira é um elemento do erro; o conselho e a moderação podem corrigir e encaminhar as inteligências; mas a intolerância nada produz que tenha condições de fecundo e duradouro”.

O texto é O ideal do crítico (1865), e a fonte é o recente lançamento Uma ideia moderna da literatura: textos seminais para os estudos literários (1688-1922), organizado por Roberto Acizelo de Souza. A  primeira citação está na página 560, e as duas seguintes na página 561.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando