Brega se consolida como ritmo de expressão popular

Aos 50 anos, o mais paraense de todos os estilos musicais mostra sua força com adaptações e inovações

por Rosiane Rodrigues ter, 03/12/2019 - 15:41

O brega completou 50 anos em 2019 e fica mais forte com o passar do tempo. Ao lado da pegada do tecnobrega, o ritmo é uma forte expressão popular da periferia de Belém.

O brega surgiu da criatividade que alguns. Músicos ouvintes das rádios dos anos 70 decidiram substituir as letras dos sucessos internacionais pelas letras nacionais e adicionaram batidas marcantes na melodia, criando, assim, o novo ritmo.

Segundo o jornalista Jorge Reis, que foi diretor da rádio Liberal, houve uma força artística muito grande e os músicos paraenses começaram a compor músicas de gosto popular, mas com influências do techno e dance. “Do mesmo jeito que aconteceu o axé na Bahia, o Pará começou a produzir essa expressão artística, com influência tecnológica, influência estrangeira, versões de músicas de novelas e de rádio”, disse.

Nos anos 80, o ritmo estourou. Surgiu a Banda Calypso, expressão muito grande do ritmo. Nesse período houve uma verdadeira cena artística musical das periferias, que ganhou espaço no centro e entrou nas rádios. “Tudo o que acontece é devido a esse início, que foi deflagrado por pessoas como o Tony Brasil, que é compositor de nove entre dez músicas de sucesso do tecnobrega e criou também essa expressão”, explicou Jorge Reis.

No início dos anos 2000, o tecnobrega explodiu. Tony Brasil, cantor com 36 anos de profissão, foi quem aperfeiçoou o ritmo no Pará. Segundo o produtor e músico, o avanço tecnológico permitiu que novas técnicas surgissem. “Brega, para mim, é além de meu trabalho e vida, é a válvula de escape para o povo da minha terra. Desde que me entendo vejo o Brega como a festa onde as pessoas se reúnem para curtir todas as influências musicais que recebemos de outros lugares e culturas, traduzidas em um único estilo”, destacou Tony Brasil, que tem quase duas mil composições.

Segundo Wanderley Andrade, que começou a cantar brega aos 14 anos de idade, o ritmo teve grandes influências. “Espero que venham mais cantores que possam enraizar o nosso ritmo, mas que venham com conteúdos, com letras maravilhosas que vão durar de geração em geração”, disse o cantor, que faz, em média, 30 shows por mês, em todo o Brasil, e conquistou o público com canções como “Traficante do amor” e “Ladrão de coração”.

A cantora de brega Rose Marie disse que o ritmo tem um significado muito grande no Pará. “O brega merece esse reconhecimento, porque não é justo não dar o valor a que é tanto executado dentro do Estado”, concluiu a cantora.

O brega está na rotina dos paraenses, que se sentem representados pelo ritmo. “Eu gosto de brega porque eu sempre ouvia na minha jovem guarda, vou deixar de ouvir só quando eu morrer”, disse Almeri Reis, de 55 anos.

As aparelhagens têm papel fundamental na divulgação do brega paraense. “A aparelhagem sempre vai ser importante para fortalecer o brega, porque não deixa de ser uma vitrine. O Dj mostra o seu trabalho com todo seu potencial de atrair o público para a aparelhagem e tocar o brega, o verdadeiro brega”, concluiu Dj Franjinha, da aparelhagem Carroça da Saudade.

 

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