Manifestantes protestam após morte de jovem por segurança
Pedro Gonzaga, de 19 anos, foi asfixiado por um dos seguranças do supermercado Extra
Centenas de pessoas protestaram hoje (17) em repúdio à morte do jovem Pedro Gonzaga, de 19 anos, asfixiado na frente da própria mãe, por um dos seguranças do supermercado Extra, na Barra da Tijuca, no último dia 14. O chamado foi feito pelas redes sociais.
De iniciativa popular, a organização chamava “ativistas, jovens negros, pessoas empáticas à luta negra, todos os indignados” a comparecerem em unidades do Extra em diversas capitais do país.
“Queremos Justiça: a rede Extra precisa atuar de alguma forma contra o genocídio da população negra, apoiando ações e instituições, para que jovens negros não sejam mais mortos como se suas vidas não valessem nada”, diziam no Facebook os organizadores da manifestação.
Pedro Gonzaga foi morto pelo segurança Davi Ricardo Moreira Amâncio, na última quinta-feira (14), por asfixia, diante de sua mãe, após ter sido imobilizado.
O caso foi registrado na Delegacia de Homicídios para onde o segurança foi levado preso e liberado após pagar fiança de R$ 10 mil. Ele deve ser indiciado por homicídio culposo (sem intenção de matar).
O corpo do jovem foi enterrado nesse sábado (16), no Cemitério Jardim da Saudade, em Paciência, zona oeste do Rio.
Em frente ao Hipermercado Extra, na Barra da Tijuca, onde ocorreu o caso, faixas com as frases “Jovem Negro Vive!” e “Pedro Gonzaga, presente!”, eram erguidas pelos manifestantes.
Manifestação no Extra Brigadeiro, na Avenida Brigadeiro Luis Antonio, na região da Avenida Paulista, reuniu centenas de pessoas em apoio à família de Pedro Gonzaga.
O evento foi organizado por diversas entidades, principalmente do movimento negro e estudantil, entre eles, a União Nacional dos Estudantes (UNE) e da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen).
“Vidas negras importam” e “parem de nos matar” foram alguns dos gritos entoados pelos manifestantes em São Paulo.
“É um ato também que a gente convocou para poder denunciar o processo de genocídio da juventude negra porque o caso foi considerado como homicídio culposo, quando não há intenção de matar, mas entendemos que houve sim intenção de matar porque o racismo estrutural faz com que as pessoas vejam o corpo negro sempre como inimigo e com menos valor”, disse Marcos Paulo Silva de Jesus, um dos manifestantes do ato em São Paulo e integrante da União da Juventude Socialista (UJS).
Um vídeo gravado por testemunhas mostra o segurança sobre o corpo de jovem, já imobilizado, mesmo depois que pessoas presentes ao supermercado o alertaram de que ele tinha parado de se mexer e estava ficando roxo.
Houve indignação nas redes sociais e internautas chegaram a afirmar que Pedro, por ser negro, havia sido vítima de racismo.
Em nota, a rede de supermercados Extra repudiou, com “veemência” a ação do segurança ou qualquer ato de violência em suas lojas. O texto diz ainda que a empresa abriu investigação interna para apurar o caso e que os seguranças envolvidos foram afastados.