Dólar fecha abaixo de R$ 4,00 pela primeira vez em 15 dias
O dólar à vista fechou em baixa de 1,18%, a R$ 3,9759, a menor cotação desde o dia 10
O dólar teve novo dia de queda, com o real operando descolado de várias divisas de países emergentes nesta quarta-feira, 29. Pela primeira vez desde o último dia 15, a moeda americana fechou abaixo de R$ 4,00. Novamente a queda do dólar aqui é atribuída por profissionais de câmbio à melhora do ambiente político em Brasília, o que aumenta a percepção de que o governo começa de fato a se articular com o Congresso e aumenta a aposta de aprovação da reforma da Previdência sem tanta turbulência. Um fluxo grande de entrada hoje, segundo operadores, por operações de comércio exterior, também contribuiu para o recuo. O dólar à vista fechou em baixa de 1,18%, a R$ 3,9759, a menor cotação desde o dia 10.
Nos últimos dias, o dólar vinha encontrando dificuldade de cair abaixo de R$ 4,00, que havia se transformado em um nível de resistência para a baixa. Mas hoje logo pela manhã este patamar foi rompido, com as mesas de câmbio repercutindo a aprovação pelo Senado ontem à noite da Medida Provisória 870, que reorganiza os ministérios e mantém o Coaf com o ministério da Economia, mantendo a decisão da Câmara, conforme havia pedido Jair Bolsonaro. Além disso, ontem, os Três Poderes anunciaram que vão fechar um pacto para a retomada do crescimento econômico.
"A perspectiva agora é que a reforma da Previdência ande com mais rapidez", avalia o superintendente de câmbio da corretora Intercam Jaime Ferreira, falando dos recentes eventos políticos, que deixaram os investidores mais otimistas com o cenário após um período de turbulência, que levou o dólar a superar os R$ 4,10.
O economista-chefe do grupo financeiro holandês ING, Gustavo Rangel, acredita que o dólar pode cair ao patamar de R$ 3,40 se a reforma da Previdência for aprovada, o que ele espera que aconteça mais no final do ano, provavelmente em novembro. "A agenda legislativa continua avançando, apesar da instabilidade política." Por enquanto, Rangel destaca que a tendência é que a moeda americana fique no intervalo de R$ 3,90 a R$ 4,10. Apesar da melhora recente, a expectativa é que o ambiente político permaneça sujeito a reveses, o que deve contribuir para manter a moeda volátil pela frente.
No exterior, o dólar subiu ante divisas fortes, como o euro, e perante emergentes como Rússia, Índia e Indonésia. Ao mesmo tempo, caiu perante o peso mexicano, colombiano e argentino. O dia no exterior foi marcado pelo aprofundamento da inversão das curvas de rendimento dos títulos do Tesouro americano (de 3 meses e 10 anos), que são um prenúncio de uma recessão nos Estados Unidos, destacam os estrategistas do banco Brown Brothers Harriman (BBH).