Mais jovem infectada de Noronha relata efeitos da Covid-19

A vendedora Jandcleia Silva, de 25 anos, foi diagnosticada com a Covid-19 no dia 3 de abril. Ela passou por um novo teste nessa terça (14) e contou sua experiência com a pandemia

por Victor Gouveia qua, 15/04/2020 - 11:42

"A enxaqueca foi muito forte. Nunca tinha sentido uma tão forte na minha vida", descreve a vendedora Jandcleia Silva. Ela trabalha no aeroporto de Fernando de Noronha e, junto com o marido, o guia Kelves Silva, são dois dos 24 casos confirmados na Ilha. Desde o último dia 24, a paciente mais jovem do local, com 25 anos, sente os reflexos da pandemia, que alterou a rotina de um dos pontos turísticos mais procurados do mundo.

Natural de Natal, capital do Rio Grande do Norte, há seis anos Jandcleia reside no arquipélago. A vendedora conta que trabalhou até o dia 21 de março, quando um decreto do Governo de Pernambuco fechou o Aeroporto Wilson Campos para turistas e resultou em uma grande movimentação de pessoas. Já em casa, após três dias, ela lembra o início do quadro sintomático, que se estenderia por mais quatro dias, e a urgência de buscar atendimento médico. "Eu tava com tanta enxaqueca que não tava nem conseguindo deitar", reforça. 

O diagnóstico

Diante da persistência dos sintomas, dois dias depois, no dia 26, ela fez uma nova visita ao hospital da Ilha. "Tive muita dor de cabeça, tive febre, tosse e tava vomitando muito. Fui para o hospital, fui medicada e depois fui para casa", conta a paciente.

Só uma semana após sentir os primeiros efeitos da Covid-19 em seu corpo, Jandcleia foi visitada por uma equipe da vigilância sanitária e realizou o teste para a pandemia. "Eles pegam cotonetes e colocam um no nariz e depois colocam um na boca para retirar a saliva", explica. Após a coleta do material, o resultado confirmando o contágio foi-lhe entregue no dia 3 de abril.

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Já sem apresentar um quadro grave, a jovem relembra o momento que recebeu o resultado. "Para mim foi bem tranquilo. Não tive medo, nem pânico ou desespero. Eu também já tava preparada por que como trabalho no aeroporto e teve o decreto para sair todo mundo até o dia 21, então foi muito gente. Por mais que tava prevenida com máscara e luva, tinha muita gente e o risco era muito grande de se contaminar, porque era turista de tudo que é lugar do Brasil e do mundo", descreve.

A esperança

Intimada a permanecer em isolamento domiciliar, Jandcleia e o marido estão em casa há 25 dias. Ela relata que, para ter acesso à itens de necessidade básica e alimentação, pede para amigos e pessoas próximas realizarem as compras. Essa é a nova rotina vivenciada na Ilha, onde os populares só se deslocam para ir em padarias, mercados ou farmácia. "Ninguém tá saindo de casa não", afirma.

Sem casos confirmados nas últimas 24 horas, Fernando de Noronha também conseguiu registrar a primeira recuperação de um paciente com a Covid-19. A cura clínica do primeiro caso confirmado enche a vendedora de confiança. Ela passou por um novo exame nessa terça-feira (14) e espera o resultado negativo em até três dias. "Como eu cumpri o isolamento direito, não saí de casa, nem tive contato com ninguém, tô confiante que dê negativo", complementou esperançosa.

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