Vacina brasileira contra Covid será testada em animais

Desenvolvida pelo Incor da US, a vacina deve entrar em testes nas próximas semanas

por Paula Brasileiro sex, 01/05/2020 - 16:40
Pixabay A vacina será testada inicialmente em animais Pixabay

Cientistas do mundo todo estão na corrida pela descoberta de remédios e vacinas que detenham a expansão do coronavírus. No Brasil, também estão sendo feitos esforços nesse sentido e, nas próximas semanas, uma vacina começará a ser testada em animais. A pesquisa está sendo realizada pelo Instituto do Coração (Incor) da Faculdade de Medicina da USP.

Chefiada pelo imunologista Gustavo Cabral, a equipe do Incor vai dar início aos testes de uma vacina que vem sendo desenvolvida no instituto. O coordenador explicou, em entrevista ao EL País, como tem sido o trabalho em busca da vacina. “Quando fui chamado para liderar o projeto, a primeira coisa que expliquei foi que nossa prioridade seria garantir uma vacina segura, já que não sabemos quase nada desse novo coronavírus. Vamos privilegiar a segurança e a eficiência da vacina em vez da rapidez. Decidimos não utilizar o material genético do vírus, porque não temos ainda informações suficientes sobre ele. Utilizamos as metodologias que aprendi nos últimos cinco anos na Inglaterra e na Suíça: em vez de usar o material genético do coronavírus, trabalhamos com partículas dele que são responsáveis por entrar nas células humanas”. 

O imunologista falou ainda sobre a necessidade de se realizar os testes em animais antes que eles possam ser feito em humanos. “Os trabalhos in vitro estão adiantados e já estamos partindo para os testes pré-clínicos em modelos animais nas próximas semanas. Com a corrida para ver quem cria a vacina primeiro, alguns países querem pular da experimentação in vitro direto para seres humanos, mas isso é uma loucura. Mesmo com todo o arcabouço teórico, o corpo humano é muito complexo, sempre vai nos mostrar alguma surpresa. É imprescindível testar antes em animais”.

Sendo assim, de acordo com Gustavo, os testes começarão a ser feitos dentro de poucas semanas. Apesar disso, não há como prever quando o produto  chegará ao mercado. "Preciso pelo menos de 15 dias para avaliar como o corpo do animal vai reagir. Analisamos essa reação e vamos ajustando, de certa forma, a vacina até que ela seja totalmente eficiente. Nisso vão um mês ou dois. Com os resultados, vamos experimentando em outros modelos animais até que eles neutralizem o vírus a um ponto em que seja seguro testar em seres humanos. Depois disso, vêm os estudos sobre a toxicidade da vacina. Aí entra a questão burocrática, que, devido à urgência, pode até correr rápido. Mas a biologia, infelizmente, nós não podemos apressar". 

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