Pandemia pode impedir a realização do Círio de Nazaré

Procissão em louvor à Nossa Senhora só ocorrerá se não houver risco para a saúde das pessoas. Tradição de 226 anos leva dois milhões de católicos às ruas de Belém no segundo domingo de outubro.

qui, 21/05/2020 - 17:14

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“A ideia é realizar a festividade, mas isso só irá acontecer se houver condições seguras, pois a prioridade número um é a saúde da população”, afirma o coordenador do Círio de 2020, Albano Henriques Martins Junior. O Círio de Nazaré, a maior festa religiosa do país, reúne cerca de dois milhões de pessoas pelas ruas de Belém no segundo domingo de outubro. Este ano, porém, a pandemia do novo coronavírus ameaça quebrar a tradição. Clique no icone abaixo e ouça podcast.

Em entrevista divulgada pela revista Época, em 6 de maio, o prefeito de Belém, Zenaldo Courtinho, considerou difícil a realização do Círio por causa da pandemia. Para o coordenador do Círio de 2020, Albano Henriques Martins Junior, a festividade católica tem a importância religiosa, cultural, social e econômica para o Pará. Porém, no momento atual, afirmou, as medidas sanitárias e restritivas do isolamento podem, sim, afetar a realização do Círio. 

“Está prevista uma reunião para a segunda quinzena de junho, determinada por dom Alberto Taveira (arcebispo de Belém), na qual todas as entidades convidadas, Governo do Estado, Prefeitura, as Secretárias de Saúde, Forças Armadas, Ministério Público do Estado do Pará, Ministério Público Federal, Conselho Regional de Medicina, estarão presentes para o debate acerca da manutenção ou alteração do calendário do Círio”, afirmou Albano Henriques Martins Junior.

Segundo o coordenador do Círio, assim que a data possível for definida, e quando for seguro realizar o evento, todas as medidas de proteção serão tomadas. Se for recomendado o adiamento, é possível que festividade seja realizada em dezembro. “Jamais faremos algo que coloque em risco a saúde dos devotos de Nossa Senhora de Nazaré. Buscaremos outras maneiras de homenagear a Mãe dos paraenses”, assegurou.

De acordo com Albano Junior, a data não passará em branco. Pode ser que a Diretoria da Festa crie uma alternativa totalmente nova e inédita. “Estamos trabalhando e estudante caminhos, e quem sabe algo virtual, um documentário a ser transmitido ou até pequenos eventos cuja realização seja permitida pelas autoridades sanitárias”, afirmou.

Para o jornalista e professor João Carlos Pereira, comentarista do Círio há mais de 25 anos, se o Círio for suspenso oficialmente por questões de saúde será de fato um momento histórico. “Se houver o Círio nos moldes tradicionais, a que estamos acostumados a ver, deverá ser um evento diferente em que aglomerações deverão ser evitadas”, afirmou.

Segundo o jornalista, se não houver Círio os fiéis não devem se entristecer. João Carlos Pereira conta que, no dia 13 de maio, em Portugal, foram canceladas as celebrações para Nossa Senhora de Fátima e que a devoção dos portugueses é parecida com dos paraenses por Nossa Senhora de Nazaré. “Os filhos de Nossa Senhora amam independente da comemoração ou não da festividade. O Círio é uma exteriorização desse amor, mas quem a ama não precisa da comemoração para demonstrar o que sente”, afirma.

Por Amanda Martins.

 

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