'A criança não voltará para casa', afirma governador do ES

Renato Casagrande (PSB) destacou a recuperação psicológica da criança que realizou aborto legal e pede apoio para garantir sua integridade

por Victor Gouveia qui, 20/08/2020 - 09:57
José Cruz Agencia Brasil Casagrande ainda deu detalhes sobre o desdobrar que fez o procedimento ser realizado no Recife José Cruz Agencia Brasil

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), garantiu que a criança de 10 anos que realizou aborto autorizado após ser estuprada pelo tio, não voltará para a casa onde morava, no município de São Mateus. Em entrevista ao Correio Braziliense, ele ainda reiterou que o programa de proteção a vítimas está à disposição da família.

"A criança não voltará para casa. O programa de proteção à vítima oferta uma outra residência, temporária e provisória, para ela e a família. O local é sigiloso. Ela ficará lá até o processo se estabilizar. Voltar ao normal após o que houve, acredito, é impossível. A dor é muito forte”, confirmou o governador.

Casagrande ressaltou a dificuldade que a menina vai enfrentar para se recuperar psicologicamente e detalhou a movimentação que a fez realizar o procedimento no Recife, após a negativa do hospital local. "[...] Fomos, então, em busca de um hospital de referência em Uberlândia (MG), mas, como os números da Covid-19 estão altos na região, eles acharam que não deveriam receber a criança. Então, entramos em contato com o doutor Olímpio - diretor do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (CISAM)”.

O gestor pediu apoio da população para evitar expor a criança nas redes sociais e condenou a bolsonarista Sara Winter, que divulgou dados pessoais da menor nas redes sociais e estimulou o protesto de fundamentalistas na porta da maternidade, que hostilizou a equipe médica como tentativa de evitar a interrupção da gravidez autorizada pela Justiça.

“A Sara Winter é uma pessoa muito influente nas redes sociais. Então, tudo o que ela faz, ela sabe que tem impacto [...] muitas vezes, acreditamos que podemos ir além daquilo que a lei nos permite, que podemos passar por cima da proteção, da inviolabilidade das pessoas. Mas, não, as redes são como a vida real. Se eu acusar alguém injustamente, posso, e devo, ser processado”, avaliou. Os conteúdos da extremista foram excluídos pelas plataformas, bem como suas contas, e o Ministério Público do Espírito Santo pede indenização de R$ 1,32 milhão.

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