Empresas querem aumentar passagem de ônibus na RMR

A Urbana-PE propõe que o reajuste de 16% é 'vital' para garantir a continuidade do serviço

por Victor Gouveia qua, 20/01/2021 - 09:47
LeiaJáImagens/Arquivo Os anéis A, B e G ficarão mais caros, caso a proposta seja aprovada LeiaJáImagens/Arquivo

Em meio à crise econômica agravada pela Covid-19, nessa terça-feira (19), o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE) acionou o Governo do Estado para aumentar o preço das passagens na Região Metropolitana do Recife (RMR). Para propor o acréscimo de 16% - que sobe a tarifa do Anel A de R$ 3,45 para R$ 4,00 -, a classe se diz sensível à condição dos passageiros, mas alega a queda na receita durante a pandemia.

Em uma recente queda de braço com o Sindicato dos Rodoviários, as empresas já haviam demitido cobradores em massa com a justificativa de corte de gastos. Além da superlotação e da insegurança, sem o profissional, a difícil condição já imposta aos usuários do transporte público foi piorada com o atraso de viagens.

Ainda assim, a Urbana-PE acredita que é o momento adequado para aumentar a tarifa e considera o reajuste 'vital' para continuar o serviço. "Ao longo de 2020, a demanda pelo serviço caiu até 75% e, atualmente, ainda está 40% abaixo do patamar anterior à pandemia. O cenário é ainda agravado pela ausência de reajustes na tarifa desde 2019, o que a caracteriza como a mais barata entre as capitais brasileiras hoje", explica a entidade.

O plano de aumentar a tarifa foi enviado à Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação de Pernambuco (Seduh-PE), que deve agendar uma reunião com o Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM). Caso aprovado, o preço cobrado no Anel A será de R$ 4; R$ 5,45 no Anel B e R$ 2,60 no Anel G.

A Frente de Luta pelo Transporte Público já se opôs ao reajuste da Urbana-PE e considera que os empresários são contemplados com “volumosas isenções fiscais e subsídios” e, em contrapartida, “pouco tem entregue à população do Grande Recife e a pandemia acentuou os graves problemas", aponta.

A organização reforça a má condição imposta ao usuário e acredita que não há motivos para o acréscimo, por isso vai tentar barrar a proposta junto ao CSTM. “Todos os dias ônibus e terminais lotados são a ponta do iceberg. Na periferia, vários veículos quebram diariamente e os terminais de bairro têm sido desativados sem a implementação universal da integração temporal, sem universalização e gratuidade do VEM, sem ar condicionados (antes da pandemia), sem termos tarifa única, entre outras demandas, como o não início do SIMOP (sistema de monitoramento com aplicativo para os usuários) ”, descreveu.

Em nota, o Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano informou que o Governo de Pernambuco também discorda do reajuste e que a intenção é manter a tarifa ao longo de 2021. "O Consórcio Grande Recife está realizando os estudos necessários para assegurar uma proposta que mantenha a sustentabilidade do sistema e proporcione a ampliação da oferta de serviços aos usuários", pontuou.

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