Longo: 'escassez de vacinas é mãe de todos os problemas'

Secretário de Saúde de Pernambuco fez apelo ao governo federal e comentou sobre a prioridade na fila de vacinação

qui, 25/03/2021 - 20:39
Aluisio Moreira SEI Idosa é vacinada no Recife contra a Covid Aluisio Moreira SEI

Maior preocupação dos brasileiros no momento, no contexto da pandemia, a vacinação contra a Covid-19 foi um assunto amplamente discutido na coletiva de Saúde realizada no Recife, nesta quinta-feira (25). O secretário estadual da pasta, André Longo, pontuou que uma das dificuldades no processo de imunização da população pernambucana é o acesso às vacinas e fez apelo ao governo federal por ajuda, argumentando que a “escassez de vacinas é, no momento, a mãe de todos os problemas”.

“Estamos cobrando do governo federal que possa disponibilizar o máximo possível de vacinas seguras e eficazes. Tomamos iniciativa com os estados do Nordeste para fazer a compra de vacinas, no caso, a Sputnik, para termos maior disponibilidade de vacinas”, disse o chefe da pasta.

O Estado anunciou, no último sábado (20), a chegada de mais 208 mil doses de vacina contra Covid-19 e a ampliação do público a ser imunizado, passando a incluir idosos a partir de 70 anos. Além disso, o Estado divulgou acordo de compra de 4 milhões de doses da vacina Sputnik V, adquirida através de negociação direta do Consórcio Nordeste com o Fundo Soberano da Rússia.

“Capacidade de vacinação os municípios já mostraram que têm, basta chegar as vacinas. As aquisições precisam ser aceleradas, a logística precisa ser acelerada, do ponto de vista da entrega de vacinas. Acho até que o ministro Queiroga foi modesto ao colocar um milhão de vacinas por dia, nós temos capacidade para muito mais do que isso, basta ter vacina. Podemos vacinar numa velocidade pelo menos três vezes maior do que hoje é anunciado, algo em torno de 500 mil vacinas por dia”, continuou Longo, mantendo a ênfase no apelo por parte da esfera federal.

André Longo também comentou as dúvidas frequentes sobre a prioridade da fila de vacinação e foi firme ao declarar que, com a escassez de vacina, ainda não é possível colocar à frente dos grupos de risco grupos de trabalhadores, apesar de entender a demanda, dizendo que “todos se acham no direito (de se vacinar) e têm razão em se considerar grupos prioritários”. Dentistas, professores e rodoviários vêm reivindicando prioridade na fila de vacinação, mas a ordem de imunização é estipulada pelo Ministério da Saúde.

“Nós estamos acostumados a vacinar toda a comunidade de idosos, mais de um milhão e 200 mil idosos, trabalhadores da saúde, deficientes, com comorbidades e outros profissionais mais expostos, que nós reconhecemos, como trabalhadores da segurança e da educação. Mas, no momento de escassez, é preciso trabalhar os mais vulneráveis. Não podemos tirar a vacina de idoso para dar para nenhuma categoria profissional. Isso não é correto do ponto de vista epidemiológico e nem dos índices de mortalidade que existem nesses grupos. 75% das pessoas que morreram em Pernambuco ao longo desse último ano eram maiores de 60 anos”, esclareceu.

O secretário disse ainda que não há “justificativa plausível do ponto de vista técnico-científico”, para uma inflexão naquilo que é tido como grupo prioritário, definido pelo comitê técnico nacional, que auxilia o Programa de Imunização Nacional (PNI). Isso, com a exceção dos trabalhadores de saúde e da linha de frente e categorias mais expostas ao vírus.

A coletiva foi finalizada pontuando a situação dos coveiros e a resposta foi semelhante, mas o secretário justificou que Pernambuco segue o PNI e que a responsabilidade de definição é do Ministério, mas a aplicabilidade local é dever dos municípios.

“Está muito claro que os trabalhadores funerários, aqueles que têm contato com cadáveres, ainda mais nesse período de pandemia, têm uma exposição maior e estão colocados nos grupos prioritários. Está definido no PNI, no capítulo dos trabalhadores equiparados aos da saúde. A operacionalização da vacinação deles depende dos planos dos municípios onde eles trabalham. Então, é muito importante que os municípios atentem, àqueles que já não fizeram, que procurem dar clareza ao momento que estes trabalhadores serão vacinados porque eles compõem o grupo prioritário”, concluiu.

 

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