Lazer e saúde acompanhados da insegurança

Ciclistas enfrentam o medo de pedalar nas ruas em decorrência dos acidentes e mortes que se tornaram cada vez mais frequentes

dom, 09/05/2021 - 10:01

Com a pandemia da covid-19, o isolamento social e as academias fechadas fizeram com que muitas pessoas tivessem que buscar novas alternativas para praticar atividades físicas e se manter em forma. Começar a pedalar pelas ruas mostrou-se uma opção muito viável. Porém, os riscos e a sensação de impotência acabaram se tornando companheiros dos ciclistas em seus giros pela cidade, após os acidentes fatais registrados nos últimos meses.

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), existem mais bicicletas no país do que automóveis - 50 milhões contra 41 milhões -, mas apenas 3% das viagens diárias são realizadas por ciclistas enquanto 25% são feitas por automóveis, informa a Agência Nacional de Transportes Públicos (ANTP). Muito dessa situação se deve ao medo de atropelamento e risco de morte.

Para o advogado, ciclista e administrador do grupo Bike Culture Belém, Yuri Motta, há muitas medidas que podem ser tomadas pelo governo para melhorar a condição dos ciclistas na cidade. "Uma das nossas principais reclamações é a falta de ciclovias. Em Belém, se não me engano, possuímos um pouco mais de 100km de ciclofaixas e a maioria não é interligada. Essa implementação de ciclovias é fundamental, juntamente com campanhas de conscientização sobre o uso e importância da bicicleta", disse.

Segundo a Assessoria de Comunicação do Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Asdecom, Detran- PA), estão sendo realizadas medidas de ação visando conscientizar condutores de veículos para os cuidados necessários em ruas e estradas com ciclistas. "O Departamento de Trânsito do Estado informa que tem realizado ações de educação enfatizando a segurança viária, como a campanha 'Ruas para a Vida', que propõe o estabelecimento do limite de velocidade de 30km para vias em que as pessoas e o tráfego de veículos mais se misturam. Além disso, também realizou a implantação de placas de sinalização na estrada da ilha de Mosqueiro sobre a presença de ciclistas ao longo da via e de radares nos pontos de maior incidência de acidentes", informou.

Yuri Motta comenta, no entanto, sobre o desrespeito sofrido por ciclistas tendo que dividir a rua junto com outros veículos, principalmente carros. "Eles não respeitam, eles chegam a te olhar e te ver, mas mesmo assim te ignoram, cortam cruzamentos e estacionam nas ciclofaixas", falou. 

O Departamento de Trânsito do Estado também informa sobre campanhas para diminuir os acidentes e esse desrespeito. "O Detran também reforça que, para a redução de acidentes envolvendo ciclistas, vem trabalhando intensamente em campanhas de educação voltadas para os mais diversos públicos, focando na segurança viária e direção responsável. Já em casos de acidente, o ciclista pode recorrer ao seguro DPVAT", expôs a assessoria.

O advogado Yuri desabafou sobre as recentes mortes de ciclistas que ocorreram pela cidade e sobre o sentimento que fica após esses ocorridos. "A sensação de impunidade faz com que nos sintamos impotentes e sem voz. O caso da Janice foi arquivado, o assassino da Claudinha está solto. Quantos mais vão ter que morrer para que algo seja feito? A bike cura, todos têm uma história por trás, um motivo para começar a pedalar. Então só queremos paz no trânsito e que os culpados paguem pelos seus erros", disse.

Yuri concluiu dando dicas sobre equipamentos essenciais para um pedal seguro pelas ruas da cidade. "O uso do capacete é indispensável, ele salva vidas. Os equipamentos de led na parte traseira e dianteira da bicicleta, SEJA VISTO, isso é muito importante. E o uso obrigatório de máscara também, não podemos nos esquecer disso", finalizou.

Por Haroldo Pimentel.

 

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