Reações pós-vacina não preocupam, tranquiliza médica

A infectologista Sylvia Lemos explica que é comum que alguns vacinados contra a Covid-19 sintam leves dores, que passam em poucos dias após a aplicação

por Victor Gouveia seg, 17/05/2021 - 10:49

O antigo debate sobre a qualidade de vacinas foi renovado após imunizados com a primeira dose da Covid-19 apresentarem leves reações adversas. Apesar das opiniões divididas, as entidades sanitárias reforçam a importância de completar o ciclo vacinal com a segunda aplicação. Em entrevista ao LeiaJá, a infectologista Sylvia Lemos garantiu que os efeitos são breves, ocorrem independente do fabricante e não necessitam de automedicação.

Há cerca de 20 dias, o aposentado Rivaldo Reis, de 59 anos, foi vacinado com a AstraZeneca. Diabético e com oito stents no coração, sua aplicação foi antecipada no grupo com comorbidades. "Não sabia que dava essas reações [...] tive muitas dores no corpo e febre durante um dia. As dores perduraram por mais quatro dias, o braço principalmente", relatou Rivaldo, que tomou um analgésico sem orientação médica após ter atividades diárias comprometidas.

Já Vespúcio Alencar, de 62, foi vacinado há um mês com a dose da mesma fabricante. O aposentado sentiu as mesmas reações, que chegaram a incomodar, mas logo passaram. "Nas primeiras 24h tive dor de cabeça, febril e moleza no corpo. Depois disso foi passando e com 48h não sentia mais qualquer reação", comenta.

Ele até pensou em se medicar com o mesmo remédio tomado por Rivaldo, mas preferiu aguardar a evolução dos sintomas, que não desenvolveram. "Apenas me alimentei normal, bebendo cerca de dois litros de água por dia e a maior parte do tempo deitado, principalmente nas primeiras 24h", lembra.

Mesmo com as adversidades após a primeira etapa de proteção contra a Covid-19, ambos se mostram preparados para segunda dose. Após relatos de amigos que tomaram as duas vacinas, Rivaldo acredita que sofrerá as mesmas reações com efeitos mais leves. Vespúcio conta que também espera sofrer reações, mas o importante é restringir a circulação do vírus que já matou 435.751 brasileiros. "Não tenho medo disso e vou completar com a segunda dose se Deus quiser", incentiva.

Para a infectologista e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, Sylvia Lemos, os efeitos que surgem em alguns pacientes são muito pequenos em relação ao total de vacinados. Além disso, destaca que os benefícios dos imunizantes são fundamentais para uma vida com menos riscos diante do alto índice de contágio do vírus.

Ela reforça que as reações mais recorrentes são dores de cabeça e no corpo, um pouco de moleza, dores no local da aplicação e uma sensação de peso no braço que desaparece em aproximadamente 48h. Tais efeitos surgem independente do fabricante da vacina aplicada.

"Os efeitos não necessariamente precisam de medicações. Tanto a moleza, quanto as dores, basta um repouso. Isso passa [...] e quanto a dor no braço pode ser colocada uma compressa de gelo ou mesmo uma massagem com analgésicos musculares tópicos, mas também não há maiores necessidades", avalia a médica, que orienta aos pacientes que sofram sintomas mais fortes a procurar orientação médica. "Quem já tomou [algum remédio] não tem problema, nem interfere", complementou.

A especialista acrescenta que o risco de contrair a Covid-19 é muito maior do que uma possível reação. "Isso é comum, principalmente porque essas vacinas têm alguns ‘aditivantes’ que pode, em determinadas pessoas, ter mais ou menos alergias. Mas isso não impede que as pessoas tomem. O risco de se ter a doença é muito maior do que as possíveis reações, que podem ocorrem não necessariamente em todas as pessoas", concluiu.

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