Ação garante tratamento para criança com câncer
Com intervenção da Defensoria Pública do Pará, menino de 6 anos consegue tratamento em hospital de Belém depois de ser diagnosticado com tumores no intestino
No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de intestino, em 2020, afetou certa de 40.990 pessoas, sendo 20.520 homens e 20.470 mulheres. Andrey Mendes, de 6 anos, foi um dos diagnosticados.
Em abril de 2017, Andrey começou a sentir uma série de dores abdominais, ainda leves. Com o tempo, as dores foram se tornando cada vez mais frequentes e contínuas. Preocupada, a família o levou a diversos médicos que, por meio de exames, constataram que a criança tinha uma obstrução em uma das alças do intestino. Após os resultados, o menino conseguiu um leito no Hospital Municipal de Paragominas, por meio da Secretaria de Saúde.
A Defensoria Pública do Pará, companha, desde 2017, por meio do defensor público e coordenador do Núcleo Regional de Paragominas, Diogo Eloan, o caso de Andrey. O garoto foi diagnosticado com câncer no intestino e precisava, com urgência, ser transferido para um hospital oncológico.
Eloa explica que, caso a criança não fosse rapidamente transferida para o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, referência no tratamento de crianças com câncer, poderia morrer. “Essa criança já havia sido diagnosticada com câncer e o estômago já havia dilatado. No dia seguinte, o pai desesperado nos procurou e fui visitar a criança. Imediatamente, fiz o recolhimento de todos os documentos e entrei com uma ação liminar, que foi deferida no mesmo dia”, detalhou.
O defensor ainda conta que, após o deferimento da liminar, a Defensoria continuou em contato para que a decisão fosse, de fato, cumprida. “Entramos em contato com a direção do Ophir Loyola, para que a criança pudesse ser transferida. Ele só conseguiu ser internada por causa dessa decisão judicial”, disse.
A transferência de Andrey foi realizada em 28 de abril de 2017. No hospital, o menino passou por uma cirurgia de urgência, que constatou a presença de 23 tumores cancerígenos no abdômen. Após a cirurgia, a criança precisou ser internada em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde permaneceu por 40 dias e, depois, ficou internado no Hospital Octavio Lobo. Foram cerca de dois anos e meio, até o início do tratamento de quimioterapia, que, num final feliz, levou à alta de Andrey.
Este ano, o menino finalmente pôde retornar a Paragominas. “A Defensoria Pública ajudou a minha família num momento muito difícil. Meu filho estava internado há quatro dias no Hospital Municipal e os hospitais em que o caso foi apresentado recusaram recebê-lo”, disse Alexandre Mendes, pai da criança.
Atualmente, a menino está com 10 anos, e precisa voltar a Belém de seis em seis meses para fazer exames de rotina. “O trabalho da Defensoria Pública é essencial. Sem esse trabalho, a população fica desamparada, nem todo mundo tem condições de pagar um advogado. Quando precisei, fui muito bem assistido. O Dr. Diogo me ajudou muito e marcou a minha vida e a saúde do meu filho. Se não fosse ele, meu filho teria morrido no hospital, sem assistência nenhuma”, finalizou o pai de Andrey.
Como forma de agradecimento, a família fez uma camisa em homenagem ao defensor Diogo Eloan. “O nosso trabalho, de servir ao próximo, volta em forma de amor, em forma de reconhecimento. Não é fácil, mas é uma missão que traz muita satisfação pessoal. Nós acordamos todos os dias com vontade de mudar o mundo, lutar pela justiça e lutar pelo direito dos nossos assistidos”, declarou o defensor.
O câncer de intestino é uma doença tratável e frequentemente curável. A cirurgia é o tratamento inicial, retirando a parte do intestino afetada e os gânglios linfáticos (pequenas estruturas que fazem parte do sistema de defesa do corpo) dentro do abdome. Outras etapas do tratamento incluem a radioterapia (uso de radiação), associada ou não à quimioterapia (uso de medicamentos), para diminuir a possibilidade de recidiva (retorno) do tumor.
O tratamento depende principalmente do tamanho, localização e extensão do tumor. Após o tratamento, é importante realizar o acompanhamento médico para monitoramento de recidivas ou novos tumores.
Por André Maia e Larissa Silva.