Pará acende alerta para casos de câncer de colo do útero

Janeiro Verde é o mês de prevenção. Vacina contra HPV pode reduzir em 87% a incidência da doença.

qui, 27/01/2022 - 12:30
LeiaJáImagens/Arquivo Médica oncologista Paula Sampaio LeiaJáImagens/Arquivo

No Brasil, o mês de janeiro é dedicado à prevenção do câncer de colo do útero. De acordo com o INCA - Instituto Nacional do Câncer, o tumor de colo de útero é o terceiro tipo mais frequente na população feminina, atingindo mais de 16.710 mulheres por ano, no Brasil (estimativa de novos casos por ano no triênio 2020/2022), e a quarta causa de morte.

Segundo o INCA, a estimativa é de que haverá 780 novos casos no Pará e 110 em Belém, até o final de 2022. A região Norte é a única no Brasil em que a incidência do câncer de colo do útero supera a do câncer de mama.

O vírus HPV é responsável por cerca de 90% os casos de câncer de colo do útero e a doença pode ser evitada com a vacinação em massa. “O número anual de mortes por câncer de colo de útero é de cerca de 6 mil e 500 mulheres por ano, no Brasil. Veja se não é um absurdo total a gente perder tantas vidas por ano para um câncer que é totalmente prevenível”, afirma a oncologista Paula Sampaio.

 “Se conseguirmos a vacinação em massa contra o HPV, que as pessoas usem preservativo e que as mulheres com mais de 25 anos façam o papanicolau, anualmente, estaremos no caminho da erradicação do câncer de colo de útero”, assinala a médica.

Vacinação x negação 

A maioria dos casos de câncer de colo de útero tem o diagnóstico em estágios avançados, o que dificulta o tratamento e a cura. “É angustiante, pois sabemos que é um tumor que poderia ser evitado. Nos países que fazem a vacinação em massa e controle, como a Austrália, o número de casos de câncer de colo de útero é muito pequeno. Eles caminham para a erradicação da doença. No Brasil ainda temos uma incidência enorme, apesar de termos um Programa Nacional de Imunização que é referência no mundo, com as ferramentas necessárias para prevenir a doença”, avalia a médica.

A vacina está disponível na rede pública para meninas entre 9 e 14 anos e, para meninos, entre 11 e 14 anos. Essa faixa etária foi escolhida por ser a que apresenta maior benefício pela grande produção de anticorpos e por não ter sido exposta ao vírus. O objetivo é que as crianças e adolescentes sejam vacinados antes de iniciar a vida sexual. “Não se trata de uma vacina contra DSTs (doenças sexualmente transmissíveis), é muito mais do que isso. É uma ferramenta eficaz na prevenção do câncer, mas boa parte da população não está aproveitando essa oportunidade por desinformação e preconceito”, lamenta a médica.

Um argumento comum para negar a imunização é a crença errônea de que a vacina seria um passe livre ou incentivo ao sexo entre adolescentes. “Os pais têm dificuldade de entender que não é uma liberação para a atividade, apenas uma vacina contra um vírus que pode resultar em câncer”, explica Paula Sampaio.

Também há muito preconceito em relação à vacinação dos garotos. “É necessário entender que a vacinação para o menino não é só para proteger a menina. Eles também estão sujeitos a outros tipos de câncer em que a imunização ajuda na prevenção”, destaca Paula.

Da Redação do LeiaJá (com apoio de Dina Santos).

 

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